23 maio, 2008

Feira da Religiões

Em verdade, em verdade, te digo que se
alguém não nascer de novo, não pode ver
o reino de Deus." (João 3:3)
Portugal não é excepção na Europa, e tanto as novas quanto as velhas religiões chegam, instalam-se e crescem. São diferentes umas das outras, têm os seus próprios livros sagrados, os seus profetas, a sua visão particular da Divindade, ou não se chega bem a perceber qual a percepção que têm acerca disso, o que em relação a algumas coloca a questão de se saber se são verdadeiramente religiões ou correntes filosóficas que têm por detrás de si uma determinada cosmovisão. A sua chegada mais ou menos subtil, mais ou menos envolta em mistério e por uma auréola de novidade, apela à curiosidade da população mais jovem e até dos adultos.
Não deixa de ser interessante que, a par de um crescente aumento das posições seculares, assiste-se igualmente a um aumento significativo da oferta religiosa com uma variação considerável de características, tradições e liturgias.
Como é que nós, cristãos, vemos este ressurgimento religioso? Que diferenças ou semelhanças encontramos com o Cristianismo?
Que posição tem cada uma dessas forças religiosas perante o cristianismo em geral e Jesus Cristo em particular?
TODAS DIFERENTES - TODAS IGUAIS
Temos assistido, de uma forma mais ou menos regular, através dos meios de comunicação quando algumas religiões são chamadas a participar (e não deixa de ser notório que os responsáveis pela informação, especialmente televisiva, estão mais interessados em auscultar essas correntes do que as igrejas evangélicas inseridas no contexto nacional há muito mais tempo), é que na generalidade todas afinam pelo mesmo diapasão. Notamos entre elas algumas características de semelhança sintomática que. ao mesmo tempo, são grandes diferenças para com as linhas de força que encontra-mos, como evangélicos, na Bíblia Sagrada, e isso não podemos nem queremos esconder.
Em primeiro lugar salientaremos um apelo inequívoco aos valores e princípios universais da tolerância, do amor. da justiça, da boa vontade, da solidariedade, das boas acções, das virtudes que aproximem os homens uns dos outros independentemente da sua raça, cor, cultura, instrução, classe social, etc.
Em segundo lugar, a afirmação de que as diferenças de entender e perspectivar Deus são apenas resultado de contextos culturais e históricos diferentes, mas que no fundo todas elas servem para uma melhor e mais completa compreensão. Algumas destas religiões vão mesmo mais longe, no sentido de considerarem a sua razão de ser principal, ou um dos seus objectivos mais proeminentes, contribuir para o sincretismo de todas as perspectivas sobre Deus, numa intenção globalizados e unificadora das religiões.
Em terceiro lugar divisamos em cada uma delas a afirmação que o seu profeta fundador é a última revelação divina para o homem e para a raça humana, sendo que não põem em causa os profetas que as antecederam. apenas considerados como ultrapassados por uma revelação mais actualizada.
Em segundo lugar, a afirmação de que as diferenças de entender e perspectivar Deus são apenas resultado de contextos culturais e históricos diferentes, mas que no fundo todas elas servem para uma melhor e mais completa compreensão. Algumas destas religiões vão mesmo mais longe, no sentido de considerarem a sua razão de ser principal, ou um dos seus objectivos mais proeminentes, contribuir para o sincretismo de todas as perspectivas sobre Deus, numa intenção globalizados e unificadora das religiões.
A DIFERENÇA CRISTÃ
Como cristãos não podemos deixar de registar com apreço toda a manifestação que vai no sentido de minorar o mal dos excluídos da sociedade, dos marginalizados, dos que têm sido apanhados pelas malhas do vício, da pobreza, da degradação tanto física quanto moral e social. São de sublinhar todas as iniciativas que surgem no sentido de dar abrigo aos que o não têm. de dar um tecto aos órfãos, aos
desprotegidos, aos abandonados, aos que estão só, aos que não têm pão, não têm emprego, não têm saúde, não têm família, etc.
Também merece a nossa aprovação todo e qualquer apelo que vai no sentido de aproximar os homens, levando--os a ter cada vez mais respeito uns pelos outros, em que a tolerância é estimulada, as diferenças não são vistas como razão para discriminação. A sociedade precisa de ser cada vez menos racista, xenófoba e segregadora.
Muito mais poderíamos dizer de tudo o que as várias correntes religiosas propõem à humanidade, todavia pensamos ser isto suficiente para a grande questão que perpassa o nosso pensamento, em relação a toda esta panóplia religiosa: para quê tantas religiões se. no fim de contas, todas apontam no sentido do amor e da solidariedade, da justiça, do respeito, da tolerância? Em que é que o Cristianismo se distingue de todas e de cada uma delas?
Na verdade, o Cristianismo, segundo o que lemos no Evangelho, não se fica por aí e vai muito mais longe. De uma forma bastante sucinta podemos dizer que todas as religiões (não importa quais sejam), assentam naquilo que o ser humano deve fazer; consistem apenas no esforço do homem para tentar aperfeiçoar-se, melhorar-se, tentar atingir o modelo e exemplo do profeta que representa e modela a virtude
O Evangelho parte precisamente da constatação que o por muito que o homem faça, nunca conseguirá fazer o necessário. O Evangelho declara: está feito! Jesus fez o que a criatura humana não podia fazer! O Cristianismo afirma que o homem está perdido na sua religião, na sua filosofia, na sua cultura, na sua educação, não importa o que ela seja ou pretenda. O homem precisa ser salvo, e não pode salvar-se a si mesmo... Só Deus pode salvá-lo! Por isso apenas o Cristianismo tem no seu centro a cruz...
O problema do homem no Cristianismo não reside na sua cultura, na sua educação, nos seus valores, única e exclusivamente. O problema do homem está dentro dele próprio! O homem precisa ser mudado de dentro para fora e não de fora para dentro.
Desta maneira o Cristianismo de Jesus é totalmente distinto de toda e qualquer religião porque não se trata

do homem que imagina e pensa Deus, mas de Deus que se dá a conhecer pessoalmente. O Cristianismo radica no Emanuel — Deus connosco. Neste sentido não nos consideramos uma religião e não estamos interessados em religião, porém em apresentar Jesus Cristo, Filho de Deus. Não estamos concentrados em apresentar prioritariamente um conjunto de valores éticos, que o homem tem de se esforçar por cumprir contra a sua natureza interior. Se assim fosse não seríamos muito diferentes dos restantes. Aquilo que apresentamos é o remédio de Deus para o fracasso do homem, a impotência do homem, a incapacidade do homem, a impossibilidade do homem viver em função desses padrões, quaisquer que eles sejam. A solução é Jesus Cristo que propõe uma transformação apresentada pela termo radica! de "novo nascimento".
Quando Cristo esteve entre nós em carne e osso. há dois mil anos atrás, já existia religião e valores éticos, morais e espirituais. Jesus não veio trazer mais um código de ética... Jesus veio executar o plano salvador de Deus para todos aqueles que ficam aquém desse código. Por isso morreu numa cruz... e por isso ressuscitou!
O Cristianismo assenta na História com a reivindicação mais extraordinária que se pode fazer... Jesus ressuscitou literalmente! Por causa da Sua ressurreição os discípulos tornaram-se mártires e o Evangelho atravessou todas as fronteiras.
Por causa disto não aceitamos que todas as religiões sejam verdadeiras e que os profetas das religiões se possam comparar a Jesus Cristo, ou que seja possível o sincretismo do Cristianismo com todas as religiões existentes. Bem pelo contrário, apesar de afirmarmos a nossa disposição pela tolerância e pelo respeito dos outros, de rejeitarmos liminarmente qualquer espírito inquisitorial, de nos interessarmos e trabalharmos em favor dos mais desfavorecidos (e disso podemos, pela graça de Deus, apresentar trabalhos que ao longo de muitos anos de forma abnegada e sem muitos recursos têm concorrido neste propósito), temos que afirmar a singularidade e exclusividade de Jesus Cristo e do seu Evangelho. Dizer o contrário seria mentir, e a mentira não dignifica o homem. Nada de permanente pode construir-se na e com a mentira.
Autor do Artigo :
SAMUEL R. PINHEIRO

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