17 maio, 2008

O carismático Lucas

O baptismo com o Espírito Santo é doutrina bíblica. Também o é falar outras línguas (glossolália), como sinal externo e inicial do baptismo no Espírito Santo.
Foi em Abril do ano transacto que escrevi humildemente um artigo semelhante. Digo humildemente porque o tema é soberano. Socorri-me, no referido artigo, de Lucas: historiador e teólogo. "Temas importantes, tais como a salvação, o perdão, o testemunho e o Espírito Santo unem Lucas e os Actos dos Apóstolos, não obstante serem dois livros na sua forma" (1).
A unidade literária de Lucas — Actos obriga qualquer intérprete, um de nós, a reconhecer que a teologia dos dois livros é homogénea, salvo casos onde a evidência claramente mostre outra conclusão. A história de Jesus e a história da Igreja primitiva são combinadas maravilhosamente por Lucas como sendo um só relato.
"Há cinco episódios nos Actos dos Apóstolos, onde nós encontramos teologia distintiva quanto ao dom do Espírito Santo: 1. aos discípulos no dia de Pentecostes (At 2:1-13); 2. aos crentes de Samaria (At 8:14-19); 3. a Saulo de Tarso (At 9:17, 18); 4. a Cornélio e sua casa (At 10:44-46); 5. aos discípulos em Éfeso (At 19:1-7).
"Em termos gerais, esses cinco sucessos registados no livro dos Actos são os precedentes bíblicos do baptismo no Espírito Santo" (2).
Não tenho dúvidas em afirmar, e concordar, que os sucessos ocorridos no dia de Pentecostes foram o modelo para os séculos vindouros, "o modelo bíblico para os crentes de todas as eras da Igreja"
(3). Somos pentecostais (sou), pelo que é corolário da nossa metodologia a seguinte conclusão: de acordo com fundamentos bíblicos, as línguas são uma evidência necessária e essencial do baptismo no Espírito. Deus prometeu que o modelo bíblico era a norma para os tempos futuros. "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar" (4).
Surpreendi-me, um dia destes, ao ler num livro rubricado pelo Pr. Errol Hulse, a seguinte frase: "Nenhum baptismo do Espírito é ordenado no Novo Testamento" (5).
O presente artigo, a que empresto a minha assinatura, não tem qualquer fim polémico. Perante a verdade das Escrituras (vide Actos 2:39), sou um daqueles a quem Deus "chamou" (por Sua imensa graça), pelo que a promessa do baptismo com o Espírito Santo também é minha. E foi. E é.
Estudando o Evangelho de S. Lucas, notamos uma narrativa bem definida sobre a missão de Jesus, mas verificamos também que o Senhor executará essa mesma missão no poder do Espírito Santo. A narração do Pentecostes mostra--nos a missão futura dos discípulos, bem assim como eles seriam capacitados pelo Espírito.
Usando uma linguagem mais actualizada, eu diria que a linguagem do Pentecostes é, de certo modo, a história da transferência do Espírito carismático do Senhor Jesus para os Seus discípulos. Jesus era o portador exclusivo do Espírito Santo, mas também o dador único do Espírito no dia de Pentecostes. Vejamos co-mo o apóstolo Pedro explica o dom pentecostal do Espírito: "Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela dextra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis" (6).
Assim que o derramamento do Espírito se deu, os discípulos tornaram-se verdadeiramente herdeiros e sucessores do ministério carismático (terreno) de Jesus. Porque o Senhor derramou o Espírito sobre os discípulos, estes continuaram a fazer e a ensinar "tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar"
Esse dom inaugural do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, é um acontecimento central na teologia da história da salvação que Jesus narrou"
Autor do Artigo :
Torcado Lopes

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