08 dezembro, 2007

JÓ NO FIM

Vamos abrir então no livro de Tiago, Cap 5 11 Eis que temos por felizes aos que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.

Vamos orar.

Senhor, nós queremos dar graças a ti nesta manhã, pela tua misericórdia renovada em nossas vidas. Senhor. Se cada um de nós pode estar aqui, é porque o Senhor mesmo tem feito alguma coisa. É o Senhor mesmo que nos trouxe, o Senhor mesmo quem nos sustenta. Senhor nós lhes somos gratos. Te louvamos tão fortemente pelo Senhor ter salvo as nossas vidas, ter aberto os nosso olhos, para vermos aquele que de fato é o Senhor dos Senhores, e o Rei dos Reis. Nos apresentamos diante de Ti, conscientes da nossa completa necessidade de Ti, e de como nós não merecemos qualquer coisa de Ti, mas por causa daquele que nos salvou, nós nos apresentamos em sua presença com ousadia, rogando que o Senhor nos conduza, rogando que o Senhor fale aos nossos corações, rogando que o Senhor termine aquilo que o Senhor já tem começado. Te bendizemos Senhor, por esse dia, e rogamos que o Senhor fale aos nossos corações, não para matar a nossa curiosidade, mas para completar aquilo que o Senhor tem para fazer em nós. Em nome do Senhor Jesus. Amém.

Este versículo, ele me lembra um pouco o primeiro versículo que nós lemos na quinta feira, onde falava que o fim da nossa fé, era a salvação das nossas almas. Ou seja, o objetivo da nossa fé era a salvação das nossas almas e aqui, Tiago vai dizer que: tens visto, ouvido da paciência de Jó, e viste que fim o Senhor lhe deu, de maneira que esse versículo sugere que quando Deus permitiu que aquelas coisas todas recaíssem sobre Jó, ele já tinha um fim em vista. Ele já tinha objetivo em vista. E aqui é o único versículo do Novo Testamento que menciona Jó. Ele vai chamar a atenção: "Olha. Tendes visto que fim Deus deu a Jó".

Se vocês forem ler a respeito do livro de Jó, pegar comentários, ou uma série de literaturas, é comum as pessoas acharem que o livro de Jó trata de sofrimento, sofrimento do homem, porque que o homem sofre, e coisas filosóficas deste tipo, e na realidade, nós estamos vendo que não é nada disso. O livro de Jó, não é a respeito de sofrimento. Basta dizer que ele passa boa parte do livro conjecturando, perguntando, questionando, o por quê do sofrimento, e quando Deus fala com Jó, Ele não dá nenhuma das respostas. Ele não fala do porque do sofrimento. De fato, o livro de Jó, não tem a ver com sofrimento. Mas tem a ver com um trato que Deus precisa dar a cada dum de nós, nessas alturas nós todos já sabemos do que se trata: Que é a salvação da nossa alma.

Só lembrando alguns pontos importantes de ontem, nós vimos como lá no Éden, quando Deus formou o homem, Ele formou um ser, o pessoal chama der tricotômico, três partes – espírito, alma e corpo - quando este homem caiu, estas três partes elas caíram. O espírito morreu, o corpo começou a se corromper, e eventualmente morreria, e a alma, ela se fortaleceu, ganhou uma força que não era para ela ter no início. Nós sabemos também que a alma, toda a parte da nossa função que diz respeito a nossa vontade, aos nossos desejos, aos nossos sentimentos, e é interessante observar que se nós formos ver aqueles versículos que se sucedem à queda do homem, aí nós começamos a ver alguns sentimentos desaparecendo. Não havia muita menção de sentimentos antes. Mas depois da queda do homem começam haver menções a sentimentos. Mas quais os sentimentos que a gente encontra lá ? Quando eles pecaram, abrilham-se os olhos e tiveram vergonha, e depois na viração do dia, quando Deus desceu, Adão disse: Ouvi a tua voz e tive medo. Então vocês começam a perceber que, mesmo a alma sendo fortalecida, qual que é a realidade? A realidade é vergonha, medo, uma série de coisas com as quais a gente não consegue lidar. Então, não é de se estranhar que quando Deus falou com eles: Olha. Da árvore do conhecimento do bem e do mal, não comam. Não comam. Não é porque Deus queria privá-los de alguma coisa. Foi exatamente por aí que Satanás tentou levar a conversa. "Olha. Deus está querendo privar vocês disso, porque Ele sabe que no dia que dela comerdes os vossos olhos se abrirão, e como Deus sereis conhecedores do bem e do mal". Essa foi a conversa com a qual a serpente iludiu a Eva. Na realidade, Deus sabia o que ia acontecer. "Vocês vão começar a ter sentimentos, os quais vocês não terão domínios sobre eles. Vocês terão o conhecimento do bem e não terão força para realizá-lo. Vocês terão conhecimento do mal e não terão capacidade para não fazê-lo, para evitá-lo. É exatamente isso de que Paulo vai se queixar no cap 7 de Romanos quando ele diz que "desventurado homem quem sou. O bem que eu quero, não faço. Não tenho forças para fazê-lo. O mal que eu detesto, esse eu faço". Essa é a realidade da alma que foi fortalecida. Evidentemente isso tudo como conseqüência da queda. Então, agora, Deus precisa restaurar aquela condição, na qual ele havia planejado para o homem. Então, o que é que Deus havia planejado para o homem? Deus, quando colocou o homem no jardim, Ele o colocou, digamos, sem um problema de salvação. Ele não tinha que fazer alguma coisa, ou precisar se converter para ser salvo. Porém, ele colocou o homem no jardim, digamos assim, cru, imperfeito , no sentido de que ele ainda não estava completo ainda. Ele não estava pleno ainda. Ele precisaria aprender certas coisas. E uma das coisas que ele precisaria aprender é exatamente fazer que sua alma se sujeitasse ao seu espírito. Em outras palavras, usando s palavras de 1 Co. ele precisaria deixar de ser alma vivente, para ser espírito vivificante. Só que esta expressão, espírito vivificante, em 1 Co, ela é utilizada com respeito ao nosso Senhor Jesus. E quando Deus colocou o homem no jardim, Ele disse assim: "Façamos o homem à nossa imagem" Então Ele já nos dá a dica. Ele estava fazendo uma obra, cujo objetivo era que o homem chegasse à imagem de Deus. E qual que é a imagem de Deus? E qual que é a imagem de Deus, do seu filho. Ele é a expressão de Deus para nós. Não é mesmo? É o espírito vivificante. É aquele cujo espírito conduz, cujo espírito aquele que está no comando. Então quando Deus coloca Adão e Eva no jardim e dá aquelas séries de tarefas, era na realidade o canal meio pelo qual Deus queria que eles aprendessem e passassem por esse processo de obediência e assim de aprender a sujeitar a sua alma ao seu espírito. E assim sim eles seriam formados à imagem de Deus, finalmente. De acordo? Não é um problema de salvação , de eles terem que se converter. Agora, nós sim. Nós precisamos nos converter. Porque sem a nossa conversão, nós não chegamos no ponto em que Adão e Eva estavam quando foram colocados no jardim. Nós temos um problema de estarmos desconectados de Deus. Mas nós precisamos ver isso com grande clareza. A nossa conversão, não é o fim da nossa fé. Salvação do nosso espírito, não é o objetivo final. Aquilo simplesmente o que Deus vai utilizar para nos colocar na estaca zero. Quando nós nascemos, nascemos numa raça caída, nascemos numa estaca menos alguma coisa. Nós estamos na condição de que Deus não pode tratar conosco. Então quando nós nos convertemos, a única coisa que Deus faz, é nos colocar na estaca zero. Novo Nascimento. Começou aqui. Estaca zero. Agora, há todo um processo e esse processo é o processo pelo qual Ele esperava que Adão passasse. E para isso então ele tinha a opção de se alimentar, alimentar o seu corpo, alimentar o seu espírito e alimentar a sua alma. E Deus lhe havia dito: "Cuidado. No dia em que comeres desta árvore, do conhecimento do bem e do mal, certamente morrerás". Quando nós chegamos nesta estaca zero, através da nossa conversão, então é como se nós voltássemos àquele ponto inicial. E Deus nos dá as mesmas opções e as mesmas recomendações. Se o objetivo de Deus fosse apenas salvar o nosso espírito, então não haveria qualquer razão para nós permanecermos aqui depois da nossa conversão. Além disso, nosso Novo Testamento não precisaria do livro de Tiago, nem o livro de Romanos. O de Gálatas resolveriam todos só nosso problemas. Não é mesmo? Mas, Deus tem um propósito muito mais alto, que é de formar em nós, a imagem do seu Filho. E formar em nós o caráter do seu Filho, e nisso daí, isso é um processo. O próprio livro de Hebreus fala do Senhor Jesus. Que Ele, Ele passou por esse processo. Ele aprendeu certas coisas pela obediência. Ele foi feito perfeito. Mas será que o Senhor Jesus não era perfeito antes? Na realidade a idéia daquele versículo é assim: Ele foi feito adequado para ser o nosso Sumo Sacerdote. E o nosso Senhor Jesus Ele nunca precisou se converter. Então vocês vêem que trata-se de um processo que tem que ser a posteriori da nossa conversão. E aí é um processo longo, e quando o Senhor em João cap 10 Ele diz: "Olha. Eu sou a porta. Aquele que entrar por mim entrará e sairá e achará pastagem". Ele está dizendo claramente: Eu sou a porta pela qual vocês vão ter que passar. Mas não é só passar pela porta. Você vai passar por ela, e você quando sair, você vai ter um caminho para trilhar, mas não preocupa não. Você vai achar pastagem. Não vou te deixar na mão não. Mas você vai precisar trilhar este caminho. Não é só uma questão de conversão. Não é simplesmente tirar quem está afogando do mar e colocar no barco. Não. Uma vez no barco, aí o Senhor vai tratar conosco, que é formar em nós a pessoa do seu Filho, o caráter do seu Filho. Então o que nós gostaríamos de fazer hoje, é voltar no livro de Jó e ver alguma dessas coisas, como que isso aconteceu com ele.

Agora nós já sabemos o que é que tem que acontecer com Jó. Porque que ele está passando por tantas tribulações, tantas provações. O inimigo sai de cena no cap 2. O livro tem quarenta e dois capítulos e então nos vemos que o grosso do livro tem a ver com o problema do inimigo. O inimigo atacou no início, mas Jó resistiu e a palavra de Deus diz: "resisti ao inimigo e ele fugirá de vós". E o inimigo de fato, ele se retira, mas agora, começam todas aquelas lutas internas de Jó. Na realidade alguém já disse que o inimigo tem costas muito largas. Tem gente que gosta de culpá-lo por muitas coisas. As intervenções na nossa vida são afiadas, rápidas mas não são muito longas, como o Leonardo mesmo nos lembrou, maioria das vezes ele vem e nos apresenta alguma coisa, que ele sabe que tem alguma ressonância dentro de nós. E daí para a frente ele pode ir embora. Nós somos complicados e pecadores o suficiente para tomar aquilo e fazer confusão. Então, na realidade, você não é tão importante assim para ele ficar muito tempo em cima de você. Ele tem muita gente para ficar chuchando. E evidentemente, ele não precisa se preocupar demais com aqueles que já se perderam. Eles são dele mesmo, então esses aí, já tem o software imbutidos deles e já está na direção certa. Mas ele realmente trabalha conosco, quando ele realmente se apresenta a nós e faz alguma coisa, é muito breve, mas é o que está dentro de nós que dá espaço. E daí para frente é mais ou menos o que aconteceu com Jó. Aquilo começa a crescer dentro de nós, a gente pressiona, a gente pensa, a gente pergunta, vai e volta. Realmente o inimigo poucas vezes ele fica, mesmo com o Senhor. Ele chegou, tentou três vezes. O Senhor resistiu três vezes, e ele foi embora. Até tempo oportuno, ou seja, ele volta. Mas não é que ele fica, fica. O que fica em nós assim, não é ele. Apresenta-nos uma situação e daí para frente realmente o nosso interior que se encarrega de fazer aquelas coisas todas. Só para lembrar da estrutura do livro.

Daqui até aqui, isso aqui é poesia. Essa parte poética do livro. Os outros itens são prosa. E notem que isso aqui é capítulo 3 e até o cap 42, versículo 6 é poesia. Praticamente o livro todo.

(1:1–5) Introdução. Histórico.

· (1:6–2:10) Jó perde tudo.

· (2:11–13) Os três amigos (a chegada).

· (3:1–31:40) Jó e seus amigos.

· (32–37) O discurso de Eliú.

· (38:1–42:6) O Senhor e Jó.

· (42:7–9) Os três amigos (a partida).

· (42:9,10) Jó ganha a "porção dobrada".

(42:11–17) Conclusão. Histórico.

Esse grande trecho de Jó e seus amigos, que nós lembramos que é aquele período que ele fica discutindo com os seus amigos. Ele fica ali argumentando com eles. Então nós gostaríamos de ver alguma coisa a respeito destes três amigos, e isso vai nos ajudar a entender melhor como que nós podemos interpretar essa parte da poesia. Primeira coisa nós vamos ler a respeito de Elifaz. Vamos abrir em Jó. A primeira fala de Elifaz nos dá uma dica interessante. Então isso aqui, logo no início. Cap 4, 12 a 19 . Só lembrando que cap 3, então esse primeiro capítulo em que Jó começa a falar, e basicamente o que ele diz no cap 3 ele diz: "Se for para ser assim, eu não deveria ter nascido. Por que é que eu estou aqui, sofrendo". Então evidentemente, uma das primeiras coisas que acontecem conosco quando nós nos perdemos em nós mesmos, é que nós perdemos de vista o propósito de Deus. Porque se nós lembrarmos que Deus tem um propósito em nossa vida, nós jamais vamos fazer essa pergunta: por que é que eu nasci? Eu não deveria ter nascido. Agora, nós vemos que Jó perdeu isso de vista. E aí ele começa a questionar: para que é que eu estou aqui? antes não tivesse nascido. Logo depois dele pronunciar estas palavras então, é a vez de Elifaz, ele vai dizer o seguinte: 12 ¶ Uma palavra se me disse em segredo; e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela. 13 Entre pensamentos de visões noturnas, quando profundo sono cai sobre os homens, 14 sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram. 15 Então, um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos do meu corpo; 16 parou ele, mas não lhe discerni a aparência; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz: 17 Seria, porventura, o mortal justo diante de Deus? Seria, acaso, o homem puro diante do seu Criador? 18 Eis que Deus não confia nos seus servos e aos seus anjos atribui imperfeições; 19 quanto mais àqueles que habitam em casas de barro, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça

Então você vê que Elifaz, ele tinha um tom místico. Ele chegou para Jó e falou: Olha. De noite, quando o profundo sono caem sobre os homens, eis que vem um espírito. Eu não lhe discerni em aparência mas ele me disse isso aqui. Será que a criatura poderia ser justa e pura diante do seu criador? Então, uma das formas de interpretarmos esse grande trecho do livro de Jó, é a agitação da alma. Do cap 3 até o final do cap 31, é a agitação da alma de Jó. Por uma questão de analogia, os três amigos de Jó, eles podem como que representar aspectos diferentes da alma de Jó. Então seguindo essa linha de raciocínio, de interpretação, Elifaz aqui está representando aquilo que é de místico. Todos nós temos alguma coisa de místico. Então aqui Elifaz vira e fala para Jó. Tive uma visão. Não sei o que é que é não, mas fiquei todo arrepiado. Então nós vemos que Elifaz tem esse caráter, e claro, logo depois que ele fala, Jó vai questionar essas coisas de Elifaz. Ele vai fazer perguntas, vai fazer uma série de questões também. Aí começa todo aquele processo que nós conhecemos bem.

Agora é a vez de Bildade falar, o segundo amigo de Jó que fala. Elifaz Bildade e Zofar. Cap 8 Bildade. Então vocês estão lembrados. Jó falou cap 3, Elifaz fala, cap 4 e 5, Jó vai falar cap 6 e 7, e agora cap 8 Bildade. Primeira rodada. Cap 8 : 8 a 10 8 ¶ Pois, eu te peço, pergunta agora a gerações passadas e atenta para a experiência de seus pais; 9 porque nós somos de ontem e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra. 10 Porventura, não te ensinarão os pais, não haverão de falar-te e do próprio entendimento não proferirão estas palavras: Então, Bildade tem um caráter bem diferente de Elifaz. Elifaz era mais místico. Agora Bildade está caindo mais para o lado da tradição. "Olha. Nós somos nada. Olha para o passado. Olha para os pais. Pergunte a eles. Eles vão te dizer". Então ele vai como que sugerir que Jó começasse a considerar as tradições, tradições que vão se acumulando em torno dos seres humanos e seguem os caminhos mais diversos. Esse é um outro aspecto da alma. Todas as questões das tradições, toda questão mística. E Zofar ele vai falar agora no cap 11. Vamos ler Zofar. Cap 11, 7 a 10. Zofar tem um jeito muito mais dogmático de falar as coisas. 7 ¶ Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Poderoso? 8 Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás fazer? Mais profunda é ela do que o abismo; que poderás saber? 9 A sua medida é mais longa do que a terra e mais larga do que o mar. 10 Se ele passa, prende a alguém e chama a juízo, quem o poderá impedir? Então Zofar é um cara muito dogmático. Ele não dá conversa para Jó. Ele não dá muita conversa para ele. E se vocês estão lembrados, a terceira rodada, muita gente acredita que Zofar, não fala. É o único que não fala na terceira rodada. Foi tão dogmático, tão pragmático que ele disse: "O que eu tinha que falar eu já falei nas outras duas. Na última eu vou ficar calado". Na realidade, é outro aspecto. Então nós temos Elifaz, parte mais mística; Bildade puxa mais para as tradições e Zofar, muito mais prático, muito mais dogmático, muito mais céptico, mais rigoroso com as coisas. Há quem tenha colocado da seguinte forma. Isso foi o irmão Stephen Kaung. Alguns de vocês, imagino que já conheçam. Ele diz o seguinte: "Que Elifaz representa a emoção da alma. Bildade, a mente da alma e Zofar, a vontade da alma". Então nós vemos que o que acontece nesse grande trecho, cap 3 a cap 31, acontece simplesmente o quê? Jó conversando com os seus amigos. Perguntando, perguntando. Os seus amigos, representando a sua alma, tentando responder, dando palpites, daqui e ali, e aí você vê as coisas entrando. Entra um pouco de dogmatismo, um pouco de tradição, um pouco de misticismo, de vontade, de emoção. Está tudo embolado ali, de forma até organizada. Mas nas coisas ali, não há progresso. As mesmas perguntas que Jó fez no comecinho, ele vai fazer lá no fim. Então nós vimos como realmente ele não ganha clareza, não ganha uma luz nova e não ganha uma nova direção para ele seguir. Essa é a grande noite da alma. É o período em que a alma de Jó está realmente questionando, e procurando, procurando respostas, procurando soluções, e as coisas vão rolando. Vale a pena dizer. Muitas coisas que saíram daqui são verdadeiras. São verdadeiras. Mais do que isso, algumas coisas que os amigos de Jó disseram estavam mais certas do que as próprias opiniões de Jó. Nós vimos alguns exemplos também. Não é dizer que é tudo errado, tudo mentira. Não. Não é isso não, mas a despeito de algumas coisas verdadeiras que surgem, a despeito desta grande organização, passa-se o tempo e Jó não fez o progresso que ele precisava ter feito. Agora nós precisamos chegar no final desse grande trecho.

O final deste grande trecho, os últimos três capítulos aqui, evidentemente são os 29, o 30 e o 31, esses três capítulos são chave para entender o livro de Jó. 29, 30 e 31. Nós não vamos ler os três capítulos mas a gente gostaria de ter pelo menos uma impressão do que é que acontece aqui. Uma dica, a gente já deu, no primeiro dia. Esses são os últimos três capítulos que Jó vai falar. Os amigos já não falam mais. O capítulo 29, começa assim: 1 ¶ Prosseguiu Jó no seu discurso e disse:

2 Ah! Quem me dera ser como fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava! E aí ele vai discorrer. Eu só quero chamar a atenção para a quantidade de vezes que aparece a palavra eu. Reparem só alguns exemplos. Versículo 14 Eu me cobria de justiça, e esta me servia de veste; como manto e turbante era a minha eqüidade. 15 Eu me fazia de olhos para o cego e de pés para o coxo.

17 Eu quebrava os queixos do iníquo e dos seus dentes lhe fazia eu cair a vítima. 18 ¶ Eu dizia: no meu ninho expirarei, multiplicarei os meus dias como a areia. 19 A minha raiz se estenderá até às águas, e o orvalho ficará durante a noite sobre os meus ramos.

E por aí vai. Se vocês lerem este capítulo 29, Jó faz referência a si, pelo menos quarenta vezes. E olha que não tem tantos versículos assim. Reparem, e sintam o drama. Essa pessoa, ficou nesse tempo todo lutando, perguntando, questionando, e chega no final ele está centrado em si mesmo. Eu era assim, era assado, era assim, era assado. Muito bem. Cap 30. Começa assim: 1 ¶ Mas agora se riem de mim. Então você logo sentiu qual que é a seqüência que ele está seguindo. 29: 2 Ah! Quem me dera ser como fui nos meses passados E o 30 1 ¶ Mas agora. Então, o cap 30 é uma lamúria do começo ao fim. E ele vai dizer: ele me arruinou. Deus pesou a mão sobre mim, eu perdi tudo que eu tinha. Ele chorou do início ao fim do cap. 30. Mas interessante irmãos, é o seguinte. no cap 29, o "eu" de Jó está no centro. No cap 30, também "eu" de Jó está no centro. A gente tem a idéia, a gente faz assim; Olha. Conheço uma pessoa egocêntrica. Naturalmente nós ficamos imaginando uma pessoa que gira em torno de si, mas a gente sempre associa isso com uma pessoa orgulhosa, que acha que o dele é sempre o melhor, não é? Uma pessoa que não liga para os outros, etc...etc... mas aquela pessoa que é exatamente o oposto: "Eu sou um pobre coitado, tudo dos outros é melhor, nada meu presta". Vocês já devem ter encontrado pessoas assim. São tão egocêntricas quanto. Tudo girando em torno de si do mesmo jeito. A forma de girar é que é diferente. No sentido anti-horário, mas ela é egocêntrica do mesmo jeito. Ela está tão preocupada consigo mesmo que não consegue tirar os olhos de si. É o caso então de Jó, que saiu de um extremo, cap 29, para outro extremo, cap. 30. E no cap 31, o que Jó faz, é exatamente se justificar diante de Deus. Ele vai encerrar dizendo assim: "Olha. Eu não fiz nada de errado, e tenho dito".

Vamos só ler alguns versículos só para sentirmos o tom deste capítulo 31.

1 ¶ Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela? 2 Que porção, pois, teria eu do Deus lá de cima e que herança, do Todo-Poderoso desde as alturas?

13 Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva, quando eles contendiam comigo, 14 então, que faria eu quando Deus se levantasse? E, inquirindo ele a causa, que lhe responderia eu? 15 Aquele que me formou no ventre materno não os fez também a eles? Ou não é o mesmo que nos formou na madre? 16 ¶ Se retive o que os pobres desejavam ou fiz desfalecer os olhos da viúva; 17 ou, se sozinho comi o meu bocado, e o órfão dele não participou 18 (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como se eu lhe fora o pai, e desde o ventre da minha mãe fui o guia da viúva.);

Cá para nós, heim. Esse aí perdeu o rumo de casa. Desde o ventre da minha mãe eu era.....aí é demais. Tudo bem. Pulando para o final do cap. 31. 35 Tomara eu tivesse quem me ouvisse! Eis aqui a minha defesa assinada! Que o Todo-Poderoso me responda! Que o meu adversário escreva a sua acusação! Ele está dizendo. "Quem se prontifica a fazer acusação contra mim"? Ele estava tão certo e tão ciente de que ele era justo, que ele não tinha pecado, que ele chega a tomar esta atitude. 36 Por certo que a levaria sobre o meu ombro, atá-la-ia sobre mim como coroa; 37 mostrar-lhe-ia o número dos meus passos; como príncipe me chegaria a ele.

Esses três capítulos, a gente costuma dizer que é o grande tributo do "eu" de Jó. Cap 29 é o "eu" da prosperidade de Jó. O que é que ele era. O cap 30, é o "eu" das aflições de Jó, todos os problemas que lhe acometeram, as suas aflições. E o cap. 31 é o "eu" da justiça própria. Então Jó vai se justificar diante de Deus. Então nós vemos que de fato Deus precisava fazer alguma coisa. Ele precisava tocar na vida de Jó. E Ele o fez, nós lemos como no cap 29, antes de Jó ser tocado, ele disse: eu estava no meu ninho, eu estava confortável, e lá eu disse: As minhas raízes se estenderão até as águas, e meu arco ele se fortalecerá. Agora, veja o que é que ele diz no cap 30, quando ele já viu o outro lado da história. Cap 30 11, ele diz assim: 11 Porque Deus afrouxou a corda do meu arco e me oprimiu; pelo que sacudiram de si o freio perante o meu rosto. Deus afrouxou a corda do meu arco. Então essa realidade Jó finalmente conseguiu enxergar. Ele achava que o arco dele ia ficar cada vez mais forte. Agora é como se Deus fosse lá e afrouxasse. Igual chegar aqui e sabotar os violões. Todas as cordas frouxas, bambas. Não tem condição. E o arco é a mesma coisa. Com a corda frouxa o arco não lança nada. A força dele está exatamente naquela tensão que existe na corda. Ele diz, e teve este entendimento: Deus foi lá. Eu achava que o meu arco ia se fortalecer cada vez mais e Deus foi lá e afrouxou a minha corda.

Quem se lembra como é que começa esse grande trecho da poesia? Primeiro dia nós começamos lendo o versículo. Quem se lembra. Cap 3 1: 1 ¶ Depois disto, passou Jó a falar e amaldiçoou o seu dia natalício. Estão lembrados disto? Então, Jó é atacado uma vez, Jó é atacado duas, e depois disso, passou Jó a falar, depois disso, começou Jó a falar. E nós sabemos agora que esse falar na realidade nos diz muito da agitação da alma dele. Então é basicamente como que dizendo: Depois do que aconteceu então a alma de Jó, começou a se mover, começou a ficar agitada, começou a questionar, começou a inquirir, começou a perguntar, começou a justificar, começou a ficar com dó de si mesmo, começou e começou, e nós sabemos o que é que aconteceu, e esse trecho vai encerrar de uma forma muito bonita. A última frase, do cap 31 é desse jeito que encerra essa longa e escura noite da alma. Encerra-se com a seguinte frase: "Fim das palavras de Jó". Fim do agito da alma de Jó. Jó fala o seguinte: Chega. Daqui eu não passo. Rodou, rodou, rodou e estou aqui de novo? Agora acabou. Fim das palavras de Jó. O Wagner me chamou a atenção para a trajetória dos filhos de Israel no deserto e de fato existe uma analogia muito bonita, mas fica aqui o desafio para quem quiser tentar fazer isso.

Então, tendo saído do Egito, mais uma vez, logo se vê que o objetivo de Deus não era simplesmente tirá-los do Egito, porque senão logo depois da travessia do mar Vermelho, eles teriam um helicóptero esperando por eles ali, mas não. O objetivo dele era muito acima, era levá-los e colocá-los dentro de Canaã. Quem sabe o Leo fale disso da próxima vez? Mas o que é que acontece? Não dá para ganhar sempre, não é? Mas o que é que acontece? Nisso daí houve, pouco depois da travessia, pouco depois da saída deles do mundo, então, alguns probleminhas, tais como falta de água, começam a faltar aquelas coisas com as quais estavam acostumados lá no Egito, e eles começam a murmurar, e começam a perguntar, e começam a pressionar, perguntando o que eles haviam ido fazer ali; o Senhor nos tira de lá parar morrermos aqui. Antes tivesse morrido lá. É muito parecido com o cap. 3 de Jó. Para passar por isso daqui, antes não tivesse nascido. O que é que aconteceu com eles? Ficaram rodando, rodando, rodando, quarenta anos sem progresso. Muito semelhante ao que aconteceu com Jó.

Mas, um dia, Jó passa por isso daqui. Interessante é o seguinte: Aqui é o narrador já. Alguém que está narrador está dizendo: Fim das palavras de Jó. Jó se calou, e vocês estão lembrados que quando isto acontece, existe um coisa muito importante que ocorre daqui para cá. Quem se lembra? Como é que começa esse trecho? Começa com prosa. Há, de fato, uma quebra . Jó se cala e a poesia, ela cessa. O Espírito Santo insere cinco versículos de prosa, dizendo: Olha. Acabou mesmo. Existe uma desconexão física aqui. Essa quebra, ela é fundamental. Agora vai continuar a poesia. Mas ela vai continuar de forma diferente. Aí vai começar Eliú. Ele não é um dos amigos de Jó, e nós só descobrimos que Eliú está ali, agora neste instante, mas ele vai dizer alguma coisa interessante. Ele nós vai dar a entender que ele esteve ali o tempo todo. Vamos ver, a partir do versículo 6, os primeiros versículos da fala de Eliú. Então, cap 32 começa assim: 1 ¶ Cessaram aqueles três homens de responder a Jó no tocante ao se ter ele por justo aos seus próprios olhos.

Olhem que interessante irmãos. fim das palavras de Jó, e quando ele decide se calar, aqui diz que os amigos também cessaram de falar. Eles também desistiram de ficar respondendo a Jó e de tentar convencê-lo de qualquer coisa. Versículo 6 ¶ Disse Eliú, filho de Baraquel, o buzita: Eu sou de menos idade, e vós sois idosos; arreceei-me e temi de vos declarar a minha opinião.

7 Dizia eu: Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria.

É como se ele dissesse o seguinte: Eu estava aqui, estou ouvindo e estava até afim de dar um palpite mas eu sou de menos idade. Fiquei quietinho aqui e disse para mim mesmo: Deixe os mais velhos falarem primeiro. Falem os dias. Mas agora ele vai dizer e vai falar assim:

8 Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso, o vento do Todo-Poderoso o faz entendido. E aí ele vai continuar falando. Se por algum lado nós podemos fazer uma alegoria dizendo que os três amigos de Jó, representavam aspectos diferentes da usa alma, Eliú ele representa o espírito de Jó. Ele estava ali o tempo todo, ele era mais novo e o nosso espírito é sempre mais novo que a nossa alma, não é mesmo? A nossa alma tem a mesma idade do nosso corpo. Quando nós nascemos, nasce a nossa alma. Só que nosso espírito ele só nasce no dia em que nos convertemos. Necessariamente, o espírito é mais novo, e logo no início da fala de Eliú, ele deixa muito claro esta questão do espírito. Ele diz. Olha. Na verdade há um espírito no homem e o sopro do Todo-Poderoso, o faz entendido. E agora Eliú, ele vai deter a sua participação, e ele vai falar de algumas coisas e na fala dele há uma progressão clara. Ele começa com estas palavras e daqui a pouco ele vai chamar a atenção de Jó. Ele fala: Você está se achando mais justo do que Deus. Que negócio é esse? Você está sofrendo, tudo bem, mas falar que você é mais justo do que Deus? Negativo. E aí ele continua assim. Ouve-me mais um pouco porque eu ainda tenho palavras para justificar a Deus. E aí ele tira Jó de cena e começa a justificar a Deus, como que exaltando a Deus. E nessa ele continua e diz: sabe do que? Deus é Deus criador, de tudo o que existe. Vai falar da criação e aí, o que é que acontece? Logo depois que ele termina, vamos olhar isso, acho que vale a pena a gente ver esta transição. Final do cap. 37, o último capítulo da fala de Eliú. Vamos aproveitar os três versículos. Ele está falando da criação. Cap 37 22 Do norte vem o áureo esplendor, pois Deus está cercado de tremenda majestade. 23 Ao Todo-Poderoso, não o podemos alcançar; Ele é grande em poder, porém não perverte o juízo e a plenitude da justiça. 24 Por isso, os homens o temem; Ele não olha para os que se julgam sábios. Cap 38 1 ¶ Depois disto, o SENHOR, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: 2 Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento. 3 Cinge, pois, os lombos como homem E aí ele vai começar a falar com Jó. Não há quebra entre a fala de Eliú e a fala de Deus. Não há prosa aqui. Aqui faz-se um bloco de poesia só.

Lado B

Então, se da fala de Jó com os seus amigos, ele precisa se clara e aí há uma quebra que o Espírito Santo tem o cuidado de registrar através de prosa, por outro lado, quando Eliú começa a falar, daqui para cá há uma transição suave, inclusive de assunto. É como se ele estivesse preparando o caminho para a intervenção de Deus.

Então, irmãos, uma coisa parece clara. E aí claro, quando Deus fala com Jó, Deus vai convencer a Jó, e Jó vai chegar rapidamente ele vai chegar e falar assim: "Olha. Eu falei do que não sabia. Eu não devia ter falado. Eu não vou falar mais". Definitivamente Jó viu o Senhor. Mas, qual que foi o processo pelo qual Ele precisou passar? Ele precisou se calar. A alma dele precisou sossegar, precisou parar com aquele questionamento, aquele período, aquele processo todo de perguntas e inquirições, dos quês e dos por quês, e quando isso acontece o espírito dele, está agora como que livre para falar com Jó, para justificar a Deus diante de Jó, para representar a Deus diante de Jó e enquanto o espírito de Jó está ministrando para ele, então, Deus por sua vez tem o seu caminho em nós. Deus vem e fala com Jó de forma suave. Não existe uma quebra. A transição ela se dá, inclusive de assunto, e Deus vai falar com Jó e vai fazer mais perguntas do que Jó fez. Antes que os irmãos fazerem uma pergunta "a la Jó" para Deus, lembrem-se que não vem respostas. Vem, sim, mais perguntas, que nós não temos como responder. Então, as perguntas que nos cabem fazer ao Senhor é: "Senhor, qual é a tua vontade"? Mas nunca por que, por que eu, por que agora. Aí o Senhor vai nos chamar como fez a Jó: "Espere aí Jó. Escuta aqui. Está vendo aquela montanha ali. Olhe que bonita. Onde você estava quando eu fiz aquela montanha?" Evidentemente, Jó não tinha resposta e ele se arrependeu. Então irmãos. Eu acho que o que nós podemos tirar disso tudo é que esse processo e esse processo de salvação da alma, em algum momento a nossa alma vai ter que si calar e ela vai ter que se aquietar, ela vai ter que se render, para que o Senhor faça a sua obra. Então, se Jó não tivesse se calado depois da terceira rodada, ia ter uma quarta, uma quinta, uma sexta. Se Jó tivesse se calado depois da primeira, ia ter só a primeira. Então, a moral da história é o seguinte. Quanto antes sossegarmos diante de Deus, quanto antes nos rendermos, tão menos complicado será para nós. Vocês estão vendo as nossas meninas por aí, as três puxaram os pais. Pecadoras que só vendo!! Mas é interessante que você vê o seguinte: a mais velha, Priscila, ela faz tanta bobagem quanto Melissa. Só que ela se rende muito mais fácil do que a irmã. Melissa, mas olha, ela vai tentar, vai tentar. Diga-se de passagem que Melissa apanha muito mais do que Priscila. Muito mais, mas é porque não tem jeito. Ela está pedindo para acontecer. Então eu fico vendo. As duas estão na mesma situação. Eu falo com Melissa: se você se render, não nessas palavras. Aí ela começa: "Pai, o que é render"? Aí já viram que a conversa vai para outro lado. Mas se ela se rendesse como a irmã, quem ia sair lucrando era ela. Não tenha dúvida. As vezes a nossa vida com o Senhor é assim. A gente reluta em se render ao Senhor, e quando se rende, a gente chega àquela inevitável conclusão: Por que eu não fiz isso antes? Não é? Se eu soubesse eu teria feito isso antes. Mas o Senhor está nos dizendo: Olha. Olha a vida de Jó. Olha o qu3e aconteceu com ele. Enquanto ele não se calou, enquanto ele não se rendeu, ele não teve o progresso que ele precisava ter. Muito bem.

Jó, no final, já estava com dó de si mesmo. Se os irmãos quiserem entrar em um estado do qual não tem saída, é esse. Fiquem com dó de si mesmo. Acabou. Não irá progredir nem um milímetro. Nada. Zero.

O estado físico de Jó, nós não lemos os versículos, mas a pele diz que estava caindo do seu rosto. Uma vez eu perguntei para o Brasil, que ao ler os versículos, qual seria o diagnóstico? Você acha que uma pessoa assim estava com gripe? (cutucando o Brasil) Vocês o conhecem? O pediatra. Um cara que chegasse para mim e desse esse relato pelo telefone, eu ia vê-lo no IML. Então, a situação de Jó, é realmente, do ponto de vista físico, totalmente deplorável, e olhem só as palavras de Deus: "Levante aí rapaz. Cinge-te como um homem. Que moleza é essa"? Palavras duras irmãos. Eu não tinha coragem de falar isso para Jó não. Mas Deus viu onde que Jó estava. Jó estava no mundo olhando para si, como se Deus falasse: Acorda. Tem mais coisas aí. Levanta. Cinge-te como um homem. Vou te perguntar algumas coisas aqui. Vamos ver se você me responde. Então essa foi a primeira palavra de Deus para Jó.

Então, se essa experiência de Jó, se ela está digamos, ilustrando a salvação da alma, se esse é o assunto central do livro de Jó, não é sofrimento irmãos, não é castigo de Deus, irmãos. Não é a paciência de Jó, ele teve paciência sim, mas não é um tributo à paciência de Jó. Mas é a salvação da alma. Nessa estrutura tão simétrica, se esse assunto, é o assunto central, aonde é que vocês acham que nós encontraríamos alguma dica? Aqui mesmo, não é? Não é o centro simétrico das idéias? No livro? Se o assunto da salvação da lama, de fato, é central, no livro de Jó, provavelmente nós vamos encontrar alguma dica em algum lugar do discurso de Eliú. E de fato nós queremos ler alguns versículos no cap 33 22 A sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida, aos portadores da morte. Então aqui, nós vemos o processo de morte da alma. A alma está em processo descendente. Há todo um processo de "salvação" nesses versículos, que depois os irmãos podem ler, e depois vamos pular direto para versículo 28 Deus redimiu a minha alma de ir para a cova; e a minha vida verá a luz. 29 ¶ Eis que tudo isto é obra de Deus, duas e três vezes para com o homem, 30 para reconduzir da cova a sua alma e o alumiar com a luz dos viventes. Então ele está falando assim: Olha. A alma começa no processo de descida, mas Deus vai intervir. Se isso acontecer, Deus vai fazer alguma coisa. E aí ele vai reconduzir essa alma da cova. São aquelas palavras do Senhor Jesus: Mateus 16:25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.

Quem fizer este caminho de descida, vai descobrir que na realidade ele vai estar ganhando a sua alma, por que? Porque a alma vai voltar a entrar para que o espaço que Deus originalmente havia previsto para ela. E no versículo 21, uma visão mais física do que é este processo: 21 A sua carne, que se via ( está falando de Jó, o processo de emagrecimento dele) agora desaparece, e os seus ossos, que não se viam, agora se descobrem. Então esse processo irmãos, de salvação da alma, uma conseqüência é isso: coisas que aparecem em nós, elas precisam ser escondidas, elas precisam perder força. Não foi isso que João Batista disse quando viu o Senhor? Importa que Ele cresça e eu diminua. De alguma forma nós precisamos sair de cena e aquilo que estava escondido, tem que começar a aparecer, mas isso vai ser natural. Se nós sairmos de cena, se a carne sumir, os ossos naturalmente vão aparecer. Então essa é uma ilustração também deste processo de salvação da alma. Vamos pular já para o final do capítulo do livro, cap 42 1 ¶ Então, respondeu Jó ao SENHOR: 2 Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. O que é que Jó havia perdido de vista no cap 3, logo no início? A visão do propósito de Deus, a visão do plano de Deus. Não é? "Por quê que eu nasci então? Que bobagem. Se é para sofrer, então Tchau". Agora ele está dizendo. Pensei que tudo podes e nenhum dos teus propósitos pode ser frustrado. A primeira coisa que acontece conosco quando a gente vê alguma coisa do Senhor, aí nós voltamos a ter uma visão do propósito Dele. Ele tem um plano, um propósito, um alvo, com o qual ele quer trabalhar conosco. 3 Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. 4 Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. 5 Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. 6 Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.

Então, agora Jó disse o seguinte. " Depois disso tudo ter passado, agora os meus olhos te vêem, e por isso eu me abomino no pó e na cinza."

Caps. 29, 30 e 31, são a exaltação do "eu" de Jó. O "eu" é a sua prosperidade. O "eu", nos seus problemas, e depois o "eu" da sua justiça própria. E aqui depois de ver o Senhor, há também três menções ao "eu", mas bem diferentes. "Eu te conhecia só de ver". "eu me arrependo agora no pó e na cinza" "Eu falei do que não sabia". Quando nós vemos o Senhor, nós não sumimos, mas nós passamos a ter uma visão mais clara do que nós somos. Com o Senhor em cena, a nossa posição entra em contexto e aí a gente tem uma visão mais clara do que nós somos e do que é que Deus está fazendo conosco. Basta o Senhor sair de cena que, ou nós vamos estar no cap 29, ou no 30 ou no 31, do livro de Jó. Mas que coisa interessante irmãos. Ele diz o seguinte: "eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem". Isso é impressionante para mim, porque Jó já era uma pessoa de grande comunhão com Deus, de lidar com Deus face a face, e agora ele vai dizer. "Eu te conhecia de ouvir, só te conhecia de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem".

Irmãos, eu creio que o seguinte: quando nós ganhamos uma nova visão do Senhor, e olharmos para trás, e como se a gente dissesse: Agora é tão diferente que, comparado com o passado essa experiência, "eu estou vendo o Senhor". Antes era só, só de ouvir. Por mais que você visse o Senhor antes, quando o Senhor vem e se revela novamente e o faz de uma forma mais plena. Agora ele diz. Comparado com o passado, o que eu estou vivendo agora, é ver o Senhor com os meus próprios olhos. Eu usava muito este versículo quando me converti para pregar o Evangelho para os outros. Eu aplicava este versículo da seguinte maneira. Antes de converter eu só conhecia o Senhor de o ver, o que não era errado, mas agora os meu olhos o vêem. Agora, eu posso hoje, utilizar este mesmo versículo comparado com aqueles dias depois da minha conversão. Por que isso irmãos? Porque o crescimento espiritual, essa salvação da alma, é um processo e ele é um processo - a melhor figura que eu já ouvi - é que ele é um processo helicoidal. Ele circula assim, mas se a gente estiver no caminho certo, quando você voltar aqui, você está um pouquinho acima. Você vai dar a volta, e um pouquinho acima, um pouquinho acima, e depois de um bom tempo, você percebe, se olhar para trás, quando que o Senhor já ganhou, quanto que o Senhor conquistou nossas vidas. Mas se nós cairmos na bobagem de fazermos uma comparação a curto prazo, a impressão que nós temos é que estamos no mesmo lugar. Puxa vida! De novo!! De novo!!!!! E aí o acusador oh!, entra na brecha fácil, fácil. Você dá a volta, pertinho. Na realidade você está um pouquinho acima, mas você não está vendo isso. Você precisa deixar o tempo passar, olhar para trás, e aí você vê o quanto que o Senhor já fez, e aí nós poderemos juntos com Jó dizer: Eu conhecia só de ouvir. É a nossa oração que daqui a algum tempo, não muito distante, olhando para estes dias, nós possamos dizer a mesma coisa: eu, naquela época, sete de setembro, lá de 2000, eu conhecia o Senhor só de ouvir. Hoje os meus olhos o vêem. E nós, vamos precisar da eternidade, nós vamos precisar da eternidade para conhecer este Senhor, e nós sempre e sempre teremos essa nova sensação de que agora os meus olhos te vêem, de que nosso Senhor, Ele é inesgotável.

Não é o fim da história. Veja, percebam que estas coisas, Jó estava exatamente como esteve, desde o final do cap 2.

Jó não havia sido restituído ainda. Ele ainda estava lá, morto vivo, ele ainda estava com os seus problemas. Então irmãos, essa nova visão que ele teve, independe completamente dele ser restaurado, ou não. Você já sente que Jó já está livre, você já sente que Jó está leve, você já sente onde Jó chegou onde tinha que chegar. Ele alcançou o que ele tinha que alcançar. Então agora o Senhor lhe restitui todas as coisas. Não vamos achar que foi quando Deus restituiu que Jó disse: "agora sim. Agora sim". Não. Jó já havia entrado na posição que ele precisava adentrar e agora Deus vai lhe conceder o dobro e eu quero encerrar com este pensamento: Se Deus já tinha alcançado o que Ele tinha que alcançar com Jó, ao final destes versículos do cap 42, então isso quer dizer que quando Deus vai dar o dobro para ele, isso é quase como um selo: Ele já conseguiu, então vou selar. Aquele selo então tem que nos dar uma dica do quê que é que Deus está fazendo na vida de Jó. É como se fosse assim, um selo de qualidade. É como se dissesse: vou carimbar aqui. passou no teste de qualidade. E esse selo é dar o dobro para ele. Aí eu quero perguntar aos irmãos, o que é que isso tem de especial para nós: O que é que isso tem de especial para nós, o dobro. Por que é que não deu o triplo? É bom. Nessas alturas, Jó merecia o triplo. Mas não, deu o dobro. Por que o dobro. O que há de especial com este dobro? Quem que ganhava o dobro no antigo Testamento? Eram os primogênitos, não eram? A porção da primogenitura, não era a porção dobrada? Não é mesmo? Agora, quem é que é o nosso primogênito, segundo Colossenses, segundo Romanos, o primogênito de toda a criação? É o nosso Senhor Jesus. Então irmãos, quando vocês verem essa expressão o dobro, na Bíblia, é sempre uma menção ao caráter do nosso Senhor Jesus. Não é? Então, aqui quando Jó, lhe é dado o dobro, é como se ele tivesse ganho, esse direito de primogenitura, e o nosso primogênito é o nosso Senhor Jesus. Então nós vemos aqui a concretização, da formação do caráter do Senhor Jesus em Jó. O livro de Jó não é a respeito de salvação do espírito: alguém que não é filho, torna-se filho. Mas na realidade é um amadurecimento de filho para filho primogênito. Alguém simplesmente que Nasceu de Novo, para alguém que agora vai ter o seu caráter, o caráter do Senhor formado nele. Quando Deus dá o dobro a Jó, é como dizendo: "Agora o seu caráter está mais próximo do do meu Filho. Agora você está mais próximo de um primogênito. Eu vou te dar, então, o dobro. Já perceberam que aquela parábola dos talentos ela é interessante? Aquele que tinha cinco ganhou mais cinco, dez, e aquele que tinha dois, ganhou mais dois, quatro, e aquele que tinha um, enterrou e ganhou zero. As palavras para o servos, que duplicaram o que eles tinham foram exatamente as mesmas. Não foi? Mateus 25:21 Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; Não há qualquer distinção, porque o Senhor não está preocupado, se no final da jornada nós vamos ter um crédito, meio crédito, dois talentos dez talentos, cinco talentos, mas Ele está preocupado com o processo, e os dois primeiros servos eles passaram por esse processo de duplicação, o processo de Jó. O que eles tinham foi duplicado. O que é que é isso irmãos? Isso é ser feito de filho para filho primogênito, isso é a formação do caráter do Senhor Jesus em nós. Como que isso pode acontecer? Nós temos que deixar de ser alma vivente, e precisamos nos tornar espírito vivificante. Essa é a obra do Senhor em nossas vidas. E ontem a noite estávamos falando com os jovens a respeito disso, eu e Jacó: a Mara é legal. Ela chega e fala assim: 'Olha. Você fala com eles'? Falo. Eu sou o Jacó. Tem que ser Esaú e Jacó. Tem dois gêmeos lá, e achei que ia ser jóia. Mas graças a Deus foi jóia.

Por que existe um versículo, nós vamos fechar com este versículo, que repreende a atitude de Esaú? Se a gente tivesse que escolher entre Jacó e Esaú, muitos de nós, eu inclusive, provavelmente escolheríamos Esaú, que não era mentiroso igual ao irmão, ele não era trapaceiro igual ao irmão. Ô mau caráter este tal de Jacó. Mas Esaú ele cometeu um erro que nós não podemos cometer. E foi isso que eu disse para os jovens ontem a noite. Hebreus cap 12 : 16 nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. O grande erro de Esaú irmãos, foi que ele abriu mão do direito de primogenitura, e o fez por uma banalidade. Por um prato de lentilhas. Mas irmãos. Esse foi o erro de Esaú. E aqui, no livro de Hebreus, vai nos dar essa tensão. "Olha. Cuidado para não fazer essa bobagem Abrir mão desse privilégio de sermos feitos à imagem do nosso Senhor, a nossa primogenitura, por uma banalidade". Esse processo é penoso, Jó que o diga, mas a palavra do Senhor é no sentido de encorajar, nos encorajar a preservaremos firmes, deixarmos o que o Senhor tem de fazer e nos rendermos a Ele o quanto antes, para não termos de passar por tudo o que Jó passou. Vamos orar.

Senhor nós te damos graças porque nos consideramos dos mais bem aventurados entre os homens. Não apenas Senhor, por conhecer a ti, mas Senhor por perceber o grande cuidado que o Senhor tem conosco, e como o Senhor quer tratar conosco. Senhor, nós somos tão teimosos, tão difíceis de nos rendermos a ti, queremos nesta manhã, na presença dos nossos irmãos, nos render a ti e pedir que o Senhor continue a fazer o que já tem feito. Pelo teu Espírito nós rogamos que esteja aplicando a palavra em nossas vidas, discernindo alma e espírito. Ajuda-nos Senhor a olha para trás e ver quão grandes coisas já tem feito por nós. Senhor que isso seja glória para ti e alento para nós prosseguirmos. Em nome do Senhor Jesus. Amém.

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