07 maio, 2008

Europa – Um Espaço De Paz

O PERDÃO NA RECONSTRUÇÃO DA EUROPA!
O LÍDER DAQUELES QUE HAVIAM PREC O FIM DA IGREJA E A INSTALAÇÃO DO ( NA TERRA, VINHA PEDIR ABRIGO NUM I DA IGREJA, PARA DOENTES.
A RECONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE DE HOJE TAMBÉM PASSA PELA CAPACIDADE DE PERDOAR.
UMA PESSOA QUE VIVE DO PERDÃO DE DEUS, DIA A DIA,TAMBÉM PODE PERDOAF OS OUTROS...
Nas famílias, nas igrejas, no trabalho, no país e nas regiões críticas do mundo, não haverá verdadeira paz sem perdão.
A Presidência Portuguesa da União Europeia no segundo semestre de 2007 foi marcada pelo acordo entre os 27 Estados-Membros, conhecido por Tratado de Lisboa. Deixaremos de falar em Comunidades Europeias porque passamos a ser a União Europeia, uma entidade dotada de personalidade jurídica.
Como a Europa mudou nos últimos anos! Há vinte anos separava-nos a Cortina de Ferro, bem simbolizada pelo Muro de Berlim que dividia a própria Alemanha. A União Europeia pretende assentar no respeito pelos direitos humanos, a liberdade, a democracia, a igualdade e o Estado de Direito.
Como se passa de uma Europa fragmentada por regimes opressores para democracias? Como se curam ódios entre povos? Muito para além da economia, a nova Europa está a ser construída por vivências redentoras, que derrubam muros e restauram comunhão. A história da família Holmer, na Alemanha, é um desses exemplos: a reconstrução da sociedade de hoje também passa pela capacidade de perdoar.
Quando no final dos anos oitenta se deu o colapso do regime comunista na Alemanha de Leste e o muro de Berlim caiu, o próprio presidente do país, Erich Honecker, e sua esposa Margot, outrora bem guardados no seu luxuoso palácio presidencial, ficaram sem amigos, sem recursos e sem sítio para viver, literalmente na rua.
Depois de tratamentos hospitalares o casal foi rei pelos próprios poderes políticos. Honecker para ajuda da Igreja Luterana e o pedido chegou a também Cristão, para doentes mentais, em Lobetal, pelo Berlim, então dirigido pelo pastor Uwe Holmei esposa. O ex--presidente da Alemanha de Jesus a sua esposa, que fora Ministra da Educação dura anos, promotores do ateísmo, solicitavam agora a um Lar Cristão.
Durante a sua vida, o casal Holmer tinha s< quarenta longos anos, sob a opressão de um regime político que promovia o ateísmo e pressionava a ii O pastor Holmer descreve a sua experiência de ]a estudante de teologia, sob o regime comunista: "Al nós, os estudantes de teologia, tínhamos que M Marxismo-Leninismo nos nossos primeiros sen: Sentados num amplo anfiteatro, juntamente estudantes de outras faculdades, o professor explica nos a transformação social que decorria na Republica Democrática Alemã. Para ele a exploração do h pelo homem tinha sido finalmente ultrapassada pi os meios de produção pertenciam ao povo. O sócial estava a ser construído e tinha-nos oferecido perspz sociais e económicas inesperadas. E quando o soe chegasse à maturidade e desenvolvimento absolutos, levaria a um salto radical para um novo estágio mais elevado, o estágio final de desenvolvimento: comunismo. Então, não haveria mais justificação para salários. Toda a gente receberia aquilo de que tinha necessidade. Ninguém quereria ter mais do que os outros, e uma paz maravilhosa reinaria entre a humanidade. O professor fazia uma pausa e então gritava: 'E então construiremos o céu na terra!' Nova pausa e novo grito: 'E então a igreja morrerá de morte natural, porque se as pessoas experimentam o céu aqui na terra, não irão procurar qualquer outro céu."'
E o pastor Holmer recorda o seu estado de espírito, em tal contexto, como estudante que se preparava para o ministério pastoral: "O nosso pequeno grupo de estudantes de teologia, ali sentados naquele amplo anfiteatro, sentíamos como se todos os olhos se virassem para nós e pensassem: 'Vocês, pobres teólogos, que miseráveis perspectivas vos estão a dar! Valerá mesmo a pena envolverem-se no ministério da igreja numa altura destas?' Recordo-me, até aos dias de hoje, de me sentar ali e orar: 'Senhor, apesar de tudo isto, eu creio que Tu tens a vitória e que as portas do inferno não vencerão a Tua igreja."2
E foi num clima como este que o casal Holmer viveu 40 anos na sua terra. Xum ambiente de confronto, sempre sob a ameaça de que o partido usasse meios violentos contra a igreja. O casal sofreu opressão e ameaça de prisão. "Eu nunca St-bia se o partido comunista um dia recorreria a violência para tentar acabar com a igreja, mas mesmo assi>}-. eu agradecia a Deus por poder ser um mensageiro da paz no meio dum país de ateísmo de confrontação" - partilha o pastor.
3- Mas agora, o líder daqueles que haviam predito o fim da igreja e a instalação do céu na terra, vinha pedir abrigo num Lar da igreja, para doentes. A primeira reacção do pessoal do Lar foi a de recusa. Mas... como poderiam eles continuar a orar "como nós perdoámos aos que nos ofenderam" se rejeitavam perdão e abrigo ao casal Honecker? Depois de uma longa conversa, e luta interior, a comunidade do Lar decidiu receber o casal. Ali passaram 10 semanas, de Janeiro a Abril de 1990. O Lar recebeu cerca de 3.000 cartas, metade de apoio e metade de censura. Porque não havia lugar disponível no alojamento do Lar, o casal passou todo este tempo no apartamento do casal Holmer. Exactamente, nas palavras do pastor Holmer: "Tínhamos a viver no nosso apartamento o homem e a mulher que tinham sido responsáveis pelo facto dos nossos filhos não serem aceites no ensino superior. Tínhamos experimentado outros tipos de opressão e mesmo ameaças de prisão. Mas agora, era preciso dar-lhes protecção, segurança e mesmo amor. Não podemos fazer isto se o nosso espírito estiver cheio de inimizade. Assim, o meu desejo era que este período de 10 semanas, com os Honecker como hóspedes, não só os ajudasse mas se tornasse num símbolo para os nossos opositores políticos, e que este símbolo fosse entendido por muitas pessoas na nossa nação."
4 Dezassete anos antes, os filhos mais velhos do casal Holmer, apesar de terem excelente aproveitamento, tinham sido impedidos de prosseguir estudos por se recusarem a participar numa cerimónia de natureza ateísta "Jugendweihe", se recusarem a cantar alguns versos da "Internacional", e se recusarem a participar na prática de tiro pré-militar. Holmer explica: "Nessa altura, escrevi para a Universidade, para as autoridades oficiais e para os líderes do partido e deixei o assunto com o Senhor. Disse a mim mesmo: 'Já esperavas que isto acontecesse à tua família quando conscientemente decidiste ficar na Alemanha de Leste, enquanto os teus país, irmãos e irmãs fugiram para o Ocidente. Ficaste aqui por amor ao Evangelho. Aquilo que te está a acontecer não é nada fora do normal, nada 'estranho' como diz o apóstolo Pedro. Isto é apenas parte do sofrimento por amor de Cristo que cada crente deverá sofrer de alguma forma'. Mais tarde, eu estava grato por não ter levado o rancor às costas durante estes 17 anos. Em vez disso, pude lançá-lo fora. De contrário, a nossa família teria transportado um fardo muito pesado! Em última análise, o facto de podermos ter recebido os Honecker sem grandes batalhas interiores resultou do facto de tanto eu como a minha esposa nos termos convertido, quando tínhamos 19 anos, experimentado o perdão de Deus por todos os nossos pecados. Uma pessoa que vive do perdão de Deus, dia a dia, também pode perdoar os outros... Se uma pessoa não experimentou o perdão dos seus próprios pecados é difícil, ou mesmo impossível, para ela, perdoar aqueles que lhe causaram tanto mal"
5 -E foi assim que o casal Holmer pôde viver com o casal Honecker sob o mesmo tecto, tomar as refeições à mesma mesa, dar graças a Deus pelo pão de cada dia, falar livremente. Mais tarde, era a própria senhora Honecker que preparava refeições leves para o marido, dado o seu precário estado de saúde. Ao cair da noite, o casal e o pastor faziam caminhadas ao redor do lago da vila. Conversas... longas conversas. De facto, os casais tornaram-se amigos. "Não é possível viver juntos debaixo do mesmo tecto, durante 10 semanas, sem desenvolver uma preocupação pessoal pelo outro. Pelo menos, é algo que nós crentes em Cristo não podemos fazer, porque podemos lançar fora tudo aquilo que se interpôs entre nós e os nossos companheiros e agora estamos livres para nos relacionarmos com eles, especialmente se eles se encontram em necessidade. Foi esta a nossa experiência com os Honecker"
6- Mais tarde o casal Honecker deixou o Lar da igreja para o marido receber tratamento médico no hospital. Posteriormente, o casal Holmer visitou Honecker na prisão em Berlim, então gravemente doente. Foi aqui que Honecker confessou ao pastor Holmer: "Em breve virá o tempo quando devo deixar esta terra" E as palavras, quase finais, do pastor Holmer ao seu amigo Honecker: "...não se trata do fim... a vida continua... podemos continuar em paz com Deus se aceitarmos o perdão de Jesus."'
E este homem, que na sua juventude decidiu ficar no seu país, apesar das circunstâncias adversas, por amor de Cristo, interpreta assim a história que, pela graça de Deus, a sua família protagonizou neste país dilacerado. "Nesta experiência, eu compreendi que o perdão não é crucial quando acontecem pequenas coisas e é fácil perdoar. O perdão é particularmente crucial quando está envolvida culpa muito séria. Foi isto que me levou de volta à importância das palavras que Jesus disse para todos nós, não apenas tendo em vista os nossos opositores políticos: se não perdoarem aos outros, o vosso Pai também lhes não perdoará a vocês.' (Mat. 6:15).
Na nossa família, na nossa igreja, na nossa nação, e nas regiões críticas do mundo, não haverá verdadeira paz sem perdão. A mensagem de perdão através da Cruz de Cristo, de paz com Deus e de paz com os outros, nunca foi tão relevante como é hoje. É por isso que a palavra da Escritura se aplica a nós: "Como são belos... os pés dos que trazem as felizes notícias de paz e salvação, as boas noras, dizendo a Sião: O teu Deus reina!" (Isaías 52-7 - O Livro) i
A prática do perdão, ilustrada na vida do ca Holmer, é um exemplo da integração da fé nas nos vivências tangíveis. O Evangelho vivido nos completo: meandros da dilacerada sociedade de hoje, concordo frescura das palavras de Cristo: "Não oponham violência à violência! Se te derem uma bofetada numa das fato oferece também a outra"(Mateus 5:39 - O Livro).
Autor do Artigo;
Fernando Ascenso

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