17 junho, 2008

PERGUNTA Nº 99

Há quem afirme que o fruto proibido por Deus no Jardim do Éden seria uma maçã. Porém, eu entendo que o sexo será uma das grandes hipóteses a considerar pelas razões seguintes:
1º) A Árvore da Ciência do Bem e do Mal estava no meio do jardim e o sexo também está no meio do corpo humano.
2º) A Bíblia diz que ele (Adão) comeu com ela (Eva). Portanto, o fruto seria partilhado pelos dois e ao mesmo tempo.
3º) Os nossos primeiros pais viram que estavam nus na altura da transgressão.
4º) Depois, a penalização divina incluía a seguinte frase: “Com dores terás filhos e o teu desejo será para teu marido...”
Tudo isto aponta para que o sexo tenha sido, inicialmente, proibido. Qual a sua opinião?

RESPOSTA

Quanto à primeira hipótese apresentada, vários etnólogos são unânimes em afirmarem que naquela vasta região mesopotâmica existe uma grande variedade de frutos, com excepção de referida maçã. Todavia, isso também não constitui uma garantia absoluta de que não se tivesse produzido ali esse tipo de fruto em tempos recuados.
Por que é que alguém se lembrou de associar a maçã com o fruto proibido? Será a maçã o símbolo dos frutos? É possível que sim, pelo menos em termos ocidentais. Daí, talvez a tendência para usar a mesma como referencial para todos os frutos, incluindo o dito fruto proibido.
Quando eu tinha cerca de 4 ou 5 anos de idade fazia muitas perguntas (como é próprio de todas as crianças com essa idade) e nem sempre me davam a resposta certa ou adequada. Lembro-me de ter perguntado ao meu pai por que era que os homens tinham o gorgomilo mais saliente do que as mulheres. Para me despachar o mais rapidamente possível, penso eu, o meu pai explicou que isso vinha desde o tempo de Adão, quando comeu o fruto. Eva teria comido normalmente, enquanto Adão lembrara-se da proibição divina e levara as mãos à garganta, nessa altura, ficando ali o caroço! Embora eu ficasse com muitas dúvidas daquela história, acho que associei o fruto com o pêssego (porque o nosso quintal quase só tinha pessegueiros) e imaginei o caroço do pêssego ali cativo. Fartei-me de rir algum tempo depois com isso!
Seria a Árvore da Ciência do Bem e do Mal o sexo? Será o sexo uma coisa má ou um pecado? Quem terá lançado tal hipótese ou contribuído para a disseminação da mesma? No passado, possivelmente, as pessoas que usavam o sexo de uma forma errada e sentiam o trauma, poderiam fornecer alguns “subsídios” para essa ideia errada. Digo “no passado” porque estou convencido de que existem milhões de pessoas actualmente nessa via (promíscua) sem sentirem qualquer trauma. E, se sentem, pelo menos disfarçam muito bem.
Comparar o corpo humano com o Jardim do Éden não me parece uma ideia brilhante. O jardim estava delimitado geograficamente, não apenas pelos rios (alguns conhecidos) mas também pelas localidades mencionadas. Além disso não era somente a Árvore da Ciência do Bem e do Mal que estava no meio do jardim. A Árvore da Vida também ficava situada no meio do Éden, conforme Génesis 2:9.
De facto, a Bíblia diz que Adão comeu com ela (Eva); porém, antes dessa afirmação diz algo muito importante. Podemos ler isso em Génesis 3:6 do seguinte modo: (Eva) “tomou do seu fruto, e comeu, e deu, também a seu marido, e ele comeu com ela”. Está muito claro que Eva comeu primeiro do que Adão. Se fosse uma relação sexual seria exactamente ao mesmo tempo.
A verificação e constatação do facto de estarem nus, tem mais a ver com a aquisição do conhecimento do que com a relação sexual. Os animais praticam o acto sexual e ainda não viram que estavam nus! Isso deve-se à falta de conhecimento.
Verificamos na Bíblia que Deus havia criado o homem e a mulher, com características próprias e, logicamente, com sexo diferente. “E viu Deus que era muito bom”. Depois abençoou-os e disse-lhes: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a Terra e sujeitai-a” (Gen. 1:28). Ora, a forma de multiplicar as pessoas, dali para diante, seria através do sexo e não de outro sistema. A Criação teve lugar apenas uma vez e Deus não iria voltar a criar um homem e uma mulher pelo mesmo processo. Se assim fosse, não teria ordenado para eles se multiplicarem.
Depois, Deus também disse que o homem e a mulher ficariam unidos de modo a serem dois numa só carne (Gen. 2:24). Logicamente, o sexo não estaria proibido ao primeiro casal do mundo!
A minha sincera opinião é que o “fruto proibido” não era o sexo. Seria um fruto que nós não conseguimos identificar, o qual poderá ainda existir ou não. Porém, o importante, e que deve ser considerado, é que havia um mandamento a cumprir, uma proibição divina, que era imperioso respeitar. Mais tarde foram “impostos” 10 mandamentos ao povo israelita, 8 dos quais eram proibitivos e começavam pelo advérbio de negação “Não”. Não farás para ti imagem...”, “não matarás”, “não adulterarás”, etc. Porém, no Éden havia apenas um mandamento : “Não comereis dele” (do fruto da tal árvore do jardim). Só um mandamento e, mesmo assim, o ser humano falhou por completo, desobedecendo ao Criador de todas as coisas!
Certamente que todos nós poderemos colocar a nossa massa encefálica a funcionar, interrogando-nos sobre o dito fruto. Deus deu-nos o cérebro e não pretende que nós o desliguemos quando decidimos aceitá-Lo e segui-Lo. Por isso mesmo, poderemos pensar qual seria o tipo de fruto em questão. Seria bonito, bom e gostoso? A Bíblia diz que Eva verificou ser o mesmo agradável aos olhos e bom para se comer. Seria importante não o comer? Haveria prejuízo se o comesse? Certamente que sim. A importância advinha do facto de Deus o ter proibido. Em caso de desobediência, aconteceria o que Deus dissera.
Naturalmente que todos nós podemos testar os nosso filhos com coisas simples. Podemos proibir o acesso a certas guloseimas que estão no frigorífico ou no armário. São testes para verificar a sua obediência. Conheci há muitos anos uma senhora que prendia o seu filho com uma linha para ele não ir para muito longe. Caso rebentasse a linha, havia consequências!
Cada um poderá fazer os testes que entender, desde que estejam dentro dos parâmetros devidamente estabelecidos do bom senso. Deus fez um teste aos nossos primeiros pais e, por aquilo que sei da Bíblia, haveria mal em desobedecer. Havia consequências. Assim como a obediência aos dez mandamentos traz benefícios para o homem, também a obediência ao mandamento do Éden mantinha os benefícios usufruídos até então. A desobediência acarretaria prejuízos como se viu.
Irei dar um exemplo a nível físico e humano para ilustrar aquela situação espiritual no Éden. Sabemos que o vírus “HIV” (SIDA) acaba com todas as nossas defesas contra as doenças. Assim, as pessoas contaminadas com este vírus irão morrer de qualquer doença corrente para as quais não têm defesas. Sim, tirando-nos as defesas, poderemos ser atacados pelas coisas mais banais, sem possibilidade de reacção.
Ora o “vírus” da Árvore da Ciência do Bem e do Mal” roubou-nos a inocência que representava as nossas defesas. Tirando-nos a inocência, os pecados sucedem-se e até os mais “banais” destroem espiritualmente as pessoas. Deus não queria que isso acontecesse.
Certamente que o Diabo está interessado em destruir as obras de Deus, desmentindo o que Ele afirmou. Começou por Eva, tentando-a e dizendo-lhe mentiras e meias-verdades. “Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gen. 3:4,5). No que respeita à morte, o Diabo falou meia-verdade (ou um quarto de verdade) porque eles não morreram imediatamente no aspecto físico. Porém, morreram espiritualmente no mesmo instante, como Deus dissera. E para Deus é mais importante a parte (vida ou morte) espiritual, e é essa que Ele contabiliza. Fisicamente, eles também morreram muitos anos depois, embora o processo de envelhecimento fosse despoletado naquela altura.
Quanto a ser como Deus... era apenas numa área bem definida, ou seja, a saber o Bem e o Mal. Com que percentagem de verdade falou o Diabo? Muito pequena. Afinal, eram muito mais as desvantagens do que os benefícios de saber o que estava certo e errado.
O que pesou mais nesta situação foi a desobediência, pois nós temos a obrigação de obedecer às ordenanças divinas, ainda que não entendamos o porquê das mesmas ou a razão da proibição.
Possivelmente nunca saberemos qual seria o “fruto proibido” para Adão e Eva. Todavia, sabemos o que Deus pretende de nós agora e aquilo que Ele proíbe. Devemos preocupar-nos com isso. Mark Twain dizia: “Não é o que não entendo na Bíblia que me preocupa, mas sim o que entendo perfeitamente”.


Autor do texto bíblico

Agostinho Soares

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