09 maio, 2008

EPÍSTOLA A UMA ATEIA

RAZÕES SUFICIENTES PARA CRER
Elsa atrevo-me a escrever-te esta carta porque sei qual te debates por saber o que é a Verdade, a verdade da mundo, das coisas que te rodeiam... a verdade acerca de ti própria. Não me atreveria a fazê-lo se não acreditasse qual a tua busca é sincera. Por favor não me interpretes mal . Não é minha intenção julgar-te nem manipular-te, mas apenas compartilhar contigo aquelas que são as razões d J minha fé, as razões que me levaram a dar por concluída \ alcançada a minha própria busca pela verdade.
Não penses que crer em Deus é renunciar à razão, à ciência, ao conhecimento. De facto, como diz John Stott, crer é também pensar1. E isto torna-se realmente verdade quando se trata de crer em Deus, no Deus verdadeiro. Não estou a falar de religião, de uma série de práticas que visem chegar a um ser superior. Ao contrário do que possas pensar, crer em Deus não implica castrar as nossas mentes, levando-nos a uma fé cega, completamente adversa ao mundo real, baseada em fábulas ou mitos. Se Deus é real, Ele não precisa de ter medo que nós investiguemos e conheçamos a verdade, porque a verdade levar-nos-á até Ele.
Isto porque a verdade pode ser descoberta, mas não inventada. Ela existe mesmo que ninguém a conheça ou comprove, tal como a lei da gravidade existia antes de Newton a enunciar. E embora as nossas crenças acerca dela possam mudar, a verdade é imutável. Ela não é afectada pela nossa atitude perante ela. De facto se Deus realmente existe, isso não vai mudar pelo facto de tu não creres n' Ele, por muito sincera que sejas. Isto faz apenas com que estejas sinceramente errada. Se Deus existe, não deixará de existir por tu não acreditares na Sua existência. E é por isso que insisto em incentivar-te na tua procura pela verdade, desde que esta seja sincera e sem preconceitos.
Sim, porque assumir que Deus não existe também é um preconceito. Achas que não? De facto, a menos que sejas omnisciente (o que não me parece que seja o caso, pelo menos a avaliar pelas tuas notas) não podes afirmar categoricamente e com toda a certeza que Deus não existe. Por muito conhecimento que consigas acumular e processar ao longo da vida, terás sempre que admitir que existe conhecimento para além do que consegues alcançar, e Deus pode estar algures aí, naquilo que não conheces. Basta para isso a simples comparação entrei o número de livros que se produzem todos os dias no mundo e aqueles que conseguimos ler ao longo da nossa vida. Na realidade o que acontece é que, quanto mais conhecemos, mais temos a noção de que o que sabemos é apenas uma ínfima parte do que há para conhecer - afirmaram-no homens como Sócrates2 01 Pascal3. Continuam a afirmá-lo todos aqueles que têm; humildade de reconhecer as suas inegáveis limitações Deste modo, exigir uma prova absoluta da existência de Deus é um contra-senso, já que qualquer evidência da existência de Deus terá sempre a marca da limitação humana, já que somos, por natureza, limitados.
Podemos dizer que a fé é também racional, mas não racionalista. Isto porque o racionalismo é um sistema! fechado, que não admite nada que não possa sei explicado através da razão. Temos de admitir que exista uma infinidade de coisas na nossa vida que não se podo confinar à racionalidade. O próprio conhecimento não se limita à nossa capacidade mental, ao contrário da que se pensava anteriormente, pelo que hoje em dia se fala cada vez mais de uma inteligência emocional] o que nos leva a ter de admitir que existem outra dimensões do conhecimento para além das racionais! Talvez possamos falar também de uma inteligência espiritual, como forma de conhecer a única forma preencher o vazio que existe dentro de cada homem j de cada mulher.
A existência de Deus não pode ser negada pela razão mas também não pode ser totalmente comprovada por ela. Se a primeira premissa descarta a sustentabilidade do ateísmo puro, a segunda lembra-nos que também não se pode provar cientificamente a existência.
Quando falamos acerca da ciência, é incontornável que toquemos na questão das origens. Devo começar por deixar bem claro o facto de que o Evolucionismo, tal como o Cristianismo, é apenas uma teoria e não ciência pura no sentido em que não é passível de ser comprovada. Cientistas defendem seriamente cada uma das teorias, apresentando dados que apoiam uma e outra (embora saibamos que a verdade de uma das teorias impossibilita a verdade da outra). Tanto uma como a outra têm igual valor em termos científicos (digo isto porque muitas vezes as pessoas acham que os criacionistas não são cientistas como os outros, mas religiosos alienados, o que é inteiramente falso), e desafio-te vivamente a que estudes as duas com a devida atenção antes de tomares uma posição. Lembro-te porém que, se não creres num Deus criador, terás obrigatoriamente de crer na matéria ou na energia auto-criadora, transferindo assim para estas o atributo divino.
Podemos ter um Deus pessoal, ou um deus material. Neste caso, qualquer religião pode considerar-se válida enquanto processo de auto-ajuda para o homem, mas não existe ninguém que possa ditar o que é certo ou errado, levando-nos a uma situação de relativismo ético. Se não existe um Deus pessoal, podemos dizer que o que Hitler fez foi apenas uma questão de opinião. Estás chocada? Mas matar é errado! Quem disse isso? Porque é que o que tu dizes que é bom ou mau há-de ter mais valor do que o que Hitler dizia? De facto se a matéria é divina, o futuro do homem é a anarquia, a auto-destruição, o nada. O retirar Deus do processo leva à destruição e à morte. Mas se creres no Deus criador, saberás que Ele criou o homem para ter um relacionamento com ele, e que este foi comprometido pela queda, quando o homem usou da sua liberdade para desconfiar de Deus e desobedecer-lhe. Saberás que Deus não ficou indiferente, mas Ele próprio efectuou o Seu relacionamento com o homem trazendo a possibilidade de redenção pela vinda do Seu Filho Jesus para morrer em nosso lugar. Acreditar em Deus não implica seguir uma série de preceitos ou obedecer a certas regras religiosas, mas conhecer Deus e ter um relacionamento pessoal com Ele, proporcionado pelo sacrifício de Jesus. Deus é uma pessoa real, que podes aceitar ou rejeitar.
Temos de perceber que a fé não descarta a mente, a razão, mas que há outras formas de conhecimento a serem levadas em conta. Norman Geisler e Frank Turek dizem que Deus forneceu provas suficientes nesta vida para convencer qualquer um que esteja disposto a acreditar, mas ele também deixou alguma ambiguidade, de modo a não compelir aquele que não estiver disposto. Assim, Deus nos dá oportunidade tanto de amá-lo quanto de rejeitá-lo, sem violar nossa liberdade. De facto o propósito desta vida é fazer essa escolha livremente, sem coacção. Por definição, o amor deve ser dado livremente.5 Deus dá-nos evidências convincentes da sua existência, mas não impositivas. Deus respeita-te. Respeita a tua liberdade de escolha. Podes vê-lo através da ciência, da psicologia, da arqueologia, da história, até da matemática ou da estatística, mas se hão O quiseres ver, nunca serás convencida. O Dr. Philip Schaff, um eminente historiador da Universidade de Yale, adverte-nos da seguinte maneira: 'Os incrédulos raramente são convencidos por argumentos; porque as fontes da descrença estão no coração e não na cabeça'.6
Eu procurei Deus na ciência, na história, na arqueologia. Encontrei vestígios d' Ele em todas, mas foi na relação pessoal que O pude conhecer mais plenamente. Se procuras a verdade de modo sincero, e sem preconceitos, dispõe-te a procurar Deus e a Verdade irá decerto encontrar-te.
Autor do texto;
Miriam Pereira

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