17 junho, 2008

PERGUNTA Nº 100

Há pessoas que manifestam uma enorme gratidão aos santos pelas respostas às promessas que lhes fizeram. Dizem que prometeram andar de joelhos em volta de uma capela ou ir a Fátima a pé se algo de bom acontecesse e, como aconteceu, elas também cumprem a sua parte. Terá isto apoio bíblico, a exemplo dos votos que se faziam ao Senhor, principalmente no Antigo Testamento? Como explicar estas respostas dos santos? Dependem da nossa fé?

RESPOSTA:

É muito mais importante aquilo em que se crê do que possuir uma enorme fé. Uma pequena fé no Grande Deus Omnipotente poderá accionar muitos mecanismos, enquanto uma fé enorme em ídolos, deuses mitológicos, santos, semi-deuses, estátuas ou imagens não conduz a qualquer benefício.

Fico admirado, e até estupefacto, diante de certas pessoas que conseguem possuir uma fé (quase) incomensurável em coisas que não existem ou, pelo menos, não funcionam. Certamente que, se esse investimento fosse feito no Deus altíssimo constituiria a tal fé que remove montanhas!

Poder-se-á dizer que a fé é como a cultura; falta sempre mais do que sobra. Para agravar a situação, nem sempre a fé é orientada no bom sentido. De igual modo, também a gratidão nem sempre é endereçada à pessoa certa.

O ideal é que todos nós tivéssemos uma grande fé. Porém, é preferível possuir uma pequena fé no Grande Deus (verdadeiro) do que uma grande fé num pequeno ídolo. A primeira é bíblica enquanto a segunda não tem fundamento algum, nem funciona.

Somente o Deus verdadeiro, Senhor Omnipotente e Criador do Céu e da Terra, conforme a Bíblia apresenta, pode conceder os benefícios, não só físicos e materiais mas principalmente os espirituais, onde se inclui e destaca a salvação para a vida eterna.

Não há outro Deus que possa funcionar, ouvir as orações e muito menos responder às mesmas. Aliás, nem sequer há outros deuses a quem recorrer. Os mitológicos não existem e quanto aos “santos”... se são imagens, são ídolos e se são pessoas falecidas já nada podem fazer.

Enquanto estamos vivos, nós os seres humanos, podemos realizar alguma coisa, boa ou má, inclusivamente orar a Deus por nós ou interceder pelos outros. Depois de partirmos desta vida, já nada poderemos fazer pelos outros nem por nós próprios. Acrescente-se ainda que, nessa altura até os outros nada podem fazer por nós.

A conclusão a tirar é que apenas os vivos poderão fazer alguma coisa e somente pelos vivos. Nesta linha de raciocínio, sabemos que o Nosso Deus está vivo, podendo fazer muito em nosso favor. Conforme afirmou depois de ressuscitar, o Senhor Jesus está vivo e tem todo o poder no Céu e na Terra.

Assim como se verifica uma quase ingratidão generalizada acerca dos mais diversos assuntos, também existe um excesso de gratidão, quase doentio por parte de alguns superpreocupados e mal esclarecidos. Para esses, sensíveis, educados e gratos, é preferível agradecer tudo às pessoas erradas do que correr o risco de serem considerados ingratos.

A exemplo do agradecimento, existe também o pedido de desculpas. Há quem peça desculpa por tudo, até por algo que não fez. O objectivo, muitas vezes, é conseguir ficar em paz, com a consciência tranquila, e não digo que exista sempre aqui uma manifesta hipocrisia da parte do agradecido ou pedinte de desculpas.

Infelizmente, nem sempre o agradecimento, pedido de desculpas ou pedido de perdão é dirigido à pessoa certa. Com uma tendência excessiva para ficar de bem com tudo e com todos, corre-se o risco de canalizar erradamente os nossos sentimentos. Às vezes acaba-se por agradecer o que não se deve e a quem nada se deve. Isso, naturalmente, em prejuízo do relacionamento com o Grande Benfeitor.

Ainda há poucas semanas (Maio de 1999) um casal de peregrinos manifestava-se em Fátima dizendo que já lá ia há quase 50 anos. E tudo isso porque a “senhora de Fátima” o ajudara na vida, ao ponto de até lhe dar uma carrinha ou camioneta. Bem, se todos os que têm meios de transporte fossem lá agradecer por isso, não haveria ali espaço para os mesmos!

Como é que se poderá atribuir a outrem o poder e a capacidade de fazer bem acima de tudo e de todos, incluindo do próprio Criador de todas as coisas? O Omnipotente é que ajuda e abençoa porque é o Senhor do Universo! Ele dá o sol e a chuva a todos, independentemente da sua fé ou das promessas que fizeram aos “santos”, deuses ou “senhoras”. Quanto à salvação, a mesma é concedida somente àqueles que aceitam o Salvador Jesus Cristo no seu coração.

A fé adianta muito? Sim, se for canalizada no bom sentido, ou seja no Deus único e verdadeiro! Sim, no Deus da Bíblia, dos profetas e dos apóstolos.

Será que as promessas aos “santos” (seres humanos mortos) funcionam? Às vezes nem as promessas aos humanos vivos têm qualquer efeito. Em 1970 uma colega meu deu mil escudos a uma determinada pessoa para passar num exame de condução mas reprovou. Era uma “cunha” infalível mas depois verificou-se que essa pessoa não conhecia nenhum examinador. Se o examinando passava no exame, ele ficava com o dinheiro; se reprovasse, ele dizia que não teve ocasião de falar com o respectivo engenheiro.

Ainda a propósito dos exames de condução, conheço uma senhora que fez um exame excelente e passou no mesmo por estar descansadamente confiante e convencida de que o seu marido havia falado com o examinador e metido uma “cunha” para o mesmo! As promessas aos “santos” e “senhoras” funcionam um pouco assim. Se aqui na Terra há pessoas que se esquecem de fazer os pedidos e depois são “recompensados” porque as coisas correram bem, também muitas coisas poderão funcionar relativamente aos ídolos.

Numa empresa em que trabalhei havia um chefe muito conhecido que recebia muitas prendas. De vez em quando ele confessava que já nem se lembrava do assunto que lhe pediram para ele resolver ou pedir aos outros. Esquecera-se das pessoas, dos seus problemas e muito mais de os resolver. No entanto, a “recompensa” aparecia.

Naturalmente que só Deus superintende em todas as coisas. Sim, relativamente ao mundo espiritual Deus poderá ajudar e o Diabo prejudicar. Os mortos não têm influência alguma nesta vida por muito importantes que tenham sido quando cá estavam. Os mortos salvos estão bem e os mortos perdidos estão mal, mas nenhum deles poderá fazer bem ou mal.

Para nós, mortais ainda vivos, muitas coisas ocorrem por um processo aleatório, como se fosse por acaso ou coincidência. Porém, para Deus não há coincidência e o acaso é anti-científico. Devemos ser gratos? Certamente que sim. De preferência agradecer correctamente e à Pessoa certa.

Somente o Senhor Deus tem poder para ajudar e recompensar todos aqueles que são gratos para com Ele. No Ministério de Jesus nós notamos que Ele curou enfermos quando Lhe pediam, deu a salvação aqueles que vieram agradecer a cura ou manifestavam alguma fé. Por fim, àqueles que Lhe agradeceram a salvação concedeu-lhes outras bênçãos, como por exemplo passar à posteridade, no caso da mulher que Lhe derramou o vaso de unguento.

Somente o Deus verdadeiro tem todo o poder para realizar algo e interferir nas situações. E para tudo o que nos acontece, bom ou mau, por interferências de homens ou demónios, Deus terá dado o Seu consentimento. É que nós estamos nas mãos de Deus e não nas mãos do Diabo. Por isso devo agradecer-Lhe tudo o que de bom recebo e pedir-lhe que não deixe os outros fazerem-me mal.

A Bíblia fala de fazer votos, dizendo até que é melhor não fazer votos do que fazer e não s cumprir. Tenho a impressão de que algumas pessoas costumam fazer muitos votos porque ainda vêm habituadas às promessas que faziam antigamente aos “santos”. Quanto a mim, prefiro pedir tudo a Deus numa situação de quem nada tem para dar em troca. A minha obrigação é amar, seguir e servir o Senhor Deus do Céu, independentemente de Ele conceder-me, ou não, esta ou aquela bênção!

Autor do texto bíblico

Agostinho Soares

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