09 setembro, 2008

QUE FAZER COM ESTA CHAMADA?

SEGUIR A JESUS NÃO DEPENDE DA CAPACIDADE INDIVIDUAL NEM DO MÉRITO DE ALGUMAS PESSOAS ESPECIAIS; É O MANDAMENTO DE DEUS PARA TODOS OS CRISTÃOS, SEM EXCEPÇÃO!
"Não são do mundo, como eu do mundo não sou.' (João 17:16)
Os cristãos gostam desta porção da oração de Jesus, porque lêem nela uma promessa de Livramento das angústias da vida, para viverem das bênçãos de Deus. Mas ficam profundamente incomodados quando, na mesma oração, Jesus afirma que os discípulos "estão no mundo" e, mais, quando Jesus na sua intercessão pelos seus discípulos, não pede ao Pai que os tire desse mundo .
Estas duas afirmações aparentemente contraditórias e ambíguas - tal como tantas outras afirmações das Escrituras - têm provocado acesos debates e conflitos teológicos sobre a forma como devem ser interpretados e aplicados os mandamentos da Palavra de Deus2. A própria chamada de Jesus Cristo ao discipulado revela estas duas dimensões, pois, se por um lado se inicia com o mandamento: vinde após mim!3, conclui com a ordem: ide, fazei discípulos!
Na verdade, a Bíblia reconhece que existe uma tensão entre separação do mundo e envolvimento no mundo; entre o "ser do" e o "estar no" mundo. A Bíblia declara que os compromissos, carácter e conduta daqueles que são chamados a serem discípulos, devem contrastar claramente com os daqueles que não seguem a Cristo.5 Mas, por outro lado, Jesus chama os seus discípulos para viver e trabalhar lado a lado com essas mesmas pessoas e causar impacto nas suas vidas6. Viver o Cristianismo envolve um conflito com o mundo para o qual somos chamados7.
Ao longo da sua história, a Igreja tem tido muita dificuldade em resolver este conflito, pelo que, nem sempre conseguiu compreender qual o seu papel na sociedade. Assim, frequentemente, tem vacilado entre dois extremos - ou se separa completamente da sociedade e não consegue comunicar de forma relevante; ou se envolve completamente e não se consegue diferenciar do mundo
. As perseguições que a Igreja primitiva tem que enfrentar - fruto desse conflito com o mundo que era chamada a alcançar -afectaram todas áreas da vida dos seus membros, atirando -os para as casas, praças, mercados, oficina e tribunais, o que lhes permitiu alcançar "alvoroçar o mundo"8. Mas, também fez com que muitos cristãos buscassem refúgio na catacumbas, nomeadamente em Roma.
Quando a Igreja se "oficializou" e passou a se reconhecida como um "parceiro social e político" (numa" terminologia dos nossos dias), iniciou o seu processo < secularização, que cedo chocou com a sua chamada; santificação. Para que todos se tornassem membros sociedade, o Cristianismo tinha que estar disponível i todos, ou não fosse a salvação obtida pela "graça" (sem a custo para o utilizador, diríamos hoje), para a qual não era mais necessária uma chamada específica e peço da parte de Jesus Cristo9. O conflito entre a separaç ao e o envolvimento - entre o estar no mundo mas não ser do mundo - foi-se esbatendo e a vida cristã foi -restringindo à prática de boas obras e à realização rituais exteriores, conjugado com a aceitação acrítica de um conjunto de dogmas, muitas vezes incompreensíveis e não vivenciados. Hoje diríamos, que o importante era aparentar uma religiosidade "politicamente correcta", para a qual não era necessário abdicar do viver no mundo.
O teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer fez uma análise muito interessante sobre a origem e o impacto do movimento monástico10. Segundo ele, este movimento resultou da consciência de que a graça significa seguir a Jesus e não ser do mundo. Assim, no limite exterior da Igreja havia um conjunto de homens e mulheres para quem a graça tinha um custo e que era preciso deixar tudo o que tinham para seguir a Jesus, em obediência rigorosa e quotidiana aos mandamentos de Deus. Porém, a Igreja conseguiu relativizar esse movimento, tendo-o usado para justificar a secularização da sua própria vida. O monasticismo era representado como uma realização individual, a que a maioria dos leigos não conseguia nem podia aspirar alcançar. Astutamente, limitaram a aplicação dos mandamentos de Jesus a um grupo restrito de "especialistas", tendo-se desenvolvido o conceito de duplo padrão - um dualismo criado pela existência de um padrão máximo e de um padrão mínimo de obediência cristã.
Infelizmente, porque nos recusamos a olhar para a história e a aprender com os seus erros, este dualismo entrou na vida da igreja do século 21. Hoje, tal como antes, foram criados dois padrões de obediência. No padrão máximo encontram-se os obreiros escolhidos por Deus para O servir a tempo integral, que conseguem atingir níveis elevados de espiritualidade, e para quem obedecer parecer ser simples e natural. No padrão mínimo estão os crentes "comuns", que por não terem recebido uma chamada específica, têm que enfrentar as dificuldades do mundo do trabalho, e a quem pode ser exigido um grau tão elevado de obediência (porque menos espirituais).
Face ao conflito existente entre separação e envolvimento, na chamada de Jesus Cristo ao discipulado, criámos dois grupos distintos no seio da Igreja, como que, se pela sua complementaridade, ela cumprisse melhor o seu papel. Num grupo temos os separados que servem a Deus a tempo inteiro e que deixam tudo para trás, por amor a Cristo; no outro grupo, reunimos os envolvidos que, por não terem sido chamados para servir a tempo integral, apenas sentem uma responsabilidade parcial.
Esta distinção produziu os seus efeitos. Ao nível da vivência, os que estão separados do mundo correm o risco de perder o contacto com o mundo que têm que alcançar; enquanto, os que estão no mundo não conseguem relacionar nem aplicar a Bíblia à sua vida diária, revelando-se incapazes de extrair dela valores e princípios morais e éticos, que sejam relevantes e orientem a sua conduta no mundo do trabalho. Na falta de melhor, e para conseguirem sobreviver num mundo competitivo, mediado pelo mercado - essa entidade "omnipotente" - cujo princípio de referência é o preço e os seus valores mais elevados são a liberdade e a escolha", os crentes têm adoptado os valores e critérios desse mundo12.
Ao nível da mensagem, na ânsia de atrair pessoas, a Igreja tem vendido a graça como um tesouro inesgotável, totalmente disponível e mensurável pela quantidade de bênçãos recebidas. Em que a aceitação individual é recompensada pela atribuição de bênçãos da parte de Deus (como se de um mercado de oferta e procura se tratasse). As pessoas são desafiadas a aceitar a graça de Jesus Cristo, recebendo em troca uma vida
sem dificuldades e cheia da realização dos seus desejos. A leitura que a nossa sociedade de mercado faz de algo gratuito é não haver um preço a pagar, logo trata-se algo que não tem muito valor13.
Assim, os cristãos modernos substituíram a chamada de Jesus Cristo para deixar tudo e o seguir, convertendo--a numa escolha individual, em que o mundo que queremos mudar somos nós mesmos. Desta forma, o único dever de cada um como crente é "deixar" o mundo durante uma hora e meia, ao domingo de manhã, para ir a uma igreja que lhe ofereça um pacote de produtos religiosos (louvor e sermão) - que o façam sentir-se bem -, para garantir que os seus pecados são perdoados. A vida cristã não significa mais do que viver no mundo como se fossemos do mundo, pois não há qualquer diferença na prática, nem parece que Jesus tenha algo a dizer ao nosso mundo desenvolvido e tecnológico, fruto do engenho humano14.
Aqueles cristãos que procuram resistir à influência do mundo nas suas vidas e à forma como o mundo tem contaminado a Igreja, sentem-se sozinhos, impotentes e desorientados, sem pontos de referência bíblicos nem recursos pessoais. No seu esforço de obedecer ao mandamento de Jesus, tendem a desfalecer perante os obstáculos. Começam a crer que é impossível serem contaminado a Igreja, sentem-se sozinhos, impotentes e desorientados, sem pontos de referência bíblicos nem recursos pessoais. No seu esforço de obedecer ao mandamento de Jesus, tendem a desfalecer perante os obstáculos. Começam a crer que é impossível serem santos e viver de forma que agrade a Deus; algo só ao alcance de alguns "eleitos". A Bíblia mostra-nos que a compreensão desta impossibilidade é um passo importante para a salvação. Os apóstolos perceberam isso quando assistiram à conversa entre Jesus e o jovem rico, mas a resposta de Jesus para aqueles homens é a mesma que Ele dá a cada um de nós: "As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus"15
A salvação é aquilo que todos nós precisamos mas que ninguém consegue obter por si mesmo. É o mais valioso para qualquer ser humano, algo pela qual deveríamos estar dispostos a vender tudo o que temos e somos para adquirir, sem a qual a nossa vida não faz sentido; ou melhor, sem a qual não podemos viver. A salvação é--nos concedida graciosamente mas não é barata! Foi muito dispendiosa pois custou a Deus a vida do Seu Filho16 - Jesus Cristo - e, o que custou tão caro a Deus não pode ser barato para nós.
A chamada de Jesus permanece inalterada. Seguir a Jesus não depende da capacidade individual nem do mérito de algumas pessoas especiais; é o mandamento de Deus para todos os cristãos, sem excepção! Temos que dar o passo em obediência ao mandamento de Jesus Cristo com confiança e acreditando na sua palavra até ao fim: "(...) eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amem"
Não nos resta qualquer opção nem temos muitas alternativas para escolher, a única forma de seguir Jesus em obediência é viver no mundo!
Nota –
'João 17:11, 15.
2Por esta razão muitas das doutrinas e correntes doutrinárias que têm tido mais sucesso assentam na interpretação e aplicação literal de versículos isolados.
3Mateus4:19.
"Mateus 28:19.
5Por exemplo, Romanos 12:2 e 1 Pedro 1:14-16 desafiam-nos a viver uma vida santa e distinta.
6Mateus 5:13-16; Marcos 16:15-16. 72 Timóteo 3:12; 1 Pedro 4:12-14. sActos 17:6.
'Esta disponibilidade universal desvalorizou a chamada de Jesus Cristo, que apenas é concedida pela graça a todo aquele que crê e que se arrepende dos seus pecados (Mateus 3:2; João 3:16).
'"Bonhoeffer, Dietrich, The cost of discipleship, Simon & Schuster, 1995.
"Tão bem condensados na célebre frase de Milton Friedman: liberdade para escolher! l2Um mundo em que ninguém dá nada a ninguém, apenas
vende ou troca, e em que o trabalho só tem valor se for remunerado. Assim, os crentes modernos interpretam o trabalho e obrigação dos separados em função do facto de estes serem remunerados ("têm a obrigação porque são pagos para isso!"); enquanto os envolvidos sentem que a sua responsabilidade principal é para com quem lhes paga o ordenado.
"Tornámos a graça de Jesus Cristo disponível ao mais baixo custo, sem colocar questões nem impor condições.
"Acreditámos na separação das esferas - a pública e a privada - o que cremos interiormente não tem qualquer relação com o que vivemos no mundo do mercado. 15Lucas 18:18-27. 161 Coríntios 7:23.
Autor do Artigo:
Samuel Cerqueira

6 comentários:

JamesCondera disse...

A vós, graça e paz da parte de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo!

Estamos visitando o vosso blog, através da Comunidade Nacional de Blogueiros Cristãos – CNBC...

Deus o abençoe e aos seus ricamente...

Fraternalmente.
James, administrador CNBC.
www.jesusmaioramor.blogspot.com

Anónimo disse...

paz do sr muito obrigada pela sua visita a este humilde bolg que tenho andado a fazer para que as pessoas possam ter um encontro com Deus nas suas vidas , pk sem Deus não vale apenas viver .
Posso disser o irmão que este trabalho nao esta facil de fazer mas acredito que Deus vai alevantar pessoas que me possam levar este espaço mais longe do que alguma vez pensai na minha vida.
Peço as Orações sobre este trabalho e que deus possa levantar escritores aqui em Portugal para que possa ter mais textos o meu objectivo e atingir os 10 mil textos o mais rápido possível com autores português cristãos, np esta a ser fácil mas deus me vai ajudar .
Que Deus o possa abençoar a sua vida e dos seus , fique na paz de Deus .

André Pereira disse...

Paz do Senhor amado em Cristo.

Recebi seu e-mail, irei estar orando por vc.

A Respeito do seu Blogger, achei bem organizado da sua parte. muito bacana.

Mano, ja sobre problemas com seus sentimentos e financeiros, aprendi algo, e chama-se:"A Confissão traz a Posse"!Sobre o problema em seu corpo, irmao nao aceite nenhuma doença, Jesus ja levou na Cruz e a doença naum te meios legal de estar no seu copor, ressaltando que em Romanos 8:1 Diz que nehuma condenação pode vir sobre vc, nenhuma sentença condenatoria de doença etc pode estar sobre vc!!!

Mano no restante to Feliz por sua vida, por vc ser usado pra edificar vidas, aleluias por isso!
Tenha um Bom dia e fique na Paz amado!
Paz

Anónimo disse...

Paz do sr meu querido irmão muito obrigada pelas suas palavras e pelo seu amor demonstrado sobre o assunto que pedi as orações , que Deus o possa abençoar ricamente a sua vida e dos seus .
Já agora gostei muito de conhecer mais um blog identificando o nome de Deus que Deus continue abençoar este seu trabalho .
Um grande Abraço deste seu Amigo :
Pedro Aurélio .
Fique com a Paz de Deus

EDIMAR SUELY disse...

Olá, a paz do Senhor!

Passando para conferir as 9dades e desejar um lindo final de semana e muta paz.

Smack!

Edimar Suely
jesusminharocha.blig.ig.com.br

EDIMAR SUELY disse...

Olá, a paz do Senhor!

Passando para conhecer seu edificante espaço e desejar um lindo final de semana e muta paz.

Smack!

Edimar Suely
jesusminharocha.blig.ig.com.br