17 junho, 2008

PERGUNTA Nº 90

Sou uma crente no Senhor Jesus que me sinto muito abençoada e feliz quando estou na igreja. Nessas alturas não tenho qualquer dúvida da existência de Deus e do Seu grande amor. As coisas alteram-se quando falo com as minhas amigas e depois quando estou em casa sozinha. As dúvidas assaltam-me e eu interrogo-me muitas vezes: Será que Deus existe mesmo? Não será tudo isso um grande mistério? Como é que provo a existência de Deus e como é que resolvo este problema?

RESPOSTA

Naturalmente que todos nós fazemos perguntas a nós próprios e aos outros, colocamos questões e por vezes até duvidamos desta ou daquela situação, daquilo que nos dizem e do que pensamos. A dúvida faz parte da nossa vida e poderá ser utilizada tanto no bom como no mau sentido. Poderá constituir um bom hábito na pesquisa de algo importante mas também poderá representar um malefício grave se persistir mesmo depois da verificação e constatação dos factos.
As dúvidas e interrogações fazem parte do processo de investigação e pesquisa, seja ela científica, cultural ou religiosa. Agora como hábito constante, mesmo depois das conclusões finais, é nociva e prejudicial.
É bom que nos interroguemos sobre determinados assuntos e duvidemos de muitas coisas que nos dizem ou pensamos inicialmente. Porém, se a dúvida persiste, mesmo em relação à constatação dos factos e conclusões fundamentadas, então algo não está bem connosco próprios. Se algum profissional duvida do seu trabalho, das pesquisas que efectuou e das conclusões que tirou, está condenado ao fracasso. Se duvidamos do que somos e do que fazemos, quem irá acreditar em nós e no nosso trabalho?
A dúvida pode constituir um vício (mau hábito) do mesmo modo que a crendice, isto é, acreditar em tudo, mesmo nas coisas mais inverosímeis. Se começamos a pôr tudo em causa, duvidando até das coisas mais elementares, daquelas que vemos e apalpamos, acabamos por duvidar até da nossa existência!
Na década de 1960 surgiram em Paris os “Existencialistas” que praticamente não acreditavam em nada. Aliás, até a designação de “existencialistas” não caracterizava bem aquele movimento, uma vez que os seus adeptos duvidavam de tudo, até praticamente da sua existência.
A dúvida poderá assumir aspectos idênticos ou próximos da mentira. Sim, a mentira apresentada muitas vezes como verdade, acaba por parecer verdade para as pessoas que a ouvem. A dúvida generalizada poderá funcionar como a negação de todas as coisas. Se acompanharmos todas as conclusões com uma dúvida, por exemplo, onde iremos parar? Uma conclusão acompanhada de uma dúvida deixa de ser conclusão.
O investigador é um homem de fé. Ele acredita que vai encontrar algo e por isso procura. Estará ele duvidando? Sim, duvida das vozes desanimadoras que o aconselham a mudar de vida e das conclusões apressadas. Ele tem necessidade de usar a dúvida no bom sentido, paralelamente às interrogações que faz e à fé que utiliza. Depois da sua constatação e conclusão, a dúvida é remetida para outras áreas ainda não convenientemente exploradas.
No que se refere à parte espiritual as coisas também são um pouco assim. Procura-se, examina-se e conclui-se. Depois manda-se embora a dúvida. A Bíblia diz: “Examinai tudo; retende o bem” (I Tess. 5:21). E este “tudo” refere-se também à Bíblia pois o Senhor nosso Deus não tem receio que os eruditos descubram alguns erros na Sua Obra Literária. Ele quer que nós examinemos, concluamos e depois guardemos ou retenhamos o que é bom.
O ser humano analisa o desconhecido, tornando-o conhecido através de testes, análises, comparações e deduções. Depois de conhecer algo, parte para novas descobertas com base naquilo que já pertence ao seu domínio. No caso da Ciência, experimenta-se laboratorialmente; no caso da Fé, prova-se também o amor de Deus. A Bíblia diz: “Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nEle confia” (Sal. 34:8).
Depois de encontrar Deus e provar que Ele é bom, devemos continuar firmes porque aquele que duvida é semelhante às ondas do mar, como a Bíblia refere. E se o cientista precisa de alguma fé para iniciar um trabalho de pesquisa, um cristão precisa de ter fé para buscar Deus “porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos que O buscam” (Heb. 11:6).
Evidentemente que a fé é como a cultura; falta sempre mais do que sobra. Porém, se não a exercitamos não iremos progredir muito. Devemos continuar a ler a Bíblia, a orar a Deus, ir aos cultos e testemunhar, principalmente com o nosso modo de viver. E estas coisa representam apenas os serviços mínimos, equivalente à colocação dos talentos nos bancos, de modo a produzir juros como refere Mateus 25:37 para aqueles que não sabem, ou não podem, negociar com esses mesmos talentos.
Como é que comprovamos a existência de Deus? Experimentando e provando como a Bíblia refere (Sal. 34:8). Existem muitas teorias e filosofias (a favor e contra) acerca da existência de Deus. Porém, devemos aceitar a Bíblia, lê-la e acreditar no que Deus nos diz, tendo em consideração os testemunhos de várias pessoas honestas que escreveram o que Deus disse e aquilo que o senhor Jesus fez. Depois recorremos a Ele e essa constitui a prova mais real e evidente das nossas vidas.
A existência de Deus é mais notória do que a presença da electricidade. Esta não se vê, não se ouve, não se cheira; apenas se sentem os seus efeitos. Pois com Deus, sentimos os efeitos da Sua presença, podemos vê-Lo com os olhos da fé e ouvi-Lo no nosso coração.
Há por aí muitas pessoas a dizer que Deus não existe. Por que é que eu hei-de acreditar nelas? Que garantias me dão? Bem, o que essas pessoas poderão garantir é que nunca O viram e estarem convencidas de nunca haverem sentido a Sua presença!
E quanto à autenticidade da Bíblia por que é que hei-de acreditar menos nela do que nos seus detractores? Sim, ainda para mais, sabendo que a quase totalidade dos que dizem mal da Bíblia nunca a leram! E esses poucos que leram algumas expressões bíblicas foi já com o intuito de escrever alguns “romances” denegrindo o Livro de Deus.
Para mim, entendo que a Bíblia deve ser considerada verdadeira enquanto não se provar que é falsa. E como ainda não se provou, ela é verdadeiramente o Livro de Deus!
A Bíblia é o Livro de Deus que nem se preocupa em provar a existência do Seu Autor; isso fazem os outros livros, defendendo ou atacando. Ela (Bíblia) vai directa aos assuntos mais importantes. Nem sempre satisfaz a nossa curiosidade, mas sim a nossa necessidade.
Há quem duvide de tudo e quem acredite em tudo. A posição do crente deverá situar-se algures neste espaço delimitado por estes dois extremos.
Depois das dúvidas, interrogações e conclusões, devemos ficar firmes. Nessa altura, as dúvidas deverão ser remetidas ou canalizadas para outras áreas, incluindo aquelas que contrariam as nossas experiências e conclusões. Não podemos ficar abalados com qualquer disparate que ouvimos ou algum pensamento que nos vem à mente.
Já agora permita-me algumas perguntas: Já experimentou duvidar das dúvidas? E daqueles que as apresentam? Será que apenas duvida do que é bom? Nunca duvidou das vozes discordantes das suas amigas? Nunca duvidou das ideias negativas sussurradas pelo Diabo? Se não duvida dessas coisas por que duvidar de Deus e da Bíblia?
Naturalmente que eu também duvido; principalmente de muitas dúvidas que me colocam. E via de regra, as pessoas que duvidam de tudo pretendem que nós não duvidemos delas! Mas, afinal por que hei-de duvidar mais da Bíblia do que daqueles que a contestam? Certamente que deveremos fazer como o cientista ou investigador que avança, duvidando mais das vozes discordantes que o rodeiam do que do progresso das suas investigações.
Todos os cristãos devem permanecer firmes depois de encontrar o Príncipe da Vida. Procuram e buscam; depois avançam. E é sempre bom orar a Deus sobre este assunto. Primeiro, até um ateu poderá fazer a seguinte oração: “Ó Deus! Se Tu existes revela-Te a mim” Isto dá resultado! É só experimentar fazê-lo com sinceridade! Depois de encontrarmos a Verdade deveremos continuar. E quando surgir alguma dúvida, tornamos a orar pedindo fé e ajuda para continuarmos.
Os samaritanos ouviram falar de Jesus e vieram ver. Depois de falar com Ele disseram à mulher que os chamou: “Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos O temos ouvido e sabemos que Este é, verdadeiramente, o Cristo, o Salvador do mundo” (João 4:42).
Se nada se consegue sem fé, vamos pedir fé a Deus. Depois, em face do que já recebemos anteriormente podemos partir para novas conquistas espirituais. As bênçãos anteriores servirão de trampolim para novas escaladas.

Autor do texto bíblico

Agostinho Soares

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