24 agosto, 2008

Suicido ou abnegação?

A vida é uma dádiva de Deus
Há algum tempo atrás a TV mostrou uma situação que muito me impressionou e sobre a qual careço de um esclarecimento. Tratava-se de um homem que, juntamente com o filho e a filha, escalava uma determinada montanha. A certa altura surgiu um acidente e ficaram todos pendurados na mesma corda. A estrutura estava prestes a ceder com o peso excessivo e, como o pai estava na parte de baixo, decidiu sacrificar-se para salvar os seus descendentes. Insistiu com o filho para que este cortasse a corda, lançando-o, assim, para a morte em lugar de perecerem os três.
Ora, como também sou pai (tenho uma filha e um filho) imaginei-me naquela situação. Poderia eu sacrificar-me pelos meus filhos sem perder a salvação? Sei muito bem que Deus é contra o homicídio e suicídio e por isso pergunto: Será que o Omnipotente Senhor me receberia no Céu depois de eu me suicidar desta maneira?
É verdade que o Senhor Nosso Deus é contra o homicídio e, logo, contra o suicídio, porque este é também uma forma de assassinato. Não temos o direito de matar ninguém, nem mesmo a nós próprios!
O suicídio é sempre um acto contra o próprio e nunca a favor dele. Um acto do vivente que aniquila essa mesma vivência. Atacar-me a mim mesmo é fazer o jogo daqueles que querem o meu mal; dar razão aos atacantes, sejam eles do mundo visível ou do reino das trevas.
Levar a efeito uma acção contra a nossa existência constitui uma traição que fazemos a nós mesmos. A nossa função (e obrigação) deverá ser a de lutar contra todas as adversidades e para isso podemos contar com um Grande Aliado: Jesus Cristo!
A vida é uma dádiva de Deus e não devemos acabar com ela; nem com a nossa nem com a dos outros. Só o Criador o poderá fazer.
O suicídio poderá ocorrer pelas mais variadas razões. Todavia, eu queria aqui enquadrá-las todas em quatro tipos de motivação.
SUICÍDIO PARANAO ENFRENTARAS DIFICULDADES ACTUAIS OU AQUELAS QUE SE AVIZINHAM.
Trata-se de um suicídio egoísta, para si próprio, que não tem em linha de conta o sofrimento dos outros nem as complicações que se geram com a sua morte.
2° -SUICÍDIO AFIM DE CHAMAR A ATENÇÃO PARA SI PRÓPRIO OU PARA UMA CAUSA QUE CONSIDERA JUSTA.
Encontram-se nesta situação aqueles que pretendem ser mártires ou vingar-se de alguém ;as vezes as duas coisas) como e o caso dos bombistas que se fazem explodir num autocarro ou num supermercado. Nenhuma causa, por mais justa que seja, justificará semelhante atitude.
3o - SUICÍDIO QUASE OBRIGATÓRIO PROVOCADO POR OUTROS.

Imaginemos alguém que, de arma em punho, pretende forçar uma pessoa a saltar para a morte. Já tem acontecido muitas situações destas mas é preferível corrermos o risco de sermos assassinados em lugar de sermos nós a Pensar-mos citar alguns casos passados na Alemanha nos anos de 1940. Por exemplo, depois do fracasso alemão no Norte de África, durante a Segunda Guerra Mundial, o Marechal Romme foi chamado a Berlim, onde Hitler quase o obrigou a suicidar-se. Ou ele terminava com a sua vida e passava por herói, ficando a família a receber uma pensão ou, então, enfrentaria um tribunal militar que o condenaria. O Marechal optou, erradamente, pelo suicídio, tendo o Fuhrer, hipocritamente, decretado três dias de luto nacional.
Rommel não deveria ter obedecido. Este suicídio não se enquadra na situação apontada pelo Leitor. Não se troca uma vida física (e muito menos uma vida eterna) por uma pensão de sangue para a família, embora esta nos mereça toda a atenção.
4o - SUICÍDIO PARA SALVAR FISICAMENTE OUTRAS PESSOAS.
A Ética Cristã prevê e admite situações destas. Não um suicídio com a finalidade de matar várias pessoas mas, sim, com o objectivo de salvar da morte outros seres humanos, que Deus criou à Sua imagem e conforme a Sua semelhança. O Hierarquismo Ético estabelece que várias pessoas valem mais do que uma só. Por isso é aceitável que uma delas se sacrifique em prol das outras.
O Hierarquismo tem como primeira lei que a Pessoa Infinita vale mais que todas as outras pessoas. A segunda lei, e que já foi referida, é que várias pessoas valem mais do que uma. No fim da tabela estão as coisas e animais. Devemos aplicar todos estes princípios, nomeadamente colocar a Pessoa Infinita (Jesus Cristo) acima de tudo, se bem que Jesus quase tenha aplicado a segunda lei ao morrer, Ele próprio, em lugar de muitos seres humanos. Porém, a prova de que Jesus vale mais do que o suficiente para comprar todas as pessoas que O aceitarem como Salvador.
O suicídio em prol dos outros seria melhor definido de uma outra maneira. Deveria ser classificado, não como "suicídio de um" mas como "salvação física de vários". Trata-se, normalmente, de uma decisão em cima dos acontecimentos, em que a pessoa nem tem tempo para pensar em si própria mas, apenas, nos outros que necessitam de uma ajuda imediata. É o caso de um soldado que se lança para cima de uma granada que cai dentro da trincheira e ele apenas pretende proteger os colegas de armas. O seu objectivo não é suicidar-se para fugir aos problemas mas sim o de proteger os colegas de um grande problema.
Quando o pai pede ao filho para cortar a corda, como o Leitor refere, ele pensa nos filhos que quer proteger e não na sua vida. Não é um pensamento egoísta mas uma atitude altruísta!
O sacrifício da vida em prol de objectos ou animais de estimação não é moralmente correcto. Ainda que seja uma propriedade ou mesmo uma fortuna que ficaria para a família, não é aceitável. A família, se for mesmo normal, sentir-se-á prejudicada com a perda do seu ente querido. As pessoas são a e valor intrínseco; as coisas te valor instrumental para as pessoas, t pessoas devem ser amadas e as coisas; devem ser usadas.

Sacrificar-se por pessoas é aceitável Aliás, temos a obrigação de fazer tud pelos filhos; até mesmo pela esposa como a Bíblia refere: "Vós, marido amai as vossas mulheres como também Cristo amou a Igreja e a Si mesmo S entregou por ela" (Ef 5:25). Ora, si Cristo deu a Sua vida pela Igreja e o maridos devem fazer de igual forma; relativamente às esposas... esta muito mesmo a ver que as devemos protegei em todas as situações.
Ninguém perde a salvação por obedecer à Palavra de Deus. Temos obrigações relativamente aos nossos familiares. De preferência, devemos evitar meter-nos em situações perigosas, de onde dificilmente sairemos com vida e saúde. Todavia, se mesmo assim acontecer algo catastrófico, devemos recorrer Aquele que tudo pode fazer, nem que seja através de uma micro - oração (se não houver tempo para mais). Para isso funcionar devidamente, convém estar sempre em comunhão com o Divino Senhor. E, se um dia tivermos de sacrificar a vida para proteger da morte os nossos entes queridos... seja feita a vontade de Deus

Autor do Artigo :
Agostinho Soares

Sem comentários: