18 maio, 2008

Verdadeira Confissão

A confissão é o acto de declarar os próprios erros. Trata--se de assunto de superior importância, visto ser indispensável para a salvação, para se ter a certeza da vida eterna. O ser humano precisa não só de saber que deve confessar, mas a quem deve confessar.
Existem confissões inúteis, confissões vãs, apesar de sinceras; é que são feitas a pessoas e com fundamentos errados. Os cristãos evangélicos são muitas vezes criticados pelo facto de não praticarem a confissão; porém quando dizemos que sim, que praticamos até mais de um tipo de confissão, olham-nos com certo ar incrédulo.
Analisemos, pois. três espécies de confissão.
1. CONFISSÃO PSICANALÍ-TICA. Este tipo de confissão é feita nos consultórios médicos. As pessoas afectadas psicologicamente por certos acontecimentos na sua vida, com choques ou desgostos, procuram o médico especialista. O mesmo formula perguntas e exige um relato ou confissão
sincera do que está no íntimo da pessoa. Como se sabe: há ocorrências que afectam a vida e a saúde das pessoas. Para que o médico possa diagnosticar e medicar com precisão, necessita da confissão.
Semelhante confissão, porém, é inútil para o homem obter perdão e paz espiritual. O médico poderá receitar calmantes, todavia não consegue fazer sossegar uma alma atormentada com os seus pecados.
2. CONFISSÃO AURICULAR. Trata-se da confissão praticada pelos católicos romanos. Tal confissão consiste em o pecador se ajoelhar diante do sacerdote, no confessionário, e aí, aos ouvidos dum homem mortal, e pecador como os outros, relatar em pormenor as suas fraquezas. Essa confissão tanto pode alcançar toda a vida da pessoa, como apenas o período de tempo desde a última confissão. Os padres ensinam e convencem o povo que se trata de uma instituição divina, não passando porém duma invenção humana. Os textos bíblicos que citam são tirados do seu contexto e não resistem a uma análise serena das Escrituras Sagradas.
Foi no ano de 1215, no Concílio de Latrão, que semelhante prática se impôs como sacramento. O povo não podia verificar se tal ensino era bíblico, visto a maioria das pessoas serem analfabetas, não sabendo sequer assinar o seu nome. A Bíblia Sagrada não era ensinada nem estava nas mãos do povo. A imprensa não existia, e fora dos conventos, a instrução era praticamente nula. Através da confissão auricular, o sacerdote passou a ter acesso à vida íntima e privada de todas as pessoas, desde a cabana do pobre ao palácio do rico.
A confissão auricular prejudica o padre, porque o diviniza, tornando-o superior a todos os outros homens, tornando-o semelhante a Deus. O confessionário, neste aspecto, é um lugar indigno, embora denominado de santo, pois aí relatam-se os piores actos da vida dum indivíduo. Aquilo que se oculta a esposa, ao marido, aos pais, etc, é relatado em pormenor aos ouvidos de outrem. As perguntas mais inconvenientes são aí formuladas a jovens que recorrem posteriormente aos adultos a fim de saberem o significado das mesmas. Tais interrogações fazem-se com a intenção de se descobrir toda a verdade, pois só assim a confissão terá valor.
Pergunta-se no confessionário: "Que pecado?", "Onde foi cometido?", "Com quem se praticou o acto?", etc. Semelhante confissão faz do ministro religioso uma espécie de receptáculo de detritos. Essa confissão, além de antibíblica, está na origem de numerosas quedas morais de confessados e confessores, com consequências lamentáveis no campo familiar, etc. Deus não foi com certeza o autor de uma prática religiosa que tem causado tanto opróbrio e ruína. Semelhante ensino não é sustentado pela Bíblia.
O apóstolo Pedro exortou nestes termos um indivíduo que pecou: "Arrepende-te pois dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração" (1). Será que Pedro ignorava a confissão auricular? O apóstolo leva o pecador ao lugar e à pessoa certa, quando ensina: ora a Deus para que te seja perdoado.
O próprio Jesus ensinou a quem devemos recorrer para obter o perdão: a pessoa a quem rogamos o "pão nosso de cada dia". É ao Senhor que devemos pedir para livrar-nos do mal e da tentação. Tal ensino consta na oração do "Pai Nosso", oração repetida inúmeras vezes cada dia pelos católicos, e que afinal transgridem aquilo que pronunciam com seus lábios. Um homem a perdoar pecados cometidos contra Deus é blasfémia (2).
Uma igreja bíblica e um verdadeiro ministro de Deus pregam onde e como o pecador encontra o perdão divino, todavia nunca podem perdoar pecados; isso é prerrogativa de Deus. Portanto, toda a confissão e todo o perdão recebido no confessionário não tem qualquer valor aos olhos de Deus.
3. CONFISSÃO BÍBLICA. A Escritura Sagrada recomenda e regista três tipos de confissão, que a seguir se consideram.
a) Confissão feita directamente a Deus. Se Jesus ensinou, na oração conhecida por "Pai Nosso", que devemos pedir perdão directamente a Deus, como pode um homem afirmar ser isso impossível? Se não é ao sacerdote que pedimos o pão de cada dia e que nos livre do mal ou da tentação, também não é a ele que devemos pedir perdão, confessando os nossos pecados.
Na Bíblia está escrito: "Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres (...), será salvo" (3). O apóstolo João afirma: "... o sangue de Jesus Cristo (...), nos purifica de todo o pecado. Se confessarmos os nossos pecados, ele [Deus] é fiel e justo para nos perdoar os pecados..." (1 Jo 1:7.9). Pedro disse: Deus "nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele [Jesus] é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos. A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados..." (4).
Os que praticam a confissão auricular imitam Judas Iscariotes que também se foi confessar aos sacerdotes do seu tempo. e. em grande desespero, pôs termo à existência (5).
b)Confissão particular. A Bíblia mostra haver certo tipo de confissão que deverá ser feita pelo ofensor ao ofendido.
O Senhor Jesus aconselha: "Se o teu irmão pecar contra ti (...), e se ele se arrepender, perdoa-lhe"
(6). Mesmo havendo-nos confessado a Deus, não estamos isentos de pedir desculpa à pessoa prejudicada.
Milhares confessam-se ao sacerdote, porém nunca têm uma palavra de arrependimento para com a pessoa que magoaram. Jesus exigiu que, antes da oferta no templo, está a reconciliação com o ofendido (7).
c)Confissão pública. Há pecados que não ofendem só uma pessoa, mas a família espiritual. É o caso dum testemunho que magoa todos os irmãos na fé. Mesmo tendo confessado a Deus o pecado e recebido pela fé o perdão, o transgressor deverá confessar o seu arrependimento e solicitar perdão aos seus irmãos. Tiago diz: "Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis..." (s).
O apóstolo Paulo exortava a igreja em Corinto a perdoar ao próprio crente que fora disciplinado" (9).
Caro leitor: só o Senhor Jesus, que morreu pelos teus pecados. poderá perdoar os mesmos. Fala com Ele directamente, e, pela fé, recebe o perdão. O catolicismo guia os pecadores a entidades e nomes que nada podem fazer. Recorde-se, por exemplo, a confissão largamente ensinada e praticada: "Eu. pecador, me confesso a Deus Todo-Poderoso, à Virgem Maria, a S. Miguel Arcanjo, a S. João Baptista, aos apóstolos Pedro e Paulo, a todos os santos, e ao padre, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras e obras".
Afinal, pergunto eu, que têm a ver com os nossos pecados Maria, João Baptista, Pedro, Paulo, Miguel, os santos e o padre? Isso é um grave erro. à luz da Bíblia, para não se confessar a quem verdadeiramente perdoa, que é o Criador, e permaneçam assim os nossos pecados separando-nos de Deus.
Só o Senhor Jesus diz ao pecador arrependido: "Perdoados te são os teus pecados" (1")
Autor do Artigo :
MANUEL MOUTINHO

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