17 maio, 2008

Mensagens ás Viúvas

As coisas não acontecem por acaso. Deus está a agir segundo os Seus propósitos.
Tenho recebido cartas da minha mãe, desde a morte recente do meu querido pai. Sei que ela está a ter profundas experiências com Deus depois que o amado esposo partiu para o Senhor, e gostaria de compartilhar com a leitora trechos de uma das cartas.
Veja o que diz a minha mãe: «Sinto saudades dele o dia inteiro. Foi terrível a falta que senti dele na Ceia do Senhor no domingo passado. Ah, como doía o meu coração! Ontem, foi particularmente difícil de supurar, pois ouvi um automóvel tocar de forma igualzinha ao da buzinada dele, isto é, dois toques curtos, como ele fazia antes de entrar em casa.
"Por um momento, o velho hábito de tantos anos pegou-me, e eu pensei: 'Ele está a chegar'. Lembrei-me entretanto não ser isso mais possível. Então dirigi-me tão firmemente a Deus, que Ele segredou-me: 'Por que não cantas para Mim? As coisas não podem estar tão negras quando estiveres a cantar!' E eu disse: 'Está bem, Senhor, vou cantar'. Recordei-me que, desde que o meu querido morreu, eu não cantara mais, a não ser na igreja. Agora tenho um novo hábito. Canto as minhas orações, às vezes inventando a música enquanto canto.
"Na minha tristeza, eu esquecera-me do alívio maravilhoso que existe no cantar. O Senhor prometeu que não nos deixaria sem conforto: E, pela Sua graça, estou marcando bem isso, como dizia o teu pai. Mesmo quando tenho de andar para cima e para baixo, para não ter um colapso, descubro que o amor do Senhor
Jesus continua a fluir para mim. A única coisa que eu tenho a fazer é manter as minhas janelas abertas para Ele. E a cada momento estou certa de que o Senhor disse: 'Eis que Eu estou convosco sempre'. Esta certeza, filha, tem sido uma das melhores coisas nesses momentos."
Além de aprender a viver sem o marido, que tanto amou, a minha mãe precisa de aprender a pôr de lado as horas em que revive os longos meses de sofrimento dele. Tem sido difícil para todos nós. Mas o pai deu-nos muito porque viver. Se a mãe, ou o meu irmão José, ou eu própria, tivermos de sofrer um dia aquilo que o pai sofreu, defrontaremos então um grande desafio.
O pai viveu a sua fé em Jesus Cristo até ao último instante da sua vida na Terra, quando morreu (por complicações secundárias à sua leucemia aguda) na cama ensanguentada com o seu próprio sangue e o sangue dos maravilhosos amigos crentes, os quais mantinham cheios os vidros para as transfusões.
Nem sempre a vida é bela. Através, porém, da feiura da dor, da agonia e da solidão, encontra-se à disposição de todo o ser humano o perfume da gloriosa presença de Cristo. Ele é Redentor. Nada precisa de ser desperdiçado na Sua presença.
A minha mãe sabe que é ela quem escolhe se a sua tristeza será ou não desperdiçada. Ela sabe que Cristo pode fazer uso construtivo e glorioso dessa tristeza, caso ela permita que o Senhor derrame agora a Sua vida sobre pessoas necessitadas.
Jamais alguém tomará o lugar do pai no coração de minha mãe, e ela aceitou esse facto. Uma noite contei-lhe o que Deus me fez aprender numa conversa com outra viúva de há alguns anos. Eu perguntei a essa viúva se estava a deixar que Jesus Cristo preenchesse o lugar do marido. Ela reflectiu um instante, e respondeu: "Acho que estou, sim. Mas isso não funciona! Jesus quer-nos curar realisticamente. Ele não é substituto. Ele é Ele mesmo: É Jesus!"
Noutra carta, a minha mãe expressou com mais clareza ainda o quanto sua tristeza pôde aproximá-la do Senhor:
"Ontem, quando o teu irmão José e eu estávamos no cemitério, na colina em que o corpo do nosso querido está sepultado, Deus estava no vento, e embora as lágrimas rolassem, veio-me à mente este pensamento: As coisas não acontecem por acaso. Deus está a agir segundo os Seus propósitos'. Aprendi que só reconheceremos isto quando eliminarmos todos os nossos pensamentos e deixarmos apenas Jesus tomar conta de nós.
"Eu não me envergonho de dizer o quanto teu pai me faz falta. Mas Deus tem enchido de paz a minha alma, e eu só posso dar graças por isso. Tenho aprendido que para ser mais abençoada só posso depender de mim mesma."
Pelo meu trabalho de escritora recebo cartas de outras mulheres, algumas viúvas como minha mãe. Uma delas resolveu fazer recentemente várias cópias dactilografadas de trechos do meu livro Compartilhe Minhas Jóias Predilectas, enviando-as a hospitais e instituições nas quais as pessoas estivessem a sofrer física e emocionalmente.
Sei também de casos de viúvas que disseram não à solidão, confeccionando enxovais de bebés para mulheres carentes. Ainda outras faziam bolos ou biscoitos para mandarem a alguém que estivesse só e doente.
Recebi também a carta de uma mulher que perdera o marido e resolvera cerrar as cortinas da sua vida, tomando pílulas para dormir e álcool para amortecer a dor. É claro que essa mulher não conhecia Cristo, e procurei logo escrever-lhe acerca do plano de Salvação do amado Senhor Jesus.
Geralmente só quem é viúva experimenta a tendência humana de fechar as cortinas para dar vazão à sua dor de saber que o ente querido não voltará mais. Mas os salvos em Jesus sabem que podem contar com a preciosa presença de Deus nos momentos mais difíceis.
É importante que quem esteja a passar por esse período de ajustamento reconheça que cada dia que passa traz consigo mais alívio do que imaginamos. A minha oração é para que a leitora compreenda cada vez mais que o Senhor nos entregou a comissão "ide por todo o mundo". E essa ordem inclui também as viúvas.
Não aceite ficar trancada do lado de dentro das cortinas, e permita que o Senhor Jesus faça uso acertado da sua tristeza produzindo bênçãos para inúmeras pessoas que ainda necessitam de si. Não esqueça isso!
Autor do Artigo ;
Eugenia Price

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