12 maio, 2008

O Que pensar Da Cremação

DIGNIDADE DO CORPO HUMANO
NÃO HÁ NENHUM VERSÍCULO BÍBLICO A DIZER QUE SE PODEM CREMAR OS CADÁVERES, NEM A PROIBIR TERMINANTEMENTE ESSA PRÁTICA
O PROBLEMA DA CREMAÇÃO DOS CADÁVERES NÃO RESIDE NO FACTO DE DEUS TER MAIS DIFICULDADE (OU FICAR IMPOSSIBILITADO) DE RESSUSCITAR OS MORTOS.
É isso mesmo, a minha opinião, porque, de outra forma, eu não me pronunciaria. É lógico que cada um de nós tenha a sua opinião sobre as diversas questões que se levantam e possa livremente expressá-la.
Alguém poderá perguntar: Mas, para além da sua opinião, qual a resposta oficial, a linha de orientação cristã? Qual a atitude evangélica correcta sobre esta problemática? Bem, o que eu poderei dizer é que há igrejas a rever os seus estatutos em matéria doutrinária e várias comissões de Ética a estudar o assunto.
Na sociedade civil, normalmente as leis são feitas logo após o surgimento dos delitos. De igual modo, nas igrejas, as comissões de Ética costumam debruçar-se sobre determinadas matérias já depois de se iniciarem as práticas respectivas. Às vezes, com muita cautela e bastante receio de ferir susceptibilidades, pois, quase sempre ninguém quer assumir o papel de conservador nas orientações a tomar.
Naturalmente que a Bíblia não contém um ensino directo sobre esta questão. Não há nenhum versículo bíblico a dizer que se podem cremar os cadáveres, nem a proibir terminantemente essa prática. Por isso é somente a minha opinião que eu irei transmitir.
Conforme escrevi há muitos anos nesta mesma secção, não é o facto de o nosso corpo ser destruído, cremado ou comido (por feras ou antropófagos) que deixará de ressuscitar um dia mais tarde. Para Deus não há qualquer impedimento de ressuscitar os mortos, estejam eles onde estiverem e como estiverem! Diz a Bíblia: "E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia..." (Ap 20:13). Já no Antigo Testamento a ressurreição estava registada do seguinte modo: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno" (Dn 12:3).
O problema da cremação dos cadáveres não reside I facto de Deus termais dificuldade (ou ficar impossibilitas de ressuscitar os mortos. De qualquer maneira os cor irão decompor-se, mais tarde ou mais cedo. A pergunta que se coloca é a seguinte: Qual a razão para ordenar! destruição rápida do nosso corpo? Porquê a pressa de fazer? Qual o motivo que preside a esta ordenança, testamento, de cremar os restos mortais, transformando -os em cinzas num processo assaz rápido?
Algumas pessoas dizem que querem ser cremação para que ninguém vá à sua sepultura. Mas, qual é o se alguém for à sua sepultura? Certamente que ninguém já vai adorar nem venerar o seu corpo! E se alguém colocar lá flores, que mal tem isso? Se alguém quiser f à sepultura, irá fazê-lo de qualquer maneira, diante cadáver ou diante das cinzas! Nada o poderá impedirem
A cremação poderá apresentar vantagens inconvenientes. Por exemplo, a mesma impede uma futura autópsia e um cristão nada tem a esconder! De dizer que o meu irmão mais velho foi autopsiado muito dias depois de ser sepultado. E isso tem acontecido cal várias outras pessoas. Se esse meu irmão tivesse seja cremado, tal autópsia não seria possível!
O Senhor Jesus Cristo não foi cremado. De igual modo, os cristãos primitivos não procederam à cremação, mas sepultaram os mortos como ainda hoje se faz no nosso país, na maioria dos casos. Em Roma, e porque não podiam fazer os respectivos funerais, eles sepultaram os seus mortos nas (actualmente) conhecidas Catacumbas. Às vezes eles eram lançados às feras e comidos pelas mesmas, mas, sempre que podiam, os cristãos sepultavam os seus mortos ou o que restasse deles.
Várias pessoas poderão dizer que antigamente não havia fornos crematórios. É verdade, mas havia piras (grandes fogueiras) onde alguns povos orientais já praticavam a cremação. Enquanto os antigos Egípcios desenvolviam a arte funerária para a conservação dos corpos (múmias) que chegaram até ao nosso tempo, outros povos destruíam os cadáveres por um processo rápido. Os cristãos tiveram um procedimento diferente, não embarcando em situações extremas.
Quanto ao nosso corpo (enquanto está vivo) devemos ter muito cuidado com ele, porque é o templo do Espírito Santo. Também é através dele que conseguimos realizar algum serviço; inclusivamente, escrever este artigo! Não tenciono pedir (nem dar ordem) a ninguém para destruir rapidamente o meu corpo por um processo rápido. É um corpo que conheceu o pecado, é certo, mas também foi com ele que eu fui aos pés do Senhor Jesus!
O problema da falta de espaço nos cemitérios ainda não é suficiente para impor a cremação de cadáveres. Antes disso, ainda se poderia optar por outras soluções a fim de ocupar áreas mais reduzidas.
Apesar de não vermos nenhuma indicação para proibir a cremação dos mortos, a verdade é que em algumas passagens bíblicas concluímos que queimar os ossos de alguém já era tido como uma afronta e profanação (I Rs 13:2). A Inquisição também desenterrou Wicliff para o queimar, numa atitude agressiva. Aliás, a mesma Inquisição Católica queimou muitas pessoas; umas vivas e outras já mortas através de enforcamento. Entre essas pessoas estavam muitos cristãos evangélicos!
Algumas pessoas dizem-me que ficam chocados com o enterramento dos cadáveres. Acham que é algo violento colocar uma pessoa, assim, debaixo da terra. Se forem as cinzas... já não choca. Bem, mas para serem transformados em cinzas, os corpos terão de passar por um determinado processo, muito violento, que não se vê mas é real. Devemos avaliar os procedimentos, mesmo sem os presenciarmos. Caso contrário podemos raciocinar de um modo semelhante a uma mãe que não mata o filho nascido, mas pratica o aborto quando ele está no seu ventre, porque, nessa altura, não o vê!
Fornos crematórios... fazem-me lembrar Auschwitze, Dachau, Treblinka e outros campos nazis de extermínio de judeus. E isso está também associado com a violência!
Há uma passagem bíblica em que um rei queimou os ossos de outro monarca até os reduzir a cal, e que Deus não gostou que se fizesse isso. E agora, vamos nós próprios determinar essa situação?
Cremar cadáveres pode ser moderno, chique, diferente. Os costumes orientais estão na moda. Mas eu creio que devemos fazer as coisas de um modo natural, sem pressas e sem excessos. Não optar pela arte funerária egípcia antiga da conservação do cadáver, através de determinados unguentos e especiarias (ou câmaras frigoríficas) nem destruí-lo rapidamente, o que constitui o outro extremo.
Não encontro na Bíblia nenhum versículo específico a proibir a cremação de cadáveres. Porém, eu gostaria de ser sepultado como foram os cristãos primitivos e, sobretudo, como foi o Senhor Jesus Cristo, o meu Salvador!
Autor do Artigo ;
Agostinho Soares

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