A DOUTRINA DA TRINDADE

A EXPERIÊNCIA CRISTÃ E A HISTÓRIA

Devemos agora notar que a doutrina da Trindade tem íntima relação com a experiência cristã. O crente verdadeiro experimenta a Trindade, isto é, três em um. Sabemos que o Espírito Santo nos convence do pecado, da justiça e do juízo; sabemos também que o Pai nos perdoa e nos recebe. A doutrina da Trindade, pois, não é estranha à experiência do crente; ao contrário, ela se revela não só nas páginas da Bíblia como também na experiência cristã.

CONCLUSÃO Concluindo o estudo da doutrina da Trindade, mencionaremos as suas relações com as demais doutrinas. Ei-las:

1. A doutrina da Trindade é essencial a uma verdadeira compreensão de Deus. Sem a doutrina da Trindade não poderíamos ter a doutrina verdadeira e São do monoteísmo.

2.Ela é essencial à verdadeira doutrina da revelação. Se Deus fosse somente UM não poderia revelar-se como Se revelou em Jesus Cristo.

3. Finalmente, ela é essencial a uma verdadeira doutrina de redenção. A salvação do homem reclama a doutrina da Trindade, isto é, uma unidade tríplice e não uma unidade simples. Concluímos, pois, que Deus é uma unidade tríplice: UM EM TRÊS E TRÊS EM UM.

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são Deus e é Deus.

A DOUTRINA DA TRINDADE NA HISTÓRIA

Quando surgiu

Foi primeiro usado por Tertuliano na última década do Século . II, mas só se tornou parte da Teologia formal da Igreja no Século . IV. Foram os pais Capadócios que primeiro lhe deram grande distinção, a saber Basílio, Gregório de Nissa e Gregório Nazianzeno. Recebeu a sua declaração formal no Concílio de Constantinopla em 382, mas já se podem encontrar formas trinitárias no Concílio de Niceia em 325 e nos escritos de alguns pais da Igreja a saber, Inácio Irineu, Tertuliano e Origines. Portanto é quase tão antigo este conceito, como o próprio Novo Testamento.

Oposição e Heresias

Ainda que sendo o padrão da Igreja a partir do Século . IV, sempre sofreu ataques e negações, alguns dos quais prevalecem até hoje.

Os principais ataques foram os do monoteísmo hebreu, o arianismo, o monarquianismo, o socinianismo, e o unitarismo. Também a heresia gnóstica não com o conceito trinitário

a) Arianismo - Átrio foi ancião da Igreja de Alexandria (256-336). Ele e os seus seguidores negavam a divino de Jesus Cristo, que seria apenas um intermediário entre Deus e o homem, não era eterno, mas existi; do tempo, foi criado, nasceu, é filho por adopção i tem a mesma natureza, logo é inferior a Deus. r> a doutrina aprovada e incluída no credo Niceno em 325. Esta controvérsia durou vários anos dentro cristianismo. A verdade da Trindade só foi finalmente reafirmada como doutrina oficial do cristianismo Concílio de Constantinopla em 381.

b) monarquianismo - vem do grego Monarchia. Na Teologia fala de Deus co dirigente único, o poder único e organiza ; de todas as coisas. Foi uma doutrina coi nos séc. II e III e salientava a natureza d como a tendência de afirmar distribuis pessoais dentro da deidade. Houve dois principais: o primeiro, monarquismo dinâmico, ensinava que Cristo era um i homem que foi adoptado, constituído Filho de E visto a Sua dinamismo ter repousado sobre Ele. Nega o princípio do Filho, na Trindade, logo a prc Trindade. O segundo foi o Modalismo, termo teoló que ensina que os membros da Trindade não são pessoas separadas, e muito menos substâncias diferentes três modos distintos de expressão do mesmo E Único. Procurava evitar o politeísmo. Isto foi ensina por Noeto de Esmirna, Práxeas Cartago e Sabélio.

c) Monoteísmo - afirma a existência de um único Deus que tem interesse pelo homem. Os hebreus desenvolveram a ideia a ponto de não aceitarem a Trindade, um só Deus que é uma só pessoa. Os primitivos cristãos judeus do Io Século . caíram nesta armadilha e desenvolveram uma heresia chamada Ebionismo, grupo conservador dentro do cristianismo que defendia a observação de muitas práticas do Antigo Testamento e que, no que interessa para o caso em estudo, negava a encarnação de Jesus, este seria apenas um homem que pela estrita observância da Lei Mosaica conseguiu tornar-se o Messias. As suas escrituras eram o Antigo Testamento e um evangelho composto por eles, existiram até ao fim do Século . IV.

d) Sabelianismo - ensinada por Sabélio, líder eclesiástico do Século . II, que ensinava uma única essência divina que operaria mediante manifestações temporárias sucessivas, por isso não existe em três pessoas distintas. Isto preserva o monoteísmo.

e) Socinianismo - Sistema heterodoxo surgido em resultado dos trabalhos de Laélio e Fausto Socínio. Lançou raízes na Polónia e foi organizado em 1556. O movimento demonstra grandes afinidades com o Arianismo, o pelagianismo e com o cristianismo humanista de Erasmo de Roterdão. Ensinava a humanidade de Jesus à custa da sua divindade, rejeitou a doutrina trinitariana do credo Niceno. Também rejeitou a predestinação, o pecado original, a expiação por substituição e a justificação pela fé.

e) Unitarismo - consiste na afirmação que Deus é Um e que o Filho pode ser considerado divino, mas não no mesmo sentido que Deus Pai pois não compartilham da mesma essência. Dentro do Cristianismo começou com o Arianismo. Variedades do unitarismo foram defendidas pelo adopcionismo e pelo monarquismo. Também foi um dos alicerces teológicos do socialismo.

Autor do Artigo ;

Dinis Rodrigues