05 junho, 2008

A TRAGÉDIA DO “TITANIC”

“A soberba precede a ruína, e a altivez de espírito
precede a queda” (Provérbios 16:18).

Uma das maiores tragédias marítimas do século XX foi, sem dúvida, o naufrágio do “TITANIC” no dia 14 de Abril de 1912. A colisão com o “iceberg” deu-se às 23 horas e 45 minutos desse domingo. Às 2 horas e 20 minutos da mesma noite, o transatlântico “insubmersível” inicia a sua viagem até ao fundo do mar onde se encontra actualmente a uma profundidade de 4000 metros, no meio da escuridão.

O “TITANIC” é sempre notícia. Seja através de algumas declarações de sobreviventes, seja por altura do aniversário do naufrágio, localização do paquete por mergulhadores ou mais um filme que se realiza, o assunto vem à superfície, tanto nos meios de comunicação como nas nossas conversas diárias. Recentemente, Agosto de 1998, o “TITANIC” esteve em directo na TV por altura de mais uma expedição até aos destroços do navio, tendo-se até concluído que o mesmo está a ser “comido” por microorganismos e com tendência a desaparecer no prazo de 2 anos.

A primeira vez que ouvi falar no “TITANIC” foi no ano de 1956 na antiga Escola Técnica e Elementar Gomes Teixeira (Praça da Galiza, no Porto) através de um livro, tendo o professor, Manuel Vieira Pinto (actual bispo de Nampula) fornecido uma boa explicação sobre o assunto. Em 1962, por altura do seu 50º aniversário, um dos jornais diários do Porto apresentou uma enorme reportagem sobre o naufrágio. Em 1987 tivemos notícia de que alguns mergulhadores haviam localizado o transatlântico no fundo do mar e até trazido alguns objectos do mesmo. Durante o ano de 1997 foi realizado mais um filme sobre a tragédia (usando já complexas técnicas computatoriais) o que provocou um enorme impacto na opinião pública, obtendo também vários Óscares da Academia Cinematográfica.

Nunca é de mais recordar este trágico naufrágio que abalou o mundo inteiro, uma vez que o enorme paquete transportava passageiros de mais de 20 nações, incluindo Portugal. Mas, como foi possível afundar-se este gigante de 270 metros de comprimento que deslocava 46.382 toneladas? Sim, como foi que o “insubmersível” submergiu logo na primeira viagem? É importante analisarmos alguns pormenores referentes a esta tragédia.

A companhia anglo-americana “White Star Line” orgulhava-se do enorme transatlântico que era o maior e mais perfeito navio de passageiros. Tudo fora rigorosamente escolhido para a viagem inaugural de Southampton para Nova Iorque em Abril de 1912. Desde o capitão Smith, um velho e experimentado lobo-do-mar, até aos empregados de 1ª, 2ª e 3ª classes.

O navio possuía amplas salas de jantar, modelares salas de ginástica, banhos turcos, uma piscina, 40 salas de banho, 20 salões de cabeleireiro, 8 salas de jogo e 4 salas de fumo. Nada faltava naquele luxuoso paquete. Mas para além do luxo, o “TITANIC” era majestoso e imponente. Até o seu próprio nome, que significa colossal, gigantesco, possantíssimo, está ligado a “Titã”, um dos gigantes mitológicos que pretenderam escalar o Céu. E isto faz-nos lembrar o caso da Torre de Babel onde os homens na sua arrogância (e ignorância) pretendiam atingir o Céu. É caso para perguntar: Que pretendiam os responsáveis da “White Star Line” com este enorme “TITANIC”? A segurança absoluta nos oceanos? A independência total relativamente ao Criador?

Na altura em que o “TITANIC” zarpava de Southampton, três grandes navios de 50 mil toneladas (cada um) estavam já em construção nos estaleiros. Eram eles o “Gigante”, o “Aquitânia” e o “Imperator”. O próprio “TITANIC”, com o seu tamanho gigantesco, iria ser ultrapassado dentro de um ano pelo “Imperator” o qual, por sua vez só manteria a supremacia nos mares durante (apenas) alguns meses. Era a loucura oceânica. Pretendia-se que nos dez anos seguintes apenas navegassem os verdadeiros monstros que se aguentariam perfeitamente no mar mas que, devido às suas enormes dimensões, não poderiam, sequer, entrar nos portos!

A megalomania e a arrogância humanas estavam bem patentes no “TITANIC” que foi considerado insubmersível devido aos seus 16 compartimentos estanques. Não satisfeitos com toda esta opulência e desafio ao Criador, os armadores colocaram-lhe a seguinte divisa: “EVEN GOD CANNOT SINK HER” (Nem Deus poderá afundá-lo). E este foi, certamente, o maior erro porque, como diz a Bíblia, “a soberba precede a ruína e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16:18). Estavam reunidas as condições para que se impusesse uma intervenção divina.

No Domingo, 14 de Abril (4º dia de viagem) pouco antes do acidente, o responsável pela telegrafia enviou a seguinte comunicação para os seus pais: “Avançamos lentamente para Halifax. O navio é insubmersível. Não se inquietem”. Ironicamente, este telegrama seria difundido pelos jornais londrinos à mesma hora que o “TITANIC” se afundava no alto mar.

O “Insubmersível” tinha um encontro marcado com um bloco de água (no estado sólido). Desprendido das regiões polares, viajava um “iceberg” em sentido contrário ao transatlântico. Só se via 1/6 do seu tamanho acima do nível das águas; porém a parte submersa era enorme e perigosa!

A colisão deu-se às 23 horas e 45 minutos. Infelizmente, só meia hora depois é que os escaleres foram lançados à água, o que significou uma enorme perda de tempo. Além disso só havia 18 escaleres (de dez metros de comprimento) que poderiam transportar, no máximo, 50 pessoas cada um. Isto não chegava, sequer, para metade dos 2224 passageiros e tripulantes. Evidentemente que, num paquete considerado insubmersível, as baleeiras salva-vidas só estariam ali para feitio, embelezando o mesmo.

Os vários “S.O.S.” lançados pelo “TITANIC” foram captados em Londres e Nova Iorque, para além dos navios (que possuíam telégrafo naquela época) “Carpathia”, “Parisian”, Virgínia”, “Baltic” e “Olimpia”. O mais próximo, que captou a mensagem, estava a sete horas de viagem. Havia vários outros barcos ainda mais próximos e um deles com telégrafo, mas o operador estava a descansar. (A partir dessa data o telégrafo foi obrigatório em todos os navios).

Quando a tragédia foi anunciada, houve quem escarnecesse e até se recusasse a descer para as baleeiras por se sentir mais seguro no “TITANIC”. Outros continuaram a jogar ou resolveram deitar-se. Todavia a água continuava a entrar, conquistando compartimento após compartimento, e o pânico começou a generalizar-se. “Primeiro as mulheres e as crianças!” ordena o capitão Smith de pistola em punho. Quatro italianos pretendem forçar a passagem e são abatidos a tiro. Contudo, um francês ainda consegue vestir-se de mulher e entrar na baleeira. O comandante dá então ordem para os escaleres se afastarem da proximidade do “Titanic” para não serem arrastados no redemoinho que se irá gerar com o seu afundamento.

No meio do pânico e do terror da morte, sente-se uma viragem quase súbita. A orquestra de bordo, dirigida por Wallace Hartley, executa agora a música de um hino cristão e todos aqueles que vão morrer começam a cantar “Mais perto de Ti, meu Deus”. Que terá acontecido? Terá havido alguma influência da parte dos pregadores do Evangelho de Cristo que viajavam no paquete? Como não havia possibilidade de salvar as vidas, as pessoas pensam em salvar as almas. Viram-se, então, para Deus. O Deus que parecia não existir, ou pelo menos, não responder às provocações humanas. Afinal era mentira o que os homens diziam a respeito do barco insubmersível. Deus podia afundá-lo... logo na primeira viagem!

Às 2 horas e 20 minutos da madrugada o “insubmersível” TITANIC inicia a sua viagem para o fundo do mar onde se encontra actualmente. A cerca de 4000 metros de profundidade onde a pressão é de 448 Kg/cm2, o possante navio ficou submetido ao silêncio e escuridão (a luz não penetra além dos mil metros) como exemplo da arrogância humilhada. O tal Deus, que tanto havia sido escarnecido, condenou o paquete ao naufrágio. Não condenou os passageiros; estes foram condenados à morte pela entidade que não colocou os salva-vidas suficientes no “TITANIC”. E assim, para além das 1513 pessoas que pereceram no local do naufrágio, salvaram-se 711!

Muitos exemplos de coragem poderiam ser mencionados. A esposa de Isidor Strauss (banqueiro, negociante, filantropo e antigo deputado) recusou-se a entrar no escaler, dizendo: “O que acontecer ao meu marido há-de acontecer-me a mim também”. Os náufragos que embarcaram no último escaler ainda viram o casal abraçado e depois cair de joelhos. O telegrafista John Geo Philips mostrou sempre o maior sangue frio, fornecendo constantemente as coordenadas até a água chegar às baterias. E as mensagens diziam o seguinte: “Chocamos Iceberg 41,46 Norte e 50,14 Oeste (meridiano de Greenwich). Acudi! Socorro!”

Um criado de 1ª classe, chamado Whiteley, foi arremessado ao mar no momento em que o vapor soçobrava. Com o cinto de salvação, ainda conseguiu flutuar durante algum tempo, agarrado a um armário de carvalho. Ao alvorecer descobriu perto dele um escaler apinhado de náufragos. Agarrou-se à embarcação e só depois de um deles ter morrido devido ao frio e comoção é que teve permissão para saltar para o pequeno escaler, sendo salvo quando o “Carpathia” chegou ao local, cerca das 5 horas da manhã.

Uma das histórias mais dramáticas foi narrada pelo coronel Archibald Gracie, do exército dos Estados Unidos da América. Saltou do convés superior quando o “TITANIC” se afundou, sendo engolido por um redemoinho. Ao chegar à superfície nadou até encontrar uma jangada de cortiça e depois socorreu os outros. Ele próprio contou: “Repetidas vezes clamei a Deus que me salvasse, apesar de estar convencido de que o meu fim tinha chegado. Houve uma altura em que a jangada estava superlotada em risco de todos se afundarem. Então começamos a impedir que mais pessoas entrassem e dizíamos para eles se agarrarem a qualquer coisa, caso contrário morreríamos todos. Muitos respondiam: ‘Bem, que Deus vos abençoe’. Oramos toda a noite e nunca houve sequer um momento em que as nossas orações fossem interrompidas. Homens que já se haviam esquecido de como se dirigirem ao Criador, recordavam-se das orações que aprenderam na infância e murmuravam-nas constantemente. Repetidas vezes dizíamos a oração dominical (Pai Nosso)”.

Quando se soube da notícia do naufrágio, houve consternação em diversos pontos do mundo. Tanto em Londres como Nova Iorque, as pessoas apinhavam-se diante dos escritórios da “White Star Line”. Homens perturbados e mulheres com o rosto banhado em lágrimas, esforçavam-se por obter informações dos empregados que pouco sabiam do sinistro. Em Nova Iorque, a esposa do banqueiro Guggenheim, louca de dor, ofereceu quantos milhões lhe pedissem, se imediatamente preparassem um vapor rápido par ir procurar o seu marido (que morreu na tragédia).

Tantas tragédias poderiam ser evitadas se houvesse mais cuidado, principalmente com aquilo que se diz. Para além da prevenção (neste caso, os salva-vidas suficientes) é necessário ter cuidado com a língua porque Jesus Cristo advertiu que aquilo que contamina o homem é o que sai da sua boca, pois isso procede do coração. E um dos directores da “White Star Line”, que viajava no “TITANIC” e salvou a sua vida, foi uma das testemunhas oculares de que com Deus não se brinca. A Bíblia é muito clara: “Não erreis. Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7).

Autor do texto bíblico

Agostinho Soares

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