08 julho, 2006

FUNDAMENTOS DA NOSSA CONFISSÃO

Obrigado Senhor, porque nos reunimos no teu nome. Muito obrigado porque o Senhor tem prazer em estar conosco, quando estamos separados ou quando estamos juntos. Obrigado pela graça de podermos habitar em Cristo Jesus, de pertencer Senhor, de poder viver e andar em Tua presença. Pedimos ao Senhor que nos abençoe mais uma vez na compreensão da Tua palavra. O Senhor possa, o Senhor mesmos estar ministrando, claramente, aos nossos corações aprofundando as nossas convicções, aprofundando e aclarando a nossa visão, nosso entendimento, para que mais da glória do Senhor, Tua pessoa e Tua obra estejam brilhando aos nossos olhos, fortalecendo o nosso espírito, edificando as nossas vidas, para honra e glória do Teu próprio nome, para que nós, como igreja, possamos ser testemunhas vivas da glória da Tua pessoa e da Tua obra consumada na cruz. Pedimos ao Senhor que venha nos dar alimento nesta noite em nome de Jesus. Amém.

Irmãos, vamos prosseguir compartilhando um pouco a respeito da Expiação e possivelmente encerrando então, hoje, esse terceiro aspecto fundamental, esse terceiro alicerce que temos visto da nossa confissão.

Para nós prosseguirmos mais ou menos de onde paramos, eu creio que seria importante os irmãos, retomarem nas suas mentes, nos seus corações que toda essa visão do cap. 16 de Levítico, ela tem como fundamento a ira de Deus. Irmãos, é uma necessidade, nós como filhos de Deus, a igreja de Deus, nós termos uma compreensão muito clara, mesmo, a respeito da ira de Deus, porque nós fazemos uma separação, penso eu, de uma forma errada entre amor e ira de Deus. A contraparte da ira de Deus é o amor de Deus, como verso e reverso de um mesmo item, de uma mesma moeda. Verso e reverso. A ira de Deus e o amor de Deus, de tal forma que, quando você tem um, necessariamente, tem o outro. Nós costumamos, na nossa mente natural, colocar como alternativa à ira de Deus, então o seu amor, mas na verdade, creio que há clareza na palavra de Deus para dizermos que a alternativa da ira de Deus, não é o amor de Deus. A alternativa da ira de Deus e do amor de Deus, seria a indiferença. Todas as vezes que Deus exerce o seu amor, Ele exerce a sua ira, e todas as vezes que Deus exerce a sua ira, está exercendo o seu amor. Nós não podemos ter uma moeda com apenas um lado. Sempre teremos os dois lados. Então para termos uma boa compreensão, eu penso assim, do capítulo 16 de Levítico e de toda essa idéia chamada Expiação ou Propiciação de que temos falado, que inclui o sentido de Deus desviar a ira, nós precisamos saber o que é ira, e não colocar a ira de Deus tendo como contraparte o seu amor, ou melhor, como alternativa, como o antônimo do seu amor, porque a ira de Deus e o amor de Deus não são antônimos. Não são antônimos. São sinônimos. São verso e reverso de uma mesma moeda. Os irmãos compreendem isso? Todas as vezes, vejam por exemplo, a tornar cada vez mais claro de forma prática, veja que o capítulo 12 de Hebreus ensina sobre disciplina. O cap 12 usando aquele pano de fundo de Provérbios, pois Provérbios é cheio dessa lição aplicada no cap 12 de Hebreus, quando ele está falando sobre o nosso Pai amoroso, o autor de Hebreus diz assim que Ele como Pai, corrige e disciplina a quantos ama [Hebreus 12:7 É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?]. Ele açoita a todos aqueles que Ele recebe por filho(Hebreus 12:6 porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.). Por que? Porque lá em Provérbios diz assim que aquele que ama o seu filho, cedo o disciplina(Provérbios 13:24 O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.). Então os irmãos vejam que ira e amor não são antônimos. São contrapartes de um mesmo fato, do caráter de Deus. Deus é amor na mesma medida em que Deus é ira, e sempre que Ele exerce o seu amor, Ele está exercendo a sua ira. Quando Deus trata conosco, nos colocando debaixo do seu amor paternal, em todas as suas atividades amorosas, paternais para conosco Ele estará exercendo a sua ira, porque Ele estará falando conosco a respeito do que em nossas vidas não tem satisfeito a Sua pessoa, o seu caráter. E esse falar conosco a respeito dessas questões é exercício da sua ira, porque a ira de Deus se revela contra tudo aquilo que é antagônico a Deus, porque Deus é um ser moral. Então os irmãos compreendem como que amor e ira não são antônimos? Você nunca pode dizer que quando um pai, segundo Deus, disciplina o seu filho, ele está então, agindo de uma forma antagônica ao que ele quis produzir ali, através daquela disciplina ele não está exercitando amor. Aquela disciplina, aquele ato, que muitas vezes provoca dor, não é uma expressão de amor. Nós não somos capazes de dizer isso, porque nós, como cristãos pelo menos, na idéia do mundo isso é separado, mas muitas vezes no nosso mal entendimento cristão, essas duas coisas ainda permanecem separadas. Mas irmão, que deficiência na nossa compreensão, se isso ainda permanece assim, porque Deus todas as vezes que libera o seu amor – e é o que Ele é - exerce o seu amor, Ele está exercendo a sua ira. Nós então temos que compreender bem que ira e amor não são antônimos.

Por que é que é importante essa compreensão dentro desse panorama da Expiação? Porque Deus quando realizou Expiação na pessoa do Filho, no Filho do seu amor, nesse mesmo Filho do seu amor, Ele estava executando a sua ira, de tal forma que no pleno exercício da sua ira, Ele pudesse exercer plenamente o seu amor. Não foi assim que aconteceu na cruz do calvário? O que é que os irmãos acham sobre a cruz? Que a cruz foi expressão de cem por cento amor de Deus apenas? Ou os irmãos vêem que ela foi expressão de cem por cento da ira de Deus? Não foi? Não há um Salmo que diz assim que na cruz graça e verdade se encontraram, justiça e paz se beijaram? (Salmos 85:10) Porque quando Deus exerceu manifestou o seu amor em Cristo, Ele exerceu, deu lugar, deu vazão, a toda a sua ira naquele mesmo ato. O que é que Ele estava fazendo ali? Ele estava demonstrando o quanto Ele ama o homem que se perdeu. O quanto Ele ama o homem que se perdeu, que se alienou Dele, por causa do pecado e na mesma cruz, Ele estava mostrando o quanto Ele odeia de uma forma total, absoluta, isso que se chama pecado, ou seja, tudo aquilo que não é coerente com o caráter Dele. Por que é que Ele odeia? Porque tudo que é incoerente com o caráter de Deus, não pode produzir alegria de Deus, satisfação. Irmãos é por isso que o diabo não tem alegria, porque não há alegria no antagonismo a Deus. É por isso que o diabo vive no inferno, porque inferno, é ausência de amor. Não há satisfação, não há realização, não há alegria em nada que seja antagônico a Deus. Então, quando Deus exerce o seu amor, Ele exerce a sua ira para que nós vejamos que pelo seu amor, Ele quer nos atrair e pela sua ira, Ele quer nos limpar, assim como um pai disciplina um filho, da mesma maneira. Aquela figura que freqüentemente usamos, quando você com todo aquele amor paterno, ou materno, vai dar banho no seu nenezinho novo, cheio de sujeira, mal cheiroso, tira as fraldinhas dele, dá o banhozinho nele, você não joga depois o filho e a água. Você recolhe o filho, aquece o filho, enxuga, veste, põe a roupinha e joga fora a água suja. Esse é o exercício de amor e ira ao mesmo tempo. É o amor pelo filho que te faz agir com ele assim. Não é? Você está mostrando o seu antagonismo contra tudo aquilo que é fedorento, que faz mal para ele. Então você vai limpá-lo de tudo aquilo e conservar o filho. Deus sempre age com amor e ira ao mesmo tempo, mas por causa de nós homens, por causa do pecado, uma idéia errada a respeito de ira, quando nós homens falamos sobre ira, nós pensamos em rancor, nós pensamos em raiva, pensamos em atitudes intempestivas, precipitadas, atitudes completamente fora de controle, ou qualquer coisa desse tipo. Mas isso nunca existe em Deus. Deus não é precipitado nem intempestivo, não se deixa levar por emoções. Deus exerce uma ira santa. Por que ira santa? Porque Ele exerce a sua ira contra tudo que não é compatível com Ele. Por que? Porque tudo que não é compatível com Ele, não trás bem aventurança, realização, satisfação, alegria, paz, e tudo o mais que nós quisermos nomear aí em termos de virtudes. Tudo o que é antagônico a Deus, não trás essas realidades. Por isso Deus age com ira, e quando nós pensamos nessas outras realidades que nós colocamos debaixo do nome pecado, então nós entendemos porque é que Deus despeja sua ira sobre o pecado, porque o pecado é antagonismo. O pecado é independência, o pecado é separação, é alienação. Então, debaixo desse ponto de vista irmãos, nós podemos ver melhor, compreender melhor tanto esse símbolo de Levítico 16, não só Levítico, mas outras passagens que falam sobre a Expiação de foram simbólica, mas podemos além disso ver, com mais clareza, a cruz, o que é que aconteceu na cruz. Nós podemos, mesmo que ainda de leve, ainda por espelho, compreender o que é que o Senhor Jesus quis dizer recitando o Salmo 22 na cruz, naquela hora negra da cruz, quando Ele disse: 1 ¶ Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Qual o significado disso? A ira santa de Deus, totalmente despejada sobre o pecado do homem. Claro que não sobre o pecado do Filho; Ele é o seu Filho amado em quem Ele tem todo o seu prazer. Não havia pecado Nele. 1ª João 3 diz assim: 1 João 3:5 Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. Ele em tudo se tornou semelhante aos irmãos, participou da nossa natureza, mas sem pecado. Ele foi tentado em todas as coisas em nossa semelhança, mas sem pecado. Ele é o perfeito Filho, o Filho do seu amor, o Filho em quem lhe compraz, o Filho do qual o Pai disse: Lucas 9:35 E dela veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi. Então, aquele pecado que estava sobre Ele não é Dele, mas é pecado. Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, e por isso então Ele clamou de uma forma muito real naquela cruz. Não simbólica, mas real. Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? Então irmãos a cruz ganha outra realidade para nós. Que brilho a cruz ganha e que segurança o nosso coração tem? O meu e o seu pecado foram cabalmente jogados no Cristo. Totalmente. Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste. Não havia motivo nenhum para esse desamparo, a não ser o pecado. Por isso Jesus nunca perdeu de vista a face do Pai. Nem na eternidade, nem na vida terrena, porque Ele é o Filho amado de Deus, perfeito de Deus, santo de Deus. Ele só perdeu de vista a face de Deus, naquele momento em que a ira de Deus foi despejada sobre o pecado que Ele então pode, como perfeito substituto assumir ali na cruz, exatamente porque era perfeito. Senão fosse perfeito não poderia assumir. Ele só poderia assumir o pecado Dele mesmo, se Ele tivesse pecado. Um pecador não pode representar um outro pecador de forma justa. Somente alguém sem pecado pode representar o pecador de uma forma justa, aceitável aos olhos de Deus. Não é assim? Esse é o Senhor Jesus. Por isso a morte do Senhor Jesus na cruz é tão única. Então, irmãos, de novo, repetindo, nunca veja o amor como o antônimo de ira, mas como contraparte. Todas as vezes que Deus exerce o seu amor, Ele vai exercer a sua ira. Todas as vezes que Ele te der um senso claro do seu amor, Ele está exercendo a sua ira em você. Ele está chamando você para mais perto Dele, Ele está julgando um pecado em você, Ele está dizendo não faça isso; não ande por este caminho; reveja isso na sua vida; se arrependa disso; corte essa relação; fortifique essa outra; despenda mais tempo para isso; gaste menos tempo com isso: isso é exercício da ira de Deus. A ira de Deus, nos separando, nos amadurecendo, nos limpando, ao mesmo tempo em que Ele exerce o seu amor. Então irmãos, é muito importante compreender, sabe por que? Precisamos adorar a Deus pela Sua ira, assim como adoramos pelo Seu amor. É porque nossa visão é confusa. Nós somos adoradores de Deus em tudo o que Ele é. Então, quando adoramos a Deus, estamos adorando o Deus que se ira, porque se Deus não se irarsse, nós nem ao menos poderíamos subsistir. O que é que os irmãos acham, porque o Senhor instituiu magistrados, governadores, juízes? O que é que Romanos 3 nos ensina? Eles são ministros de Deus, vingadores, para os que praticam o mal. Se a ira de Deus não fosse exercida de certa forma através e inclusive, dessas pessoas, nós não teríamos nenhum tipo de vida neste mundo. Nós já teríamos sido completamente consumidos. Então os irmãos vejam que a ira de Deus é expressão do seu amor. E a ira de Deus nos mantém vivos, assim como o seu amor. Então, qual é o antônimo de ira? É indiferença. Se Deus fosse moralmente neutro e indiferente, Ele não exerceria a sua ira, ou Ele poderia ser redimido de outra forma, e é isso que as seitas e religiões pregam. As religiões também falam de redenção, as seitas falam sobre redenção, a grande maioria delas. Só que redenção, para eles não tem nada a ver com o Senhor Jesus encarnado, nem com a cruz e nem com o sangue. Redenção para eles é uma auto-redenção. É o homem se redimir por si mesmo, seja através de boas obras, seja através de conhecimento, de iluminação, seja como for. O homem vai auto se redimir. Eles também falam sobre redenção, mas não pelo sangue, porque eles não crêem em um Deus pessoal. Não é? Mas nós cristãos cremos em um Deus pessoal, e em um Deus que não é moralmente neutro, mas em um Deus que é bom em sua natureza, e que julga todo mal, porque Ele não é o autor do mal. Tiago disse que Deus não pode ser tentado pelo mal, porque Ele mesmo, a ninguém tenta. Ele é o Pai das luzes, em quem não há variação nem sombra de mudança. Se nós não tivermos esse panorama primeiro, ou seja, a ira de Deus o que é, o amor de Deus o que é, nós vamos ver mal a cruz. Nós vamos achar talvez que poderia haver um outro modo de redenção. Quando nós vemos bem o caráter de Deus, o seu amor e sua ira, exercidos ao mesmo tempo, completamente, então nós vemos que a cruz é aquele ápice – ápice de amor – e ápice de ira. A cruz é o ápice dos dois. E essa propiciação que nós temos estudado aqui em Levítico 16, um dos sentidos desse termo, ou expiação, significa desviar a ira. A ira desviada, porque irmãos, quais eram os objetos dessa ira? Essa ira tinha um destino. Ela não ia sofrer desvio. Essa ira tinha um destino. Qual é o destino? Romanos 1:18, se você ler, você vai ver qual o destino da ira. Romanos 1:18 diz assim: 18 A ira de Deus se revela dos céus, contra - qual é o destino dela - toda sorte de impiedade e perversão dos homens. Esse é o destino da ira. Toda sorte de impiedade e perversão dos homens. Não é propriamente contra os homens, mas contra a impiedade e perversão dos homens. Mas como essa impiedade e essa perversão estão nos homens, então isso se torna objeto da ira. Eles vão ser julgados porque eles são ímpios, e eles são perversos. Não é? Então, quando a Bíblia diz que a ira de Deus se revela dos céus contra toda sorte de impiedade e perversão dos homens, mostra qual é o destino, o curso dessa ira. Irmãos isso seria assim, até o fim, sem nenhum problema moral com Deus. Nenhum problema moral. Qual é o problema moral de Deus se Deus julgar que merece ser julgado? Qual é o problema moral? Que injustiça há mandar para o inferno quem é digno do inferno? Não há injustiça nenhuma. Muito pelo contrário, há um brilho, um fulgor de plena justiça. Deus está condenando quem merece ser condenado. Irmãos, mas há uma questão aí, dentro do coração de Deus. É que Deus, esses pecadores ímpios, como Romanos 1:18, esses que são objetos da ira, impiedade e perversão dos homens, esses ímpios e perversos, são amados por Deus, porque Deus ama o pecador. Então, dentro do coração de Deus, digamos que por uma compulsão Dele mesmo, Ele quer e vai salvar de forma justa o pecador que Ele ama. Só que Ele enfrenta uma dificuldade no Seu próprio caráter, e não com o diabo, nem com anjos, nem com ninguém. Ele enfrenta uma dificuldade com Ele mesmo. É como Ele pode colocar em relação com eles pessoas que tem o pecado nelas, e que precisam ser julgadas. Então Deus enfrenta, vamos colocar entre aspas, um “conflito interno” do seu amor, da sua ira, do seu caráter santo e conseqüentemente do seu antagonismo a tudo quanto que não é de acordo com o caráter Dele. Então como é que Deus vai fazer para resolver este dilema? Ele tomou o nosso pecado, julgou totalmente na pessoa de um santo substituto, Ele mesmo na pessoa do seu filho, não uma terceira parte, mas Deus mesmo. Deus estava em Cristo. Cristo não é uma terceira parte. Não. Deus estava em Cristo. São duas partes só. É só Deus e o homem. Não tem nenhuma terceira parte. Deus estava em Cristo, porque Cristo é Deus, o Filho de Deus. Deus estava em Cristo, reconciliando, com Ele mesmo o mundo. Ele e o homem. É um assunto entre Deus e o homem. Não é um assunto entre Deus, o homem e o diabo; Deus o homem e mais alguém. Só Deus e só o homem. Deus cem por cento santo e o homem cem por cento pecador. Então irmãos, com esse pano de fundo é que nós podemos compreender propiciação. Senão isso tudo para nós não passa de simbologia. E a visão do Novo Testamento fica obscura, aquilo que o Senhor realizou na cruz. No mínimo, obscuro. Então irmão, se Deus fosse moralmente neutro, Ele não exerceria nem o seu amor e nem a sua ira. Mas, porque Ele não é moralmente neutro, não é indiferente, então Ele exerce o seu amor e a sua ira. A alternativa para ira não é o amor. A alternativa para a ira é a indiferença. Se Deus não exercesse a sua ira, Ele seria indiferente para com o pecado. Neutro, omisso e isso não é inerente ao caráter de Deus. Por ser quem Ele é, Ele tem que julgar o mau. Do contrário Ele não é quem é. Por Ele ser quem é, Ele tem que julgar o mau. Ele está obrigado por Ele mesmo, a julgar o mau, senão Ele deixa de ser quem é. Os irmãos compreendem isso? É muito importante compreendermos irmão, porque muitas vezes nós pensamos que poderia haver uma outra maneira e às vezes ficamos mesmo sem entender o por quê da cruz. Nós precisamos ver que Deus tinha “um dilema” com o seu próprio caráter, porque Ele é santo e Ele não pode deixar de julgar o mau. Então, desde o Velho Testamento, nesses símbolos todos, essa idéia de Expiação ela é bem explícita: um substituo, pelo pecador, substituto tal que pudesse satisfazer a Deus. Então os irmãos vejam a importância disso. Moisés não inventou um tipo de substituto qualquer, muito menos Arão. Nem Abraão antes dele. Nem mesmo Abel que foi o primeiro a oferecer um sacrifício. A Bíblia diz que quando Abel fez isso – lá em Hebreus 11 - quando fala do sacrifício que Abel ofereceu, diz que ele foi aceitável a Deus, foi baseado na revelação de Deus, e teve um valor tal aos olhos de Deus, que esse Abel, mesmo depois de morto, ainda fala. Ou seja, aquele sacrifício que ele ofereceu, foi segundo o entendimento que ele teve de redenção. Abel entendeu isso. Caim não. Caim fez obras. Caim lavrou a terra, tentou fazer alguma coisa. “Olhe aqui, ó Deus o que é que eu trago para ti agradar, para ti satisfazer”. Esse é Caim. Agora, Abel não. Abel entendeu que nada que partisse dele poderia ser aceitável a Deus. Então baseado nesse mesmo entendimento, o que foi que ele fez? Ele ofereceu uma vida inocente, sem pecado, simbolizada por aquele animal. Não é? Um animal não tem responsabilidade moral, não é um ser responsável, não é uma pessoa. Só tem vida animal, da alma, Não tem espírito. Só tem vida instintiva. Então quando Abel ofereceu aquele animal, simbolicamente, ele estava oferecendo a Deus, o que, no seu entendimento poderia agradar a Deus. Uma vida inocente, uma vida sem pecado. E os irmãos sabem que aquele sacrifício é uma figura de Cristo. Interessante não é? Quanto tempo antes, do sacrifício, do cerimonialismo judaico ser instituído, Abel ofereceu este sacrifício? Quantos séculos antes? Baseado numa revelação da redenção de Deus, e do culto que agrada a Deus. Abel ofereceu mais excelente sacrifício, do que Caim.

Então irmãos, que coisa importante a nossa compreensão de Propiciação, de Expiação? Por que é que Deus fez assim? Porque ele tinha que fazer assim. Por que é que Ele tinha que fazer assim? Porque Ele era obrigado pelo seu próprio ser, porque se Ele não fizesse assim, Ele não seria Deus. Ele como Deus não é neutro. Ele como Deus não é indiferente. Ele como Deus é um Deus moral. Então Ele tem que julgar o mau. Mas Ele ama o pecador, e vai salvar o pecador. Como que Ele vai fazer as duas coisas ao mesmo tempo? Vai julgar o pecado e salvar o pecador? Como é que Ele vai separar, entre aspas, essas duas coisas? Então nós vemos com clareza o significado da cruz, porque na cruz foi isso que aconteceu. Julgou o pecado na pessoa santa do seu Filho, de tal forma, que o pecado julgado ali no seu Filho, foi completamente liquidado. Aquela dívida relacionada ao pecado foi paga. Sacrifício de Cristo é um sacrifício inclusivo. Ele assumiu o pecado, no singular. Nós podemos dizer que o pecado não se limita a atos. Não é uma coisinha que você faz aqui, outra que você faz ali. O pecado é como se fosse uma entidade espiritual, uma árvore da qual brotam muitos frutos. Então, quando o Senhor Jesus foi feito pecado na cruz, pecado no singular, na pessoa Dele, Deus julgou todo o pecado. Não uma quantidade de pecados simplesmente, mas todo o pecado. Por isso o capítulo 6 de Romanos nos diz que nós não estamos mais debaixo da lei e sim da graça e que o pecado não terá domínio sobre nós. Lá não fala sobre um ato ou outro específico, mas fala do pecado como um princípio. Ele não terá domínio. Não importa o que ele produz: isso, aquilo, a mentira, a inveja, o ciúme, o ódio ou seja o que for, não está falando nisso. Está dizendo “o pecado” como princípio, e tudo que ele produz, como conseqüência. O pecado não terá domínio sobre vós. Por que? Porque Aquele que não conheceu pecado - também no singular - Deus o fez pecado, e Nele o pecado foi julgado. Então agora não terá domínio sobre nós, porque foi julgado na pessoa do Senhor. Então irmãos essa idéia, substituição vicária, ela é importantíssima na Bíblia. Importantíssima. A substituição efetuada por Cristo na cruz, satisfazendo a Deus e não ao diabo - o diabo não tem nada com isso - a dívida era com Deus e não com ele. Aquele sacrifício satisfazendo a Deus, e é o que você vê aqui em Levítico 16. Onde é que está o diabo nessa história de Levítico 16? Totalmente fora. O sangue é levado lá no Santo dos Santos, para apresentar a Deus e não ao diabo, porque é Deus quem deve estar satisfeito, é que deve se satisfazer, para que o homem possa ser justificado, segundo os padrões de Deus. Então os irmãos vejam a importância dessa compreensão. Toda essa simbologia tem essa idéia dessa substituição vicária, satisfação de Deus como pano de fundo. Se nós não virmos isso, nós perdemos tudo. Nós ficamos só em detalhes aí. Perdemos toda a visão. Isso é muito importante nós compreendermos.

Vou tocar em um ponto aqui, que não foi possível na reunião passada, por causa de tempo, e quando eu terminei de compartilhar, alguns irmãos pediram inclusive que fosse abordado, aquela questão do bode emissário. Nós falamos na reunião anterior, que aqueles dois animais, na verdade eram três, aquele carneiro para holocausto e aqueles dois bodes que eram oferecidos pelo povo, como oferta pelo pecado, nós mostramos que o carneiro para holocausto fala exatamente no que eu coloquei agora aqui, Cristo satisfazendo a Deus, holocausto é isso. Do holocausto ninguém come nada. O holocausto é queimado totalmente. Tudo é queimado porque a satisfação de Deus está em primeiro lugar. Deus deve estar satisfeito. Do contrário nós não podemos ser aceitos e então o carneiro do holocausto fala que Deus está satisfeito. E para a satisfação de Deus. Agora, no que concerne a oferta pelo pecado, o holocausto não tem nada a ver com o pecado. O holocausto é satisfação de Deus. Na oferta pelo pecado, nós temos dois animais, agora entra o pecado. Um animal, um bode, que lançavam sortes naqueles dois, e um deles era sacrificado. O sangue era levado lá dentro do Santo dos Santos, passados nas pontas do altar, na parte mais alta, nos quatro chifres do altar de bronze, de apresentar a Deus o sangue e depois ele é levado lá dentro do Santo dos Santos, onde Arão já tinha levado o sangue do novilho, por ele mesmo, por sua casa. E esse outro animal, esse bode vivo? Arão colocava a sua mão sobre a cabeça dele, diz o texto, se os irmãos olharem aí em Levítico 16:21, diz que Arão confessava todas as iniquidades dos filhos de Israel. Todas as suas transgressões. Olhe a ênfase no “todo”. Todos, todos, todos. Três vezes. Todas as iniquidades, todas as transgressões, todos os pecados. Três vezes. Lev. 16:21..... e os porá sobre a cabeça do bode e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem à disposição para isso. Vou ler com os irmãos 3 textos. Creio que serão suficientes, para trazer luz para nós sobre esse símbolo. Por que é que esse bode ia para o deserto? Vou dizer a razão primeiro para depois lermos o texto. Dois aspectos complementares e muito ricos, muito lindos, muito cheio de significados. Em primeiro lugar, aquele bode, carregando os pecados, simbolicamente, todos os pecados, todas as iniquidades, todas as transgressões e indo lá para o deserto, em primeiro lugar, os pecados as iniquidades, as transgressões, estavam sendo afastadas da vista de Deus. Esse é o primeiro ponto importante, porque aonde estava Deus naquele dia da Expiação? Onde estava a presença de Deus? Nos Santo dos Santos. Não é? Não estava lá em cima do propiciatório aquela Shekina, a glória de Deus? Não estava lá? E aquele bode indo para o deserto? O que é que significa isso? Todos os pecados, todas as iniquidades, não algumas, mas todas, estavam indo para longe, em primeiro lugar, da vista de Deus. Isso é primariamente importante. Agora, complementarmente, aquelas iniquidades, pecados e transgressões, estavam indo para longe das vistas de quem mais? Do povo. Na reunião passada nós vimos aquele trecho de Hebreus 9, onde se tem uma alusão a esse fato. Hebreus 9:14. O sangue de Cristo, que aquele bode era símbolo, ele purificará a nossa consciência das obras mortas para servirmos ao Deus vivo. Então aquele bode, levando as iniquidades que Arão confessou sobre a cabeça dele, estava tirando da vista de Deus, os nossos pecados, e tirando da nossa própria vista, da nossa consciência, os nossos pecados. Olhe como três textos aqui vão nos ajudar. Vamos dar uma olhada em Isaías primeiro. Isaías 44. Olhe o verso 22. 22 Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi. Olhe a idéia de redenção aqui, embutindo a questão de purificação de pecados. Desfaço as tuas transgressões como a névoa. Capítulo anterior, 43:25. 25 Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro. Observe a ênfase irmão. Esse eu, eu mesmo, é muito significativo. Você está vendo como Jesus não é uma terceira parte? Você está vendo quando Deus enviou um mediador, esse mediador não é alguém apartado dele mesmo? Mas o mediador é ele mesmo. Quem é o mediador Cristo Jesus homem? É o Filho de Deus encarnado. Ele é Deus mesmo, assim como Ele é homem. Ao mesmo tempo. Totalmente Deus. Totalmente homem. Esse eu, eu mesmo, como é precioso. 25 Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor (por amor de quem?) de mim e dos teus pecados não me lembro. Por amor de mim. Outra expressão muito importante. Por que é que Deus faz isso? Porque Ele olhou para o homem, e teve piedade do homem perdido. Muito mais do que isso. Ele teve misericórdia do homem que se perdeu, é claro. Mas Deus fez isso, porque Ele é amor. Digamos que isso signifique uma compulsão externa. Não é interna. Deus agiu assim, porque Ele é assim. Eu, eu mesmo, sou o que apago as suas transgressões por amor de mim. E dos teus pecados não me lembro. Figura linda também, porque Deus não é um Deus sem memória. Está certo? A Bíblia diz em muitos textos que Ele é um Deus onisciente. Não é? É claro que isso aqui é uma figura humana para compreendermos o que ele está querendo dizer. Está querendo dizer que para ele é como se não existisse. Por que? Porque ele simplesmente vai te considerar? Não. Porque o seu filho, na cruz, assumiu todo o significado do pecado nosso e por nós. Não é? Esse “não me lembro”, claro, tem esse sentido. Mais um texto ainda, no Velho Testamento mesmo. Jeremias, cap. 31. Mais um exemplo. Esse versículo é importante porque ele é usado lá em Hebreus. Depois nós vamos ver lá em Hebreus esse mesmo versículo. Jeremias 31: 34. 34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei. É aquele bodezinho emissário, levando as iniquidades para fora da vista de Deus, o que é mais importante. O que é que adianta se ficasse longe da nossa vista, mas à vista de Deus? Em primeiro lugar é afastar da vista de Deus. Longe. E a expressão que os profetas usam, tanto Isaías, quanto Jeremias, é esse não me lembro. Não porque Deus se esquece. Deus não se esquece de nada, mas porque Ele não imputa. Quando nós estudarmos o próximo alicerce, da nossa confissão, a Justificação, nós vamos ver a importância dessa questão chamada imputação, o que é que significa isso. Ele não imputou os nossos pecados a nós. Ele imputou os nossos pecados a Cristo. É por isso que Ele não se lembra. Ele imputou a Cristo. Não é que Ele se esquece. É porque Ele julgou devidamente. É porque o Senhor Jesus na cruz disse: Deus meu, Deus meu. Por que me desamparaste? Aquele que não conheceu pecado, foi feito pecado por nós. O justo pelos injustos, como diz Pedro, para nos conduzir a Deus. Ainda antes no cap. 2, ele diz: carregou, Ele mesmo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas suas chagas fostes sarados. Sempre a idéia de substituição e satisfação. Então, os irmãos vejam a simbologia desse bode emissário. Muito rica. O sentido é esse: tirar o pecado da vista. Bode indo para o deserto. Fora da vista de Deus, o que é mais importante, e em segundo lugar, fora da nossa vista. Por que é que nós não precisamos ficar olhando para os nossos pecados? Por que? Porque Deus não olha para os nossos pecados. Por que é que quando nós pecamos, a nossa atitude é de confessarmos os nossos pecados? Porque Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e purificar de toda injustiça. E por que é que Ele é fiel e justo para nos perdoar? Por que é que Ele não pode dizer assim para nós: esse pecado Eu não vou te perdoar. Por que é que Ele não pode dizer isso? Porque Cristo assumiu - lembra do bode lá no versículo 21 de Levítico que nós lemos? – todas as iniquidades, todas as transgressões, todos os pecados. Três vezes no mesmo versículo. Muito importante. Não há pecado que o Senhor não possa perdoar de um filho dele, porque Cristo Jesus assumiu todo o nosso pecado (no singular) e todas as conseqüências dele, no plural. Irmãos, se nós tivermos uma compreensão correta da graça, o nosso coração realmente é mudado. Se nós tivermos uma meia compreensão da graça, nós temos muito problema. Algumas pessoas, quando Paulo pregava esse Evangelho, elas se escandalizavam. Os irmãos se lembram em Romanos 6. Ali, Paulo faz mais ou menos como que uma defesa com relação ao que aquelas pessoas argumentavam. Elas diziam, deveriam estar dizendo algo mais ou menos assim: “Se a graça que Paulo prega é realmente dessa forma que ele está pregando, então o melhor para nós é permanecermos no pecado, porque assim a graça será mais abundante”. Lembra que eles falaram isso? Quanto mais nós pecarmos, mais nós vamos ver como a graça é maravilhosa, como a graça perdoa tudo. Não importa o que eu faça. A graça perdoa tudo. As pessoas compreendiam assim, parcialmente, a visão que Paulo pregava. Lembra como que Paulo respondeu? Ele respondeu que a graça conforme ele pregava não lidava só com pecados, atos, frutos, de uma árvore. Ele mostrou que a graça como ele pregava e via em Cristo, com revelação do próprio Deus, ela incluiu o pecado, como Senhor, como aquele que domina, como aquele que nos mantém escravos. Então ele responde a pergunta dizendo assim: Romanos 6:2 De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Que lindo, não é irmão? Então os irmãos vejam que a questão não eram atos. “Vamos pecar bastante, porque nós vamos ter bastante graça - Superabundou o pecado, superabundou a graça – então vamos pecar mais para ter mais graça”. Essa era a falsa compreensão. Então Paulo falou: Como viver no pecado se para o pecado nós morremos? Nós fomos libertos do pecado, pela morte de Cristo. O pecado era nosso Senhor. Hoje ele não é nada. Não tem domínio sobre nós. Se nós andamos em Cristo, permanecemos em Cristo. A Lei do Espírito da vida em Cristo, te livrou da Lei do pecado e da morte. Não é? Então os irmãos vejam que o problema não é a graça. O problema é a má compreensão da graça. Então você tem aí essas visões parciais do Evangelho, que tentam resolver o problema assim: “ Não irmão. Cuidado. Se você pecar, naquele momento em que você pecou, você perdeu a salvação. Você agora precisa se arrepender do pecado para você recuperar a sua salvação, porque se você morrer naquele pecado, você vai para o inferno, porque na medida em que você pecou, você foi excluído da graça, da aliança de Deus”. Essa é uma visão falsa, totalmente falsa. Nós somos filhos de Deus, e o pecado não é nossa norma de vida. O pecado é um acidente de viagem, e se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar o pecado, e nos purificar de toda a injustiça. A palavra de Deus é muito clara. Então o que é que isso gera em nós? Um desejo de brincar com o pecado? Ou gera em nós um temor de Deus, uma adoração a Deus, uma gratidão a Deus. Depende da nossa compreensão da graça. Se ela for clara, ela gera em nós um desejo de andar com Deus, um desejo de agradar a Deus. E se pecarmos, confessamos os nossos pecados, sabendo que Ele é fiel e justo. Aquele sacrifício foi todo suficiente para me perdoar de todos os meus pecados. Essa é a visão da graça que Paulo pregava e escandalizava a tanta gente, e que ainda hoje escandaliza. Então se ouve tanta coisa por aí nublada com relação a isso. Mas irmãos, até na tipologia essa idéia é clara. Olha em Levítico 16 que você vai ver, aquele animalzinho levando todas as iniquidades, todas as transgressões, tudo para longe da vista de Deus. E o que é que eles faziam quando pecavam? Eles eram jogados lá fora do arraial? Normalmente não. Quando eles pecavam eles levavam o animalzinho de novo, lá para o sacerdote matar como substituto do seu pecado. Não é? Era uma figura do valor perene do sacrifício de Cristo para perdoar os nossos pecados. Por que é que eles tinha que fazer isso todo o tempo? Porque era um anima. Por que é que nós não temos que fazer isso todo o tempo, ou Cristo, não precisa morrer por nós em todo tempo? Porque o sacrifício Dele é perfeito. Então, quando você abre lá em Hebreus, por exemplo, cap. 8, você vai ver exatamente este texto de Jeremias, que nós acabamos de ler. Jeremias 3. Está falando dessa aliança que o Senhor firmaria com o seu povo, uma aliança em Cristo - Jeremias 31:33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Hebreus 8: 12 Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei. Quando ele diz nova, essa nova aliança, torna-se antiquada a primeira, que um símbolo, que é um tipo, como vimos lá no cap. 16 de Levítico. Hebreus 8:13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer. Como esse livro de Hebreus dá aquelas “pancadas” como nós falamos, por todo o tempo no judaísmo: “aquilo é figura”, “aquilo é tipo”, “aquilo é sombra”; a realidade já veio. Cristo é o Sumo sacerdote dos bens que tem realidade, como nós vimos na reunião anterior no verso 11 do cap. 9. Então irmão, essa compreensão da simbologia, do dia da Expiação é muito importante para nós. Muito mesmo. Isso envolve a nossa missão de aceitação. Qual nossa visão de aceitação? É baseada no quê? Qual a nossa visão com relação ao pecado? Qual a nossa visão com relação aos pecados(no plural)? Qual a nossa visão com relação à salvação? Então os irmãos vejam que envolve muitos aspectos a nossa boa compreensão da Expiação: O que foi feito na cruz.

Agora, nós temos dez minutos para fazer uma obra impossível aqui. Eu vou ler para os irmãos, no Novo Testamento, três versículos. E queria colocar a idéia Bíblica, a respeito dessa palavrinha agora no Novo Testamento. A palavra Propiciação. Vou ler os textos e depois os irmãos meditem por si mesmos. Vou encerrar esse assunto para entrarmos no próximo na próxima reunião.

.......................ela inclui três aspectos. A palavra propiciação, ela é usada no Novo Testamento, ela é a mesma palavra, Expiação, usada lá em Levítico 16 e em muitos outros lugares no Velho Testamento, do hebraico. Já falei isso para os irmãos. Aquela palavra (kaphar) Kaporete. Ela é transliterada, e existe uma versão grega do Velho Testamento. O Velho Testamento é hebraico, no original. Existe uma versão grega do Velho Testamento, chamada Septuaginta. E nessa versão grega a palavra usada para Expiação, que substitui esse Kaphorete ela tem três aspectos muito preciosos que falam sobre a beleza do sacrifício de Cristo, cumprindo a tipologia do dia da Expiação. Eu queria mostrar para os irmãos, em três lugares no Novo Testamento, onde essa luz, raia para nós de uma maneira muito linda. A palavra grega, ela tem uma mesma raiz, um mesmo sufixo e prefixos diferentes. Hilam ou Hilas. Então os irmãos vão ver a mesma raiz para três palavras diferentes que mostram três sentidos complementares da Propiciação. Uma palavra é verbo e duas são substantivos. Vamos devagrazinho para os irmãos entenderem. Abra o primeiro texto: Hb 2:17. Os irmãos vão ver que aqui, o sentido é um verbo. A palavrinha grega aqui. Hebreus 2:17 Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos(todas as coisas. Participou de carne, de sangue – natureza humana real como fala o versículo 14), para ser misericordioso e fiel (não só misericordioso, mas fiel, ou seja, cumprindo todos os requisitos das ordenações de Deus) sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. A palavrinha grega aqui, em Hb 2:17 é hilaskomai. Nós sempre vamos ter esse sufixo HILAS. Fazer propiciação. É um verbo, não é? Está falando de uma ação. Foi traduzida aí no nosso português por fazer algo. Então é uma ação. Fazer propiciação. A propiciação é uma ação. Ela é feita. Então a primeira figura que eu queria mostrar para os irmãos, é que Jesus, Ele é, em primeiro lugar, aquele que fez Expiação. Ele é o Sumo Sacerdote. O que é que o Sumo Sacerdote fazia com aqueles animaizinhos? Ele fazia propiciação O animal não se matava a si mesmo. Não é? O animal não se matava, é claro. O animal era morto. E quem que fazia essa propiciação? O sumo sacerdote. Então os irmãos vão ver três figuras complementares aqui, onde a gente vai chegar, em três textos do Novo Testamento. A mesma idéia é propiciação, mas três aspectos. Jesus é quem faz propiciação; Jesus é quem é o lugar da propiciação e Jesus é quem é a oferta propiciatória. Então é uma visão complementar, magnífica. Jesus é quem faz a propiciação, assim como Arão lá fazia, o Sumo Sacerdote e ao mesmo tempo Jesus é o lugar onde a propiciação é feita. Onde que a propiciação era feito no Velho Testamento? No propiciatório. O nome já fala. Para que serve o propiciatório? Era o lugar onde se fazia a propiciação. Não era lá no Átrio, nem no Santo Lugar. Era lá no Santo dos Santos. Ali se fazia a propiciação, e por isso aquela tampa da arca se chama propiciatório. E aquele propiciatório, também, é uma figura de Cristo. Cristo - vamos usar essa expressão para entendermos - Ele é o lugar onde Deus e o homem se encontram. Ele é aquele - no sentido de Kaphorete-Hebraico-Expiação - ou propiciatório - é o lugar de encontro, de cobertura, aquele lugar onde Deus e o homem se encontram. Só há um lugar para Deus e o homem se encontrarem. Pense nisso irmão. Só há um lugar para Deus e o homem se encontrarem. Esse lugar não é o candelabro, não é o Altar de Incenso, não é a Pia lá fora. Só tem um lugar para Deus e o homem se encontrarem, sem o homem ser exterminado. Que lugar é esse? Propiciatório. Não é lindo? Propiciatório. Era assim lá no Velho Testamento. Agora, no Novo Testamento, quem é que é o Propiciatório? Cristo. E você vai ver que tem um texto que mostra isso claramente em Romanos cap. 3. Então Cristo é quem faz propiciação, Ele é o Sumo Sacerdote; Cristo é o propiciatório, o lugar onde a propiciação é feita, onde Deus e o homem se encontram, sem o homem ser exterminado: Deus e o homem se encontram em comunhão porque Deus é satisfeito - por que? Por causa do sangue. Então Deus e o homem podem se encontrar, por causa do sangue. Os irmãos imaginem se Arão entrasse lá todo bonito, com as suas vestes sagradas, de linho branquíssimo, a mitra, o incensário cheio de brasas, incenso fumegando, todo arrumadinho, mas sem sangue. Irmãos ia ser um incêndio tremendo. Ia queimar tudo. Ia queimar a roupa do Arão, o Arão. Tudo. Porque está faltando o mais importante. O sangue. Não é? Então Cristo Jesus, Ele é o propiciatório. Por que? Porque o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Então Cristo é esse lugar. Por isso que Paulo escreveu para Timóteo assim: 1 Timóteo 2:5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador (um só lugar) entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem. Um só lugar, onde Deus e o homem se encontram. Cristo Jesus, homem. Ele é o propiciatório. Não é? Maravilha irmão. Então você vê a palavrinha propiciação. A mesma raiz: HILAS. Usada com três aspectos diferentes e complementares. Cristo é quem faz a propiciação, e a palavra aqui em Hebreus, fazer propiciação, no grego é Hilas, a raiz que eu já citei, Hilaskomai, porque esse “ai” no finalzinho de qualquer palavra grega, exprime verbo, exprime ação. Significa então: Fazer Propiciação. E é como foi traduzido aí. Cristo faz propiciação pelos pecados do povo. Então os irmãos estão vendo? Quem que faz propiciação? O Sumo Sacerdote. Na Velha aliança era Arão, era o tipo. Quem que faz propiciação no Novo Testamento? Cristo. Só Ele faz, porque só Ele é Deus e homem. Então fazer propiciação é o primeiro sentido. Esse Hilaskomai. Verbo.

Agora, as outras duas palavras são substantivos. Uma exprime o lugar onde a propiciação é feita e a palavra grega de novo tem o Hilas, a mesma raiz, porque fala de propiciar, Hilas – e agora você tem “Terion” Hilasterion. O que é isso? É o propiciatório, o lugar onde a propiciação é feita. Abra em Romanos para você ver essa palavra. ; Medite nisso depois você nessas três expressões; quanto isso é grande irmãos!!

Romanos 3:25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos Quem é esse “quem”? É Cristo. No 22 você vê, no 24 você vê a redenção que há em Cristo Jesus. Aí o 25 de Romanos 3. A quem (Cristo) Deus propôs, Deus manifestou, no seu sangue como propiciação. Esse é o sentido aqui. Lugar de propiciação. Isso aqui já não é um verbo, como lá em Hebreus. Aqui é um substantivo - é o lugar de propiciação. Deus propôs no seu sangue propiciação – lugar de encontro. Um dos sentidos daquela palavra hebraica que eu citei, aquele Kaphoret – Expiação, fala de lugar de encontro, de assento de misericórdia. O propiciatório é o assento da misericórdia e por isso que o livro de Hebreus fala que nós temos um grande Sumo Sacerdote que penetrou os céus e nós devemos nos achegar a ele. Lembra aquele texto de Hebreus? Achegar a Ele. Hebreus 4. Junto ao seu trono da graça. Aquela expressão é derivada lá da Simbologia do Velho Testamento, do propiciatório, especificamente. Aquela palavra Hilasterion, o propiciatório, Kaporet que significa assento de misericórdia. Ali Deus manifestava a sua misericórdia, no propiciatório. Então, Romanos 3:25 é um substantivo: hilaterion. Deus propôs no seu sangue um lugar de propiciação mediante a fé para manifestar a sua justiça. Seria então segunda palavra.

E a última para a gente terminar. Ela aparece em mais de um lugar, mas nós vamos citar só um exemplo. 1ª João cap. 2: 1 ¶ Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; 2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. Olhem o verso 2 com bastante atenção. O que é que está escrito aí? Não está escrito que Ele faz. Aqui não, mas em Hebreus está. Aqui está dizendo que “ele é a propiciação”. Qual a palavrinha grega aqui para completar? Também é um substantivo: Hilas de novo. Hilasmos. Então a primeira é Hilascomai. Jesus faz propiciação. A Segunda é Hilasterion. Jesus é o lugar de encontro entre Deus e o homem. Ele é o propiciatório. Tem mais ainda. Jesus é a oferta nesse propiciatório: Ele é o hilasmos, que é a palavra que aparece aqui no original. Ele é a propiciação. Ele é o sacrifício propiciatório, ou ele é a oferta propiciatória pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelo do mundo inteiro. Ele está falando sobre a extensão da expiação. Irmãos. A Expiação de Cristo, ela não é limitada na sua abrangência. Ela é plena na sua abrangência. Ela é limitada nos seus efeitos, porque somente os que crêem se apropriam do significado da propiciação. Somente os que crêem. Com relação à sua extensão, ela não é limitada. Ela é plena. Cristo é propiciação pelos nossos pecados, e ainda pelo do mundo inteiro. Tremendo texto. Ele é o hilasmos, a oferta de propiciação. Então, quando os irmãos juntam essas idéias todas, os irmãos vejam que aquela simbologia de Levítico 16 fica completa. Quando você olha para Arão, você vê Cristo. Cristo é quem faz propiciação. Quando você olha para o propiciatório, você vê de novo Cristo. Cristo é o lugar de encontro entre Deus e o homem. E quando você olha o sangue que foi tirado lá do animalzinho, que foi morto lá no Átrio - o sangue é levado lá no Santo dos Santos - quando você olha para o sangue, você vê de novo Cristo, porque Cristo é a oferta propiciatória. Então nós podemos dizer que em um ato apenas, Deus está triplamente satisfeito - usemos essa expressão - porque quem fez a propiciação é perfeito. Esse lugar de encontro que foi provido para Deus e o homem, é perfeito; Deus vai se encontrar com o homem sem problema, porque o pecado está julgado, o pecado foi imputado a Cristo. Então esse Hilasteriom, esse propiciatório é perfeito, é Cristo, e esse sangue também é perfeito, porque a oferta é perfeita: é Cristo. Cristo, é tudo. É o sacerdote, é o propiciatório, é a oferta ao mesmo tempo. Então você vê que o Espírito Santo não usou essas três palavrinhas aí no Novo Testamento de qualquer forma, a toa, porque Ele quer mostrar que Cristo cumpre tudo aquilo que o Velho Testamento tipifica. Arão é uma figura Dele, o Propiciatório é uma figura Dele, o sangue é uma figura Dele. Tudo é uma figura Dele. Ele cumpriu plena redenção, uma Expiação perfeita, uma propiciação perfeita e a ira de Deus então foi desviada;. Ele exerceu plenamente o seu amor, exercendo plenamente a sua ira. É isso que nós precisamos compreender. Deus não podia exercer o seu amor, sem exercer a sua ira.

Que o Senhor dê a nós uma convicção plena a respeito desse alicerce, fundamental para a nossa fé. Como eu disse para os irmãos aqui nessas quatro mensagens que passamos, compartilhando esse ponto, quanta distorção há nesse assunto. Quanta distorção, quanta má compreensão sobre a pessoa do Senhor, o sacrifício Expiatório, a nossa salvação, as implicações da nossa salvação, o nosso trato com o pecado, o nosso trato com os atos pecaminosos. Muita confusão. Por que? Por causa de má compreensão do significado da cruz.

Então que o Senhor possa gerar em nós um desejo de aprofundarmos nessas verdades para que nós tenhamos alicerces realmente, alicerces que redundem em adoração ao Senhor. Por que é que lá no livro de Apocalipse é só isso que nós vemos? Glória ao Cordeiro que foi morto; com o seu sangue Ele comprou. Não é isso que nós vemos na consumação final? Porque nós não temos nenhuma atitude irmãos a fazermos diante, como diz o autor de Hebreus, de tão perfeita, de tão grande salvação. Nós estamos definitivamente reconciliados com Deus. Definitivamente perdoados por Deus. Definitivamente salvos por Ele.

Vou ler um versículo aqui e vamos terminar com ele. Abra a sua Bíblia por favor em Romanos 5, para você ir para casa meditando um pouquinho nesse conceito que nós falamos do amor e ira de Deus. Olhe como que o Espírito Santo, através de Paulo, coloca junto esses conceitos no mesmo contexto. Romanos 5: 8 e 9. Vejam só amor e ira, como eu falei, não como dois antônimos, mas como contrapartes. Romanos 5 8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. 9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Como que Ele provou esse amor? Pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Olhem o verso 9. 9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira Que lindo texto. Não é? Deus prova o seu amor. Como que Ele prova o seu amor? Por causa do seu amor, Ele exerceu a sua ira, só que Ele exerceu a sua ira desviada dos seus objetos dignos que éramos nós. Dignos do exercício e da ira de Deus. Então Ele desviou a sua ira de nós, despejou a sua ira sobre Cristo, o nosso substituto. Como que Deus prova o seu amor? Porque a sua ira foi despejado sobre o mediador. Cristo morreu por nós. É o que está escrito no verso 8, tendo Cristo morrido por nós. Deus prova o seu próprio amor pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós os pecadores, mas foi Ele quem morreu, porque no exercício do amor de Deus, a ira de Deus é exercida. Então ele desviou a sua ira, e despejou-a em Cristo e nós fomos reconciliados e então somos salvos da ira, e podemos dizer, é claro, que somos salvos pela ira de Deus, através da ira, porque a sua ira foi plenamente satisfeita, sua ira santa, na cruz quando Cristo assumiu o nosso pecado. Os irmãos estão vendo por que não resta nada para nós? Porque Cristo cumpriu toda a realidade. Amém. Vamos orar.

Senhor, nós pedimos a Ti que o Senhor mesmo possa lançar mais luz em nossa compreensão da grandiosidade da nossa salvação; da grandiosidade da cruz do calvário. Esse que é um objeto para os judeus e de loucura para os gentios, mas, para nós que somos salvos, é o poder de Deus e sabedoria de Deus. Dá-nos Senhor, uma compreensão mais aclarada sobre a cruz do Calvário, sobre a pessoa do Senhor que ali se ofereceu. Pedimos ao Senhor que fundamente o nosso ser sobre esse firme alicerce da expiação e que o nosso coração, ele reflita a nossa compreensão em adoração e ações de graça ao Cordeiro que foi morto e que vive pelos séculos dos séculos e com o seu sangue comprou-o para Deus. Muito obrigado, Senhor, porque o Senhor nos fez assim, um reino de sacerdotes. Abra o nosso entendimento para que nós estejamos baseados no ensino da Sua palavra, alimentados, seguros, para honra e glória do Teu nome. Em nome de Jesus pedimos. Amém

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