13 junho, 2008

PERGUNTA Nº 82

A Cientologia de Ron Hubbard terá algo a ver com a Dianética do mesmo autor?

RESPOSTA
Por aquilo que nos é dado observar, a Cientologia existe para proceder à aplicação técnica da Dianética e dar cobertura religiosa à mesma. Digamos que será uma espécie de via de escoamento dos cursos, livros, cassetes áudio e vídeo e outros materiais, incluindo vitaminas, que são vendidas ao preço do ouro!
L. Ronald Hubbard, escritor de ficção científica, celebrizou-se, ou pelo menos deu nas vistas, em 1950, quando publicou o seu livro “Dianética - A Ciência Moderna da Saúde Mental”. Mas ele pretendia mais. E conforme afirmou, a certa altura, que o melhor processo de se ganhar um milhão de dólares era fundar uma religião, ele assim o fez. E parece que isso conduziu ao resultado financeiro esperado, pois a sua fortuna chegou a ser avaliada em 25 milhões de libras!
Melhor e mais lucrativo do que escrever ficção e ministrar Dianética seria fundar uma religião. E essa religião, que Hubbard fundou, foi baptizada com o nome de Cientologia. As religiões é que dão dinheiro, as igrejas não pagam impostos e a Cientologia seria a melhor via de escoamento dos “produtos dianéticos”, permitindo arrecadar enormes proventos não sujeitos ao fisco.
Hubbard estaria muito longe de ser uma pessoa íntegra e correcta nos negócios. A sua fortuna chegou a ser muito elevada, como atrás se referiu, mas nada indica que tenha sido ganha honestamente. Aliás, ele foi condenado por burla em França, no ano de 1978. Além disso desconhecia-se o seu paradeiro nos últimos anos da sua vida; as tais razões estratégicas que nada abonam a seu favor.
L. Ronald Hubbard morreu mas deixou o seu sistema montado, ou seja, um polvo, com os seus tentáculos espalhados pelo mundo. Inclusivamente, em Portugal já existe a “IPC” (Igreja Portuguesa de Cientologia) com sede em Lisboa, na Rua do Conde Redondo. Possivelmente, haverá focos noutros lugares, o que permitirá a sua continuação mesmo depois de as autoridades desmantelarem a sua sede, se o vierem a fazer.
A Cientologia anuncia-se como a “Religião das Religiões”. Esta pretensão não é nova pois já a Teosofia de madame Blavatsky em 1875 se apresentava como tal. Isto para não falar na “Fé Baha’i” que considera todos os credos e no Hinduismo que os pretende aglutinar.
Embora não mencione deus algum, Cientologia apresenta-se como a religião da religiões. É um processo de cativar pessoas no meio rural, como aconteceu com a Sociedade Teosófica, no século passado, mas principalmente nas grandes metrópoles onde parece andar toda a gente à procura de alguma coisa.
Uma pessoa que não aceita Jesus como único e suficiente Salvador fica disponível para qualquer outra coisa; tomar uma outra decisão! E assim como os partidos políticos pretendem atingir os indecisos, também o Ocultismo pretende apanhar os tais auto-proclamados “independentes”.
E depois... verifica-se que diversos jovens, contestadores da autoridade paternal, acabam por se submeter à escravidão e disciplina espartana de micro-sistemas ditatoriais de certos movimentos. Por exemplo, os dirigetes da “Ordem do Templo Solar”, Jo Di Mambro e Luc Jouret tinham escravos particulares, no sentido literal da palavra, dentro da organização. Alguns deles pertenciam a famílias riquíssimas mas que tinham já “rompido” com os pais para não se submeterem à sua autoridade. Conforme “Selecções do Reader’s Digest” de Julho de 1997 (pg. 143) a escravatura era de tal ordem que eles suicidaram-se colectivamente quando o “mestre” ordenou. Os corpos das 16 vítimas foram encontrados em Vercors no dia 23 de Dezembro de 1995.
Tácito, o antigo historiador romano, escreveu que tudo o que era mau chegava depressa a Roma. Ele dizia isso referindo-se principalmente à chegada dos verdadeiros cristãos. Porém, eu sou de opinião de que tudo o que é mau chega depressa a Portugal. A tecnologia americana demora tempo a chegar e o nível de vida deles... parece que se perdeu pelo caminho. Porém, as falsas religiões, a charlatanice e o Ocultismo vêm quase à velocidade da luz.
A Igreja da Cientologia, ou como se diz em inglês “Church of Scientology” usa também uma sigla “CoS”, embora alguns dos seus opositores a designem por “Cof$”. Ela vende aos seus seguidores cursos muito caros, além de outro material também muito dispendioso. Os estudantes pagam “pequenas fortunas” pelos livros, além de serem submetidos a “tratamentos” que eles designam por “audições” as quais não andarão muito longe das sessões de hipnotismo.
Como foi referido na Dianética, pretende-se “limpar” o aluno (entenda-se paciente) da mente reactiva que seria prejudicial ao seu êxito e torná-lo um “clear” (limpo). Pelo menos, em questões financeiras o aluno ficará “limpo” devido aos gastos nesses ditos cursos. Mas, se ele não estiver com cuidado ficará também “limpo” de emoções, do passado e de sensibilidade.
Fishman Affidavit foi um dos alunos de Cientologia. Para tirar esses dispendiosos cursos teve de roubar. A própria organização (designada por igreja) incentivava-o a arranjar o dinheiro da maneira que pudesse, mesmo se tivesse de matar alguém. Depois aconselharam-no a suicidar-se.
Quando Fishman testificou em tribunal, usou partes dos documentos de Cientologia para provar que tinha sofrido uma lavagem ao cérebro por parte daquela “igreja”. Esses documentos tornaram-se públicos e assim qualquer pessoa poderia lê-los ou consultá-los na Biblioteca do Tribunal. Nessa altura, a “igreja” da Cientologia, temendo que os seus “sagrados segredos” viessem a ser revelados, destacou pessoas da sua gente para, dia após dia, requisitarem e lerem (ou fazer de conta) essa documentação, evitando assim que outros, não cientologistas, tivessem acesso a esse tipo de informação. Foi então que Fishman Affidavit arranjou um meio de copiar os documentos e passá-los na “Internet”.
Naturalmente que a Cientologia não quer que os seus seguidores conheçam a verdade sobre esta organização, pelo menos antes de eles terem feito vários cursos. “Isso mataria os iniciados que ainda não estão prontos para tal”.
Para se ingressar no sistema é necessário submeter-se a um teste no computador que pode demorar de 6 a 8 minutos. O objectivo, ou pelo menos a justificação que apresentam, é saber como está a saúde mental do paciente, aluno e, principalmente “desenvolsante”. No final propõem-se alguns cursos como por exemplo “Sucesso Através da Comunicação”, “Altos e Baixos da Vida”, “Integridade e Valores Pessoais”. Os conteúdos dos livros não diferem muito entre si pois as mesmas coisas são ditas de modo diferente. O autor é quase sempre L. Ron Hubbard, embora alguns desses livros já lhe tivesse sido atribuídos a título póstumo.
Um jornalista português, chamado Henrique Dédalo, esteve nessas “andanças” da “IPC” (Igreja Portuguesa de Cientologia) durante três meses (ver Revista Expresso de 18 de Outubro de 1997) e diz o pior da organização. Entrou como observador e com os máximos cuidados mas, conforme ele referiu, esteve quase a ser apanhado numa daquelas “audições” com um ex-taxista que havia tirado um curso de duas semanas. Nesse dia, o jornalista confessou no seu diário que não tinha emoções, doía-lhe a cabeça. Acho que isso seria o princípio de uma caminhada até atingir o designado “clear”.
A partir daí, o jornalista português tomava “Valium” duas horas antes de cada “audição” o que lhe permitiu chegar ao fim do curso sem ser grandemente afectado.
No curso de “Sucesso Através da Comunicação” é necessário estar horas sentado, sem se mexer ao lado de um desconhecido. Ao mais leve movimento, além da normal respiração ouve-se a voz: “Falha... Recomeçar”. Paradoxalmente, no curso de comunicação... não se comunica!
L. Ronald Hubbard escreveu: “A psiquiatria está a tornar as pessoas insanas”. Porém, o jornalista Henrique Dédalo é de opinião de que ele deveria ser um psiquiatra ou psicólogo falhado. Os seus ensinamentos eram elementares e instintivos, de tal modo que qualquer ser humano de mediana inteligência sabia o que ele ensinava. Certamente que haveria outro propósito por detrás de toda aquela fachada. Outro propósito, além dos exagerados proventos que dali advêm.
Como igreja, Cientologia ministra cursos de Dianética e como religião... não tem deus algum. À pergunta do jornalista sobre qual seria o deus da Cientologia, foi-lhe respondido: “A verdade é aquilo que tu acreditas que é verdade”. Esta é uma frase típica da “Nova Era”. Cada um tem a sua verdade, como se fosse possível, através do poder mental, alterar as coisas. Porém, a verdade é que a verdade será sempre a verdade, independentemente do que as pessoas dizem ou pensam.
Crê-se que existam 70 mil membros ou simpatizantes da Cientologia na Alemanha. Porém, a Associação de Médias Empresas “MIT” ligada à CDU, acusa a Cientologia de ser um polvo que está lançar os seus tentáculos aos sectores-chave de economia alemã, colocando membros em posições importantes.
Em face do comportamento da Cientologia na Alemanha, este país tem tomado alguns cuidados. Por exemplo. A Baviera não admite membros da seita no funcionalismo público. O ministro do Interior deste Estado, Gunther Beckstein, acusa a Cientologia de “maus tratos organizados contra crianças”, nomeadamente sob a forma de trabalhos forçados. Certamente que ele referia-se às crianças internadas nos lares da Cientologia.
O ministro federal do trabalho expressou: “A Cientologia não é uma igreja; é antes uma organização totalitária e criminosa para branqueamento de dinheiro, um cartel desumano de opressão”.
O jornalista português Henrique Dédalo é de opinião de que aquilo que os cientologistas pretendem é criar uma única raça constituída por “clears”, pessoas sem emoções e sem passado, das quais a cabeça do polvo possa dispor para qualquer tarefa. Aliás, foi-lhe dito durante o curso: “Os cientologistas são o exército de salvação da Humanidade”.
O jornalista português Henrique Dédalo realizou um excelente trabalho que apreciamos e louvamos. Para desmascarar uma falsa religião, ele arriscou-se a ficar “chamuscado”. Viu os perigos e comunicou-os aos portugueses, que aliás, é o trabalho de um bom jornalista.
Porém, como cristão, eu ainda vejo outro perigo além dos já mencionados: A formação de super-homens que não necessitam de Deus nem da salvação, os quais poderão ser usados pelo tenebroso Anticristo que se prepara para surgir no horizonte político e religioso. Isto é, realmente, uma máquina diabólica, como diz no final do seu texto o citado jornalista.

Autor do texto bíblico

Agostinho Soares

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