15 maio, 2007

ELA PRATICOU BOA AÇÃO PARA COMIGO

Marcos 14:3-9 - Estando ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. 4 Indignaram-se alguns entre si e diziam: Para que este desperdício de bálsamo? 5 Porque este perfume poderia ser vendido por mais de trezentos denários e dar-se aos pobres. E murmuravam contra ela. 6 Mas Jesus disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo. 7 Porque os pobres, sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tendes. 8 Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura. 9 Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua.

João cap. 12:20-25 - 20 ¶ Ora, entre os que subiram para adorar durante a festa, havia alguns gregos; 21 estes, pois, se dirigiram a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e lhe rogaram: Senhor, queremos ver Jesus. 22 Filipe foi dizê-lo a André, e André e Filipe o comunicaram a Jesus. 23 Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. 24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. 25 Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. 26 Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.

Oração:

Pai, te damos graça porque podemos nos reunir em teu nome, no nome precioso do nosso Senhor Jesus, e podemos lembrar uma vez mais do amor do Senhor para conosco. Agora pedimos Pai que o Senhor fale ao nosso coração, que realmente possamos crescer no conhecimento do Senhor Jesus Cristo, e conhecendo-o mais, nós possamos amá-lo mais. Pedimos que o Senhor unja os nossos lábios, unja também os nossos corações. Que realmente o Senhor mesmo, nos conceda uma palavra eterna na noite de hoje. Nós oramos no nome do Senhor Jesus. Amém

Na primeira porção das escrituras que nós lemos, no Evangelho de Marcos 14, nos é mostrado o Senhor à mesa com mais algumas pessoas. Durante aquela refeição veio uma mulher, chamada Maria, trazendo um vaso de alabastro que continha um perfume precioso. Maria quebrou aquele vaso e derramou o perfume nele contido sobre a cabeça do nosso Senhor. Quando ela teve aquela atitude houve duas reações distintas. A primeira reação foi de algumas das pessoas que estavam próximas da Maria, os discípulos. Eles se indignaram e contra ela murmuraram, dizendo: “por que esse desperdício?” A outra reação foi a do Senhor Jesus Cristo. O Senhor elogiou a ação da Maria. O Senhor disse: “Não a molestem, pois ela praticou uma boa ação para comigo”. E, mais ao final da passagem, em Marcos 14:9, o Senhor diz:

Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua.

É muito interessante, à medida que lemos o Evangelho, observar as diferentes reações dos distindos personagens na presença do Senhor. A reação dos discípulos em relação à Maria, por exemplo, nos mostra algumas coisas interessantes. Por um lado, eles estavam criticando a Maria, por ela ter feito aquele desperdício. Por outro lado, de maneira indireta, eles estavam criticando o Senhor. Naquela cena havia dois níveis de pessoas: num patamar temos o Senhor, no outro, os discípulos e as demais pessoas que com eles estavam, incluindo Maria. Se a Maria, de fato, tivesse feito alguma coisa errada, quem deveria tê-la corrigido? O Senhor, não é mesmo? Todavia, se Ele que é o Senhor e que sabe todas as coisas, não a corrigiu, quem eram os discípulos para murmurar contra ela? Vocês percebem o ponto em questão aqui? Se, estando todos na presença do Senhor, os discípulos murmuraram contra Maria, indiretamente eles estavam dizendo assim: “O Senhor sabe todas as coisas, mas algumas coisas ele não viu. O Senhor entende todas as coisas, mas tem algumas coisas que o Senhor não entendeu.” É exatamente isso que eles estavam dizendo ao criticar a ação de Maria ao quebrar o vaso de alabastro e derramar o precioso conteúdo sobre a cabeça do nosso Senhor.

Quais são as coisas que os discípulos presumiram que o Senhor não entendia? Primeiro: eles estavam presumindo que o Senhor não entendia nada sobre desperdício, porque o Senhor não percebeu o desperdício, e os discípulos sim. Segundo: eles estavam supondo que o Senhor não entendia nada sobre amor aos pobres. Na avaliação deles, se o Senhor realmente tivesse preocupação com os pobres, não permitira que se fizesse aquele desperdício. Ao contrário, sugeriria que se vendesse o perfume e, com o dinheiro da venda, ajudar os pobres. Em terceiro lugar vamos ver que, de alguma forma, os discípulos não tinham entendido qual é a natureza do Evangelho. Pois, quando o Senhor Jesus Cristo fala daquilo que a Maria fez, ele disse: “onde for pregado em todo o mundo o Evangelho, será também contado o que ela fez para memória sua.” Nós já vimos que, na verdade, “o que ela fez” significa o derramar sobre a cabeça do Senhor aquilo que ela tinha de mais precioso: esse é o resultado do Evangelho. Vimos que a salvação das almas e dos povos, embora muito importante, é um sub-produto, um bendito sub-produto do Evangelho. Todavia, o resultado primordial do Evangelho é que o nosso Senhor encontre a sua satisfação. Então, por que os discípulos fizeram esse raciocínio tão errado, supondo que o Senhor não entendia nada de pobres, nada de desperdício, e não entendia do Evangelho? É porque os discípulos não haviam entendido uma lição anterior. Mas qual seria essa lição?

Para descobrirmos qual foi a lição que os discípulos não entenderam, temos que lembrar duas coisas relacionadas ao método que o Senhor empregava para ensinar. Durante seu ministério, o Senhor ensina por suas palavras e também por suas obras. Quanto as obras, encontrams aquelas referidas nos Evangelhos como milagres ou sinais. Nos Evangelhos, vários milagres são relatados de maneira genérica, em grupos. Mas também, há alguns milagres descritos especificamente. Então, se nós lermos cuidadosamente os quatro Evangelhos: Mateus, Mateus, Marcos, Lucas e João, constataremos que estão registrados cerca de trinta e cinco milagres ao todos, os quais são descritos especificamente. Desses trinta e cinco milagres, alguns são mencionados apenas em um dos evangelhos. Por exemplo, o milagre em que o Senhor transforma a água em vinho, naquele casamento em Caná da Galiléia, foi registrado unicamente no Evangelho segundo João. Outros milagres no entanto, são relatados em dois dos Evangelhos. Por exemplo, o milagre em que uma mulher Sírio-fenícia pede que o Senhor cure sua filha, foi mencionado em dois evangelhos: em Mateus e Marcos. Outros milagres, por sua vez, são mencionados em três dos evangelhos. O milagre da ressurreição da filha do Jairo, por exemplo, é mencionado em Mateus, em Marcos e em Lucas também. Mas será que há algum milagre mencionado em todos os Evangelhos? Se estudarmos cuidadosamente descobriremos que dos milagres registrados nos Evangelhos, constataremos que dezoito são mencionados em apenas um dos evangelhos. Cinco são mencionados em dois e onze são mencionados em três Evangelhos. Mas há somente um milagre que é mencionado nos quatro evangelhos! E qual foi esse milagre? O milagre da multiplicação dos pães. E qual é o assunto desse milagre? Desperdício, ajuda aos pobres e a natureza do Evangelho.

Esse milagre havia acontecido algum tempo antes desse evento que nós estamos estudando, essa refeição em que o Senhor Jesus está com os seus discípulos e a Maria derrama o perfume sobre ele. Como ocorreu esse milagre?

Conforme está registrado em Marcos capítulo 6, o Senhor enviou seus discípulos a pregar em Israel. O Senhor deu autoridade para os discípulos pregar o evangelho, efetuar curas e expelir demônios. Depois que eles fizeram essa ação missionária, eles retornaram. Eles foram, cumpriram a missão em obediência ao Senhor e, posteriormente retornaram. E quando eles voltaram, o Senhor lhes disse que deveriam descansar. Eles deveriam retirar-se para um lugar à parte e descansar. Por isso, os discípulos atravessaram o lago, e foram para o outro lado onde o Senhor os encontraria. Todavia, aquelas multidões que haviam sido abençoadas pelo ministério dos discípulos foram atrás dos discípulos. Assim, os discípulos ministraram às multidões e, ao terminar sua ministração deveriam descansar. Eles foram, portanto obedeceram à ordem do Senhor “Ide”, mas depois, também em obediência voltaram ao Senhor. O Senhor lhes ordenou que descansassem um pouco. As multidões, todavia, foram atrás dos discípulos. E quando o Senhor Jesus chegou lá e viu aquela multidão, a Bíblia nos diz que o Senhor se compadeceu da multidão. Nos é dito que o coração do Senhor viu a multidão como ovelhas que não tinha um pastor. Então, o Senhor Jesus se compadeceu daquela multidão. Você acha que numa situação como esta o Senhor poderia descansar? De modo algum. Os discípulos estavam cansados, exaustos, mas o Senhor não pode descansar quando vê uma multidão em necessidade. Então o Senhor começa, de novo, a ministrar à multidão. Mas o que fez o Senhor, no que consistiu seu ministério àquela multidão? Ele as orientou, porque eram como ovelhas que não tem pastor, curou suas enfermidades e a elas pregou o Evangelho do Reino. Os irmãos estão percebendo? Se há alguém que entende de multidões, da necessidade dos pobres, da necessidade das multidões, esse alguém é o nosso Senhor. Ele entende. A Bíblia nos diz que o Senhor passou um dia inteiro compartilhando com elas. E caiu a tarde e, ia chegando a noite, e certamente o Senhor sabia o que fazer com as multidões quando chegasse a noite, mas antes do Senhor dizer o que Ele queria fazer, os discípulos presumiram que o Senhor não sabia o que fazer. Então eles disseram assim:

É deserto este lugar, e já avançada a hora; despede-os para que, passando pelos campos ao redor e pelas aldeias, comprem para si o que comer. Mc 6:35 e 36.

Em outras palavras, eles pensaram: “o Senhor provavelmente não sabe o que fazer, vamos dar uma ajuda ao Senhor ...”. Assim, disseram: “Senhor, está ficando tarde e a noite está chegando, essas pessoas estão cansadas. Mande-os para casa, para que saiam pelos campos, pelas cidades, para que porventura se tiverem algum lugar onde comprar eles comprem alguma coisa para se alimentarem. Irmãos. Será que o Senhor não entende a necessidade da multidão? O Senhor já havia ensinado as palavras do reino. O Senhor já os tinha curado. Será que Ele não sabia o que fazer com eles se chegasse a noite e eles estivessem de fato cansados e com fome? Eu acho que o Senhor sabia. Ele sempre sabe. Ele é o Senhor. Nós pensamos e fazemos suposições, mas Ele sabe! Mas o Senhor sabendo o que Ele sabia e sabendo o que Ele estava para fazer, se propõe a ensinar uma lição aos seus discípulos. Ele lhes disse: “Vocês estão preocupados com a multidão, preocupados com a fome do povo? Dêem pão para eles. Alimentem-nos”. Foi isso o que o Senhor lhes disse. Aí, os discípulos olharam para um lado e para o outro e disseram: “Senhor. Eles são cinco mil. De onde obteríamos pão para toda essa gente?”. Eles começaram a fazer as contas, e talvez alguns deles eram melhores no raciocínio, melhor na matemática, já imaginaram em dividir em quatro partes, colocar cinqüenta em cada grupo, cinqüenta vezes quatro duzentos. Estimaram quantas pessoas tinham e chegaram a aquela conclusão: nós não podemos fazer nada. Ainda que nós tivéssemos alguma coisa, nós não podemos alimentar essa multidão aí. Na verdade nós não temos tempo para entrar nos detalhes aqui, pois essa passagem é muito rica e vou ter que resumir um pouquinho. Os discípulos eles disseram assim: “O que é que nós temos aqui? Cinco pães e dois peixinhos, que estava na mão do menino”. E ofereceram esses pães para o Senhor, e a Bíblia nos diz que o Senhor então mandou que a multidão se assentasse, de forma ordenada lá na relva, se repartisse em grupos, e aí o Senhor toma aqueles cinco pães e os dois peixes, ergue os olhos aos céus, abençoa aqueles pães e aqueles peixes, e partindo os pães, deu aos discípulos para que os distribuísse, e repartiu por todos os peixes e todos comeram e ser fartaram. Não é impressionante?

Vou só fazer um pequeno parêntesis aqui, porque nosso tempo é limitado. Mas vocês já chegaram a pensar por que razão os discípulos pegaram os pães e peixes do menino? Sabemos que depois o milagre, ainda recolheram doze cestos cheios. De quem eram esses doze cestos? Quantos discípulos haviam? Doze. Quantos cestos cheios sobraram? Doze. Disso, pode-se concluir – e tenho um bom fundamento crer que, de fato, era assim – que os discípulos também tinham, cada um, o seu próprio cesto. Ou seja, antes mesmo do Senhor fazer o milagre, cada discípulo tinha o seu cesto, mas, de alguma forma eles não ofereceram os seus cestos ao Senhor. Eles pegaram do cesto do menino. Haverá alguma lição para nós aqui? Com isso fechou o parêntesis e retomamos nossa história.

Vamos que, quando o milagre é relatado em João 6:12, nos é dito que após todos terem comido, o Senhor deu aos discípulos a seguinte ordem:

E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. Jô 6:12

O que nos revela essa passagem? De fato, o Senhor sabe como saciar a fome da multidão, mas além disso, descobrimos também que o Senhor entende de desperdício. O Senhor não quer que nada se perca. É claro que, para entendermos porque, no caso da ação de Maria o Senhor aceita e aquele aparente desperdício e porque, nessa outra situação, ele não quer que nada se perca, precisamos avançar um pouquinho mais. Mas esse ponto está claro, não está? Que nada se perca. Nosso Senhor não deseja qualquer desperdício.

E agora, depois disso, a multidão fica tão feliz, que o Senhor Jesus Cristo deu pão para eles, alimentou aqueles pobres, saciou aquela fome física que eles tinham, curou, falou palavras belas, a que conclusão chegaram? “É o nosso rei”. Quem não quer um rei assim? Você vai lá, Ele te fala palavras eternas que nunca ninguém falou, cura as tuas enfermidades, te alimenta até ficar saciado e ainda sobra. Todo mundo quer um rei assim. Foi isso que eles disseram: “Queremos que o Senhor seja rei”. E sabe quem mais provavelmente estava junto com eles nessa vontade que o Senhor fosse rei “aqui e agora”, no tangível? Os doze discípulos. Então, depois que a multidão foi alimentada, mais uma vez o Senhor manda seus discípulos embora. Ele diz aos discípulos: peguem o barco e vão para o outro lado. Não é interessante isso? O Senhor ficou, despedindo a multidão, e os discípulos foram. Quando eles foram para o outro lado, levantou-se uma tempestade no mar, tão furiosa que, eles remavam e remavam e não conseguiam avançar. E o Senhor foi ao encontro deles andando sobre as águas e eles se assustaram. Qualquer um de nós ficaria assustado. Imaginem uma tempestade naquele mar revolto e eles atravessando, quando, no meio da travessia vem alguém caminhando por sobre as águas ao longe. Eles pensaram: é um fantasma. Estavam aterrorizados, e o Senhor vai dizer para eles que não tivessem medo pois era Ele. E aí, diz no Evangelho de João que o Senhor fala: “Não temais”. O Senhor entra no barco, e diz que eles ficaram atônitos com aquilo que aconteceu. E diz que eles ficaram atônitos porque eles não entenderam o milagre dos pães.

No dia seguinte, diz que a multidão procurou a Jesus de novo. E o Senhor Jesus vai ter uma palavra muito dura para a multidão:

Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Jo 6:26

Em outras palavras, o Senhor estava lhes dizendo: “Se vocês estão me procurando por isso, simplesmente porque vos alimentei com comida material, estão me procurando com a motivação errada!”. A partir daí, eles começaram a discutir com o Senhor:

Então, lhe disseram eles: Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti? Quais são os teus feitos?

Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu lhes a comer pão do céu. Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moises quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão.

Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome... Jo 6:30-35a

Quando o Senhor explica aquele milagre, aí temos condições de começar a entender o que é o Evangelho. O Evangelho é quando as multidões são alimentadas com Cristo Jesus. Isso é o Evangelho. Então, vemos que através do milagre da multiplicação dos pães, o Senhor evidencia o seu amor pelas multidões, mostra que Ele não quer que nada se desperdice e começa a mostrar a verdadeira natureza do Evangelho. Qual é a verdadeira natureza do Evangelho? É quando nós damos para as pessoas, não o tangível, em primeiro lugar, mas compartilhamos Cristo com elas. O Senhor Jesus Cristo é o pão. Jesus Cristo é o alimento. Nesse sentido os discípulos estavam totalmente corretos ao dizerem que não tinham com o quê alimentar as multidões. Agora, qual é essa aplicação disso para nós? Assim como os discípulos, nós não temos com o quê alimentar as multidões. Não temos como orientar as pessoas. Tampouco podemos curá-las. Nós não temos como satisfazer as pessoas, a menos que nós tenhamos Cristo para dar para as pessoas, a menos que nós tenhamos a vida do próprio Senhor para repartir com as pessoas.

Depois do milagre da multiplicação dos pães, o relato no livro de Lucas é seguido por um pronunciamento muito importante, o Senhor declara aos discípulos acerca de sua morte:

É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia ressuscite. Lc 9:22

Uma vez mais, os discípulos não conseguem compreender. O Senhor tinha operado um tão grande milagre, as multidões estavam a ponto de coroá-lo rei. Havia uma grande expectativa, finalmente as pessoas estavam reconhecendo quem era o seu Senhor. Mas o próprio Senhor corta aquele ímpeto e começa a falar da sua morte. Nesse contexto, necessitamos de outra porção das Escrituras para entender o significado de tudo isto e compreender um principio eterno do Evangelho:

Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Jo 12:24

Daquela forma como o Senhor estava, ainda que Ele tinha uma vida perfeita, ainda que o Senhor tivesse um ministério perfeito e, mesmo que o Senhor tivesse agradado a Deus em todas as coisas, ele ainda estava limitado àquele corpo físico. Como é que o Senhor poderia chegar até os confins da terra, se continuasse restringido ao seu corpo físico? Ou como é que Ele poderia chegar até nós, que vivemos dois mil anos depois da sua vinda sobre a terra, se estivesse limitado pelo seu corpo físico? Como o Senhor poderia repartir a sua vida conosco, de forma que nós também tivéssemos a própria vida de Deus? Só havia uma maneira: Ele, como o grão de trigo, tinha que cair sobre a terra e morrer.

Agora, o que é um grão de trigo? O grão de trigo, a grosso modo, pode ser descrito como sendo constituído por dois componentes: algo no interior revestido por uma capa externa. No exterior, há uma casca envolvendo a vida que se encontra em seu interior. Por fora, casca. Por dentro vida. Como é o grão de trigo frutifica? O agricultor coloca o grão de trigo dentro da terra e, para que ocorra a frutificação, aquela casca externa tem que se romper. Quem de nós, em sua época escolar, já não fez aquela experiência com o grão de feijão? Coloca-se o grão de feijão em um algodão molhado e observa o seu crescimento? Já fizeram essa experiência? As crianças ficam olhando dia após dia esperando por ver alguma transformação até que um dia começa a romper um pedaço da casca, e vai aparecendo uma pontinha branca e depois outra pontinha branca, e depois começam a sair as raízes. E as raízes se transformam num caule e daí vêm as folhas até que um dia, finalmente, se desenvolve uma planta madura que depois pode produzir mais frutos.

Então, aquela casca de fora do grão, tem que ser rompida para a vida poder sair, para a planta poder crescer, e depois frutificar. Por mais perfeito que fosse a vida do nosso Senhor Jesus Cristo aqui na terra, a vida estava confinada. Pode-se dizer a casca do grão de trigo descreve figurativamente o corpo do nosso Senhor. O grão tinha de cair na terra e permitir que a vida que estava no grão frutificasse. Os irmãos estão entendendo? Vocês lembram que o Senhor, na cruz do Calvário Ele disse: “Deus meu, Deus meu. Por que me desamparaste?” Lembram que o sol se escondeu e se fez trevas em pleno meio dia? Lembram que depois do sofrimento e morte ele foi sepultado e, na sepultura, permaneceu três dias? É o grão de trigo debaixo da terra. O grão de trigo passando por aquele processo em que aquela casca vai ser rompida para que a vida possa fluir. É um processo de escuridão, porque quando o grão de trigo está debaixo da terra não vê a luz do sol; é um processo de umidade, desconfortável, um processo de dor, porque aquela casca vai ser rompida, mas é um processo que ao final disso vai resultar vida. Os irmãos estão percebendo? Isso, de alguma forma nos fala do mesmo processo, pelo qual, nós cristãos, podemos frutificar e, finalmente, evangelizar.

É muito comum, quando iniciamos a nossa vida cristã, que somos cercados de muitos milagres. Isso todo nós já experimentamos. Nos primeiros dias e meses - que maravilha! São tantos os milagres. Muitas vezes nem mesmo oramos e o Senhor nos responde. Um irmão compartilhou conosco que, bastava um suspirar, e o Senhor lhe respondia. Tem irmão que simplesmente sonhava, e o Senhor lhe respondia. Outro simplesmente pedia: “Senhor eu queria um carro azul”. De repente vem um carro azulão, e pára na porta. Que milagre, o irmão foi premiado. Outro pensava: “Eu queria uma casa com quatro quartos”. E na bondade do Senhor depois de alguns dias: Aí vem uma casa com seis quartos. O Senhor suprindo. Todavia, nossa caminhada não permanece sempre assim. Depois de algum tempo, quando estamos mais firmes no Senhor, sabendo que Ele é rei, que Ele é Deus e nós o amamos, queremos andar mais perto dele. É com o seu povo que desejamos andar, não queremos outra coisa senão o nosso Deus. Aí parece que nós caímos em uma terra escura. Temos a impressão que os milagres já não acontecem mais com tanta freqüência, não é mais a mesma intensidade, parece que nós oramos e a oração bate no teto. É possível que nós tivéssemos cem coisas pendentes e o Senhor nos libertou de noventa e nove. Resta uma que não conseguimos resolver. Aí vamos ao Senhor e lhe perguntamos: mas Senhor, e este último assunto? Senhor liberta-me. Vocês conhecem essa história. Parece que o Senhor não nos ouve. Temos a impressão de que o Senhor não está agindo, e aí vem aquela escuridão. E aí vem aquela umidade, aquela situação que a gente não entende. Parece que o céu fechou. E aí vem o sofrimento e, se nós não entendermos que isso é um princípio de vida, começamos a perder esse caminho de crescimento com o Senhor. Começaremos a fraquejar, a duvidar, a retroceder, por não entendermos que, se o Senhor nos ama, Ele nos colocará em muitas situações para que a casca seja rompida, para que a vida possa fluir.

Irmão. Você tem sofrido? Irmã. Você tem sofrido? Tem alguma situação na sua vida que você não entende. Tem uma oração que você está orando e ainda não foi respondida? Tem alguma situação que você está vivendo em uma bendita incerteza. Será que você pensou em desanimar? Não desanime. Faz parte do processo. Se nós quisermos frutificar, temos de passar por essa experiência para que a casca externa quebrada. Não pense que está errado. Não pense que está seguindo o Deus errado. Não pense que está sofrendo em vão. Talvez seja um ano, talvez seja dois anos, talvez seja dez anos. Talvez o teu caso parece que não tenha esperança. Talvez pareça que Deus esqueceu de Ti. Mas fique sabendo, Deus nunca esquece. Ele jamais esquece. Ele sabe o que faz. Ele sabe como faz, e Ele sabe quando fazer. Ele sabe, Ele é o Senhor, Ele é o nosso Senhor. Então, esse primeiro aspecto que nós temos que entender da natureza da vida de Deus. É importante saber que Deus vai nos colocar em várias situações e circunstâncias adversas. Parece que o mundo está se opondo a nós. Ele vai nos colocar nessas circunstâncias para que? Para que essa casca seja quebrada, e a vida possa romper, e vai ser uma vida que sai da morte, entra na ressurreição. Daí, ela frutifica. Então, isso é a lição que vai nos falar da questão do Evangelho.

Agora nós vamos retornar para a lição que podemos aprender com o vaso de alabastro. Agora ficou provado que o Senhor entende de como tratar com os pobres, também vimos que ele nada desperdiça e, além disso, nos ensinou a natureza do evangelho. O Evangelho é alimentar as multidões com o próprio Cristo.

Agora que tudo isto ficou claro, podemos retomar a figura do vaso de alabastro que contem aquele precioso perfume. Como os irmãos lembram, nós mencionamos que, quando a Maria quebra aquele vaso de alabastro e derrama aquele perfume sobre a cabeça do Senhor, essa ação se refere à Maria ter derramado sobre o Senhor o que de mais precioso ela possuía. Aplicado a nós, cristãos, se refere a oferecermos ao Senhor aquilo que de mais precioso possuímos. O que é, no entanto, que de mais precioso possuímos? Alguns dizem: nossa vida, outros dizem: o Senhor Jesus. Na verdade, ambas respostas podem estar corretas. Se os irmãos lembrarem, há uma passagem no Evangelho em que o Senhor profere uma parábola a respeito de um homem rico, cujo campo produziu com abundância e ele disse:

Então direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, rega-la-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?

Em outras palavras: o que adianta construir tantos celeiros e perder a tua alma? O que é que adianta ajuntar tanta coisa aqui nessa terra, se perderes a tua alma? Não adianta nada! Em outra passagem, o Senhor diz:

Que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?

Nessa passagem, vemos que quando Senhor faz essa afirmação, ele coloca de um lado a alma e, do outro, o mundo inteiro. Ou seja, não adianta você ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma. Assim, vemos em um lado a alma e do outro o mundo inteiro. Então, de acordo com a avaliação do Senhor, uma alma é muito valiosa. Uma só alma vale mais do que o mundo inteiro. Os irmãos estão percebendo? É por isso que nós temos que amar as almas que estão perdidas. É por isso que nós temos que evangelizar, é por isso que nós temos que amar incondicionalmente, porque uma alma tem um valor incalculável. Uma alma vale mais do que o mundo inteiro. Está claro isso?

Então, agora, quando nós conhecemos o Senhor Jesus Cristo, a vida de Cristo é colocada no nosso interior, no nosso espírito. A nossa alma é o mais precioso que nós temos. Mas lá dentro da nossa alma é colocado o nosso Senhor Jesus Cristo. A alma é preciosa, mas aquilo que está lá dentro é mais precioso ainda, é como se fosse um vaso de alabastro, contendo um perfume de nardo finíssimo. É um vaso frágil, mas contendo tesouro incalculável. Quando estudamos como a Bíblia descreve o ser humano, pode-se descobrir que, de maneira simplificada, a Bíblia resume o homem em duas partes: o homem interior e o homem exterior. No homem interior nós colocamos o espírito e no homem exterior nós colocamos alma e corpo. Agora nós começamos a ver aquele vaso de alabastro, contendo aquele perfume preciosos, é uma figura da vida humana. O homem exterior correspondendo ao nosso corpo e alma, e o homem interior, correspondendo ao nosso espírito. Lá dentro do homem interior, há vida de Cristo e a nossa alma e corpo como que circundando esse homem interior. Aí vem a seguinte pergunta: Nós queremos evangelizar? Claro que sim. Temos de evangelizar, é mandamento do Senhor. Como Paulo, o apóstolo, podemos dizer: “Ai de mim se não pregarmos o evangelho”. Mas o que é evangelizar? É dar Cristo, dar vida, para as pessoas. Mas onde está o Senhor Jesus Cristo? Está dentro de nós. Não está nas pedras, nem nas árvores ou nos mares. A vida do Senhor Jesus Cristo está dentro de nós. É dentro de nós que Deus escolhe habitar por meio do seu Espírito. Agora eu pergunto: como é que essa vida vai sair dentro de nós? A casca tem que ser rompida, o vaso de alabastro tem que ser quebrado!

Qual a diferença entre o grão de trigo e o vaso de alabastro? O grão de trigo é colocado pelo agricultor lá na terra, é o começo da obra de Deus em nós. Mas o vaso de alabastro refere-se a algo que está em nossa mão. No tratamento com o grão de trigo, vem a intempérie, a umidade e a escuridão. É algo involuntário, todo esse ambiente representado pela ação terra vai trabalhar, vai cooperar para que aquela casca seja rompida e a vida possa sair. Mas no caso do vaso de alabastro, Maria teve de agir. Não foi involuntário. O que Maria teve que fazer? Ele mesma teve que quebrar o vaso. Os irmãos estão percebendo a diferença? Isso nos fala da consagração. Isso começa nos fala de um segundo passo. Não é que você foi colocado em uma situação difícil de onde não consegue sair e, por causa disso, começa a sofrer, e, em conseqüência, a casca está sendo quebrada. Não se refere a alguma situação em que você suporta sofrimento e diz: “Ó obrigado, Senhor. O Senhor está me quebrando.”

Não, irmaos. Não é isso. O vaso de alabastro se refere ao fato de que você reconhecer o valor que o nosso Jesus Cristo tem. Nós olhos são abertos para conhecer o amor do Senhor Jesus Cristo que, por amor, se deu a nós. E vemos que o Senhor Jesus Cristo se deu a nós de maneira irrestrita, que Ele se permitiu ser quebrado, que se permitiu ser moído naquela cruz para que recebêssemos vida. Quando você vê o amor de Cristo, esse amor nos constrange e você diz assim: “Senhor. Quero dispor a minha vida, para que nela a Tua vontade seja feita. Quero dispor a minha vida, para que a obra da cruz possa operar nela.”. Essa entrega é a ação representada pela quebra do vaso de alabastro, para que aquela vida preciosa que está lá dentro possa fluir e alcançar o mundo. Isso é evangelismo.

Se a vida fica retida dentro de nós, seremos simplesmente inúmeros indivíduos, cuja vida está restringida em seu inerior. Mas se nós, como Maria, percebemos o valor que tem o Senhor Jesus Cristo, e decidimos deixar que se quebre esse vaso de alabastro, e derramarmos nossa vida aos pés do Senhor, essa vida vai sair e vai alcançar a outros. Os irmãos estão percebendo?

O alabastro era uma pedra comumente utilizada para conter líquidos, conter perfumes e o nardo é chamado na língua inglesa como: “spikenard”. Essa palavra é oriunda do grego que, por sua vez, vem do sânscrito. O nardo era fabricado na Índia, a partir de algumas ervas aromáticas obtidas naquelas regiões localizadas no Himalaia, cadeia montanhosa em um pais hoje conhecido como Nepal. Há que afirme que esse nardo puro que Maria derramou sobre a cabeça do Senhor, era simplesmente um perfume obtido de plantas aromáticas do norte de Israel, Jordânia, Síria ou Líbano. Mas se fosse alguma coisa obtida ali nas vizinhanças de Israel, por que motivo seria tão caro? Tudo indica, portanto, que esse nardo mencionado no Evangelho, era uma essência que, de fato, ela era obtida lá na Índia ou extremo oriente. Mas como ela era obtida? Existe uma flor, de coloração lilás e amarela, que nasce nas encostas do Himalaia. Essa flor, tem que ser colhida no auge da sua juventude. Ou seja, tem de ser colhida assim que ela completa a sua fase de maturidade. Não pode ser antes e nem depois, tem que ser na estação correta do ano, no momento correto, porque aí ela vai produzir a essência da melhor qualidade. E aí, a flor é colhida e armazenada em um local muito especial para que não tenha umidade, etc... Depois a flor deve passar por um processo de destilação, processo esse que envolve calor e compressão. Um fato interessante é que eles tem que colher uma tonelada dessa flor para obter algumas gramas dessa essência, e partir daí então é que é produzido esse nardo puro. Fica evidente assim, que o nardo é, de fato, uma figura da vida do nosso Senhor.

Os irmãos lembram que o nosso Senhor viveu trinta anos de silêncio, tal como aquela flor no alto da montanha? Ninguém sabia que Ele existia, ninguém saiba. O Senhor era tão perfeito, tão belo, tão justo, mas ninguém sabia, porque Ele estava vivendo uma vida diante do Pai. Mas um dia, quando aquela vida do Senhor está cheia de maturidade o Senhor o colhe, e o Senhor Deus o permite que ele passe por aquele largar, por aquele processo de sofrimento para que disso resulte aquele nardo puro. Essa é a história do nosso Senhor Jesus Cristo. É assim que o Senhor obtém aquele perfume, e é por isso que aquele perfume tem um valor tão grande, por isso o preço dele foi tão alto. Os especialistas dizem que tais perfumes não pode ser feitos por máquinas. Tem que ser feito por mãos humanas, tem que ser feito por alguém que conhece a dose de cada componente, conhece as temperaturas exatas, quando colher, quando comprimir, quanto comprimir, com qual temperatura e depois vai resultar esse nardo puro. E nós vemos que a vida que o nosso Senhor Jesus Cristo coloca em nosso interior foi a vida que sofreu lá na cruz do Calvário. Foi a vida que o Pai Senhor permitiu que as suas mãos furadas por pregos e seus pés fossem traspassados. Permitiu que as suas costas fossem açoitadas com chicotes, permitiu que a sua fronte tivesse uma coroa de espinhos e permitiu que o Senhor passasse por aquele momento tão difícil em que Ele diz: “Deus meu. Deus meu, por que me desamparaste?” Essa era a nossa história, esse era o nosso clamor. O Pai permitiu que o nosso Senhor dissesse: “Tenho sede.” Era a nossa sede. O Senhor tomou sobre si os nossos pecados, tomou sobre si a penalidade do nosso pecado e derramou a sua alma na morte, na cruz do Calvário. O Senhor Jesus Cristo é aquele nardo precioso, e é esse nardo precioso que é depositado na nossa vida como vaso de alabastro. E agora, o que é que temos que fazer irmãos? Se nós entendemos, o amor do Senhor Jesus Cristo por nós, desejaremos oferecer nossa vida, toda a nossa vida, para que o Senhor faça com ela conforme lhe aprouver. Mas, para Ele fazer isso, tem que romper a casca, tem que quebrar o vaso. O que é essa casca? O que é esse vaso? É a vida da nossa alma.

A vida da nossa alma, de acordo com as escrituras, é caracterizada basicamente por três áreas: vontade, pensamentos e emoções. Se a nossa vontade é muito forte, ela não pode se submeter à vontade do Senhor. É a casca, aquele vaso de alabastro que não pode ser quebrado. Se a nossa vontade é muito forte, talvez quando o Senhor disser: “IDE”, você vai. Mas se a nossa vontade é muito forte, quando o Senhor diz: “Pare!” - você não consegue parar. Se as nossas emoções são muito fortes, quando estamos emocionados com uma mensagem evangelística, vamos naquela emoção. Mas, no dia em que não estivermos emocionados, o que ocorrerá? Nos dias em que estamos nos sentindo secos e nosso interior, como se estivéssemos no deserto do Sinai? Pode cair um bêbado ao nosso lado esquerdo e haver um aleijado do lado direito. Não nos movemos! Para nós é suficiente saber que estamos indo com o Senhor para o céu. Se não estamos dispostos a evangelizar naquele dia, não conseguimos mover. Sabe, irmaos? As emoções são assim. Se elas não estiverem quebradas pelo Senhor, elas não tem controle. Quando nós somos governados pelas emoções, o Senhor diz para irmos, nós vamos. Mas se formos pela emoção, quando as situações difíceis chegam, mesmo que e o Senhor continue dizendo: “Ide!”, nós continuamos parados. Estão percebendo? E os nossos pensamentos? Quantos de nós temos um depósito riquíssimo da vida do Senhor, mas não conseguimos pregar, nem evangelizar, ou tampouco servir, porque tem nossa vida de pensamento está impedindo a vida de Cristo de sair? Nesse caso, nossa mente não pensa os mesmos pensamentos que Deus tem. Está endurecido, está frio. Calculista, só na base do raciocínio. E quando isso acontece, quando estamos presos no nosso pensamento, escravizados nas nossas emoções, endurecidos na nossa vontade. A vida de Deus que está lá dentro do nosso espírito fica sufocada. E nós começamos a nos tornar endurecidos, e quando ficamos endurecidos, não conseguimos ver e nem entender. Se nós tivéssemos tempo, poderia provar para os irmãos que lá nos evangelhos, os discípulos estavam endurecidos e, por isso, não conseguiram ver. Tinham olhos e não viam. Tinham ouvidos e não ouviam. Viram os sinais mas não entenderam e o que aconteceu lá no final? Eles se esqueceram. Leia no Evangelho de Marcos e me diga se não é essa seqüência. Creio que devemos ler essa passagem.

Depois daquela primeira multiplicação dos pães, nos é dito que o Senhor multiplicou os pães outra vez. Depois disso, o Senhor começou a advertir os discípulos para tivessem cuidado com o fermento dos fariseus, etc... Em Marcos 8, o Senhor já havia feito o milagre da multiplicação dos pães, já havia curado muitos enfermos, o Senhor já havia feito muitas coisas, aí temos o seguinte relato:

Ora, aconteceu que eles se esqueceram de levar pães e, no barco, não tinham consigo senão um só. Preveniu-os Jesus, dizendo: Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes. E eles discorriam entre si: É que não temos pão. Jesus, percebendo-o, lhes perguntou: Por que discorreis sobre o não terdes pão? Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o coração endurecido? Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais de quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam eles: Doze! Mc 8:14 a 19.

Aqui o Senhor começa a tratar seus discípulos como se fossem crianças pequenas, porque eles estavam endurecidos. O Senhor estava lhes dizendo: “Vocês se esqueceram de todos os milagres que eu já fiz? Vocês já se esqueceram que eu multipliquei os pães? Vocês se esqueceram que eu limpei os leprosos, curei os cegos, restaurei o ouvido aos surdos? Vocês se esqueceram?” Por isso, os discípulos não entenderam a lição do vaso de alabastro. Por isso, que eles não entenderam porque a Maria poderia quebrar e derramar a sua vida sobre o Senhor. Os discípulos não entenderam a lição posterior, porque esqueceram a lição anterior. Eles, de alguma forma, haviam perdido uma lição importante: para que a vida de Cristo possa fluir o vaso tem que ser quebrado.

Irmão, se a tua vida emocional é tão forte, que não te permite proclamar o Evangelho do Senhor, você tem que oferecer essa vida emocional ao Senhor, para que o Senhor a quebre da maneira como Ele sabe quebrar. Que a vida do Senhor possa fluir. Irmã, se a tua vontade é tão forte, e por isso, você não consegue ser flexível na mão do Senhor, ela tem que ser oferecida ao Senhor, para que o Senhor a quebre. Irmão, se tua vida de raciocínio é tão forte, que está te impedindo de deixar que a vida do Senhor flua, ela tem que ser quebrada. Se alguém amar a sua vida, perdê-la-á. Mas se alguém, por amor de Mim, perder a sua vida, ganha-la-á.

O nosso Senhor nunca nos pede alguma coisa que Ele mesmo não tenha feito. O nosso Senhor não pede que passemos por alguma coisa que Ele mesmo nunca tenha passado. O nosso Senhor conhece todas as situações que podemos vir a passar. Até aquela que nós não imaginamos, Ele conhece. E quando o Senhor permite que venham coisas sobre a nossa vida, ele permite para que a nossa casca seja quebrada, seja rompida, para que aquele vaso de alabastro seja quebrado e, quando for quebrado, vai sair um perfume que é a vida de Cristo. Agora, se mesmo passando pelas situações difíceis, o vaso não for quebrado ou a casca rompida, tudo será sofrimento em vão. No entanto, se, ao passarmos pelas situações difíceis, nos entregamos ao Senhor e, se permitirmos que Ele produza o quebrantamento de nossa casca externa, veremos que o resultado é o fluir do perfume. O perfume vai fluir derramar-se-á sobre a cabeça do nosso Senhor. Alguns dos Evangelhos mencionam que ela derramou aquele perfume precioso sobre a cabeça do nosso Senhor, e em outro dos evangelhos, nos diz que ela derramou aquele perfume sobre os pés do nosso Senhor. Nós sabemos que, hoje, o Senhor é o cabeça da igreja lá no céu. Também sabemos que nós, a Igreja, somos o corpo do Senhor. A Igreja é aquela parte do corpo que toca a terra. Somos os pés. Derramar a vida sobre o Senhor é uma primeira e muito importante parte: derramar aquele ungüento, aquele óleo precioso sobre a cabeça do Senhor. Mas há uma outra parte que não pode ser esquecida, ou seja, o derramar daquele perfume precioso sobre os pés do nosso Senhor. Do que isso nos fala? De amor aos nossos irmãos irmãs. Isso nos fala em primeiro lugar, não do “fazer”. Tal atitude, em primeiro lugar, nos fala do “ser”, nos fala de vida. E, quando estivermos derramando a nossa vida em amor na presença do nosso Senhor, ele mesmo nos conduzirá a derramar a nossa vida em amor, na presença dos nossos irmãos. Nós vamos amar os irmãos. Amaremos o Senhor e também aos nossos irmãos. E quando estivermos amando o Senhor e também aos irmãos, então vamos ser um. O que acontecerá? Quando nós formos um, o mundo vai crer. O que nós devemos fazer para fazer as obras de Deus? “Que creiais ...”, diz o Senhor. Quando estivermos nos derramando em amor perante o nosso Senhor e perante os nossos irmãos, esse amor, produzirá unidade. A unidade produzirá um testemunho neste mundo. E aí irmãos, diz o Evangelho, que quando aquele perfume caiu sobre a cabeça do Senhor, não ficou só sobre a cabeça, pois ele desce por todo o corpo, vai até os pés, e de acordo com o Evangelho, o perfume encheu toda a casa. Aí começamos a compreender o mistério da evangelização.

Se nós fôssemos escutar a história da conversão das pessoas, têm histórias diferentes. Alguns, de fato, se convertem ouvindo a pregação. Outros lendo ou ouvindo um versículo. Outros ainda, se convertem ao fitar os olhos de alguém. Houve até um irmão que se converte dormindo. Se nós tivermos tempo outro dia, vou contar a história de um irmão que se converteu dormindo. Muito interessante. A gente pensa que para as pessoas se converterem temos que pregar e pregar, falar e falar. Sem dúvida, o Senhor manda pregar. Não estamos dizendo heresia aqui. O Senhor manda falar, mas sabem o que, de fato, salva as pessoas, irmãos? É o perfume de Cristo. Pensa bem, porque você veio para o Senhor? Qual é tua história? Não foram muitas palavras. Embora as palavras sejam importantes, mas de alguma forma, algum dia nós sentimos o perfume de Cristo, em algum lugar, em alguma pessoa. E nós quisemos ficar ali porque tinha aquele perfume tão agradável.

Se o Senhor nos der uma outra oportunidade, outro dia poderemos falar sobre o olfato espiritual. A Bíblia menciona a visão espiritual, e também o olfato espiritual. Hoje não temos mais tempo.

Mas qual é a essência da evangelização? É que nós, realmente, sejamos cheios do doce perfume do Senhor Jesus Cristo. E aí, esse perfume vai se espalhando, enchendo o ambiente, Cristo vai se manifestando e aí vai ocorrendo a salvação. Se não somos quebrados pelo Senhor Jesus Cristo, as pessoas encontrarão aquele homem, que é o raciocínio em pessoa, não sentirão o cheiro de Cristo, mas a agudeza de seu raciocínio. Se não fomos quebrados, as pessoas encontrarão aquela mulher que é caracterizada por suas emoções. Se não formos quebrados, as pessoas não sentirão o perfume do Senhor Jesus Cristo. Todavia, se o Senhor, de fato, operar no nosso coração, se nós permitirmos que o vaso seja quebrado, não mais apresentaremos a nós mesmos para as pessoas. Ao contrário, pela sua graça, exalaremos o doce perfume do Senhor Jesus Cristo. Quando este perfume é manifesto, a vida de Cristo é manifesta, e o propósito de Deus vai se cumprir. Vamos orar mais uma vez.

Amado Senhor, te agradecemos por tua bondade e misericórdia. Te damos graça pela tua riqueza e amor para conosco. Senhor, nós, de fato, queremos aprender a derramar a nossa vida em amor perante o Senhor, para que nela o Senhor faça a sua vontade. Senhor, se a Tua vontade é que nós vamos, seja para onde for Senhor, nós queremos ir. Mas se a tua vontade for Senhor, que nós fiquemos, nós queremos ficar. Senhor. Se a tua vontade é que nós vamos e voltemos, queremos ir e voltar. Senhor. Faça a tua vontade. Isso pedimos em nome do Senhor Jesus. Amém.

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