27 outubro, 2008

Essência e atributos de DEUS (parte IV)

Atributos morais.
Uma das declarações supremas da revelação cristã é que Deus é Amor (I João 4:8).~
A Amor é mais que sentimento é a atitude firme de dar-se ao ente ou objecto amado, e de possuí-lo em íntima comunhão.
4.2.2.3. Amor - Uma das declarações supremas da revelação cristã é que Deus é Amor (I João 4:8). Procuraremos agora, se for possível, compreender o que significa esta sublime declaração, "Deus é amor". Depois de estudarmos esta declaração do Apóstolo e aprendermos a mesma também dos ensinos de Jesus, veremos que só se pode verdadeiramente conhecer a Deus conhecendo o que é o amor. Antes, porém, de penetrarmos na discussão do assunto, queremos destacar um fato: o amor não é apenas um sentimento. Não há nada mais passageiro na vida que o sentimento. O amor não consiste somente em sentir. O amor, além do sentimento, envolve também certa atitude em relação ao amado. A Bíblia diz que o amor nunca se acaba. Sabemos que os sentimentos findam, pelo que convém não confundirmos o que é passageiro com o que é permanente. Amor é mais que sentimento, é a atitude firme de dar-se ao ente ou objecto amado, e de possuí-lo em íntima comunhão.
O amor que existe em Deus pode ser assim definido: O amor em que Deus é Ele dando-se a Si mesmo, e dando tudo quanto é bom às Suas criaturas com o fim de possuí-las na mais íntima comunhão consigo mesmo.
Há duas fontes de onde podemos aprender o que é o amor em Deus: primeiramente, podemos aprender o que é o amor, estudando-o tal como existe entre os homens; em segundo lugar, estudando o grande amor revelado em Cristo Jesus. E é destas duas fontes que tiraremos o necessário para a discussão do assunto.
O amor humano, na sua feição mais pura, fornece o maior gozo desta vida. O amor é um atributo no qual se combinam dois impulsos: o de dar e o de possuir. Em todo o amor, humano ou divino, entram sempre estes dois elementos: o impulso de dar e o de possuir.
O princípio operativo do amor baseia-se numa avaliação do objecto amado. Isto é, o amor opera ou funciona pela avaliação. Amamos aquilo a que damos valor. Sem avaliar, o amor não entra em acção. Não se pode jamais amar um objecto sem primeiramente se lhe dar certo valor.
Dissemos nós que no amor se combinam os impulsos de dar e possuir. O esforço de dar é também um esforço que se faz para revelar-se o amor dedicado ao objecto que se ama. Falando certa ocasião aos fariseus, referiu-se Jesus à mulher que deu muito porque amava muito. Quanto maior é o impulso de dar ao amado, tanto maior o amor. "E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não Me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e Mos enxugou com os seus cabelos. Não Me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de Me beijar os pés. Não Me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. Por isso te digo que os seus muitos pecados lhes são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama" (Lucas 7:44-47).
A grandeza do amor revela-se naquilo que se oferece ao amado. A pureza do amor revela-se no desejo que é o do bem-estar do amado. E o ardor do amor manifesta-se no esforço feito para possuir o amado. O amor não somente dá, mas quer possuir e viver pelo amado.
Estes dois elementos característicos do amor - o impulso de dar e o desejo de possuir - combinam-se em várias proporções. Às vezes o desejo de possuir excede o de dar, e quando assim acontece, o amor torna-se interesseiro e imperfeito. O amor humano é sempre imperfeito, porque sempre estes elementos aparecem nele mal equilibrados. Assim como achamos dois elementos no amor humano, achamo-los também no amor divino. Em Deus encontramos tanto o impulso de dar a Si mesmo como também o ardente desejo de possuir o amado em íntima comunhão. Em Deus o impulso de dar é igual ao desejo de possuir; isto é, achamos que Deus está tão pronto a dar-se ao homem como a possuí-lo em íntima comunhão. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigénito, para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).

O amor de Deus é um amor perfeito: porque está ligado a uma bondade perfeita. Nisto temos o que de mais precioso e benéfico se pode imagina porque, como já notámos, o amor é I impulso de dar e o desejo de possuir: t estando este amor ligado à bondade perfeita, temos então o que melhor SÍ pode imaginar para o benefício e I felicidade dos homens. Devido a és» bondade perfeita, o amor divino vejo muito mais do que o amor de qualquer criatura humana, porque quando Ele Si dá aos homens, oferece-lhes e dá-lhe ao mesmo tempo, a bondade perfeita
Vejamos agora o que nos ensinam m Escrituras concernente ao amor de Deus Segundo I João 4:16, Deus é amor. João 3:16 corrobora fortemente a doutrina "Porque Deus amou o mundo de m maneira, que deu o Seu Filho unigénito para que todo aquele que n'Ele crê na pereça, mas tenha a vida eterna".
Encontram-se nestas duas passagem perfeitamente combinados os doa elementos do amor; há aqui tanto I impulso de dar como o de possuir. 1 próprio Deus dando-se a Si mesmo primeiro, para que pudesse ter I homem íntima comunhão consigo Temos aqui o perfeito amor.
Ao mesmo tempo encontramos, nesmas duas passagens, a mais alta avaliação m homem, a mais subida honra para a ~ humanidade; pois, como já notámos. I amor vem da avaliação, e o grau desde revela a grandeza do amor. QM extraordinário amor, o que Deus vota humanidade! Que honra a de ser amado por Deus como Ele nos amou e sem nos amar!
Neste bondoso amor divino temos o próprio Criador do universo dando-se aos homens afim de possuí-me íntima e eterna comunhão.
A missão de Jesus Cristo que revela este grande amor é belamente figura pela jornada do pastor em busca da ovelha perdida, em Lucas 15:3-7. A vinda de Jesus ao mundo, a Sua vida inteira, todo o Seu sacrifício, a Sua morte, a Sua ressurreição, são manifestações desse grandioso amor de Deus aos homens.
A humanidade estava perecendo, e Deus, por Seu grande amor, e por preço incalculável aperfeiçoou o plano de salvação. Temos, em Jesus, ambos os elementos de um verdadeiro amor, perfeitamente combinados. Ele é o impulso de dar-se ao mundo, e é também o desejo de possuir o mundo em íntima comunhão. Podemos assim dizer de Jesus o que João falou de Deus, isto é, que Ele é amor. JESUS É AMOR, porque n'Ele Deus Se deu aos homens, e é por Ele que Deus pode possuir aos homens.
Assim é que temos, revelado em Jesus, o perfeito amor de Deus. O amor de Deus é incomparável. O melhor, o mais perfeito amor humano apenas serve para insinuar, dar uma ideia do que seja o bondoso amor divino; porém, de forma alguma pode igualá-lo. "E a esperança não confunde, porquanto o amor de Deus está derramado cm nossos corações pelo Espírito Santo que nos é dado. Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a Seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus recomenda o Seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:5-8). O amor de Deus é mais paciente que o amor de mãe, mais forte que o amor de pai, mais puro que o amor de irmã; é mais fiel que o amor de amigo e mais ardente que o amor de esposo. "Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que se não compadeça dele, do filho do seu ventre? Ora, ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu Me não esquecerei de ti" (Isaías 49:15). Deus não pode esquecer, porque o Seu não é um amor fingido, mas perfeito.
O Velho Testamento é um comentário sobre a santidade de Deus, mas o Novo Testamento é uma exposição fiel do Seu grande amor.
Dizer que Deus é amor supremo não é dizer que Ele aprova tudo quanto o homem faça. Há uma ideia muito generalizada, infelizmente, de que a aprovação é necessária ao amor, ideia que leva muitos a suporem que, se Deus não pode aprovar tudo o que o homem faz, não pode amá-lo. Ideia assaz errónea. Um dos mandamentos do
Cristianismo é que o homem ame aos seus inimigos. Será possível que o cristianismo exija mais do homem do que do próprio Deus?
O amor não depende de aprovação, porque Deus nos amou quando éramos ainda inimigos Seus. "Mas Deus recomenda o Seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:8). Só quem não compreende a natureza do amor poderá afirmar que a aprovação é essencial ao amor. Qual a mãe que não ama o filho travesso, embora não aprove os seus actos? O amor mais abnegado, mais ardente, é muitas vezes dedicado àquele que procede pior e que menos merece ser amado.
Visto que a aprovação não é essencial ao amor, é necessário dizer dele duas coisas:
1) Há um amor que inclui aprovação, como seja o amor de Deus para com os crentes fiéis. A este amor chama-se amor que se compraz, isto é, amor que se regozija no objecto amado. O amado é realmente amável.
2) Há um amor que não se pode regozijar no objecto amado.
O amado não é realmente amável. Temos exemplo disso no amor de Deus para com os pecadores, os perversos, os rebeldes.
Este pode ser chamado amor que se compadece. Deus ama o pecador apesar de não aprovar a sua vida e feitos.
Esta consideração não nos deve levar a suposição de que há dois amores, pois o amor de Deus é um só
. A aparência de dois só provém da diferença entre os objectos amados, e não da existência de dois amores
. O sol derrete o gelo, mas endurece o barro; porém é sempre o mesmo sol.
A diferença nos seus efeitos provém exclusivamente da diversidade da natureza entre o gelo e o barro. Assim é o amor e Deus em relação ao crente e ao descrente.
SANTIDADE E AMOR - Vamos estudar agora a relação entre a santidade e o amor. Há uma ideia que parece estabelecer certo conflito entre estes dois atributos divinos, conflito que, na realidade, não existe. A relação entre a santidade e o amor pode ser compreendida mediante um estudo das suas respectivas naturezas. Na santidade temos a plenitude gloriosa da excelência moral de Deus, tomada como aferidor das Suas acções e dos actos das Suas criaturas. No amor temos o impulso deste Deus santo, de dar-se ao mundo, e mais o desejo de possuir este mundo e conservá-lo em eterna comunhão consigo. Qual é, então, a relação entre a santidade e o amor? Assim definidos, amor e santidade são bem semelhantes. A relação é íntima; mas, ao mesmo tempo, diferem entre si. Deus não seria santo se não fora amor, e não seria amor se não fora santo.
Urge saber o que é amor, para saber o que é santidade; e depois temos de compreender a santidade para compreender o que é o amor.
É o amor elemento grandemente aproveitável. Se Deus não fosse amor, seria interesseiro ou indiferente. Mas este espírito interesseiro, indiferente, seria um defeito na perfeita bondade, e neste caso, já não existiria a santidade de Deus. O amor é, pois, um elemento indispensável à perfeição do carácter. Pode dizer-se, então, que a santidade é o coração do amor, e o amor o coração da santidade.
Como já notámos, Deus não seria amor se não fosse santidade, porque um ser imperfeito pode amar, mas não pode ser amor. Deus é amor, portanto é santidade. Se amor é o impulso que há em Deus de dar-se ao homem, então só aquele que tem todo o bem, pode amar perfeitamente. Por outro lado, se amor é o desejo puro de possuir o amado em intima comunhão só pode ser perfeito em quem a comunhão seja a melhor possível. Assim, amor perfeito indica carácter perfeito, e nosso amor é perfeito na proporção da nossa perfeição. O amor é então purificado em aperfeiçoar o carácter. Mas, o amor de Deus é um amor perfeito porque Ele é santo.
Pode explicar-se, da seguinte maneira, a relação entre o amor e a santidade de Deus. Santidade é o que Deus é em Seu
carácter mais íntimo; amor é o desejo de Deus dar-Se, isto é, dar aquilo que Ele é, aos homens; e mais, possui-los em íntima comunhão consigo, ou com aquilo que Ele é: santidade.
Tanto o amor como a santidade insistem, portanto, em que seja o homem santo como Deus é santo. Todo o trabalho do amor é o trabalho também da santidade; e todo o trabalho da santidade é o trabalho do amor. Quanto ao amor, ele insiste em que o homem aceite a dádiva, que é a santidade. Deus, por ser amor, quer dar ao homem a santidade. E Deus, por ser santo, ama o homem.
Não há, pois, conflito nenhum entre estes dois atributos de Deus. Tanto o amor como a santidade proíbem que o picadeiro progrida em seu caminho, e tanto a santidade como o amor servem ao plano da salvação. E a salvação do homem consiste tanto no desejo duplo de amar como na esperança da santidade. Isto é, Deus quer que o homem seja santo. Estes dois atributos saem do mesmo coração onde reina perfeita harmonia, porque Deus fez tudo em santo amor.
O amor oferece santidade e a santidade baseia-se no amor. Quando grande amor, quer dar-se ao homem, Ele quer dar santidade a homem, porque Ele é santo. E quando amor insiste com o homem em que aceite a dádiva, está insistindo em que aceite a santidade. Por isso, tanto amor insiste na santidade, como própria santidade de Deus exige santidade no homem. Não pode, pois haver conflito entre estes dois tribute "E nós conhecemos, e cremos o ame que Deus nos tem. Deus é caridade; quem está em caridade está em Deus.j Deus nele. Nisto é perfeita a caridade para connosco, para que no dia do juiz tenhamos confiança, porque qual Elej somos nós também neste mundo, fl caridade não há temor, antes a perfeita caridade lança fora o temor porque I temor tem consigo a pena, e o qJ teme não é perfeito em caridade. Não O amamos a Ele porque Ele nos am(| primeiro. Se alguém diz: Eu amo Deus, e aborrece a seu irmão, mentiroso. Pois quem não ama ao ss irmão, ao qual viu, como pode amar Deus, a Quem não viu? E dele temi este mandamento: que quem ama Deus, ame também a seu irmão (I João 4:16-21)
Autor do Artigo :
Dinis Rodrigues

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