03 maio, 2008

Apatia

A apatia é um estado da alma.
A apatia é um estado da alma. Um dos muitos, pelos quais passamos nas mudanças de estações da nossa alma.
Sendo um dos estados de energia mínima, podemos dizer caso não o contrariemos, o processo natural da sucessão dos acontecimentos diários acabará por nos levar lá, quanto mais não seja, depois de um dia de trabalho extenuante, cansativo, ou de uma tarefa mais exigente, ao fim dos quais sempre gostamos de uma pausa, do merecido "descanso do guerreiro".
Nesta pausa, que não só é natural como também necessária, ou adeptos do sofá deliciam-se com uns minutos de 'relaxa'; os fãs da televisão 'desligam' o pensamento crítico, expondo o seu cérebro a toneladas de informação que não vão processar muito conscientemente; outros há que conversam, lêem, praticam desporto, tomam um banho relaxante, entre miríades de outras possibilidades - umas mais saudáveis, outras menos.
Mas se o descanso é necessário para recobrar forças, o render da vontade, e a entrega à apatia, é uma escolha que fazemos de forma mais ou menos consciente, e que resulta numa pausa no viver.
Num estágio inicial, os tempos em que baixamos os braços, abandonando os desafios do viver, levam-nos a tempos de ócio, ... e o ócio é terreno fértil para muitas ervas daninhas.
Há medida que nos distanciamos cada vez mais dos ritmos naturais do nosso organismo e da natureza entregando--nos a um activismo frenético, e que escolhemos as nossas carreiras tendo em vista principalmente a contrapartida monetária e não a inclinação natural do nosso ser, em suma, há medida que r.J entregamos à escravidão do ter e ::■ fazer, cada vez mais ficam J dependentes de elevadas doses z-M adrenalina, cafeína, e outras "-inas 1 para uma funcionamento normal. E ~M ausência das quais, fica um vazio, ia desinteresse generalizado, um insensibilidade e uma indiferença aja acontecimentos, uma falta de interessa ou de desejos. Numa palavra, chegar J à apatia.
E aí, estamos desmobilizada desvitalizados, vazios da energia indispensável para contrapor e produto! movimentos.
Neste estado, ficamos vulneráveis m interesses e desejos súbitos, que -a deserto em que nos encontramos! parecem mananciais que não podem J desperdiçar. Mesmo que comprometa» muito daquilo que somos...
O episódio mais trágico da vida ca David, um dos maiores reis de Israel. J que teve repercussões trágicas na sH família ao longo do restante do se a reinado, começou num tempo em que o habitualmente criativo e enérgica homem "segundo o coração de Deus"I estava "apaticamente ocioso".
"No tempo em que os reis saem para -J a guerra, ..." (em 1000 a.C, as guerra paravam durante a época das chuvas! David não lhe apeteceu assumir as su =■ funções. Como rei, mandou alguém! substituí-lo no comando do exército:! enquanto ele ficava talvez a descanso mais um pouco. Esta decisão aparentemente inofensiva, expô-los j alguns riscos inimagináveis para homem com a verticalidade de carácter que havia mostrado até então. Porque nesse dia à tarde, quando se levantou .

sesta, ao passear pelo terraço -lembremo-nos que o castelo estava no topo do monte, estando as casas construídas em torno dele pela encosta abaixo - viu uma mulher que estava a tomar banho, no terraço da sua casa.
Como não tinha nada para fazer mesmo, assistiu deliciado ao espectáculo até ao fim. E como rei, David tinha a esta altura algumas esposas, e se mais quisesse, mais poderia ter. Devido ao torpor em que o seu espírito crítico se encontrava, nem quando soube que aquela mulher era esposa de Urias, um dos guerreiros mais valentes do seu exército, um homem que prontamente dava a vida por ele, se refreou. Passar do desejo ao acto foi um ápice, e para encobrir o seu acto acabou por provocar a morte 'acidental' de Urias no campo de batalha.
Este acontecimento está na base de uma sucessão de catástrofes na sua vida familiar e no seu reinado, que até então era irrepreensível. Um dos filhos de David, abusa de uma meia irmã, o que acaba por lhe custar a vida - o irmão dela vingou-se da afronta. Esse mesmo filho foi inclinando o coração do povo a si ao longo de anos, culminando a sua acção num assalto ao poder, tendo David que fugir para não ser morto. Essa revolta acabou por conduzir à morte de seu filho, e David reassumiu então o trono.
Recapitulando, a apatia e o ócio a que esta tantas vezes conduz custaram muito caro a David: o seu carácter publicamente irrepreensível foi manchado, a harmonia da sua família quebrada, a estabilidade de seu reino abalada, perdeu dois filhos e a sua vida esteve por um fio.
E a nós, o que nos faz a apatia? Será que não nos deixa disponíveis e predispostos para reflexões pouco saudáveis, onde questionamos o que não deve ser questionado? Sim, porque apesar de ser um adepto da dúvida (não a céptica, do duvidar por duvidar), pois é um motor para novas descobertas, a dúvida misturada com a melancolia que caracteriza a apatia, produz maioritariamente um cocktail depressivo. E há melhores alturas e melhores estados de espírito para questionar os pilares da nossa existência! ... Quando estamos com a cabeça em ordem, por exemplo...
Será que a apatia não nos conduz também a decisões e a acções precipitadas? Diminuindo a nossa capacidade de pensar criticamente e adormecidos os reflexos, tornamo-nos descuidados... Por exemplo, conduzir apaticamente, pode redundar facilmente num acidente. Ver televisão ou cinema apaticamente, deixa a sua marca e mais tarde damos connosco a tomar decisões com base em necessidades (por exemplo, o consumismo) que foram produzidas em nós. Esta é mesmo a razão pela qual as mensagens subliminares começam a ser sujeitas a legislação, por atentarem contra a liberdade da pessoa.
E será que não andam muitos David por aí, que por se precipitarem num momento de apatia e ócio, tentam remediar os erros com outros erros, criando uma bola de neve que só pára quando acaba com eles, destruindo tudo o que mais precioso há nas nossas vidas?
Para encerrar a reflexão, podemos recorrer a uma frase de Arnold Tonybee, historiador britânico do século XIX: "A apatia é o penúltimo estágio da decadência", pois quando pessoas ou sociedades deixam de se importar e se resignam, começa uma lenta mas infalível trajectória rumo à degradação.
Contra a apatia, paixão, produtividade - agir em vez de reagir, e equilíbrio -todos os excessos cansam.
Autor do Artigo;
Álvaro Ladeira

6 comentários:

Anónimo disse...

. Olá Pedro! Que a bênção do Senhor seja sobre sua vida e que possamos crescer em função do reino. Nosso blog www.davidguiomar.blogspot.com abraços em Cristo, Guiomar barba.

Anónimo disse...

A Graça e a Paz esteja convosco, irmão Pedro.

Seja bem vindo à Comunidade Nacional de blogueiros Cristãos, aliás, CRISTÃOS, que Deus nos abençoe nesta rica caminhada, para que possamos estar unidos em amor para aquele glorioso Dia. Também sou assembleia no, amado.
Fraternalmente,
James

Anónimo disse...

Graça e a Paz, amados irmãos.

Esta reflexão nos leva a meditação do quanto é importante a leitura e exame diário da Palavra de Deus, sem Deus ficamos ociosos, desanimados, sem reação ao que está ao nosso redor...

Muitos pela falta de exame da Bíblia amontoam-se em suas casas, e vez por outra, casualmente aos domingos, vão às igrejas, marchando com suas Bíblias debaixo dos braços, como desodorante, múmias ambulantes, lembremos 1Coríntios 11.30 "Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem."...

A falta de interesse na obra de Deus é o maior fator da decadência humana, muitos não sabem nem a razão pela qual vão às igrejas, simplesmente vão... apáticos...

A apatia é o estágio final decadente do povo "evangélico"...

Mas, nós somos aqueles que esperam no Senhor e não se abalam, ficam firmes como o Monte de Sião, estes somos os CRENTES, os CRISTÃOS, discípulos de Jesus, que examinam a Palavra de Deus noite e dia, falam do Amor de Deus, em seus corações há um ardente desejo de proclamar as boas novas, importa-lhes que Cristo creça, que o nome do Senhor seja exaltado entre as nações...

Não há rico nem pobre, sábio ou indouto, forte ou fraco, fome ou abundância, frio ou calor, sol ou chuva, o que nos importa é que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja exaltado...

Aquele que busca ao Senhor com humildade e amor fraternal não se exalta em pregar, testemunhar, estes crentes simplesmente falam do Amor de Deus em suas vidas...

Finalmente, a apatia, coisa de evangélico, se alastra pela falta de entendimento da Palavra de Deus, há muito conhecimento acadêmico, teológico, mas poucos buscam entendimento da Soberana Vontade de Deus através de jejuns, orações, muitos estão buscando conhecimento em bancos de faculdade ou seminários, mas não com humildade e mansidão, exemplo disso, faz-me lembrar um comentário no blog de nosso amado irmão Anchieta Campos (http://anchietacampos.blogspot.com/), sobre uma carta de John Wesley a John Trembath, com relação à falta de exame das Sagradas Escrituras, um dos maiores modelos de apatia, negligência à leitura da Bíblia:

"O que tem lhe prejudicado excessivamente nos últimos tempos e, temo que seja o mesmo atualmente, é a carência de leitura. Eu raramente conheci um pregador que lesse tão pouco. E talvez por negligenciar a leitura, você tenha perdido o gosto por ela. Por esta razão, o seu talento na pregação não se desenvolve.

Você é apenas o mesmo de há sete anos. É vigoroso, mas não é profundo; há pouca variedade; não há seqüência de argumentos. Só a leitura pode suprir esta deficiência, juntamente com a meditação e a oração diária. Você engana a si mesmo, omitindo isso. Você nunca poderá ser um pregador fecundo nem mesmo um crente completo. Vamos, comece! Estabeleça um horário para exercícios pessoais. Poderá adquirir o gosto que não tem; o que no início é tedioso, será agradável, posteriormente. Quer goste ou não, leia e ore diariamente.

É para sua vida; não há outro caminho; caso contrário, você será, sempre, um frívolo, medíocre e superficial pregador.

17 de agosto de 1760"

Assim afirmamos, atualíssima esta tão objetiva carta, que nos leva a meditação do quanto é necessário e prazeroso examinarmos as Sagradas Escrituras, Palavra que nos conforta e nos anima em nossa caminhada e nos fortalece espiritualmente, deixando-nos longe da apatia evangélica...

Fraternalmente,

James

Anónimo disse...

VEJAM A VERDADE

HÁ TANTO SEGUIDOR DE DEUS,
MAS AMANTE DO DIABO,
QUE NADA FAZ PELO SEU
CORPO INERTE, ALI PROSTRADO.

Anónimo disse...

Quando estamos sem fazer nada, sabendo que há o que ser feito, aquilo que não é prioridade, acaba sendo feito.

Anónimo disse...

Quando estamos sem fazer nada, sabendo que há o que ser feito, aquilo que não é prioridade, acaba sendo feito.