06 maio, 2008

O assunto

Da imigração está na "boca do mundo". É um tema que, pelas suas consequências sociais e económicas, leva os nossos políticos, economistas e sociólogos a ponderar prós e contras, medidas e processos.
A TENDÊNCIA SOCIAL PORTUGUESA TEM CONSEQUÊNCIAS NA IGREJA QUE NELA ESTÁ INSERIDA.
OS IMIGRANTES SÃO PESSOAS QUE PRECISAM DE JESUS TAL COMO OS PORTUGUESES.
Até ao início da década de 70, a presença de imigrantes entre nós era diminuta. A partir dessa altura, iniciou- se uma tendência crescente que não tem parado. Em 2002 verificou-se que 4% dos residentes no nosso país eram estrangeiros. Segundo as estatísticas, nesse ano as maiores comunidades estrangeiras legais residentes no solo português eram a ucraniana, a cabo-verdiana e a brasileira. Seguem-se Angola e Guiné-Bissau1.
A tendência social portuguesa tem consequências na igreja que nela está inserida. Não nos sendo possível apresentar todos os casos, seleccionámos alguns exemplos do modo como se estão a acolher e incluir irmãos e novos convertidos das mais diversas raças, nações e culturas.
CONVIVÊNCIA DE CULTURAS EM ALMADA
A igreja na área de Almada é um exemplo de abertura a outras raças e culturas. Paulo Branco, pastor presidente da Assembleia de Deus naquela área, explicou-nos que não existem estratégias específicas, mas que existe um ambiente natural de aceitação que se reflecte no dia-a-dia da igreja, nomeadamente em termos de integração. Uma das ajudas é, também, o conhecimento da língua portuguesa por parte da maioria dos imigrantes. Lembremos que o pastor Paulo Branco esteve 14 anos como missionário em Espanha, entre os 21 e os 35 anos, facto que influencia o modo como recebe os estrangeiros.
Entre todas as congregações desta área, existem irmãos de doze nacionalidades diferentes, para além dos portugueses. Há um grupo considerável de brasileiros, nomeadamente na congregação na Costa da Caparica. Ali reúnem-se semanalmente cerca de 250 a 300 crentes vindos do outro lado do Atlântico, os quais compõem 90% da membrasia.
Irmãos de descendência africana, vindos dos PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), constituem também um número considerável. Entre as diversas actividades promovidas por estes irmãos, incluímos um coral africano e um grupo de mímica e coreografia onde estão envolvidos os mais jovens. Para além destas actividades, estes irmãos têm cultos especiais, nos quais cantam em diversos dialectos.
Estas actividades são complementares às reuniões habituais da igreja, estando integradas no plano global da mesma. Uma vez por mês toda a igreja tem a oportunidade de participar num culto especial africano.
Também são membros desta igreja irmãos espanhóis, moldavos, ucranianos, sul-africanos, venezuelanos e outros provenientes da Letónia.
DIVERSIDADE EM LISBOA
Quando foi aberta a casa de oração da Rua Neves Ferreira, como sede da Assembleia de Deus em Lisboa, a capital era bem diferente daquilo que é hoje, em termos de distribuição social. Estava situada numa zona nova da cidade.
Actualmente, os mais idosos predominam na área circundante. Muitos jovens casaram e foram viver para a periferia. Isso reflecte-se naturalmente no tecido social da igreja.
No entanto, conforme nos disse o pastor Vieito Antunes, na sede convivem irmãos de diversas idades, etnias e nacionalidades. O grupo que se destaca é o africano. Mensalmente são efectuadas reuniões especiais, as quais são preenchidas por participações e louvor em dialecto africano, tendo ainda uma partilha da Palavra de Deus. É uma oportunidade de convívio com vista também ao evangelismo.
Existem muitos imigrantes que estão apenas de passagem, devido a situações profissionais, os quais nunca chegam a ganhar raízes na igreja. Isto acontece muito com irmãos de nacionalidade brasileira. Há, no entanto, uma congregação na qual o panorama é bastante diferente. Na Avenida do Brasil muitos dos que ali se congregam são, imagine-se, de origem brasileira.
Outro caso especial é o da igreja em Sete Rios, que é composta, na sua maioria, por irmãos africanos.
Como nos disse o pastor presidente da Assembleia de Deus em Lisboa: "os portugueses têm uma dívida para com os países que os têm recebido. Esta é uma forma de nós "pagarmos" a nossa divida".
Tendo este princípio como fundamento, foram cedidas as instalações da Assembleia de Deus na Travessa Henriques Cardoso a grupos de irmãos de outras nacionalidades residentes na capital, tal como a comunidade romena que reúne-se ali todos os domingos. As reuniões começaram com um pequeno grupo que se congregava na Rua Neves Ferreira. Esse grupo cresceu consideravelmente e sentiram a necessidade de ter o seu próprio espaço. Actualmente são cerca de 250 irmãos, muitos dos quais se converteram em Portugal. É uma igreja bastante dinâmica, com muitos jovens. O seu pastor, ligado à União Pentecostal Romena, solicita a colaboração esporádica dos seus colegas da Assembleia de Deus em Lisboa em termos de ensino. Alguns irmãos, com cônjuges portugueses, acabam por frequentar também a igreja portuguesa.
No mesmo espaço, duas vezes por mês, guineenses de diversas famílias evangélicas têm ali os seus cultos.
PORTAS ABERTAS
Estas igrejas vêem os imigrantes não como uma ameaça, mas como uma oportunidade. Oportunidade de ajudar, de evangelizar e fazer o Reino de Deus crescer como um todo. Como corpo de Cristo, isto deve fazer-nos pensar
A inclusão de pessoas de outra. nacionalidades, começando pelos nossa irmãos na fé, precisa ser tida em conta :
Panorama actual.
Os imigrantes são pessoas que precisam ; Jesus tal como os portugueses. Eles existe:: estão cá e são um alvo de evangelismo i! valioso quanto os nossos compatriotas.
As nossas portas precisam és:, simplesmente abertas para eles, com : estratégias preparadas para os receber. 2
1 Fonte:
Actas do I Congresso Imigração em Portugal: Diversidade - Cidadã:
Integração [org.] Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnica
Autor do Artigo ;
Ana Ramalho

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