10 junho, 2008

PERGUNTA Nº 132

Tenho verificado que alguns grandes homens de Deus morrem em circunstâncias difíceis, com doenças prolongadas e dolorosas, depois de experimentar os mais diversos reveses na vida. Já não falo naqueles que são executados ou até torturados por amor a Cristo, mas até mesmo os que morrem na cama sofrem muito, por vezes. E as minhas perguntas vão neste sentido: Será que viemos ao mundo somente para sofrer? Valerá a pena lutar se a morte é um dado adquirido? Ora, se temos connosco o Príncipe da Vida, se seguimos o Criador de todas as coisas, não deveríamos ser vitoriosos, em lugar de sermos vencidos pela doença e pela morte?

RESPOSTA
Vistas as coisas por esse prisma... alguém poderá até dizer que o próprio Senhor Jesus Cristo saiu derrotado ao morrer numa cruz romana! Sim, depois de anunciar uma mensagem de paz, amor e salvação, o Filho de Deus foi condenado, executado e sepultado, o que para alguns, menos esclarecidos, poderá constituir um tremendo fracasso para Ele e uma séria derrota do bem perante o mal e a injustiça. Porém, isso seria apenas uma leitura orientada no sentido físico-material, visível e efémero!
Ora, como é sabido, esta vida física terminará um dia, que poderá ser mais tarde ou mais cedo e em circunstâncias mais ou menos dolorosas. E relativamente a esta vida física... acabaremos vencidos pela incapacidade, pela doença e pela morte. Todos nós adoecemos e morremos, ou morremos sem adoecer. Seremos nós, os cristãos, os tais vencidos da vida? Bem houve já um conjunto de escritores portugueses famosos, há cerca de 100 anos que formou um grupo ou clube que se auto-intitulou “Os Vencidos da Vida”! Elementos da fina flor da literatura portuguesa, já na sua velhice, intitularam-se assim. Porém, eu penso que eles deveriam ter-se auto-designado, antes, “Os Vencidos da Vida Física”, e não da Vida, porque esta é muito mais abrangente.
Fisicamente, não acabamos bem. Sofremos, vemos os outros sofrer e morrer e por fim, acabamos por morrer também e nem sempre nas melhores circunstâncias. Perdemos faculdaddes, perdemos órgãos e membros e, depois, acabamos por perder a vida física na sua totalidade! Que triste panorama que se nos apresenta, vivendo os últimos dias, ou anos, num lar de 3ª Idade ou num hospital, suportando os prejuízos de uma doença terminal ou desgastante, perda de memória, de consciência ou afectação de funções motoras, etc.
Porém, dizer que tudo é mau neste pobre mundo físico-material também é um exagêro. Há vários aspectos positivos no decorrer desta vida física, como o relacionamento familiar, vivência cojugal e convívio com os amigos, para além de outras coisas. Mas, o mais importante que esta vida física pode proporcionar é a possibilidade de encontrar a outra, a espiritual, que transitará connosco para a Eternidade.
É bom ter um corpo físico para podermos realizar algo neste mundo em prol dos outros. É muito importante que possamos utilizar esta vida física, emprestada e curta, para melhorar a outra que é (dada) oferecida e para sempre!
A respeito de “Os Vencidos da Vida”, alguém poderá dizer que eles não deveriam desistir nem desanimar porque, afinal, haviam produzido obras literárias que os “imortalizariam”. Há quem veja as coisas desta maneira, mas os cristãos têm muito mais razões para não se deixar vencer! Eles têm as obras do Senhor Jesus que morreu em seu lugar, ficando, assim, imortalizados, de um modo literal, no Céu, com Deus! Diz a Bíblia que “o justo ficará em memória eterna” (Sal. 112:6). E não é apenas em memória na Terra, como os grandes deste mundo, mas na presença do Santo e Divino Dominador!
Lutar pela parte física será um trabalho perdido? Valerá a pena lutar, sabendo que vamos perder? Bem, a nós compete-nos defender o nosso património (vida física) aguentando-o o mais tempo possível por duas razões fundamentais, entre muitas outras: Primeiro, porque Deus, o Criador, assim o quer... que defendamos a vida que Ele nos concedeu. Segundo, porque, quanto mais tempo estivermos na posse deste corpo físico mais coisas boas poderemos realizar para Deus, em prol dos outros, o que irá reforçar a nossa vitória espiritual. Conclusão: Adiando a “derrota” física, poderemos fortalecer a vitória espiritual.
Jesus Cristo foi, aparentemente, derrotado por algum tempo. Mas depois ressuscitou e está vivo para sempre. Com Ele nós seremos mais do que vencedores. Ressuscitaremos também e, nessa altura, ninguém poderá dizer que tivemos uma derrota física ou que acabamos fisicamente vencidos. Não! Não terminamos vencidos, nem mesmo no aspecto físico! Ressuscitaremos e seremos transformados, ficando com um corpo glorioso semelhante (não igual) ao do Senhor Jesus!
Temos bem presente as palavras de Jesus que diz: “No mundo tereis aflições” (Mat. 16:33). Mas também não podemos prejudicar a nossa vida espiritual, fugindo aos problemas porque “aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á” (Mat. 16:25).
Naturalmente que agradecemos a Deus o tempo em que estivemos à face da Terra e não somente os anos de vida (física) com bastante qualidade. Que possamos ser gratos a esse respeito, mesmo depois, quando já estivermos numa situação terminal (terrena, porque a vida continua). Valeu a pena passarmos por esta vida física e terrena devido às experiências vividas, especialmente pelo encontro com o Príncipe da Vida.
Não queiramos perpetuar a morte como os faraós, que mandaram erigir os seus tímulos nas pirâmides, mas perpetuar a vida com Deus. Os túmulos dos reis têm sido violados, como aconteceu no Egipto e em Portugal aquando das invasões francesas! Mas a nossa fé no Salvador Jesus transita connosco até à presença d’Ele!

Autor do Artigo;
Agostinho Soares

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