13 junho, 2008

PERGUNTA Nº 79

Será o “Hare Krishna” uma religião ou filosofia? Esta doutrina terá mais a ver com o Hinduismo ou com a Meditação Transcendental?

RESPOSTA

Tanto a Meditação Transcendental como o “Hare Krishna” surgiram no nosso meio nos anos de 1960 como fortes tentativas de preencher a lacuna existente entre as filosofias orientais e ocidentais. Digamos que as mesmas têm funcionado como duas pontas de lança no seio da civilização ocidental, uma vez que as religiões orientais, no seu estado original, teriam inicialmente, uma certa dificuldade em penetrar e desenvolver-se no Ocidente.
Para que a Meditação Transcendental se implantasse no Ocidente contribuíram sobremaneira os “Beatles” e o guru Maharishi Mahesi Yogi, o qual foi promivido e exaltado pelo famoso conjunto britânico. Quanto ao “Hare Krishna”, digamos que este movimento foi “exportado” da Índia para a América na pessoa de Srila Prabhupada que viajou até Nova Iorque a bordo de um cargueiro e com passagem gratuita.
Prabhupada, com 69 anos de idade, e num país onde não tinha família nem amigos, começou a cantar ao “deus” Krishna, numa forma de meditação e adoração. As suas canções eram autênticas orações ao “supremo deus” pedindo ajuda para que o seu investimento doutrinário fosse coroado de êxito. A princípio juntaram-se vários curiosos, mas depois alguns acabaram por ficar como discípulos e o movimento “H.K.” (Hare Krishna) começou a implantar-se no Ocidente.
Durante doze anos (até à sua morte que ocorreu em 1977) Srila Prabhupada ensinou os seus alunos de dia, traduzindo livros e escrevendo de noite. Estavam lançadas as sementes e o movimento singrava, não só em Nova Iorque, mas noutros Estados e países. Nesses doze anos, Prabhupada transformou um pequeno grupo de seguidores num movimento a nível mundial para a cultura espiritual e entendimento filosófico. Este veio a ser conhecido como a “Sociedade Internacional para a Consciência Krishna (ISKCON - sigla em língua inglesa). Antes de partir deste mundo, Srila Prabhupada escreveu mais de 60 livros. A editora “Bhaktivedanta Book Trust”, fundada por ele próprio, publica estes livros em mais de 60 línguas.
Certamente que esta doutrina (religião e filosofia de vida) tem muito a ver com o Hinduismo, donde trouxe os deuses e com a Meditação Transcendental donde aproveitou os “mantras”. A diferença é que aqui a meditação é feita a cantar e os “mantras” são proferidos através desse cântico.
O Hinduismo, como fonte de inspiração para muitas ideologias, será uma miscelânea de religiões onde se conjugam o panteísmo, o politeísmo e o feiticismo. Não sei como é possível conjugar tudo isto (o problema é deles) mas acredito que todo o tipo de erro se entenda e conjugue para atacar e tentar vencer a Verdade.
Existem muitos deuses no Hinduismo, destacando-se três principais: Brama, Xiva e Vishnu. Este último, que desempenhou funções secundárias no tempo dos Vedas, foi guindado ou promovido à posição mais elevada no Hinduismo. A certa altura passou a ocupar simultaneamente o lugar de Brama e de Indra primitivo.
Vishnu, o “deus” benévolo, que trabalha perpetuamente para socorrer os homens e ensinar-lhes a verdade, terá tido 10 transformações ou encarnações. Dizem que da primeira vez se transformou em peixe, por altura do Dilúvio para assim anunciar a Manu (Noé) a inundação geral. Depois foi tartaruga e outros animais até que o oitavo avatar mostra-nos Vishnu como o mais popular dos deuses: Krishna. É daqui que vem esta doutrina e o seu nome.
Dizem os seguidores de “H. K.” que o “deus” Krishna é casado com Radhami, a potência do prazer de Krishna, sendo ele o reservatório de todo o prazer. Um dos livros “sagrados”, “Ghagavad-Gita”, apresenta-o como um “deus” atraente e pai que dá a semente a todas as coisas vivas.
Krishna seria um dos nomes do “supremo”, o qual significa “todo-atractivo”, também conhecido como “Rama”. Por sua vez a palavra “Rama” significa “a fonte de prazer ilimitado”. E como todos os seres humanos são procuradores de prazer, poder-se-ia dizer que, directa ou indirectamente, todos estariam buscando a Krishna. Todavia, um processo de o buscar directamente seria cantando palavras repetitivas de “Hare”, “Rama”, “Krishna”, etc. Por isso mesmo os “H. K.” cantam nas ruas, vestidos de grandes túnicas, canções intermináveis de “mantras”, a fim de buscarem uma paz interior. Todavia, nós sabemos que somente Jesus Cristo pode conceder essa paz. Ele próprio disse: “Deixo-vos a minha paz”.
A palavra “Hare” é chamada a energia “divina” de Krishna. Dizem os seguidores de “H. K.” que, assim como o Sol manifesta-se mediante as suas energias de calor e luz, o “supremo” dá-se a conhecer mediante as suas múltiplas energias. Se o “supremo” é a fonte de tudo, então qualquer coisa que vemos, e até o que não vemos, pertencerá à energia do “supremo”. Ora, esta filosofia representa, pelo menos, um pouco de panteísmo.
A exemplo da Meditação Transcendental, qualquer pessoa poderá praticar esta modalidade, cantando, dizem os adeptos de “H. K.”. Apresentam canções feitas com palavras repetidas (já citadas). Somente não registo aqui a letra de uma dessas canções porque não estou a publicitar o “H. K.” (Hare Krishna). Não pretendo contribuir para que alguém chame (ou clame) pelos seres ocultos do além.
Ao contrário de M. T. (Meditação Transcendental) em que era necessário uma determinada concentração no “mantra” aqui na “H. K.” pode cantar-se mesmo a trabalhar, estudar ou fazer outra coisa qualquer, que Krishna responderá sempre. E não há necessidade de filiar-se em qualquer organização terrena; basta “filiar-se” no Ocultismo do príncipe das trevas!
Acredito que quase todas as religiões tenham algo de bom, ainda que às vezes, muito pouco. Os adeptos de “H. K.” não jogam, não tomam drogas, álcool, café, não fumam nem praticam sexo ilícito. Isto representa a parte positiva da questão.
Porém, a maioria dos aspectos é negativa. Os renascidos adoptam um novo nome (hindu) ao baptizarem-se, renegando os pais, parentes e amigos mais chegados, considerando-os como mortos ou inexistentes. Normalmente, com o cristão acontece o contrário; são os amigos e familiares que o abandonam e desprezam quando ele aceita Jesus como único e suficiente Salvador.
Os “H. K.” acreditam na reencarnação, alegando que o nosso corpo muda de menino para jovem e depois para velho, voltando outra vez a mudar para menino numa outra vida. A reencarnação está patente na maioria dos movimentos ocultistas e religiões orientais.
Há várias maneiras de buscar Krishna ou os tais seres superiores do além; porém, umas são mais rápidas e directas. A meditação (M.T.) e as preces demoram um certo tempo. Por isso, e para imprimir uma maior dinâmica ao assunto surgiu o “Mahikari” que seria, no dizer dos seus mentores, uma espécie de avião a jacto comparado com os patins da meditação. Os adeptos de “H. K.” buscam os mesmos seres ocultos cantando os “mantras”. Será mais desportivo ou mais recreativo? Há, certamente, modalidades ocultas para todos os gostos!
Os adeptos de “H. K.” dizem que Krishna e a sua energia estão plenamente presentes no som do “mantra”, incluindo as situações em que as pessoas não entendem o idioma ou como funciona. Porém, devemos esclarecer que buscar Krishna representa um salto no desconhecido. Chamar por alguém que se desconhece é um risco. As pessoas podem não entender, mas o Diabo sabe quando chamam por ele.
Não podemos decidir se precisamos de alguém, enquanto não soubermos quem é. O “mantra” (falado ou cantado) pode ser o nome ou apelido de um demónio! Tudo o que sai dos moldes bíblicos é muito perigoso.
Dizem os “H. K.” que toda a gente pode cantar a Krishna. Seja quem for, tenha a religião que tiver, poderá experimentar, cantando as palavras-chave ou “mantras”. É caso para perguntar: Desde quando o Diabo selecciona os seus seguidores? Sim, desde quando ele exige um rigoroso teste de admissão? Naturalmente que, para ele, serve tudo! E ninguém precisa de mudar de vida para o seguir, a não ser que seja já um cristão lavado e purificado pelo sangue de Jesus. Só os verdadeiros cristãos precisam de mudar de vida para seguir o príncipe das trevas.
Eu gosto de clamar a Deus numa língua que entenda e não meter-me em aventuras espirituais. A Bíblia diz para buscarmos o Senhor nosso Deus, o Deus verdadeiro, de um modo claro, aberto e sincero. Buscar o Deus da Bíblia, de Abraão, de Moisés, de David, de Elias, de Daniel e dos apóstolos. Aquele Deus maravilhoso que além de Poderoso é Amor; o Deus apresentado por Jesus Cristo de uma forma clara e aberta. “Provai e vede que o Senhor é bom; bem aventurado o homem que n’Ele confia”!


Autor do texto bíblico

Agostinho Soares

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