27 outubro, 2008

Aprender com a Igreja em tiatira ( parte 1 )

Tiatira destacava-se, acima de tudo, por ser uma cidade operária e laboriosa
Olhar a cidade de Tiatira.
Devemos ser cristãos, para além de espirituais, inteligentes.
As duas únicas referências bíblicas relativas à cidade de Tiatira que encontramos na Palavra de Deus situam-se, respectivamente, no capítulo dois de Apocalipse, na carta que é dirigida à igreja, e no livro de Actos dos Apóstolos 16:14. Aqui, numa alusão à conversão de Lídia, uma mulher vendedora de púrpura e que, embora encontrando-se em Filipos, era originária daquela cidade. Mais do que provavelmente Lídia exerceria em Filipos o comércio de tecidos importados de Tiatira, cidade com alguma relevância precisamente na produção deste tipo de produto.
Tiatira, integrada na província da Ásia Menor, mais ou menos a cerca de 50 quilómetros a sudeste de Pérgamo, era laboriosa e trabalhadora, mas sem nenhuma importância político-social no contexto das cidades da província romana. Foi fundada por Seleuco I, um dos quatro generais de Alexandre Magno, a quem coube a maior fatia dos territórios do império de Alexandre, quando este morreu sem deixar herdeiros naturais. Estava situada numa importante linha de defesa da cidade de Pérgamo, essa sim, um centro político e social para os romanos, mas a intenção de defesa das fronteiras esteve desde logo presente na sua fundação de Tiatira por Seleuco, fronteiras essas que foram, apesar de tudo, flutuando ao sabor das investidas de Lisímaco (outro general de Alexandre) e mais tarde dos atálidas do reino de Pérgamo. Possuía concertes a guarnição militar que servia não apenas para defesa da própria cidade como fundamentalmente para travar os eventuais avanços de tropas inimigas sobre a capital administrativa da I Menor no período romano. Para disso, é também seguro dizer que população não se preocupava a com as diferentes actividade profissionais mas estava tarr capacitada para pegar em armas vis, a sua auto-defesa, caso I necessário, embora sob o do romano essa eventual necessidade tivesse esbatido debaixo da imposta romana na grande parte dos território .: circundantes. Tal facto é, confirmado por achados arqueólogo resultantes de escavações realizada finais do século XIX e ao especialmente da primeira metade século XX.
Tiatira ficava situada na impo rota que ligava Pérgamo a Laodi Não era, como já dissemos, uma com relevante. Sem grandes refere arquitectónicas, culturais ou mesmo religiosas, a sua (pouca) importa advinha-lhe do facto de se situar dos principais caminhos percorrer pelos correios romanos, da sua posição ' estratégica na linha de defesa milita' Pérgamo, mas também, principalmente da sua florescente indústria e come de variados produtos que ali tini origem. Por lá terão existido um outro templo em honra das dividindo pagãs, quase de certeza um deles honra de Apolo, "filho" de Zeus, pouco mais. A cidade de Tiatira obscura e apagada, relativamente grandes linhas do desenvolvido social e cultural que se regista noutras cidades da província em qu inseria.
Tiatira destacava-se, acima de como dizemos, por ser uma com operária e laboriosa, facto região .
Pelas escavações realizadas e que forneceram detalhes que atestam ser a cidade protótipo de uma comunidade industrial e comercial bastante organizada. Os trabalhadores, artífices e empresários organizavam-se em guildas (associações) de classe, existindo várias na cidade: produtores de tintas, vestuário, carpinteiros, tintureiros, produção de metal e manufacturas, especialmente de bronze, bem como ainda de todo o conjunto de pessoas que depois se dedicavam ao comércio e exportação desses produtos para outros territórios mais ou menos afastados. Estas guildas, tinham cada uma o seu patrono, sempre um deus pagão, quase sempre romano ou grego, que veneravam e ao qual prestavam culto. Esta parece ser, aliás, a principal fonte de problemas para a igreja plantada na cidade de Tiatira: é que dificilmente seria possível exercer uma profissão sem pertencer a uma destas guiidas e, pertencer-lhe, significava ter que integrar os vários festivais que ao longo do ano iam sendo consagrados a estas divindades. Para que nos seja mais fácil perceber esta questão, basta pensar que, em Portugal, por exemplo, podemos verificar, ainda hoje, este princípio nos muitos cultos idolátricos vastamente referenciados no território de norte a sul: São Cristóvão é patrono dos condutores; Santo Elói, patrono dos veterinários; São Crispim dos sapateiros e por aí fora até onde a imaginação idolátrica vai permitindo. Cada terra tem, pelo catolicismo, atribuído um santo padroeiro que é normalmente venerado e cultuado com a realização de pelo menos uma festa por ano. A minha cidade, por exemplo, ostenta como padroeiro "atribuído" São Pedro. Em tempos mais ou menos afastados quantos de nós não participámos já, por omissão, eventualmente, nas festas dos santos padroeiros da nossa cidade, vila ou aldeia de origem, quando vamos de visita a familiares ou apenas matar saudades da nossa terra e lá caminhamos até ao recinto da festa aconchegar o estômago com alguma iguaria das muitas abundantes na ocasião?! Devemos ser cristãos, para além de espirituais, inteligentes. Quando lemos os cartazes que anunciam as festas da vila, aldeia ou cidade, se o fizermos com atenção, iremos verificar que normalmente se realizam em honra do santo padroeiro da povoação e cujo nome lá está impresso. Salvo se a comissão de festas estiver zangada com o responsável católico e a festa se tornar "profana" ou se realizada sem nenhuma conotação religiosa, dita apenas popular, como acontece em muitas zonas de Portugal menos dadas à religiosidade que se nota em muitos lugares. Ou seja: aquilo que estamos a dizer muito claramente é que desde que uma festa se produza em honra a uma qualquer "divindade" padroeira, a nossa participação, como cristãos esclarecidos, redimidos pelo sangue de Cristo e dirigidos pelo Espírito Santo, em semelhantes festividades, será no mínimo estranha ainda que muitos se queiram "ter por inocentes" em tal participação.
Na generalidade, a diferença dos dias de hoje para os dias em que a carta de Jesus foi dirigida à igreja situada na cidade de Tiatira, é que actualmente ninguém é obrigado a prestar culto ao santo patrono de qualquer associação para poder exercer a sua profissão, possuem um patrono seguem mais uma moda do que uma religião mas, nos dias de Tiatira, ou se integrava uma dessas associações profissionais e se tinha trabalho para sustentar a família - e isso implicava também não ficar à parte do culto e da reverência aos patronos - ou não era possível exercer uma profissão ou desenvolver um trabalho, para além de se ser estigmatizado e perseguido socialmente. Esta era a realidade que os cristãos conheciam em Tiatira e que a igreja enfrentava nesta cidade. Uma pequenina diferença poderia subsistir, relativamente às outras cidades em que imperava a perseguição aos cristãos, mas apenas porque Tiatira não teria nenhum templo dedicado ao culto do Imperador, facto que pode não chegar para sustentar esta nossa convicção de que provavelmente os cristãos de Tiatira não seriam confrontados, pelo menos uma vez no ano, com a obrigação de adorarem nesse templo, o imperador, com risco de vida se o não fizessem.
De Tiatira, como aliás das restantes cidades onde se situavam as sete igrejas identificadas em Apocalipse, não restam hoje mais do que vestígios arqueológicos em maior ou menor quantidade. Na actualidade e no espaço físico ocupado na antiguidade por esta cidade, ergue-se uma vila Turca de nome "Akhisar" cuja toponímia, como vimos, não tem a mais leve semelhança com "Tiatira". Do ponto de vista arqueológico muito pouco restou. também que possa contar, com riquez; de pormenores, a sua história.
Autor do Artigo .
Jacinto Lourenço

Sem comentários: