07 junho, 2008

Pergunta nº 54

Certos povos possuíam vários deuses representados por imagens de escultura e fundição, aos quais adoravam. Não é o caso dos actuais católicos que adoram um único Deus verdadeiro, apesar de existiram imagens em muitos lugares de culto. Porém, essas imagens não são de deuses, mas de pessoas santas que serviram o Deus verdadeiro. Será isso pecado? Não estão os museus repletos de pinturas e esculturas de homens importantes? Se é permitido pintar ou esculpir a imagem de um rei, nobre ou herói, por que não se poderá fazer o mesmo a um santo homem de Deus?

RESPOSTA
O mundo tem meios próprios de exaltar os seus heróis e venerar os seus ídolos. Sejam os símbolos da música, do desporto, da política ou da arte, há sempre quem os louve, quem cante os sus feitos ou pinte os seus retratos.
No meio do povo de Deus não deverá ser assim. Tudo o que nós fazemos é para o Senhor e não queremos recompensas aqui na Terra. Toda a glória pertence ao Senhor Jesus Cristo; é Ele que tem todo o poder no Céu e na Terra e foi Ele que fez tudo por nós, morrendo em nosso lugar na cruz do Calvário. Se Ele é o máximo e se Se fez o mínimo, como é que nós poderemos considerar-nos importantes? O nosso lugar é em constante humilhação, reconhecendo que nada somos diante do Todo-Poderoso.
O povo de Deus não é insensível às coisas boas e belas. Apreciamos o que está bem feito, não só na Natureza que Deus criou, como também em certos trabalhos humanos, incluindo obras de arte. Paradoxalmente, às vezes um quadro representando um ribeiro, uma montanha e algumas árvores, por exemplo, custa mais dinheiro que o próprio espaço ou paisagem que inspirou o artista! Devo dizer que, por muito valor que tenha o quadro, eu preferia a realidade, ou seja a paisagem ou o próprio local representado nesse quadro.
Tanto a pintura como a escultura representam a arte. E quando os quadros estão bem pintados e as estátuas bem esculpidas, merecem a nossa admiração. Podemos apreciar e admirar o que é belo. Porém, uma coisa é apreciar o trabalho de um escultor e outra, bem diferente, é colocar a estátua nos lugares de culto.
A Bíblia diz: “Que aproveitará a imagem de escultura, que esculpiu o seu artífice? A imagem de fundição, que ensina a mentira, para que o artífice copie na obra, fazendo ídolos mudos? Ai daquele que diz ao pau: Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode isto ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas no meio dele não há espírito algum” Habacuque 2:18).
O Livro de Deus também fornece alguns exemplos de como são feitos os ídolos: “Tomou para si cedros, ou toma um cipreste, ou um carvalho e esforça-se contra as árvores do bosque… com isso se aquece e coze pão: Também faz um deus e prostra-se diante dele; fabrica uma imagem de escultura e ajoelha diante dela. Metade queima no fogo, com a outra metade come carne; assa-a e farta-se; também se aquece… então do resto faz um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, e inclina-se, ora-lhe, e diz: Livra-me porquanto tu és o meu deus” (Is 44:14-17).
As obras de arte poderão ter muito valor material, representar um enorme esforço, sabedoria e dedicação, mas no sentido espiritual são de valor nulo. Não salvam, não respondem, não fazem nada; nem bem nem mal. Mal, ainda poderão fazer, se as pessoas confiarem nelas, inclinando-se e prostrando-se diante das mesmas, pedindo-lhe alguma coisa.
A Palavra do Senhor diz no livro de Salmos: “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz têm mas não cheiram; Têm mãos mas não apalpam; Têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e todos os que neles confiam”(Sl 115:4-8).
Deus condena a idolatria dos tipos mais variados. Seja de deuses pagãos, mitológicos, imagens de santos, de anjos ou até do próprio Jesus Cristo ou de Deus! Não se poderá fazer imagens do que conhecemos na Terra, nem do que desconhecemos no Céu. Os dez mandamentos não referem apenas: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20:3) mas acrescenta: “Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que há em cima nos Céus, nem em baixo na Terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porquanto eu, o Senhor, Teu Deus, sou Deus zeloso…” (Ex 20:4,5)
Portanto, se os santos estão no Céu, não se poderá executar imagens dos mesmos. Se eles ainda estão na Terra, também não se poderá fazer qualquer semelhança dos mesmos com a finalidade de culto, veneração ou adoração. Tudo isso é idolatria e a idolatria é condenada por Deus.
Bem sei que as coisas mudaram e não são exactamente iguais ao passado. Em lugar de “deuses”, fazem-se “santos” ou “semi-deuses” que são ídolos de igual modo. E a exemplo dos deuses pagãos, cada “santo” tem a sua função ou operacionalidade. Assim como Baco era o deus do vinho e Afrodite (Vénus) a deusa do amor, também os “santos” são padroeiros das localidades, doenças ou actividades. “S. Cristóvão, protector, ou advogado dos motoristas”, por exemplo, e um conjunto de “senhoras” como “senhora da saúde”, “senhora dos remédios” e até “senhora dos retornados” como ouvi na TV em Agosto de 1996.
Não sei se haverá mais “santos” agora do que deuses na Antiguidade. É possível que não, pois os gregos chegaram a possuir cerca de 30 mil deuses!
As religiões começaram monoteístas com um só Deus), segundo afirmaram certos arqueólogos como Langdon e Sayce, mas descambaram para o politeísmo (vários deuses) porque os homens gostam de possuir muitas coisas; muitas propriedades, muitas mulheres e… muitos deuses! A Igreja Católica também começou com um só Deus, mas foi acrescentando vários “santos” e “senhoras” com funções de “semi-deuses”, embora em alguns casos até ultrapassassem o Deus verdadeiro, nas mentes dos devotos. Chega-se a pensar e dizer que a Virgem Maria é a mãe de Deus, o que é uma monstruosidade, pois Deus não tem princípio nem fim. A Virgem Maria foi mãe de Jesus como homem na Terra; porém, Jesus Cristo, como Deus sempre existiu!
Somente Deus é Santo, Puro e Justo. Aqueles que se entregam ao Senhor, arrependendo-se dos seus pecados e aceitando Jesus como único e suficiente Salvador, são santificados, purificados e justificados. Esses salvos estão com Jesus no Céu, muito bem, mas não nos ouvem nem podem fazer nada por nós. Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e o homem. A Ele podemos e devemos recorrer.
A Bíblia contém muitas indicações contra a idolatria, pois ela tira a glória que pertence unicamente ao Senhor. Desde os primeiros livros da Bíblia até ao último, nós encontramos boas recomendações nesse sentido. Por exemplo, em Levítico 26:1: “Não fareis para vós ídolos, nem vos levantareis imagens de escultura nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque Eu sou o Senhor, vosso Deus”. E, para terminar, em Apocalipse, praticamente no fim da Bíblia, encontramos o seguinte: “Mas quanto aos tímidos, e aos descrentes e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos feiticeiros e aos IDÓLATRAS, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” (Ap 21:8).

Autor do texto bíblico

Agostinho Soares

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