.. O suicídio é um acto de rebelião contra Deus, ... Os suicidas retiram a Deus a possibilidade de intervir positivamente, e em tempo útil, nas suas vidas.
Os primeiros dias de Maio de 1987, uma breve notícia apareciam em todos os meios de comunicação social: Dalida, famosa cançonetista francesa, suicidara-se. A artista, que ao lado de outros nomes conhecidos seus contemporâneos atingira o auge da fama, deixou uma curta mensagem pedindo desculpa pelo seu acto. Segundo ela, a vida tornara-se-lhe demasiado pesada e penosa.
Na mesma altura, e sem deixar qualquer recado, pôs termo à existência um indivíduo idoso, anónimo, esquecido no tempo e no espaço que ocupa na vida, e que habitava no meu bairro. Aparentemente estes dois suicídios não têm conotação possível entre si. A inserção social das pessoas em causa era quase diametralmente oposta. Ás experiências vivenciais foram sem dúvida diferentes. Os pontos de contacto para a explicação imediata e simultânea das duas mortes são inexistentes. As razões de Delida não foram forçosamente as mesmas do velhote do meu bairro. Só uma coisa existe em comum: ambos decidiram pôr termo ávida!
O suicídio pode assumir formas e fórmulas diversas. Parece-me no entanto que a sua raiz é a mesma na generalidade dos casos: o cansaço da vida. Este triste fenómeno não é exclusivo de uma ou outra classe social. Ele percorre um amplo espectro ceifando vidas, qualquer que seja a posição ocupada.
Que motivo conduz as pessoas a acharem insuportável a vida? Há quem queira avançar explicações um pouco imediatas afirmando que os suicidas são simplesmente indivíduos desadaptados e desenraizados. Não nego que em alguns casos isso possa ser verdade; porém esta é uma explicação demasiado simplista para um fenómeno tão complexo, e, como tal, a suscitar sérias dúvidas quanto à sua validade universal a vários níveis.
Em nossa opinião, o suicida é sempre alguém que pretende fugir à realidade que preenche ou preencheu a vida num determinado momento da mesma. É um ser que perdeu o respeito por si mesmo e pelo Criador, e que raramente avalia as consequências do seu acto. Só lhe interessa o momento em que cumpre o desejo de fuga ao concreto.
Existem explicações possíveis no domínio psicológico, sociológico, etc, para as vagas de suicídios que se verificam, mas raramente acontece penetrarem o âmago de cada caso, individualizando-o e dissecando-o até às raízes. É difícil, senão impossível mesmo, fazer isso. Basta olhar para os casos que citei e ficará a pairar um grande ponto de interrogação sobre as explicações a fornecer para cada um.
Uma coisa sabemos: o suicídio é sempre um acto de negação da vida outorgada por Deus, e que nenhum homem ou mulher deveria ter o direito de questionar. É Deus quem dá a vida, e só Deus a pode tomar. Escolher a via da interrupção voluntária e violenta da vida humana é simultaneamente uma atitude de repúdio e desprezo pelo Criador.
Quando Deus criou o ser humano à Sua imagem e semelhança, colocou nesse acto todo o Seu amor e alegria. À medida que a Criação foi saindo dos Seus dedos, o Senhor contemplava-a, e, como diz a Bíblia, após essa contemplação achava que o que criava era bom. Contudo, depois de haver feito o homem e a mulher, e encerrado assim o ciclo da Criação, Deus viu que isso era muito bom. Verificamos então que, no conceito do próprio Criador, o homem e a mulher foram o mais belo momento de toda a Criação, e Deus alegrou-se nele. Como pois podemos ter a veleidade de negar essa vida ou de a pretender encurtar por quaisquer processos, ou ainda exercer sobre ela medidas redutoras que a confinem a mera matéria sobre a qual podemos intervir a qualquer momento? A Bíblia afirma que não somos nossos, e, como tal, não temos o direito de decidir quantos anos durará a nossa vida.
O suicídio é sempre um acto até ao qual Satanás conduz o ser humano. Ele tem prazer em destruir a Criação de Deus. Gosta de a ver humilhada, de rastos, destruída. Muitos têm dado crédito ao segredar malicioso do Diabo. Ele convence as pessoas de que a vida é um sacrifício. Procura mostrar que os privilégios são para uns e as tristezas para outros, e de que isso é um facto incontestado e irreversível como se a vida fosse coordenada exclusivamente por essas duas vertentes. Pretende convencer o indivíduo a deixar de lutar, a baixar os braços, a acabar definitiva e radicalmente com os problemas que o afectam; insinua até que o suicídio é um acto de coragem.
Infelizmente muitas pessoas têm-se deixado vencer este «segredar». Não esqueçamos que Satanás tentou o próprio Cristo procurando conduzir o Senhor à destruição: e se tentou o Filho de Deus, como não procurará fazer isso com qualquer um de nós?
Em passagem alguma da Bíblia Sagrada se afirma que o homem esteja isento de dificuldades e problemas. Foi aliás Cristo quem referiu que no mundo sofreríamos aflições, devendo no entanto ser corajosos, tendo em conta que Ele venceu o mundo, e, portanto, nós, cristãos, venceremos com Ele. Optar pelo suicídio é reconhecer a derrota, é fraquejar perante o inimigo da Criação de Deus e de cada um de nós em particular.
Defrontar Satanás é um dever e um direito que assiste aos filhos de Deus sem denotar fraquezas e sem medo de derrotas. A Palavra de Deus afirma que se resistirmos ao Diabo, ele fugirá de nós! É no entanto importante que, se em algum momento pressentirmos falta de forças e um consequente recuo na luta, nos refugiemos em Cristo, o qual está sempre pronto a acolher-nos. É Ele quem afirma: «Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.»
Há quem diga ser o suicídio um acto de covardia. Outros garantem, pelo contrário, que se trata de um acto de coragem. Pessoalmente não estamos muito disponíveis para aceitar semelhantes pressupostos co-mo norma de raciocínio. Perspectivando a vida no plano bíblico (não a entendemos de qualquer outra forma), e pondo de parte preconceitos ou reservas mentais, julgamos poder dizer, com uma margem mínima de erro, que o suicídio é um acto de rebelião contra Deus, sendo nessa base que o Criador julga. Os suicidas retiram a Deus toda a possibilidade de intervir, positivamente, e em tempo útil, nas suas vidas.
Como será normal reconhecer, o Criador não abdica da prerrogativa de intervir e dirigir as nossas vidas, salvo quando, obstinadamente, parte de nós a iniciativa de O marginalizar. Como pois se pode, a posterior, pedir a Deus que legitime actos impensados e marginais à Sua vontade? Isso é não só impossível como irreconciliável com a justiça divina.
Em muitos casos de suicídio, a sociedade desempenha um papel macabro ajudando a conduzir para esse caminho uma ou outra pessoa que cometeu erros ou faltas graves e lesivas para com o semelhante. Com frequência ouvem-se comentários que deixam transparecer a aceitação tácita da atitude fatal como forma de recuperar a honra ou expurgar os elementos anti-sociais. Em tempos idos era regra de ouro que quem ferisse a ética instituída, só com o suicídio podia repor o seu bom nome e o da sua família; mas a morte voluntária e premeditada não limpa nem dá honra a ninguém, e as regras sociais, na maioria dos casos, baseiam-se em costumes primitivos derivados precisamente do afastamento dos homens em relação a Deus.
Cristo ensina-nos a respeitar e a amar a vida. A Bíblia assevera que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo e que, por consequência, é inviolável aos olhos de Deus. Corromper, humilhar ou violentar a vida é pecar e negar a acção redentora de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo através da Sua morte expiatória na cruz do Calvário.
A nenhum homem o Criador deu credenciais ou passou procuração para decidir sobre a Sua Criação. Existe tanta ilegitimidade no suicídio como no aborto ou em qualquer outra forma de morte violenta provocada pela humanidade. Nada pode existir de mais grave para o ser humano do que arrogar-se o direito de intervir nos domínios exclusivos de Deus! Tal como não podemos dar vida a nós próprios, não possuímos o direito de a tirar. Os problemas que nos afectam, ainda que difíceis, não são insolúveis. São da Bíblia Sagrada as seguintes palavras: «...ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.»
Caro leitor, quando todas as portas se fecharem; quando todos os caminhos lhe parecerem vedados; e quando a verdade lhe parecer mentira, Cristo tem a solução para si. «Eu sou o caminho, a verdade e a vida,» disse Jesus. N' Ele você pode usufruir uma vida verdadeira, diferente, real. Uma vida que precisa de ser vivida. Um novo nascimento!
Tal como para Dalidá, o suicídio é sempre uma falsa fuga aos problemas e dificuldades, ao problema que nos assola. É o entregar-se nos braços de Satanás. E o culminar dum caminho todo ele feito longe de Deus. É afinal, o resultado duma vida ¬ vida à margem do Criador.
Permita-me que lhe diga haver só uma solução para as tribulações que porventura o afectam: Jesus Cristo! Só n'Ele existe autêntica vida e esperança. Quem até hoje tem acolhido outro caminho que não o da reconciliação com Deus, visando recompor a sua vida, em vez de encontrar descanso e paz, comprometeu irremediavelmente a sua eternidade.
Deus dá-nos uma oportunidade fantástica de transformação positiva e efectiva das nossas vidas. Através de Jesus Cristo, o Salvador, podemos pôr termo a uma velha existência triste e deprimida, e desfrutar uma nova vida de esperança, alegria e felicidade, dizendo não à morte e sim ávida.
Autor do Artigo ;
Jacinto Lourenço
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