17 maio, 2008

Depois da salvação

Jesus tem um trabalho inicial com o pecador e outro que se inicia a seguir à conversão. O Senhor nunca troca as coisas, começando pelo fim; Ele principia pela base e vai até ao fim. Jesus é chamado o Autor e Consumador da nossa fé. Jesus Cristo é quem dá o início e quem termina.
0 apóstolo Paulo afirma que Aquele que começa a boa obra a aperfeiçoará até ao dia final.
(1). Para ilustrar esta verdade temos o caso relatado por Jesus na parábola do Filho Pródigo.
1— O TRABALHO INICIAL NO PECADOR É A SUA CONVERSÃO. O filho que estava longe do pai — considerado perdido, morto — foi recebido na comunhão e restaurado à posição de filho
(2). Era a sua primeira necessidade.
Essa é também a nossa primeira necessidade.
Quando trouxeram um paralítico a Jesus, o Senhor começou por perdoar os seus pecados, e não por curá-lo fisicamente (3). Deus não começa por abençoar, porém por nos levar à salvação. A primeira chamada é que o homem se reconcilie com Deus por meio de Jesus (4). O milagre da salvação acontece apenas quando o pecador e Salvador se encontram. Só gente arrependida e contrita, como o pródigo da parábola, tem lugar no coração de Deus (5).
A semelhança do relojoeiro, Deus nunca principia por concertar os ponteiros, porém máquina. Sem mudança de coração e novo nascimento não existe salvação possível. O que todo o ser humano necessita é sentir-se um miserável pecador e em seguida invocar o nome do Senhor para sua salvação (6).
2 — 0 TRABALHO COMPLE¬MENTAR É A SANTIFICAÇÃO.
Lemos na dita parábola que o pai, após abraçar e perdoar ao filho, deu ordens para que o mesmo, agora salvo, se preparasse a fim de participar numa grande festa, que comemoraria o regresso do filho (7). A mudança de roupa fala de novo testemunho ou mudança de vida (8). O anel, que mandou colocar no seu dedo, simboliza dignidade, respeito e consideração. Os sapatos nos pés representam novas veredas, novos caminhos (9).
Esta é, pois, a grande verdade bíblica: um pródigo salvo deve ser uma pessoa santificada. Não podemos parar no primeiro degrau da escada de Deus; ê mister caminhar até à glorificação (10). O Senhor Jesus exemplificou isso na parábola das Bodas. Depois do convite há uma veste. Quem aceitar o convite, mas rejeitar a vestimenta, será condenado (11). Isso significa que a falta voluntária de santificação anula a salvação.
3 — QUEM DEVE SER SANTI-FICADO? Aquele que foi perdoado e salvo deverá ser santificado. O Criador não santifica ímpios, porém salvos. O plano divino é que o pecador viva "a salvação em santificação" f2). Deus chamou-nos para a santificação, e não apenas para sermos alegres e felizes (13).
Deus não exige a santificação para sermos salvos, mas quer a santificação dos salvos. O Senhor deseja uma igreja santificada (").
Cada convertido necessita ser ensinado a viver sob o governo do Espírito Santo, e a distinguir o que glorifica a Deus e o que Ele condena, o que é lícito e o que é imundo aos Seus olhos (,s). Por isso o ensino acerca da santificação deverá ministrasse aos novos convertidos, pois sem santificação "ninguém verá o Senhor" (16).
4— ONDE SE PROCESSA O TRABALHO DA SANTIFICAÇÃO?
A santificação do filho pródigo da parábola não se fez no campo onde vivera antes, apascentando porcos e participando do mesmo alimento. A santificação ocorreu na casa do pai.
É na casa onde foi recebido e integrado na família que se efectua essa tarefa complementar. Será na igreja local, por consequência, que todo o convertido deve encontrar, não só o ambiente necessário ao crescimento na fé, como também os meios que completam nele o plano divino.
A igreja local funciona como a oficina de Deus. Por essa razão um crente sem igreja fica entregue a si mesmo, imperfeito e incompleto. Com já dissemos, a igreja não salva, todavia é o lugar preparado por Deus para o nosso aperfeiçoamento. A igreja não tem apenas a tarefa da chamada Grande Comissão, que é evangelizar os perdidos, mas o privilégio de ministrar os meios que promovem a santificação de cada novo convertido.
5 — POR QUEM REALIZA DEUS A SANTIFICAÇÃO? A convicção, a salvação, o perdão, a adopção é obra divina. Nenhum homem poderá realizar este milagre. Embora Deus use o crente para evangelizar, é Cristo quem salva. Assim, apesar de Jesus ser o santificador, Ele também faz essa obra através dos ministros do evangelho e da Palavra.
"O pai disse aos seus servos: Trazei o melhor vestido e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e alparcas nos pés" (17). Os servos não têm apenas que alegrar-se nas conversões, mas iniciar a tarefa seguinte. Os obreiros do evangelho são os técnicos, e os dons são as ferramentas que o Senhor possui na igreja para concretizar o grande plano (1S).
Deus já dissera a Moisés: santifica o povo. E Moisés santificou o povo (19). Cada novo convertido fica uma pedra viva na hora da sua conversão, contudo na igreja local deverá ficar uma pedra lavrada (20).
O novo convertido aprende que na santificação há diversas áreas. Uma delas só o Senhor Jesus pode fazer. A outra é tarefa pastoral. Também existe uma parte que diz respeito ao próprio crente, o qual, com o conhecimento da Palavra e com a ajuda do Espírito Santo, purifica-se a si mesmo (21).
6 — PARA QUE É NECESSÁ-RIA A SANTIFICAÇÃO? O pai do pródigo (que tipifica Deus) programou uma grande festa. Na mesma estarão os outros familiares, os vizinhos e os amigos. O filho mais novo, todavia, não poderá participar na festa no estado em que veio, na forma em que se apresenta. Seria motivo de crítica, de desprezo, sentar-se à mesa e em semelhante condição. Se o fizesse, seria uma desonra para todos. O que o filho pródigo foi (quando estava longe da casa paterna), não importa mais, mas sim o que ele é agora.
Uma grande Festa está a ser preparada também na Casa do Pai, isto é, na Glória. Essa festa chama-se as Bodas do Cordeiro (Jesus), onde se festejará a união para sempre de Jesus com o Seu povo. Por isso a Igreja (a Noiva) deverá estar preparada (22).
Não basta aceitarmos o convite; necessitamos possuir o vestido da santificação a fim de não sermos rejeitados e lançados fora (23).
Está escrito: "Tocai a buzina (...), congregai o povo, santificai a congregação" (24).

Autor do Artigo ;
MANUEL MOUTINHO

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