02 julho, 2007

Cristo, o padrão da Vida JAIRO DOS SANTOS

Vamos abrir no livro de Gálatas, cap. 2

20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.

Lucas cap. 9,

28 ¶ Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de orar. 29 E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura.

30 Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias, 31 os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém. 32 Pedro e seus companheiros achavam-se premidos de sono; mas, conservando-se acordados, viram a sua glória e os dois varões que com ele estavam. 33 Ao se retirarem estes de Jesus, disse-lhe Pedro: Mestre, bom é estarmos aqui; então, façamos três tendas: uma será tua, outra, de Moisés, e outra, de Elias, não sabendo, porém, o que dizia. 34 Enquanto assim falava, veio uma nuvem e os envolveu; e encheram-se de medo ao entrarem na nuvem. 35 E dela veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.

Vamos ter mais uma palavra de oração.

Amado Pai, te damos graça porque podemos estar na presença do Senhor. Pedimos Pai, que o Senhor fale conosco hoje, através da Tua palavra. Se o Senhor não falar, não importa quantas palavras forem proferidas aqui, pois nenhum valor terão. Se o Senhor falar, ainda que sejam poucas palavras, elas terão um valor eterno. Senhor. Realmente pedimos que o Senhor abra o nosso entendimento, e revele quão grande, quão doce, quão precioso é o nosso amado Senhor Jesus Cristo. Pai santo. Nós te daremos toda a glória, em nome do Senhor Jesus, amém.

Na verdade, o ideal é que nós pudéssemos estar todos assentados no mesmo nível, e quem sabe até em um círculo, porque o nosso desejo hoje a noite, de fato, é que o Senhor fale ao nosso coração, e infelizmente por causa de questões operacionais, questões práticas, então temos que ter uma mesa, e algo um pouco mais elevado aqui, para que os irmãos possam me ver, mas nós cremos que o Senhor está aqui conosco e por isso nós temos a expectativa que o Senhor fale ao nosso coração.

O Senhor prometeu que onde dois ou três estivessem reunidos em nome do Senhor, ali Ele estaria, e nós queremos iniciar o compartilhar de hoje, reverenciando a presença do nosso Senhor. Sabemos que o Senhor está aqui conosco.

O tema do compartilhar desses três dias, ontem a noite, hoje a noite, a amanhã pela manhã, é o assunto da vida. Como ontem muitos irmãos não estavam presentes, nós vamos fazer hoje - pedir perdão aos irmãos que estavam ontem - um pequeno resumo daquilo que foi compartilhado ontem e depois prosseguir.

Nós começaremos considerando essa questão da vida com uma pergunta, e essa pergunta é: o que podemos considerar como a normalidade da vida de um cristão? O que é a vida normal de um cristão? Não estamos nos referindo à vida comum, nem à vida da média da maioria dos filhos de Deus, mas o que seria considerado a vida normal. Se nós compararmos com a experiência da grande maioria de nós, na verdade a vida do cristão deveria ser uma vida cheia de paz, cheia de gozo, cheia de alegria, cheia de vitória, cheia de graça de Deus, mas nós temos que ser honestos e confessar que essa não é a realidade da vida de muitos de nós. E o que dizer então, se nós tomarmos por exemplo o sermão no monte, e compararmos com a vida que a grande maioria de nós vive, e pensarmos assim: será que alguém já viveu sobre a terra essa vida descrita no sermão no Monte, essa vida de ser pobre de espírito, de ser manso, de ser misericordioso, de ser pacificador? Quanto mais nós comparamos a vida que nós conhecemos com aquela vida descrita na palavra de Deus, como ela deveria ser, mais nós chegamos à conclusão que talvez seja praticamente impossível viver essa vida sobre a terra. Ou podemos chegar à seguinte conclusão: se há alguém que viveu essa vida sobre a terra, esse alguém é o nosso Senhor Jesus. Mas quando nós fazemos essa consideração, nós vamos descobrir um segredo da vida de um cristão. E esse é o mesmo segredo que o apóstolo Paulo descobriu, e que está escrito no cap 2, versículo 20 do livro de Gálatas. Paulo disse assim:

20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim;

Nós entendemos e cremos que essa não é a experiência simplesmente, ou unicamente do Paulo. Não cremos que essa é uma experiência especial entre os filhos de Deus. Nós cremos que aqui Paulo está dando a definição da vida do cristão. Ou seja, a nossa vida, como cristãos, não consiste em um conjunto de regras, não consiste em um determinado conjunto de princípios, mas a nossa vida, de acordo com o Paulo, é “não mais eu, mas Cristo”. Não é algo que eu faço. Não é algo que eu posso compreender e praticar. Não é algo que eu posso ter um exemplo e seguir, mas aqui nos fala de uma substituição. “Não eu, mas Cristo”. Paulo começa dizendo que está crucificado com Cristo. Logo já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Enquanto nós não entendemos o princípio de vida, nós lutamos muito. Vocês conhecem aquela história que ontem nós mencionamos, do cristão ansioso. É uma ansiedade aparentemente santa. Aquele cristão que é ansioso para viver uma vida santa. Ansioso para viver uma vida livre do pecado, nervoso para andar de acordo com aquele padrão que Deus estabelece nas escrituras. Mas não é uma contradição? Nós como cristãos, deveríamos ser cheios de paz. Cristão nervoso, cristão se esforçando para viver a vida cristã. Na verdade, a nossa vida como cristãos, é não mais eu, mas Cristo. Isso nos fala em primeiro lugar, não de uma transformação. Não é assim: eu ontem era mau, não era convertido; hoje melhorei um pouquinho porque converti; e agora que tenho cinco anos de convertido, estou um pouquinho melhor, e quando estiver com trinta anos de convertido - até admiro aqueles cristãos com trinta anos de convertidos - então eles já devem estar bem melhor. Não é eu, ontem ruim, eu hoje melhor e eu amanhã, melhor ainda. É não mais eu. É Cristo vivendo em nós. O único que pode viver a vida de Cristo, é o próprio Senhor Jesus Cristo. É só quando Ele pode viver em nós, que a vida de Cristo, realmente, vai ser vivida. Então, isso vai falar, em essência, não de uma transformação, mas de uma substituição. E não só isso. Aquele cristão que experimenta gastrite, fica nervoso, fica irritado, porque fica contando dia um não caí; dia dois caí; dia três e quatro não cai de novo; dia cinco caí de novo. E quando ele chega no ano dez, se o Senhor não revelasse a verdade para ele, ele fica desesperado, porque ainda pensa que por fazer essas decisões que se faz no ano novo, por fazer promessa, por fazer regras, vai conseguir viver aquela vida, isso acaba sendo sabe o quê? Uma vida de supressão. Nós ficamos tentando nos restringir, e o Senhor, infelizmente tem de nos deixar cair vez após vez, até o dia em que nós chegamos até a posição de desespero, e chegamos à conclusão: comigo é impossível. Aí vai chegar naquela conclusão: eu não posso. “Eu” não serve para nada, e aí vai ver o que é que a Bíblia vai dizer em relação ao “eu”, e ela vai dizer muito simples: o “eu” tem que morrer, para que a vida de Cristo possa se manifestar. E aí, quando o Senhor revela essa verdade no nosso coração, então nós deixamos de ser o cristão com ansiedade, o cristão nervoso, o cristão se esforçando para viver aquela vida que Deus nos manda, mas passa a ser aquele cristão que vive essa vida pela fé. Começa a entender que não só é uma vida pela fé, que significa o quê? Nós permitimos que o Espírito do Senhor leve a nossa vida do “eu” para a cruz, para que Cristo possa se manifestar. Então não é uma vida de supressão ou opressão, mas é uma vida de expressão em que aquilo que é do nosso Senhor Jesus Cristo pode ser manifesto através do nosso viver. Não é apenas então uma vida transformada, mas uma vida substituída, não é uma de supressão, mas é uma vida de expressão, e mais do que isso é uma vida vivida pela fé. Uma vida vivida pela fé. Como é que funciona isso? É que a palavra de Deus fala, nós acreditamos e por isso vivemos. Não é isso que diz a Bíblia? Lá em Romanos diz que Romanos 1:17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito:

O justo viverá por fé.

E a palavra de Deus nos diz algo muito interessante. O Senhor Jesus Cristo morreu: isso é um fato. E quando o Senhor Jesus Cristo morreu, foi crucificado com ele o nosso velho homem, ou o nosso velho “eu”: isso é um fato. Quando isso aconteceu? Aproximadamente a dois mil anos atrás. O Senhor foi crucificado. É verdade isso? É verdade. As escrituras dão testemunho. Então, tão verdadeiro quanto o fato que o Senhor foi crucificado, nós também fomos crucificados com ele. E é baseado nessa fé, que nós podemos viver e dar um passo adiante. Mas o que é que acontece se eu cair? Nós vamos olhar para a nossa experiência, ou para aquele fato que está revelado na palavra de Deus? Temos que olhar para o fato que está revelado na palavra de Deus. O Senhor Jesus Cristo morreu? Morreu, e nós também morremos. Também morremos. Por que? Porque a palavra diz isso. É esse tipo de vida, pela fé no filho de Deus que vai nos levar de fé em fé, e de glória em glória, até aquele dia em que vamos ver o nosso Senhor face a face. Não mais eu tentando, não mais eu fazendo regras, não mais eu, mas Cristo. Já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim.

Agora, o nosso objetivo hoje a noite, é pela graça do Senhor, conhecer não só a natureza dessa vida, que é o próprio Senhor Jesus Cristo, mas também ver qual é o padrão dessa vida, como que essa vida se desenvolve, e quando nós queremos fazer isso, nós precisamos voltar para as escrituras, e eu pergunto: onde é que nós vamos ver o padrão da vida de Cristo para que nós possamos entender como é que é esse padrão, e como é que essa vida se desenvolve? Nós temos que voltar para os Evangelhos, e nós sabemos que nós temos quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, e cada um desses quatro Evangelhos nos dá uma faceta, nos mostra um aspecto distinto da pessoa do Senhor Jesus, e um deles é um Evangelho muito especial, porque vai nos mostrar o Senhor Jesus Cristo como um homem perfeito. Ou seja, se nós queremos saber como que vida, de acordo com o padrão divino, deveria ser vivido sobre a terra, nós precisamos voltar para o Evangelho de Lucas. E Lucas vai nos escrever: como que a vida celestial deveria ser vivida sobre a terra. Se nós entendermos como essa vida do Senhor foi vivida sobre a terra, nós vamos entender como que essa vida do Senhor vai se desenvolver na nossa vida. Qual é o molde que nós devemos perseguir, qual é o padrão que nós devemos ter diante dos nossos olhos, e também quais são as etapas do crescimento dessa vida. E o Evangelho de Lucas ele é muito especial. Em primeiro lugar por causa do autor do Evangelho. Nós sabemos que o Lucas profissionalmente ele era um médico. A palavra se refere a Lucas, em Colossenses, como “Lucas, um médico amado”. E aqueles que estudaram a Bíblia mais do que nós, eles estudaram os escritos de Lucas - o Evangelho segundo Lucas, e o livro de Atos - e eles se deram conta que está cheio de expressões, linguajar da medicina. Eles chegaram à conclusão que o mesmo Lucas que escreveu o Evangelho, é o Lucas que escreveu o livro de Atos. Ali também está cheio das expressões dos livros de medicina. Como médico, o Lucas estava habituado a ver a vida. Se há alguém que conhece o desenvolvimento da vida, esse alguém é um médico. Depois da mamãe, ou até antes da mamãe, a primeira pessoa que nos vê quando chegamos ao mundo, é o médico, não é? Geralmente, não é? Antigamente era diferente. O médico é o primeiro, e em muitos casos o médico é o último também. Como nós mencionamos uma das coisas complicadas que tem, essa parte do nascimento, sempre cada um de nós tem uma história relacionada ao nascimento, que se não é a nossa própria história, é a história do nosso filho, parece que nascimento envolve uma luta. Mas tem outra história complicada que é a história da morte, e atualmente, de acordo com a legislação, se não tiver um médico que dê aquele atestado de óbito, é muito difícil enterrar uma pessoa. Quem não sabia disso, fique sabendo. O médico tem que ir lá e dizer qual que é a causa da morte, autorizar e só aí, se pode enterrar. De uma certa maneira, o médico é alguém que sabe como é que iniciou a nossa vida e também que sabe como terminou a nossa vida. E a grande maioria de nós, principalmente daqueles que tem mais de trinta anos, alguns de nós - vamos dizer que a média está por volta de vinte e quatro, vinte e cinco - mas ao longo da nossa vida nós temos que consultar o médico, acima dos trinta então, tem uma regra para as mulheres, para os homens. Acima dos quarenta tem outros tipos de exame que devem ser feitos. Se consulta o médico também porque ele vai analisar o desenvolvimento normal da vida. Ele vai dizer se o crescimento está normal, se a vida como adulto também está normal, qual exame que deve ser feito – como os americanos dizem o check up - vamos avaliar, ver como está o coração. Então o médico é aquele que sabe como é que é o desenvolvimento normal da vida, e Lucas como médico, e tudo indica que ele era um bom médico, ele conhecia o desenvolvimento normal da vida. Só que todas as vidas que Lucas havia conhecido, elas tinham um começo normal. Nascia, como um bebê, colocado no berço, crescia, atingia a maturidade. Depois de determinada idade, começava a decrescer, e no final, morte. A história que o Lucas conhecia, era aquela história que está escrito lá em Gênesis que diz assim: “do pó, ao pó”. E essa era a rotina da vida do Lucas como médico, porque essa história do homem, com exceção do Senhor Jesus Cristo. Mas um dia chegou ao ouvido do Lucas, uma história diferente. Essa história era a história do Senhor Jesus. Ele ouviu dizer: de fato, Ele nasceu. Foi colocado em uma manjedoura. Teve um crescimento, um desenvolvimento, ele amadureceu. E como é que terminou a vida Dele? Aí o Lucas começou a investigar, e chegou à conclusão que a vida Dele não foi do pó ao pó. A vida Dele começou naquela manjedoura como um bebê, mas terminou na presença de Deus. De fato, o Senhor entrou nesse mundo na horizontal, mas o Senhor saiu desse mundo na vertical, por intermédio da ascensão.

Vamos ler no Evangelho de Lucas, no cap. 24, a constatação tão interessante que Lucas fez. Aqui se refere ao Senhor Jesus Cristo.

50 ¶ Então, os levou para Betânia e, erguendo as mãos, os abençoou. 51 Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu. 52 Então, eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém, tomados de grande júbilo; 53 e estavam sempre no templo, louvando a Deus.

Os irmãos percebem aqui, que essa descoberta impactou o Lucas. Aqui o Lucas encontrou uma vida diferente. Como um médico, Lucas havia visto todo o tipo de condição física dos homens, mas sem exceção, todas as vidas que o Lucas havia visto, terminaram na morte. Mas agora, Lucas ouve falar de uma vida que não terminou na morte, mas terminou na ascensão. E a Bíblia nos fala que quando Jesus Cristo deixou esse mundo, ascendeu e foi para a presença do Pai, se assentou na destra do Pai, e quando Lucas vê essa vida única, ele pensou: “Eis aqui uma coisa que eu preciso descrever”. E é por isso que ele vai nos dar o Evangelho. Mas não só isso, nós sabemos que o Lucas era também grego, e como grego, ele tinha dentro da sua formação esse ideal que os gregos tinham, e esse ideal dos gregos era a perfeição. Para os gregos, alguém ser completo, tinha que ser perfeito. Tinha que ser um bom filósofo, e é por isso que é dos gregos que vem a filosofia, e até hoje é a base da filosofia, tinha que ser um bom atleta, e por isso dos gregos nós temos as olimpíadas, tinha que ser um bom advogado, tinha que ser um artista, tinha de ser completo. Mas nós sabemos que os gregos, eles procuraram esse ideal mas não encontraram, mas quando Lucas coloca os seus olhos na pessoa do Senhor Jesus, Lucas descobre Nele, o homem perfeito, e por causa disso o Lucas, sendo médico, sendo grego, ele vai tentar descrever para nós o homem perfeito, e não só médico e não só grego, Lucas era também companheiro do apóstolo Paulo. E nós vamos ver que isso vai influenciar a maneira como Lucas vê o mundo. E quando Lucas viu todas essas coisas, ele se propõe a escrever o seu Evangelho.

No cap. 1, versículo 1 nós vamos ver o modo como Lucas descreve o seu Evangelho. Ele vai nos dizer:

1 ¶ Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, (preste atenção aqui) 2 conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, 3 igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, 4 para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído.

Então, Lucas procurou aquelas pessoas que foram testemunhas oculares, e ministros da palavra. E depois ele fez uma acurada investigação de tudo. Desde a sua origem. E aí ele vai colocar por escrito para que Teófilo - amigo dele e graças a Deus, todos nós - possamos ter plena certeza da verdade. É assim que nasce o Evangelho de Lucas. E Lucas vai então escrever este Evangelho e através dele vai nos mostrar o homem perfeito. Ele vai nos mostrar como é que é a vida que deveria ser vivida aqui sobre a face da terra. Ele vai descrever para nós a vida do Senhor Jesus.

Até esse ponto, nós havíamos chegado ontem.

Agora nós queremos avançar um pouco mais. Quando nós consideramos o Evangelho de Lucas, nós vamos ver que diferentemente de Mateus, Marcos e João, Lucas vai nos dar alguns detalhes da cronologia da vida do Senhor. Ele vai nos falar em alguns detalhes da idade do Senhor. No Evangelho de Mateus, narra alguma coisa relacionada com o nascimento do Senhor, a visita dos magos e já vai imediatamente para o ministério de João Batista. O Evangelho de Marcos a mesma coisa. Inicia com o ministério de João Batista e depois o ministério do Senhor. No Evangelho de João, inicia com a eternidade passada com o Senhor sendo o Verbo, no seio do Pai, na eternidade, mas Lucas inicia relatando os eventos relacionados com o nascimento do Senhor. E ele vai relatar eventos relacionados com a infância do Senhor. E depois vai nos relatar alguns eventos relacionados com a idade do Senhor na maturidade. No cap. 2 de Lucas, no versículo 52, que nós lemos hoje a tarde, (52 E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.) vai mencionar então que o Senhor Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens. De alguma forma então, esse padrão de vida que nos é dado na pessoa do Senhor, é uma vida que cresce. A vida do Senhor Jesus Cristo, ela é colocada em nós, quando nós nascemos de novo, como ouvimos hoje pela manhã, mas ela não é uma vida madura ainda. É uma vida completa, mas não é madura. E essa vida tem então que passar por vários estágios de crescimento. O próprio Senhor Jesus Cristo cresceu em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e diante dos homens.

Esse crescimento em sabedoria vai nos falar do desenvolvimento da nossa alma. Sabedoria está relacionado com intelecto, muitas vezes também com as emoções, com a vontade. Os irmão sabiam que a nossa alma tem que se desenvolver? Debaixo da orientação do Espírito Santo, debaixo da sábia condução da luz das escrituras, ela tem que se desenvolver. Nós temos que amadurecer emocionalmente. Nós não podemos a cada crise, que acontece na nossa vida, e que serão muitas, de se desestabilizar emocionalmente. Isso fala de maturidade da alma. Nós temos que amadurecer intelectualmente, pois o Senhor não deseja que nós tenhamos - vamos pegar uma idade média de novo - trinta anos de idade, e continuamos raciocinando como uma criança. Isso é uma anormalidade. É uma anormalidade? O Senhor quer que nós usemos o nosso intelecto, que nós saibamos raciocinar, saibamos fazer contas. Os irmãos lembram que o Senhor perguntou para os discípulos: quantas pessoas vocês acham que temos aqui? Quantos pães vocês acham que precisam para alimentar essa multidão? Para saber quantas pessoas haviam lá, antes do Senhor fazer o milagre, tinha que fazer um cálculo, uma estimativa. Esse canto aqui, cabem dez, se eu tenho quatro vezes esse cantinho, quarenta. O Senhor quer que nós usemos o nosso raciocínio, evidentemente transformado pela lavagem da palavra. Mas quer que usemos o nosso raciocínio. Então o Senhor cresceu em sabedoria. Evidentemente nós não podemos comparar a nós como o Senhor, porque o Senhor é Deus, Ele é perfeito. Nós não podemos esquecer que nós estamos querendo ver qual que é o molde da vida, qual que é o padrão da vida, e a vida de Cristo é uma vida que tem que avançar, de um estágio inicial, para um estágio de maturidade. A palavra diz que o Senhor Jesus Cristo crescia em estatura, crescia também em graça diante de Deus, e diante dos homens. Esse crescimento em estatura nos fala também que o Senhor tinha um corpo físico. E quando nós nos tornamos cristãos, nós não nos tornamos anjos. Quando Deus nos salvou, Ele nos salvou com homem, ou como mulheres e quando Ele faz essa obra de redenção na nossa vida, Ele deseja que continuemos homens e mulheres. Não anjos. Muitas vezes nós pensamos que quando nos tornamos cristãos, aí terminou a normalidade da vida. Não precisa mais comer, não precisa mais dormir, não precisa descansar regularmente. Não irmãos. O Senhor nos salvou com um corpo humano, que tem limitações, tem desejos também, e que os limites desse corpo humano sejam respeitados. Isso nos fala então que o padrão de vida que Deus coloca em nós, é um padrão que respeita também as nossas limitações como seres humanos. A palavra ensina que os maridos devem cuidar das suas esposas, como ele cuida do seu próprio corpo. Não é? Eu fico me perguntando, se aquele marido que não sabe cuidar do próprio corpo, será que ele está sabendo cuidar da esposa dele? E aí entra aquela parte de alimentação, descaso, exercício. O Senhor realmente considera que nós temos um corpo físico. E também o Senhor Jesus Cristo crescia em graça, que significa que o Senhor Jesus Cristo se desenvolvia espiritualmente. Existe na palavra de Deus, até mesmo exercícios espirituais. Temos os exercícios físicos, e os espirituais e esse versículo que vai nos mostrar que o Senhor Jesus Cristo Ele viveu uma vida dentro da normalidade. Na verdade Ele foi o único que pode viver uma vida normal, e é esta vida que o Senhor comparte conosco, uma vida que vai experimentar crescimento, em sabedoria, tem que experimentar crescimento em estatura, e crescimento em graça diante de Deus e diante dos homens. Quando nós chegamos no cap. 3, versículo 23 do Evangelho de Lucas, nos é dito que 23 Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério. O único dos evangelistas que relata alguma coisa relacionada com a vida do Senhor Jesus antes dos trinta anos, é Lucas. E Ele vai dizer que o Senhor crescia, se fortalecia, que crescia em sabedoria, estatura e em graça. Nós podemos pensar, e alguns até chamam nos Evangelhos esses trinta anos, de trinta anos de silêncio, e a pergunta vem: o que será que o Senhor estava fazendo durante esses trinta anos de silêncio? Nós não sabemos, mas uma coisa nós vamos saber através do que aconteceu um pouquinho antes desse versículo 23. Vai dizer que o povo todo estava sendo batizado, e também Jesus, foi batizado. E diz a palavra que estando o
Senhor Jesus a orar, o céu se abriu, e o Espírito desceu sobre ele em forma corpórea como pomba e ouviu-se uma voz dizendo: “Tu és o meu filho amado. Em Ti me comprazo”. De alguma forma, os céus estavam dizendo: não importa se nós sabemos o que o Senhor fez durante esses trinta anos de vida que não estão descritos em nenhum dos Evangelhos, mas uma coisa nós sabemos; a vida do Senhor agradou ao Pai. O Senhor viveu uma vida ao longo daqueles trinta anos, que agradou ao Pai, de maneira integral. Não houve nenhum momento de desobediência na vida do Senhor. Nem um momento em que o Senhor falou uma inverdade, nenhum momento em que o Senhor perdeu a paciência, nenhum momento em que o Senhor perdeu o controle, nenhum momento em que o Senhor teve um pensamento impuro, nenhum momento em que o Senhor fez qualquer coisa que desagradasse a pessoa do nosso Pai. Agora, como é que o Senhor conseguiu viver uma tal vida nesse mundo? O segredo da vida do Senhor é que Ele viveu uma vida escondida aos olhos dos homens, mas uma vida completamente aberta diante do Pai. O Senhor Jesus Cristo viveu ao longo daqueles trinta anos diante do Pai e nós sabemos disso porque no Evangelho de Lucas, quando o Senhor é mostrado como homem perfeito, é o Evangelho em que o Senhor mais é mostrado em atitude de oração. No livro de Romanos no cap. 8, no verso 3 Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado. O nosso Senhor Jesus Cristo, Ele veio em semelhança de carne pecaminosa. O nosso Senhor Jesus Cristo era perfeitamente homem, perfeitamente Deus, e como perfeitamente homem Ele teve tudo o que nós temos, menos pecado. O nosso Senhor é santo, o nosso Senhor é puro, o nosso Senhor, jamais conheceu pecado. Mas não é só isso o que o Senhor conheceu. Ele também nunca teve uma manifestação da sua vida natural. O Senhor nunca viveu uma vida independente de Deus. O Senhor quando quis mostrar ao mundo qual é a vida celestial, qual que é a vida que agrada a Deus. Não foi somente uma vida que não tinha pecado, mas também uma vida que não era baseada na força do homem natural. Por isso que o Senhor dizia: “Eis-me aqui para fazer a Tua vontade”. O nosso Senhor Jesus Cristo não tinha pecado, e vivia uma vida em total dependência de Deus. Nesses trinta anos em que o Senhor viveu, aqui nessa terra, ele viveu uma vida na presença de Deus. Será que o nosso Senhor Jesus Cristo sofria? Sofria. Mas quem conhecia o sofrimento do Senhor? O Pai. Será que o nosso Senhor Jesus Cristo enfrentava a rejeição? Enfrentava. Em todo esse mundo ninguém jamais enfrentou tanta rejeição quanto o nosso Senhor. Mas quem conhecia o sofrimento do Senhor nesses trinta anos? O Pai. Será que o Senhor gostaria de ser agradável aos homens? Isso é muito natural. Muitas vezes a palavra nos diz que Ele foi rejeitado. Ele foi como alguém de quem os homens não fizeram caso. Você já experimentou alguma vez rejeição? Sabe como dói? Na verdade, quase que não há nenhum de nós que não tenha enfrentado algum nível de rejeição, porque rejeição é uma obra diabólica para destruir a nossa vida. Já experimentou rejeição? O nosso Senhor Jesus Cristo já experimentou rejeição. Você já experimentou não ser entendido? O Senhor Jesus Cristo, muitas vezes, não era entendido nem pelos seus colaboradores mais íntimos. E onde é que o Senhor Jesus encontrava força para caminhar nesse mundo? Em meio à rejeição, em meio ao desprezo, em meio à maldade dos homens. Ele encontrava força e conforto na face do seu Pai. Ele encontrava força e conforto, simplesmente com o Pai dizendo para ele: “Meu Filho. Eu me agrado da Tua vida”. Quantos de nós vivemos na expectativa de agradar homens? Ou mulheres? Quantos de nós vivemos para agradar esse mundo? E a moda é um exemplo claríssimo disso. As vezes gente pobre não tem dinheiro para comprar uma camisa da cor que tem a camisa da moda, e aí diz: “Vou Ter que ir com a mesma camisa outra vez na reunião dos irmãos”? “Vou Ter que ir com aquele mesmo vestido novamente”. Mas o vestido está limpo? A camisa está limpa? Passada? O que importa se não é da cor da moda? Para quem que a gente tem que agradar e chamar a atenção? Não tem gente que sofre por causa disso? As vezes o salário encurta no fim do mês, porque tem que comprar sapatos novos, tem que ter um sapato rosa, um amarelo, um verde, um verniz. Depois se atrasa para ir para a reunião porque tem que ficar escolhendo com qual sapato vai colocar!! “Esse aqui não combinou. Se eu tivesse somente uns dois, ficaria mais fácil, mais rápido.” Talvez ficasse mais rápido na hora de escolher se eu tivesse apenas o verde ou o azul. O verde ou o azul. Vá para a reunião para louvar ao Senhor. Mas como nós sofremos nas expectativa de agradar o mundo, na expectativa de acompanhar a moda. E no mundo de hoje, sabemos que se chega a extremos. Tem aqueles que não só querem a roupa que está na moda, mas querem também o corpo que está na moda. Querem apagar aquela coisa tão bela e perfeita que o Senhor fez, que foi o corpo que o Senhor nos deu. Foi o Senhor quem nos formou como nós somos. Todos os detalhes, até aqueles dos quais não gostamos, foi o Senhor. Nós somos feituras do Senhor, e ele sabe porque Ele nos fez assim, com a estatura que nós temos, com a cor da pele que nós temos. E assim o Senhor nos amou, assim o Senhor nos aceitou. Se o Senhor nos aceita, o que importa o restante do mundo? Talvez possamos ampliar um pouquinho, um senhor ou alguma senhora. Caso dos jovens. É importante que o Senhor se agrade de nós, mas também que alguma menina, no caso dos jovens. No caso das irmãs, é importante que o Senhor se agrade de nós, mas também algum irmãozinho. Misericórdia. Não vamos para os extremos também. Só quero agradar ao Senhor.

Havia um irmão, que antes de conhecer a noiva, ele andava barbudo, roupa meio descuidada, não tinha aqueles cuidados básicos, e a primeira coisa que aconteceu quando ele encontrou aquela pessoa que veio a ser esposa dele, ela disse: “vamos andar juntos, corte o cabelo, faça a barba, e vamos começar a nos vestir de uma maneira diferente. Não vamos para os extremos”. Mas não tem esse fato assim, que no mundo a gente vive tanto para agradar homens? Tanto para satisfazer os homens e então, quando vem uma palavra de elogio, até nos orgulhamos. Alguém nos elogia a nossa maneira, vamos dizer, de tocar violão, e a partir daí, pensamos até que tenho o ministério do violão. A partir de agora não vou fazer outra coisa a não ser tocar violão. Contudo, se alguém nos critica - “desafinou hoje, heim!” “eu nunca mais vou tocar violão na vida. Não só isso. Não vou mais congregar com aquele tipo de irmão. Não só isso. Não vou mais congregar. Também eu não já estou querendo andar mais com o Senhor”. As vezes é uma crítica, que tem o potencial de nos tirar do centro da vontade do Senhor, do seio da comunhão com os irmãos, e nos lançar de novo no mundo do qual já havíamos saído. Irmãos. Precisamos aprender essa lição de levar ao Senhor todas as coisas em oração. De reconhecer que temos que agradar, em primeiro lugar, ao Senhor. Este é o padrão da vida do cristão. É isso que Cristo em mim requer. Cristo requer uma vida diante do Pai. E essa vida diante do Pai, em oração, essa vida diante do Pai em comunhão, é essa vida que vai nos levar ao crescimento. Essa vida que vai levar ao desenvolvimento. É uma vida escondida diante de Deus. Será que nós temos este tipo de vida? Será que o Senhor conhece realmente, o que vai no nosso coração? Será que o Senhor sabe o quanto nós sofremos? Não saber porque Ele sabe todas as coisas, mas porque nós vamos ao Senhor e dizemos: “Senhor. O Senhor conhece isso”. Ou será que antes de ir para o Senhor, nós vamos para o jornal, para o Estado de Minas, a primeira página, e diz que: aqui está como eu sofro, como eu sou perseguido, como eu sou rejeitado. Será que nós temos essa vida? O Senhor tinha. O Senhor tinha essa vida. É muito interessante que a palavra diz que o Senhor era carpinteiro. E não é carpinteiro como nós pensamos. Naquela época, trabalhava não só com madeira, mas também com pedra, e isso a Bíblia não fala, mas nós podemos inferir que como carpinteiro ele fazia móveis, e objetos que tinham de ser vendidos. E é comum que quando fazemos um trabalho e vai vender o trabalho que fazemos, a pessoa que vai comprar, menospreza. “Você fez essa cadeira e ela vale 15”, e você quer vender tal cadeira por 25. Quem trabalha oferecendo o seu trabalho para outro, sabe que é isso. Cabeleireiro: você passa a vida para aprender a profissão, aprendendo a cortar, quando você vai cobrar o preço que acha justo, porque você corta bem e com dedicação, a pessoa diz que não vai te dar dez, mas que irá te dar cinco. Não é? Uns querem dar dois. Nós não somos assim? Motorista de táxi passa o dia inteiro dirigindo para nós, assim à nossa disposição, resolvendo os problemas que tínhamos, a corrida no final sai cinco, e nós queremos pagar dois, e se puder dá um. Se puder viajar de graça melhor ainda. Não é assim a nossa natureza? E a gente sofre por causa disso. E dizemos que não queremos ser mais motoristas de táxi. Não quero ser mais cabeleireiro. Não quero mais ser carpinteiro. Mas será que o Senhor não te colocou como motorista de táxi? Aos olhos do mundo, ser motorista de táxi é uma ofensa, quase. Mas perante Deus, é uma grande honra. Quem serve, na valorização de Deus é uma grande honra. Aos olhos do mundo, é uma ofensa ser limpador de tapete, carregador de lixo. São as pessoas mais mal pagas na nossa sociedade. Para o diretor da empresa, todos nós queremos ser diretores. Se eu pudesse ser diretor um dia, amém, irmão ore por mim. Diretor da empresa, quinze, vinte, trinta mil. Para aquele que limpa a empresa, duzentos. Se ele vai dar um aumento de quinze ele fica pensando. Reúne o congresso. Trás economista, analisa e chega a conclusão que quinze não dá. Ele ganha duzentos, e agora vai ganhar duzentos e dez. Vamos fazer um exercício aqui. Imagina que por três dias, esse pessoal que faz o serviço da limpeza pare de fazer a limpeza. Todo o mundo que limpa pára de limpar, todo mundo que recolhe lixo, pára de recolher o lixo. Nós vamos ver quanto valor tem esse trabalho. Esse trabalho, vale muito mais do que o trabalho dos chefes, dos diretores. Nada contra eles. Os irmãos sabem o que eu penso sobre isso. Aí talvez o Senhor te colocou naquela posição: como um servo da limpeza, e nos dá aquele descontentamento lá dentro, aquela vontade de ser o que não é, fica já amaldiçoando o chefe, já briga com o presidente do país e já tem aquela imensa lista de corrupção no congresso. Isso é vida de Cristo irmão? Não é. Porque o próprio Senhor Jesus deve ter enfrentado isso quando ele ia vender o móvel dele para o cliente e o cliente desmerecia o móvel, oferecendo dez ao invés dos quinze iniciais pedidos. Será que isso não feria o coração do Senhor? Claro que feria. Mas o que é que o Senhor fazia? O Senhor levava ao Pai em oração. Todas as necessidades do Senhor ele levava ao Pai em oração. Isso se chama não só uma vida livre do pecado, mas também diz respeito a uma vida dependente de Deus. Por que Deus colocou essa situação na minha vida? Por que? O que é que o Senhor quer com isso? De que forma a minha vida pode agradar a Deus dessa forma? O Senhor Jesus Cristo andou perante Deus durante aqueles anos, e o resultado disso é que quando o Senhor Jesus Cristo chega perto dos seus trinta anos, perto da maturidade da sua vida, ele vai ouvir: “Esse é meu Filho, o meu amado, e Nele eu tenho todo o meu prazer. Nele eu me comprazo. É Nele que eu tenho o meu deleite”. E aqui, o Senhor Deus já está dizendo uma coisa: que é em Cristo que ele se compraz. Não em “eu”. Não em “nós”. É Cristo, e só Cristo pode produzir aquele padrão de vida que satisfaz o coração do Pai. Assim como nós para chegarmos na salvação, chegamos à conclusão que eu não posso me salvar, um dia nós temos que chegar àquela conclusão. Mesmo depois de salvo, eu não posso agradar a Deus. De novo eu tenho que olhar para a cruz. De novo eu tenho que olhar para o Senhor Jesus Cristo. Agora nós vemos aqui que depois desse evento em que o nosso Senhor Jesus Cristo está sendo batizado e os céus se abrem e Deus fala para ele, Lucas começa a descrever aquilo que o Senhor fez. Ele vai descrever a genealogia do Senhor, vai descrever a tentação do Senhor Jesus, e vai descrever o ministério do Senhor Jesus, grande parte do ministério do Senhor Jesus na Galiléia. E aí o Senhor vai dar alguns exemplos da vida do Senhor, e também vai resumir o ministério do Senhor. Por exemplo, no cap. 4, versículo 40. Vai nos dar o exemplo do final de um dia da vida do Senhor.

Lucas 4:40 Ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diferentes moléstias lhos traziam; e ele os curava, impondo as mãos sobre cada um.41 Também de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus! Ele, porém, os repreendia para que não falassem, pois sabiam ser ele o Cristo

Então nós vamos ver que houve aqueles trinta anos de vida escondida do Senhor diante de Deus, e a partir desse trinta anos, o Senhor teve três anos de ministério. Três anos em que o Senhor trabalhou intensamente, curando, limpando os leprosos, curando os cegos, restaurando a audição aos surdos, ressuscitando, curando febres, curando hemorragias, expulsando demônios. O Senhor trabalhava dia e noite. E aí nós vemos inclusive que, no Evangelho de Marcos que relata o ministério do Senhor, de maneira mais detalhada, nós vamos ver que o Senhor trabalhava, trabalhava. É como que se toda aquela energia de Deus, que Ele tinha acumulado naqueles trinta primeiros anos de vida estava armazenada, mas quando o Pai ordenou que ele iniciasse o seu ministério, então aquilo se manifestou na forma do Senhor fazendo a obra do Pai. Agora eu pergunto para os irmãos. Por que o Senhor, naqueles trinta anos de silêncio não poderia ter começado a fazer a obra? Será que o Senhor Jesus não poderia ter começado a curar? Será que o Senhor Jesus não poderia ter começado a ressuscitar? Será que o Senhor Jesus não teria visto a necessidade do mundo ao redor Dele? Por que o Senhor não começou antes? Porque o Senhor dependia do Pai. O Senhor havia aprendido. “Eu só faço aquilo que vejo o meu Pai fazer. Eu só faço aquilo que o Pai manda.” O Senhor Jesus se deixou ser trabalhado pelo Pai, e aqui é mais um ponto que é o padrão da vida do Senhor conosco. O Senhor quer trabalhar na nossa vida. O Senhor quer que nós passemos por aqueles anos de silêncio e quem sabe momentos de silêncio na vida do dia a dia, para que o Senhor possa estar trabalhando na nossa vida. E aí, quando o Senhor mandar, se o Senhor mandar, aí então nós, em obediência ao Senhor, fazemos.

Os irmãos se lembram daquela cura que o Senhor fez no poço de Betesda? Havia aquele paralítico que ficava esperando a água se mover. O Senhor foi lá, curou a ele e voltou. Será que não tinha outros doentes ao redor? Sim. Havia. Mas o Senhor só fez aquilo que o Pai mandou Ele fazer. As vezes temos aquela agonia com os nossos familiares, e ficamos reclamando da nossa esposa ainda não ter se convertido e vamos lá em enchemos o ouvido dela. E aí acontece o efeito contrário. Ao invés dela ficar favorável ao Evangelho, ela fica revoltada contra o Evangelho. As vezes é o contrário. As vezes é o esposo. A esposa já convertida, e o esposo precisando mudar algo na vida dele, ao invés da esposa colocar em oração, ela vai e fica falando, falando. Será que o Senhor mandou falar? Será que nós devemos fazer tudo o que nós podemos fazer? Será que nós devemos falar tudo o que nós sabemos? Será que nós devemos falar tudo o que nós pensamos? Será que nós devemos falar tudo o que nós queremos? A experiência dos irmãos vai dizer. A minha já me disse: não. E a experiência de muitos outros santos, ao longo da história da igreja, já disse não. Não fale tudo o que pensa. Muitas coisas não deveríamos nem pensar. Não faça tudo o que tem vontade. Não faça tudo o que pode. Por que? Porque o padrão da vida que o Senhor colocou dentro do nosso coração é uma vida de independência. Uma vida de espera no Senhor. “Senhor. É para falar agora? Amém. É para ficar quieto agora? Amém, também. Senhor, é para falar do Evangelho? Amém”. Nós somos ao contrário, não é? Quando não é para falar, falamos. O Senhor não mandou e estamos lá falando. Mas, quando o Senhor manda: “Eu não Senhor”. Não é assim? Já não aconteceu isso com os irmãos? Nós vamos e falamos no nosso próprio instinto, o que der na cabeça, o primeiro pensamento que veio, depois se arrepende. O efeito não era o esperado. Daí a pouco o Senhor coloca aquela, em um momento em que não está esperando, o Senhor fala de maneira muito dócil lá dentro: “Agora fala”, diz o Senhor. “Agora não” diz você. Mas, o nosso Senhor jesus Cristo, Ele aprendeu essa vida de obediência diante do Pai. Esse era o padrão de Deus. E quando Deus disse para Ele: “Agora inicie o ministério” e aí o Senhor começa a curar e a expulsar demônios, pregando, formando discípulos e trabalhando manhã, tarde, noite e madrugada, porque agora Deus o Pai, havia mandado a Ele fazer isso.

E aí chegamos no cap. 9 do Evangelho de Lucas, no versículo 28 e 29, e vamos ver uma coisa interessante, quando o Senhor vai dizer.

Lucas 9:28 ¶ Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de orar.29 E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura.

34 Enquanto assim falava, veio uma nuvem e os envolveu; e encheram-se de medo ao entrarem na nuvem. 35 E dela veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.

A partir desse versículo, se nós fôssemos ler, ou fazer um estudo detalhado do Evangelho de Lucas, que não é o objetivo aqui, nós iríamos ver que Lucas começa a descrever a caminhada do Senhor para Jerusalém. Tudo o que acontece a partir do cap. 9, versículo 28 até o final do Evangelho, até o capítulo 19, nós vamos ver que Lucas está descrevendo o caminho do Senhor, desde aquela região onde Ele estava na Galiléia, até Jerusalém.

E aí depois do cap. 19 até o 24, vamos ter a descrição de praticamente uma semana, e então Lucas vai descrever. Trinta anos, três anos, uma semana. Depois tem a ressurreição do Senhor. E nós vamos ver que essa forma permitiria dividir o Evangelho de Lucas em três passagens:

A primeira passagem na ocasião do Batismo, que o Senhor está orando, o céu se abre, e vem aquela voz do céu.

A Segunda passagem por ocasião da transfiguração no monte, de onde veio aquela voz do céu, e na última divisão é quando o céu se abre para receber o Senhor. É dessa forma é que vamos ver três estágios na vida o Senhor sobre a terra. Trinta anos de silêncio perante o Pai, três anos de muito serviço para o Pai, de depois aquela caminhada em direção ao caminho da cruz. Esse é o padrão de vida para nós como cristãos. Esse é o modelo. Primeiro aqueles anos em que o Senhor vai trabalhar na nossa vida, aqueles anos em que o Senhor vai nos ensinar a viver uma vida diante do Pai. Depois aqueles anos em que o Senhor vai permitir que nós sirvamos o nosso Deus, e mais cedo ou mais tarde vai entrar naqueles anos em que o Senhor vai nos chamar, para uma comunhão mais profunda com a cruz do nosso Senhor. Se nós queremos seguir um outro caminho, um outro padrão de vida, o padrão de vida do homem natural, é uma caminhada diferente, mas se nós queremos seguir o caminho do Senhor, esse é o caminho que o Senhor tem para nós.

Na verdade nós deveríamos entrar nessa questão da transfiguração, em que o Senhor teve essa mudança no seu rosto, nas suas vestes e passou por essa transfiguração. Mas o nosso tempo terminou por hoje, e amanhã, pela manhã, se Deus quiser entramos nesse aspecto.

O que nós queremos deixar como mensagem aos irmãos, é que realmente o Senhor nos fale que o padrão da vida que Deus tem para nós, é não mais eu, mas Cristo, e que o Senhor realmente nos ensine a permitir que essa vida do Senhor Jesus Cristo, cresça em nós. Que de fato nós cheguemos a essa consciência de que nós não podemos imitar o Senhor Jesus Cristo, nem copiar o seu exemplo, nem segui-lo. Nós não podemos. Quanto mais cedo nós chegarmos a essa conclusão, mais cedo nós estaremos prontos para dizer: Senhor, em mim nada posso, mas no Senhor tudo podemos. É o Senhor o segredo da nossa vida. É o Senhor o segredo da nossa vitória. É o Senhor o segredo da nossa perseverança. É o Senhor o segredo da nossa permanência. O Senhor venceu a morte? Venceu. A vida do Senhor em nós pode vencer a morte? Pode sim. O Senhor venceu a rejeição? Venceu. A vida do Senhor em nós pode vencer a rejeição? Pode. O Senhor venceu o mundo? Venceu. A vida do Senhor em nós, pode vencer o mundo. O final da vida do homem natural, é o pó, mas o final da vida do nosso Senhor Jesus Cristo em nós, é a ressurreição. Aqueles de nós que não formos arrebatados, se o Senhor vier, hoje a noite por exemplo, seremos arrebatados e não passaremos pela morte. Mas, se o Senhor demorar, se nós adormecermos, como muitos outros irmãos já adormeceram na história da igreja, um dia, o poder dessa vida que foi plantado dentro de nós, ao ouvir a voz do nosso Amado, vai nos levantar da morte. Aquilo que na morte se dissolveu, a alma se separou do corpo, o espírito vai para Deus, e o nosso corpo se decompõe lá debaixo da terra, vai se reunir de novo, de uma outra forma - e aí nós temos que começar uma conferência inteira sobre como é que vai ser a ressurreição - mas de alguma outra forma nós vamos ter um corpo novo, um corpo espiritual, e quando ouvir aquela voz, nós vamos nos levantar por causa dessa vida de Deus colocada dentro de nós. Tem uma semente, jogue-a na terra. Ela entra por baixo da terra, naquela atmosfera de umidade, de escuridão, e parece que não vai sair nada dali. Mas espere passar algum tempo. É só questão de passar um tempo. Aquele poder da vida que está dentro da semente, arrebenta aquela casca, e sai da casca da semente, vai se infiltrando na terra, e da terra se alimentando e um dia ela rompe da terra. Ninguém mais esperava e sai aquela vida nova, verde, cheia de vigor que pode se transformar em uma grande árvore. Quem já não viu isso acontecer até mesmo em um cemitério? Aquelas sementes que estão plantadas de alguma forma debaixo da terra, elas racham aquele cimento da sepultura e daqui a pouco rompe vida de lá. Assim é conosco. Quando ouvimos hoje pela manhã aquela mensagem tão abençoada do nosso irmão, de como é que começa a nossa vida em Cristo, é plantada uma semente. Uma semente da vida de Cristo, que tem uma lei, e essa lei é uma lei que não pode ser revertida, como todas as leis da natureza. Cristo foi plantado em nós. E um dia, essa vida vai atender ao seu chamamento para a eternidade. Nós vamos romper os grilhões da morte e vamos entrar na eternidade com o nosso Deus. Amanhã, se Deus o permitir, nós vamos avançar um pouquinho mais nesse assunto. Vamos terminar com uma palavra de oração.

Amado Pai, nós te damos graça pelo teu amor para conosco. Nenhum de nós merecia estar aqui Senhor, nem ouvir a tua palavra, nem ao menos pronunciá-la. Mas o Senhor teve misericórdia de nós, e nos salvou com uma salvação eterna, e colocou o próprio Senhor Jesus Cristo em nós para ser a nossa vida. Senhor. Fale ao nosso coração. Nós pedimos isso Pai, em nome do Senhor Jesus. Amém.

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