05 maio, 2008

A DOUTRINA DA TRINDADE

HÁ EM DEUS TRÊS PERSONALIDADES DISTINTAS E DIVINAS
O termo TRINDADE é usado, geralmente, para exprimir duas ideias bem distintas e até diferentes: refere-se uma propriamente à tríplice manifestação de Deus, e outra, ao Seu modo triuno de existir. Mas estas duas ideias, apesar da relação íntima que entre elas existe, são tão diferentes que podem causar confusão quando expressas por uma só palavra. Tão grande é a diferença de sentido entre elas que achamos por bem dar a cada qual uma designação própria. Vamos portanto, na discussão da doutrina da Trindade, designar por termos diversos a ideia da tríplice manifestação de Deus e a do Seu modo triuno de existir.
O NOVO TESTAMENTO ENSINA QUE SÃO TRÊS PESSOAS DIVINAS, DISTINTAS, ETERNAS E IGUAIS SUBSISTINDO NUMA SÓ ESSÊNCIA.
DEFINIÇÃO DETRINDADE ETRIUNIDADE
No estudo que ora fazemos deste assunto a palavra Trindade significará a tríplice manifestação de Deus, ou a Sua manifestação no Pai, no Filho e no Espírito Santo; e o termo Triunidade significará o tríplice modo da existência de Deus, que é a existência de três em um.
Temos a doutrina da Trindade pelo fato de Deus se haver revelado como Pai, como Filho e como Espírito Santo. Há uma tríplice revelação porque há um modo tríplice de existir. Ainda mais, a teologia afirma que a Triunidade foi conhecida por causa da Trindade. Se não houvesse uma tríplice manifestação própria de Deus, jamais se revelaria aos homens a Triunidade de Sua existência. Seguiremos, em nosso estudo, a ordem em que se revelaram as duas doutrinas.
Há em Deus três personalidades distintas e divinas, sendo cada uma igual à outra quanto à natureza. No entanto, não há três deuses: Deus é um só.
Apesar deste modo triuno de existir e de revelar-Se, o Velho Testamento acentua fortemente a unidade de Deus.
"Deus é Um", é expressão constantemente repetida no Velho Testamento. Havia amplas razões para essa insistência, pois o povo eleito vivia no meio de nações idólatras e politeístas. É este o motivo por que o Velho Testamento enfatiza tanto a unidade de Deus.
O Novo Testamento ensina que são três Pessoas divinas, distintas, eternas e iguais subsistindo numa só essência. O Novo Testamento ensina que Deus é uma trindade simples, mas tríplice em modo de existir e de revelar-Se.
A DOUTRINA DA TRINDADE NA REVELAÇÃO
A doutrina da Trindade é uma doutrina histórica, por isso se funda na tríplice manifestação de Deus e nos eventos exarados no Novo Testamento. Há três manifestações sucessivas de Deus que servem de base a esta doutrina.
A doutrina da Trindade no Velho Testamento. Não esperemos encontrar muita coisa da doutrina da Trindade no Velho Testamento, porque ela é quase exclusivamente do Novo Testamento. Como já observámos, o Velho Testamento firmou o povo israelita na doutrina da unidade de Deus. Era essa a necessidade primordial da época. Deus houve por bem gravar esta verdade no coração dos judeus de maneira tal que, até hoje, custa-lhes a crer que Jesus é Deus. No Velho Testamento não esperemos encontrar ensinamentos claros desta doutrina, mas, ao menos, haveremos de encontrar, sem muito trabalho, sugestões apreciáveis.
Passemos neste caso a examinar o Velho Testamento para ver o que ele nos ensina sobre a tríplice manifestação de Deus, embora certos de que não encontraremos mais que sugestões, visto que esta doutrina como já afirmámos, só se revela plenamente no Novo Testamento.
As passagens do Velho Testamento que sugerem a doutrina da Trindade podem subdividir-se em três classes:
AS QUE FAZEM REFERÊNCIA AO ANJO DO SENHM
(1) O anjo do Senhor identifica-se com Jeová 22:11,15; 31.11,13).
(2) Ele é por outros identificado com Jeová 48.15,16).
(3) O anjo aceita adoração devida somente a I (Ex 3.2-5, Jz 13.21,22).
AS PASSAGENS QUE DESCREVEM A SABEDORIA PALAVRA DIVINAS.
1) A sabedoria apresenta-se como sendo distinto Deus e com eterna d'Ele (Pv 8:22-31; 3:19 Hb 1:2).
(2) "A Palavra de Deus", é distinguida como o execute Sua vontade eterna. "E enviou a Sua palavra, e os sarou livrou da sua destruição" (SI 107:20; 119:89; 147.15-1
AS PASSAGENS QUE DESCREVEM O MESSIAS.
(1) Ele é um com Jeová (Is 9:6; Mq 5.2).
(2) O Messias é também, num sentido, distrai Jeová (SI 45.6,7; Ml 3.1).
Na consideração destas passagens devemos ler: -nos sempre de que as Escrituras, antes da vinda de J I não tinham uma doutrina da Trindade! depois que se interpretaram estas passagem luz do Novo Testamento é que nos foi possível encontrar nelas as sugestões da doutrina Concluímos, pois, que ainda que estes te citados não nos tragam luz suficiente si a doutrina da Trindade, neles encontra pelo menos, o germe; é no Novo Testando que a encontramos plenamente desenvolvida.
A DOUTRINA DA TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO Como dissemos, no Novo Testamento a doutrina Trindade se nos depara plenamente revelada, aqui que o germe da doutrina chega a seu completo desenvolvimento.
Segundo o Novo Testamento, há três Pessoas reconhecidas como Deus.
O PAI RECONHECIDO COMO DEUS.
São tantas as passagens da Bíblia que abonam verdade que não é de mister citá-las. São em tão grande numero que já não deixam dúvida alguma sobre a deidade do Pai. Não obstante, citaremos algumas destas passagens (Jo 6.27; 8.41; II Ct 1.2; Ej4.6; I Pd 1.2).
O FILHO RECONHECIDO COMO DEUS.
(1) Ele é expressamente chamado Deus (Jo 1.1,18; 20.28; Tt2.13; Hb 1.1; I Jo 5.20).
(2) As distinções dadas a Deus no Velho Testamento são aplicadas a Jesus. E esses títulos de honra, exclusivamente dados a Deus, são inexplicáveis, se Cristo não foi reconhecido como Deus. O termo Jeová era tão sagrado que os judeus não ousavam proferi-lo sequer. No entanto, ele é dado a Jesus no Novo Testamento (Mt 3:3; Jo 12:41).
3) Jesus possui os atributos de Deus. Ele é a vida, conforme (Jo 14.6); tem existência própria (Jo 5.26); é amor (Jo 3.16); é santo (Is 1.35); é eterno (Jo 1.1); é omnipresente (Mt 28:20); é omnipotente ^^^^^ (Mt 28.18).
Não podemos ler estas passagens do Novo Testamento e dar-lhes o devido valor sem reconhecer que Cristo é mais do que simplesmente um homem: é Deus.
(4) As obras de Deus são atribuídas a Jesus Cristo (Jo 1.3; I Ct 8.6, Cl 1.17, Hb 1.10). Jesus ressuscita os mortos e julga o mundo (Jo 5.27-29; Mt 25:31,32).
(5) Jesus recebe e aceita honra e adoração devidas somente a Deus (Jo 5.23; At 7.59, Rm 10.9,13; Fp 2.10,11; Hb 1.6; II Pd 3.1). Diante destas passagens ficamos perante um dilema: ou Jesus era realmente Deus, ou era, então, o homem mais orgulhoso e impostor que o mundo já viu. Mas, sendo Deus, tinha o direito de aceitar a adoração que só a Deus é devida.
(6) O nome de Jesus está ligado ao de Deus de maneira a indicar igualdade (Mt 28.19; I Ct 1.23; II Ct 13.13, II Ts 2.16,17; I Jo 1.23; Ap 20.6).
(7) Jesus é igual ao Pai (Jo 5.28; Fp 2.6).
(8) As provas que o Novo Testamento nos apresenta sobre a deidade de Cristo são corroboradas pela
experiência cristã, a qual reconhece que Cristo é um Salvador perfeito, que revela perfeitamente o Pai, e, por isso mesmo, é digno de toda a adoração. O que a Bíblia nos tem ensinado acerca de Jesus se tem verificado na experiência dos crentes. De sorte que tanto a experiência cristã como a própria Bíblia testificam que Jesus é Deus.
O ESPÍRITO SANTO RECONHECIDO COMO DEUS.
(1) Fala-se d'Ele como se fala de Deus (At 5.3,4; I Ct 3.16; 6.19; 12.46).
(2) O Espírito Santo tem os mesmos atributos de Deus (Rm 15.30; Jo 16.13; Hb 9.14, E/4.30).
(3) As obras de Deus são atribuídas ao Espírito Santo (Gn 1.2; Jo 16.8; Rm 8.11).
(4) O nome do Espírito Santo está ligado ao nome do Pai e ao do Filho, de maneira que indica que Ele é Deus como o Pai é Deus (Mt 28:19 e II Ct 3.3). Neste
caso, como no de Jesus, a experiência cristã dá pleno apoio aos ensinos das Escrituras sobre a deidade do Espírito Santo. Logo que somos salvos por Jesus Cristo, reconhecemos que o Espírito Santo opera em nós e nos ensina as coisas de Cristo. E nós distinguimos este Espírito de Jesus que nos salva e do Pai que nos perdoa. A nossa experiência cristã, portanto, apoia os ensinamentos da Bíblia, confirmando assim a deidade do Espírito Santo.
TRÊS PESSOAS - Por outro lado a Bíblia descreve-nos o Pai, o Filho e o Espírito Santo de tal maneira que nos faz distinguir três pessoas.
0 PAI E 0 FILHO SÃO PESSOAS. Sobre a personalidade do Pai e do Filho não são necessários comentários, porque nada há mais claro e mais geralmente reconhecido. Quanto ao Espírito Santo, porém, já não se dá o mesmo. Nem todos O reconhecem como pessoa, pelo que julgamos conveniente fazer algumas considerações a esse respeito.
O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA.
(1) Com referência ao Espírito Santo fez-se uso do pronome no masculino, embora no grego apareça o género neutro (Jo 16.14).
(2) O termo Consolador significa uma pessoa (Jo 16.7).
(3) Seu nome está mencionado em conexão com outras pessoas, de maneira que indica personalidade.
a)Em conexão com os crentes (At 15.28).
b) Em conexão com o Pai e com o Filho (Mt 28.19; II Ctl3.13;IPdl.2;Jd21).
(4) O Espírito Santo pratica actos próprios de uma pessoa (Gn 6.3; Lc 12.12; At 22.4; 8.29; 10.19,20; 16.6,7; Rm 8.11; I Ct 2.10,11).
(5) O Espírito Santo é atingido pelos actos de outrem como qualquer pessoa o é (Is 63.10; Mt 12.31; At 5.3,44,9; Ef 4.30).
TRÊS PESSOAS SÃO DISTINTAS. O Pai e o Filho são pessoas distintas.
a) Cristo distingue-se do Pai (Jo 5.32,37).
b) O Pai e o Filho são distintos um do outro (Jo 1.14; 3.16).
c) O Pai e o Filho distinguem-se entre si: um como enviado, outro como o que envia (Jo 10.36; Gl 44.4).
(2) O Pai e o Filho distinguem-se do Espírito Santo.
a) Jesus distingue o Espírito Santo de si e do Pai (Jo 14.16,17).
b) O Espírito Santo procede do Pai (Jo 15.26).
c) O Espírito Santo é enviado pelo Pai e pelo Filho (Jo 14.26; Gl4.6).
(3) O Espírito distingue-se do Pai e do Filho.
a) Ele é enviado pelo Pai e pelo Filho, como já vimos em Gálatas 4.6.
b) O Espírito Santo manifestar-se de uma forma vi e distinta do Pai e do Filho (Mt 3.16,17; Lc 3.21,22,
AS DISTINÇÕES PESSOAIS SÃO ETERNAS. Deus sempre existido em três Pessoas distintas. A Bíblia afirma que a Trindade consta de três manifestações é, manifestações em épocas diferentes, da mesma Pe: porque a Trindade não é devida à Sua manifesto tríplice, e sim ao tríplice modo de existência. As manifestações (no Pai, no Filho e no Espírito Santo baseiam-se no modo da existência de Deus. Por isso distinções são eternas.
Façamos mais algumas considerações em torne eternidade das distinções entre as Pessoas da Trine Divina.
(1) Há passagens que falam da existência de Jesus do Verbo como Deus desde a eternidade (Jo 1.1,2 2.6).
(2) Há passagens que ensinam a preexistência de I (Jo 8.58; Ap 22.13).
(3) Há passagens que ensinam a relação do Pai co Filho antes que o mundo existisse (Jo 17.5,24).
(4) Há passagens que falam de Jesus como o Cria do mundo (Jo 1.3; I Ct 8.6; Cl 1.16; Hb 1.2).
(5) Passagens que ensinam a eternidade do Espirro Santo (Gn 11.2; Hb 9.14).
Temos assim estudado a doutrina da Trindade revelação. Deus revelou-se no Pai, no Filho e no Espirito Santo. O "como" e o "no" estabelecem aqui uma grande distinção. Deus não se revelou como Pai, como e como Espírito, senão no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Estas três Pessoas são igualmente divinas, pois inteiramente distintas.
Não temos ainda tratado do modo triuno da existir de Deus. Como é que as três Pessoas podem exi numa? Se o Pai é Deus, se o Filho é Deus, e se o Espírito Santo é Deus, por que não temos três deuses ao ir. de um? Este, o problema que discutiremos no este que vamos iniciar no próximo número de "Novas Alegria": A Triunidade de Deus na revelação.
Autor do Artigo ;
Dinis Rodrigues

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