04 junho, 2008

PERGUNTA Nº112

No designado conflito entre a Religião e a Ciência, é notória a vantagem desta última na actualidade. As pessoas gostam da Ciência porque ela explica os fenómenos naturais e debruça-se sobre as mais intrincadas situações, dando-se até ao luxo de estudar a própria Religião. Cada vez há menos cientistas crentes e até o Papa acabou por reconhecer a Teoria da Evolução. Perante esta nítida derrocada religiosa face à Ciência, e uma vez vez que já não se pode queimar os cientistas, como se fazia antigamente, acha que no futuro ainda haverá sábios a acreditar na existência de Deus?

RESPOSTA
Para começar, eu citaria Einstein, um dos maiores cientistas do século XX, o qual fez uma afirmação curiosa. Apesar deste génio ter afastado inicialmente a hipótese de Deus nos seus estudos, acabou por chegar à seguinte conclusão: “A Ciência é coxa sem a Religião; a Religião é cega sem a Ciência”.
Esta afirmação de Einstein, compara-se, de certo modo, à do Dr. Wernher Von Braun, o chamado “Pai dos Foguetões” e ex-director da NASA. Dizia o referido cientista evangélico: “Compreender um cientista que não reconhece a presença de uma razão superior por detrás da existência do Universo é tão difícil como entender um teólogo que negue os progressos da Ciência”.
Charles Townes, Prémio Nobel da Física em 1964, por ter descoberto os princípios de “laser”, afirma: “As recentes descobertas sobre o Universo encaixam perfeitamente com a idéia de um Deus Criador, em forma de inteligência superior que encarnou nas leis naturais”.
Até os próprios ateus, sejam cientistas, filósofos ou pensadores, concluem que a idéia de Deus nunca será apagada. O pensador, não crente, António Lopes Campillo afirma que o conhecimento científico é humano e, por conseguinte, cheio de incertezas e jamais poderá acabar com a idéia de Deus. E acrescenta: “Não vejo qualquer problema em que os cientistas acreditem num ser superior”.
Recentemente, numa revista científica encontrei uma frase “Super Interessante” que dizia assim: “Quer se queira, quer não, na mente de qualquer cientista está presente a idéia de Deus, ou porque a aceita como parte de seu trabalho, ou porque a exclui como hipótese”.
Bem sei que também há alguns investigadores a afirmarem ser Deus uma hipótese não necessária. Todavia, o decréscimo de fé no meio científico não é, sequer, relevante. Praticamente, as cifras mantiveram-se constantes nos últimos 80 anos. Uma análise feita em 1916 demonstrava que uma percentagem de 41,8% dos cientistas acreditava em Deus. Havia até quem alvitrasse que algumas décadas depois essa percentagem cairia para zero. Todavia, em 1996 verificou-se que 39,3% dos investigadores ainda acreditava na existência de um Criador Supremo!
Paul Kurtz, presidente do CSICOP (Comité para Investigação de Supostos Fenómenos Paranormais) afirma: “A Ciência não pode estar nem a favor nem contra a Religião; não pode dizer se uma fé é verdadeira ou falsa. No máximo, aquilo a que pode aspirar é determinar se é boa ou má, bela ou desagradável, socializadora ou perturbadora da coesão social...”
Admitimos que existe uma tendência nas pessoas ligadas à investigação, ao racional e ao valor dos números, de excluir tudo o que não for quantificável em termos materiais. Aliás, já David Hume defendia a necessidade de “queimar todos os livros, excepto os que contêm quantidades e medidas”. Todavia, é caso para perguntar: Será que a Ciência baseia-se unicamente em quantidades e medidas? O pensador António Lopez Campillo, já citado, afirma: “Eu, que não sou crente, estou convencido de que a Ciência não se baseia apenas na medida (cálculo)”.
Por incrível que pareça, é precisamente entre os matemáticos que se encontra a maior percentagem de crentes em Deus, ou seja 44%! Afinal, nem sempre os números, as quantidades e as medidas estão assim tão afastadas da fé num Deus Criador de todas as coisas e pessoas!
Quanto à tão falada Teoria da Evolução, não se poderá dizer que a mesma seja científica. Conforme o nome indica, não passa de uma teoria, não confirmada. Às vezes as coisas começam assim, como teorias, e depois passam a leis de Ciência. Só que esta já começou há muito tempo e ainda continua à espera de confirmação.
De facto, em 1996, o Papa João Paulo II declarou que a Teoria da Evolução era correcta e fazia parte do plano divino de Criação. Na sua encíclica “Fides et Ratio” (Fé e Razão) João Paulo II expressou a doutrina da Igreja Católica sobre Ciência e Filosofia e as suas relações com a revelação pela fé.
Este reconhecimento da Teoria da Evolução aconteceu quatro anos depois de o mesmo Papa haver pedido desculpa em nome da Igreja Católica pela condenação de Galileu às mãos da Inquisição. Como cometeu muitos erros no passado e não quer correr novos riscos, a Igreja Católica acaba por reconhecer e aprovar tudo, para ficar de bem com todos.
Esta atitude papal não me espanta; nem sequer me surpreende. Ao longo de quase dois milénios a Igreja Católica acrescentou dezenas e dezenas de teorias erradas à doutrina ensinada por Jesus Cristo. Quase só faltava a Teoria da Evolução!
Quem introduziu o uso de velas (ano 320 d. C.), o culto dos santos (ano 370 d.C.), orações pelos mortos e sinal da cruz feito no ar (400 d.C.), proclamou Maria como “Mãe de Deus” (431 d.C.), a extrema unção (528 d.C.) a doutrina do Purgatório (593), o começo do papado (608), o culto à Virgem Maria (609), o beijo dos pés do Papa (709), confissão auricular (758), as imagens e relíquias (787), uso da água benta (850), canonização dos santos (880), culto a S. José (890), a Quaresma, baseada no Ramadão islâmico (998), o cânon da missa (1000), proibiu o casamento dos sacerdotes (1074), instituiu as indulgências plenárias (1095), criou a “Santa Inquisição” (1185), procedeu à venda das indulgências (1190), promoveu a adoração da hóstia (1220), proibiu a leitura da Bíblia (1229) declarou a infalibilidade do Papa (1870) e a assunção de Maria como artigo de fé (1950) para além de largas dezenas de outros acréscimos... poderá acrescentar e reconhecer tudo!
Evidentemente que, ao acrescentar enormidades à sua linha de postura e conduta religiosa, os Papas não modificaram Deus, nem sequer a doutrina de Deus! Deus não muda; nem a Sua doutrina é alterada! O que os Papas fizeram, isso sim, foi afastarem-se sistematicamente de Deus. Os ensinamentos divinos, os mandamentos e ordenanças de Deus não podem sofrer alteração, ainda que essas alterações pareçam lógicas e bem intencionadas! Quem modifica ou acrescenta... afasta-se, para além de apanhar com as pragas mencionadas na Bíblia (Ap. 22:18).
Com este grande afastamento, a Igreja Católica continuou a ser designada como Católica mas quanto a ser de Cristo... só o Senhor é que decide. Aliás, a Igreja de Cristo é aquela que faz a Sua vontade, como é lógico, e se mantém fiel aos Seus ensinamentos e mandamentos.
Em face dos grandes erros católicos não me surpreendo com esta aceitação papal. A Teoria da Evolução apenas representa uma pequena gota de água no grande oceano de erros católicos! Mas não deixa de ser grave. Aceitar a Teoria da Evolução como plano divino da Criação, é garantir que Deus não saberia exactamente o que pretendia fazer no princípio e necessitava de criar formas primitivas e intermédias de vida com capacidade para evoluir, embora nada disto esteja provado cientificamente.
Para a Igreja Católica não tem mal algum aceitar ou reconhecer que Deus não saberia bem o que devia fazer quando, inicialmente, criou o homem. Sim, nada representa! Pois, a própria Igreja Católica também procedeu da mesma maneira no campo espiritual, ao acrescentar todo aquele conjunto de deturpações da verdade evangélica, algumas das quais já aqui mencionadas. Ao fazer os acréscimos, concluiu que Deus também não sabia bem o que queria no plano espiritual, quando enviou o Seu Filho, Jesus Cristo, a este mundo!
Tristes conclusões católicas! Segundo os seus procedimentos e aceitações, Deus seria um Ser indefinido tanto no que concerne à Criação física e material deste mundo como também no que diz respeito ao espiritual; nem saberia bem como gostava de ser adorado! Sinceramente, esse “deus católico” deve ser um deus com letra minúscula e... mitológico!
Felizmente que o Papa e a Igreja Católica não são os detentores da verdade. Existe a Bíblia como única regra de fé para os que seguem o Príncipe da Vida. Este Livro maravilhoso nada tem a ver com as tradições, nem com os diversos acréscimos católicos ao longo dos séculos. Há outras igrejas, mais pequenas, sem poder político nem influência no mundo, mas preocupadas em fazer a vontade do Criador de todas as coisas e pessoas!
A Bíblia continua viva e activa, transformando milhões de vidas que se chegam para o Redentor. E entre essas pessoas contam-se muitos cientistas.
Acerca do designado conflito entre a Religião e a Ciência, eu diria o seguinte: Se tomarmos o termo “Religião”, a que o leitor se refere, por Cristianismo bíblico, diremos até que esse conflito nem será assim tão grande. A Bíblia não contradiz a Ciência; aliás, até fala da multiplicação da Ciência para o final dos tempos (Dan. 12:4). E é isso, exactamente, o que verificamos na actualidade.
Não existem duas verdades, ou seja a bíblica e a científica, mas sim a verdade biblico-científica. Não pode haver incompatibilidade entre a Bíblia (Palavra de Deus) e a verdadeira Ciência, comprovada.
Qualquer conflito surgido no passado entre o Cristianismo bíblico e a Ciência, teve sempre como protagonistas teólogos mal informados ou cientistas precipitados. Às vezes, as duas situações em simultâneo!
A Bíblia não é incompatível com a Ciência mas sim com a pseudo-Ciência, que se baseia em pressupostos. Como dizia Campillo, e se registou inicialmente, “o conhecimento científico é humano e, por conseguinte, cheio de incertezas”.
O astrónomo Carl Sagan afirmou: “Desde que o nascimento do Universo pôde ser explicado através das leis da Física, um suposto Deus Criador ficou sem trabalho para fazer”. Todavia, o “Pai dos Foguetões”, anteriormente citado, dizia: “Não há razão científica alguma pela qual Deus não possa manter no nosso mundo moderno a mesma posição que Ele ocupava antes de começarmos a esquadrinhar a Sua Criação com o telescópio”.
Carl Sagan achava que o nascimento e existência do Universo ficavam completamente explicados através das leia da Física. Entretanto, Allan Sandage, um dos maiores astrónomos da actualidade, afirma: “Só através do sobrenatural se pode explicar o mistério da existência do Universo”.
Allan Sandage, aos 73 anos de idade, reconhece ter sido toda a sua vida um “ateu praticante”. Todavia, ele diz: “Porém, a minha carreira científica conduziu-me à conclusão inevitável de que o mundo é demasiado complicado para que a Ciência, por si só, possa explicá-lo”.
Naturalmente que iremos ter sempre homens e mulheres ligados à Ciência a acreditar ou não na existência de Deus. Vamos imaginar que um dia a percentagem de cientistas crentes caía para valores próximos do zero; nessa altura Deus deixaria de existir? A Verdade será sempre a verdade, independentemente de as pessoas acreditarem ou não na mesma. Jesus Cristo é a Verdade, como Ele próprio afirmou(João 14:6). A Bíblia assim o garante e ninguém, até hoje, conseguiu desmentir um texto que fosse deste Livro maravilhoso.
Para terminar gostaria de mencionar um diálogo entre duas pessoas inteligentes e ligadas à Ciência. Carl Sagan reuniu-se um dia com a presidente do Conselho Nacional das Igrejas dos Estados Unidos, uma crente com grandes conhecimentos científicos, chamada Joan B. Campbell. Sagan perguntou-lhe: “Você que é tão inteligente, como é possível que acredite em Deus?” Ela, após mostrar o seu assombro pela forma como os astrónomos se convencem da existência de coisas invisíveis, como os Buracos Negros, respondeu: “ E você, senhor Sagan, que é tão inteligente, como é possível que não acredite em Deus?”

Autor do Artigo;
Agostinho Soares

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