01 junho, 2006

FUNDAMENTOS DA NOSSA CONFISSÃओ 1

Irmãos, vamos abrir as nossas Bíblias, na Epístola de Paulo aos Romanos, cap. 1. Vamos ver os versos 16 e 17. 16 ¶ Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; 17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

Pai. Agradecemos a Ti, porque podemos nos reunir contigo. Obrigado porque temos a Tua habitação em nosso meio. O Senhor é nosso motivo e nossa intenção, nosso foco, nosso centro e nosso fim. Desejamos em tudo Te ver, em tudo Ti conhecer, em tudo Ti tocar. Concede Senhor agora, nesse tempo diante da palavra, uma oportunidade de vermos a Tua pessoa com mais clareza. Pedimos ao Senhor que tome em tuas mãos a direção desse tempo e possa ministrar aos nossos corações, progredindo Senhor o Teu trabalhar em nós, fazendo-nos igreja gloriosa, moldada à imagem do Teu Filho, conforme o Teu eterno propósito. Pedimos em nome de Jesus. Amém.

Irmãos, nós vamos iniciar hoje e ter alguns períodos em torno de mais um assunto na seqüência do que já temos compartilhado. Nós encerramos algumas notas, na verdade, a respeito da Expiação, na reunião anterior. Hoje nós vamos iniciar algumas notas também, uma visão, mesmo que panorâmica, nada de forma muito aprofundada, mas de forma clara, esperamos diante do Senhor, uma visão a respeito da Justificação pela Fé.

Temos dito aos irmãos que de forma sintética, podíamos selecionar oito alicerces da nossa fé ou da nossa confissão, e como esse é um assunto muito central na vida da igreja, então creio que o Senhor depositou esse encargo no meu coração, para que nós passássemos um a um, de todos esses oito alicerces. Já tínhamos há um bom tempo atrás estudado os primeiros, o que se refere à Trindade, e o que se refere à Encarnação. A pessoa e obra de Cristo, a Encarnação, e na reunião anterior, nós falamos um pouco mais relativo à obra de Cristo propriamente, a Expiação. Então, nós terminamos esse terceiro item, esse terceiro alicerce. A Trindade então primeiro, a Encarnação o segundo e a Expiação - a obra expiatória de Cristo - como terceiro alicerce.

Hoje nós vamos começar o quarto grande alicerce, que é a Justificação pela Fé. Irmãos, a nossa compreensão a respeito desse alicerce é tão fundamental, quanto a nossa compreensão a respeito da natureza da própria igreja. Quando nós viermos a tocar mais na frente, final deste esboço todo que temos feito, mais no final, abordando verdades relativas ao corpo de Cristo que é a igreja, nós iremos ver, não somente neste ponto, mas também nos outros que virão, a importância deste quarto alicerce, da nossa visão clara sobre a justificação pela fé. Os irmãos que tiveram aqui na reunião anterior, o irmão Paulo abordou algo a respeito deste alicerce, na reunião passada e ele lembrou uma frase a respeito de Martinho Lutero, de quem eu gostaria de colocar algumas notas importantes na reunião de hoje, ele lembrou que Martinho Lutero disse que esse era o alicerce fundamental da vida da igreja: a Justificação pela Fé. Tão fundamental que uma igreja permaneceria de pé, ou cairia, baseado, baseado, exclusivamente, nesse alicerce. Justificação pela Fé. Então nós podemos dizer que esses que vem antes e esses que vem depois, eles como que trazem todo o peso a este quarto alicerce Justificação pela Fé. É importantíssimo termos uma visão do Deus triuno senão nem mesmo compreendemos a obra expiatória de Cristo. Não dá para compreender a obra expiatória de Cristo sem uma visão da triunidade de pessoas em Deus. Nós não podemos compreender a encarnação então, da segunda pessoa da Divindade, o Filho, sem é claro, compreendermos que em Deus há três pessoas embora haja uma única essência. Não três deuses, mas um Deus. E a segunda pessoa deste Deus, sendo Deus, se fez carne. O Verbo encarnado de Deus. A Encarnação. Nós não podemos compreender a Expiação - terceiro alicerce - sem essas visões anteriores: Trindade e da Encarnação. Quem foi aquele que realizou Expiação por nós? Por que ela é tão eficaz? Por que essa Expiação é tão perfeita, como o livro de Hebreus diz? Por que é que ela foi feita uma vez por todas e não precisa ser repetida ano após ano, como eram aqueles sacrifícios do Velho Testamento? Por que? Por causa da Pessoa que realizou aquela expiação. Quem foi essa Pessoa? A Pessoa Divina e humana de Cristo. Então os irmãos vejam que é uma corrente de elos. Uma verdade está amarrada à outra. Trindade, primeiro grande alicerce da igreja. Encarnação: o Verbo ou o Filho, a segunda pessoa do Deus triuno, se fez carne e habitou entre nós. A Terceira: esse Verbo, o Filho encarnado, foi à cruz e realizou uma obra expiatória. Singular. Obra baseada na qual nós podemos ser recebidos por Deus e aceitos por Deus. A Expiação é a base da Justificação. Seria o quarto alicerce que nós vamos começar a estudar hoje. Uma corrente de elos. Não podem ser separadas. As verdades que vão se seguir da mesma forma. Depois nós vamos ver sobre a ressurreição de Cristo, quão sólido é esse alicerce nas escrituras. Cristo ressuscitou. Depois nós vamos ver o Espírito Santo, o Corpo de Cristo, Supremo propósito de Deus. Então irmãos hoje, apenas como uma introdução, nós vamos ver alguma coisa relacionada à pessoa de Lutero e o que Deus fez usando, de uma forma magnífica, esse vaso chamado Martinho Lutero, para trazer, naquela época de tanto conflito, de tantas trevas, de tanta confusão teológica, uma visão clara a respeito da Justificação pela Fé.

Irmãos nós temos uma tendência muito natural de cultuar heróis. Essa é uma tendência do homem. O homem precisa do mito, mas na vida cristã, nós não temos esse ímpeto natural do coração. Nós não cultuamos heróis. A única pessoa a quem cultuamos é o Deus feito carne, que é o único digno de culto. Então nós não estamos cultuando Martinho Lutero. Ele era um pecador como nós, mas o que Deus fez em Martinho Lutero, a obra da graça, como ele forjou aquele vaso de uma forma muito especial, nós vamos ver, para que essa verdade da justificação pela fé, se tornasse clara nos seus pontos essenciais.

Irmãos. Algumas pessoas pregaram verdades importantes por todo o tempo da história da igreja, muitas verdades importantes, mas reparem os irmãos que se interessam pela história da igreja, que tem estudado esse assunto, percebam os irmãos que em alguns momentos, Deus une de uma forma muito impressionante uma verdade, vamos chamar de teológica, uma verdade essencial, uma verdade de alicerce, que Ele quer trazer à luz, Ele une de uma forma impressionante às vidas de alguns homens, de tal forma que aqueles homens não se tornam apenas anunciadores daquela verdade, não apenas pregadores, como que vamos dizer de segunda mão. Mas esses homens se tornam, eles mesmo, uma expressão daquela verdade viva. Isso é muito impressionante em alguns homens. Não em todos, em alguns homens. Por exemplo, o apóstolo Paulo foi um desses. Quando os irmãos lêem a Bíblia, estudam a história de Paulo, os irmãos podem ver claramente que Deus ali, estava conquistando, não apenas um pregador para si. Muito antes disso. Deus estava conquistando um vaso para si. E naquele vaso ele iria refletir aquelas verdades que então seriam pregadas com tanto poder. E todas as vezes que Deus faz isso irmão, uma obra diferenciada é produzida, porque irmão nós cremos que há poder no simples anúncio da palavra de Deus. A palavra de Deus tem poder por si mesma. A palavra de Deus tem poder nela mesma. Ela é viva e ela é eficaz, mas em todos momentos em que Deus une, vamos chamar de uma forma singular, a verdade, a visão, a palavra, de uma forma muito intrínseca à pessoa que a anuncia, aquela verdade é proclamada de uma forma muito mais poderosa, muito mais efetiva. Isso aconteceu, por exemplo, com Paulo. Lembra quando Paulo caiu naquela estrada de Damasco, ficou cego, ele é levado até Ananias para ser batizado. Lembra o que o Senhor fala para Ananias, quando Paulo estava sendo conduzido para lá? Ananias, de certa forma, ficou com medo de receber ali o Saulo de Tarso que era o grande perseguidor dos cristãos. Ele mesmo levava cartas das autoridades para aprisionar, torturar e até matar cristãos na cidade de Damasco. Ele estava naquele caminho quando ele foi derrubado naquela estrada. Ele ouviu aquela voz: Atos 9:4 e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele viu então que aquele Senhor, Jeová, que falava com ele era o próprio Jesus, que Ele assim se anunciou a ele. 5 ........... E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Os irmãos vejam que aquele homem fica cego três dias. Depois ele é levado a Ananias. O Senhor prepara Ananias para receber Paulo. O Senhor fala com Ananias também antes que Paulo chegue lá na sua casa. E o Senhor fala para Ananias que ele não deveria temer em receber ali o Saulo até então, porque aquele seria para Ele uma vaso escolhido para anunciar o Seu nome entre os gentios e entres nações. Irmãos, de forma paralela, o Senhor fez a mesma coisa com Martinho Lutero. Muito linda a vida deste homem e o que Deus preparou forjando aquela natureza humana, um pecador com nós, claro, uma história de pecado como a nossa, como Deus forjou a vida humana daquele vaso, para que de uma forma muito singular como ninguém, nenhum dos seus contemporâneos, nem antecessores, e nem sucessores imediatos, ele pode se comparar. Ele é maior do que todos eles, até mesmo de Calvino. Lutero foi aquele grande leão da Reforma. Ele é considerado o maior teólogo do século XVI, maior mesmo do que João Calvino, por causa da forma como Deus preparou aquele vaso e usou aquele homem.

Quando ele tinha vinte e um anos de idade - o que será que você estava fazendo com vinte e um anos de idade? - Lutero nessa idade já estava no monastério, em 1505, com vinte e um anos de idade, e irmãos, a experiência que o levou ao monastério, já que ele era um católico romano praticante, foi muito impressionante. Ele passou por uma tempestade literal na sua vida. E naquela tempestade, ele fez um voto, ali na sua visão que ele praticava, um voto a santa Ana, e na sua biografia posterior fica claro, que naquela tempestade terrível que ele passou o seu grande medo não era a grande a morte, mas o seu despreparo diante da morte. Quando você estuda a sua biografia, e tantas biografias há de Lutero, tanto comentário dele a respeito da história da igreja, você vê de forma clara, que o medo de Lutero não era morte, mas era o seu despreparo diante da morte. Então quando ele passou por aquela tempestade, aos vinte e um anos de idade, ele faz um voto de que ele iria para um monastério. Ele foi para o monastério, com essa finalidade, se preparar para a morte, ou em outras palavras, se fazer aceitável à vista de Deus. Percebam essa frase, irmãos! Se fazer aceitável à vista de Deus, porque ele foi uma pessoa educada religiosamente, tinha uma visão de um Deus pessoal, santo, de um Deus pessoal justo, justíssimo, santíssimo, diante do qual todas as almas compareceriam, e aos vinte e um anos, Lutero já se atormentava com essa situação. Então quando ele passou por essa tempestade, fez esse voto, foi ao monastério, Deus usou aquela tempestade literal na vida de Lutero para que mostrasse a ele então, o seu despreparo diante da morte, aos vinte e um anos de idade, idade que a grande e esmagadora maioria das pessoas nem ao menos está pensando em morte, o que dirá se preparar para a morte. Então aos vinte e um, ele vai para o monastério. Irmão, segundo ele próprio diz, nas suas citações autobiográficas, quanto mais naquele monastério ele se dedicava a tornar Deus satisfeito com ele, mais ele se deprimia. Havia pelo menos duas características que Deus forjou na vida daquele homem, já que o Salmo 139 nos diz que todos os nossos dias estão escritos no Livro do Senhor. Aquele Salmo diz que no ventre da nossa mãe foram tecidos os nossos ossos, e o Senhor era quem zelou e trabalhou naquela nossa substância ainda informe como diz aquele Salmo e então irmãos, quando olhamos para a vida dele, como de muitos outros homens de Deus, nós vemos esse trabalhar maravilhoso. Lutero chegou ao conhecimento de Deus mais tarde, com os seus vinte e poucos anos. Deus já conhecia Lutero, antes da fundação do mundo. Então Ele preparou aquele vaso com características naturais inclusive, muito significativas, onde duas delas eram muito impressionantes e evidentes na sua vida, já aos vinte e um anos de idade. A primeira delas, uma consciência extremamente sensível. Como eu disse aos irmãos, aos vinte e um anos de idade, as pessoas não se importam com nada, a não ser com a sua própria vida e com os prazeres da sua vida. Lutero já se preocupava com a sua morte e com o seu encontro com Deus, aos vinte e um anos de idade. Uma consciência extremamente sensível, forjada ali pelo trabalhar da graça de Deus, embora ele ainda não conhecesse a Deus. Deus já o conhecia. Essa era a primeira marca impressionante da vida de Lutero. A sensibilidade da sua consciência. Alguns dos seus biógrafos diz que ele era, por isso, tendente à depressão. Ele teve surtos de depressão, várias vezes na sua vida. A segunda característica que o Senhor formou naquele vaso, foi a sua tremenda austeridade e disciplina. Como eu disse, aos vinte e um anos de idade, nenhum jovem se preocupa com outra coisa, senão viver a sua vida. Lutero, com essa idade, já estava martirizando, impondo flagelos ao seu corpo para se purificar, para se tornar aceitável e agradável a Deus. Ele foi para aquela cela de mosteiro com vinte e um anos, vivendo uma vida de jejuns, de austeridade com o próprio corpo. Mais tarde ele diz na sua biografia que reconhece que os seus jejuns prolongados e seu extremo ascetismo - austeridade com o seu próprio corpo - geraram na sua vida danos permanentes, uma fraqueza física permanente. Irmãos, e quanto mais ele fazia isso e praticava esses jejuns, e deitava no chão sem roupa da sua cela fria, gelada, para que pudesse martirizar o seu corpo, e se purificar e se expurgar de maus pensamentos, de impurezas e voltar o seu espírito mais para Deus, quanto mais ele fazia isso, mais condenado ele se sentia, porque ele percebia que quanto mais austero ele era consigo mesmo, mais a sua consciência era sensível a questões que ele entendia que nunca poderiam ser plenamente abordadas diante de Deus, ou confessadas diante de Deus. Ele cria na confissão como era ensinado no catolicismo romano. Ele se confessava continuamente àqueles então sacerdotes designados para isso, seus confessores. Mas ele entendia, na sua consciência, que ele nunca poderia confessar de forma abrangente, absoluta, todos os seus pecados, já que os pecados não eram apenas frutos de ações exteriores, mas eram resultados de algo na sua natureza que permeava todo o seu ser, e então ele entendia que num simples pensamento de uma fração de segundo ele poderia pecar contra Deus. Ele não poderia estar se confessando em cada milésimo ou centésimo de fração de segundo se a sua consciência o estivesse acusando. Então ele viu uma completa impossibilidade em ser purificado de forma absoluta e consistente dos seus pecados. Ele cria na confissão, conforme a sua doutrina católica, mas ele não cria na solução final conferida pela confissão.

Então os irmãos vejam como Deus trabalhou nesse homem, usou a sua consciência para levá-lo até à depressão, até ao fundo de si mesmo, uma compreensão tão delicada e tão profunda do que é a natureza humana e do que é o pecado para que Deus pudesse usar esse homem com relação a essa verdade que nós vamos vir a abordar da Justificação pela Fé. E nós vamos ver que, sem esse pano de fundo, nós pouca compreensão podemos ter sobre a Justificação pela Fé, porque é exatamente Justificação pela Fé que toca essas questões ligadas à consciência. Todos nós irmãos, que de uma forma ou de outra, em um nível ou outro, mais ou menos profundamente, já lutamos com essas questões em nossas vidas, compreendemos o poder dessa visão da Justificação pela Fé. Agora, aqueles que nunca lutaram com isso, mesmo de que forma leve, mesmo que de forma tênue, talvez nunca tenham se convertido, porque irmãos, o senso de acusação, diante da santidade de Deus e da nossa incompetência como pecadores, é o primeiro passo para a nossa salvação. A salvação não é para os competentes. A salvação é para os incompetentes. A salvação não é para os puros. A salvação é para os impuros. O Senhor diz: Não vim chamar sãos, porque os sãos não precisam de médicos. Eu vim chamar os doentes (Mateus 9:12). Então esse era Martinho Lutero, um doente, absolutamente convicto. Deus foi trabalhando aquela consciência de tal forma para que Ele viesse formar esse vaso de uma forma muito especial, para anunciar uma verdade muito especial que trata com a parte mais essencial da nossa consciência, no que concerne, é claro, à nossa experiência: a Justificação pela Fé. Em primeiro lugar, é claro, ela é uma verdade objetiva, cumprida em Cristo e não em nós. Fora de nós, em Cristo. Mas essa justificação pela fé, ela tem então implicações, isso que Deus realizou objetivamente em Cristo, cumprindo a sua justiça, tendo uma implicação imediata, na consciência daqueles que crêem, como diz o livro de Hebreus. Então nós precisamos juntar e nós estamos falando hoje, e vamos prosseguir falando um pouquinho da vida de Lutero, para que os irmãos possam fazer essa conexão: a consciência e a Justificação pela Fé, porque isso é tão importante irmãos. Lembra que o livro de Hebreus diz assim que aquele sangue de bode e de touros que era derramado lá no Velho Testamento, só como uma figura do sangue de Cristo? Não tinham poder em si mesmo - é claro - porque era sangue de animais, lá diz que não podiam purificar pecados, não podiam livrar a consciência de obras mortas, porque era sangue de bode e de touros, mas diz que o sangue de Cristo purificará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo (Hebreus 9:14). No cap. 10, na seqüência o autor de Hebreus diz a mesma coisa que aquele sangue, no tocante à consciência, de novo a consciência, era incapaz de aperfeiçoar o que prestam culto. Eles prestavam cultos usando aquele sangue de bode e de touros, mas aquele sangue, no que toca à consciência, eram incapazes, eram ineficazes, porque a consciência humana era algo espiritual. Não pode ser purificada por um sangue de animal. Nossa consciência tem que ser atingida por algo espiritual. O sangue preciso do Deus feito carne, o Senhor Jesus, o Verbo encarnado. O autor de Hebreus faz exatamente este contraste, mostrando que esse sangue precioso porque não é um sangue de um animal, mas do Filho de Deus, do Verbo encarnado. Ele então pode aperfeiçoar, purificar as nossas consciências, de obras mortas para servirmos ao Deus vivo. Então irmãos, nós precisamos juntar essas duas verdades. Sem uma visão clara da justificação pela fé, não há paz com Deus e paz se refere a algo da consciência. Romanos 5:1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Então irmãos, Deus trabalhou Lutero para uni-lo e talvez essa seja a melhor expressão, uni-lo, à verdade da justificação pela fé. É claro que ele pregou outras verdades também, mas de alguma maneira Deus uniu esse homem a essa verdade. É o que Ele faz muitas vezes em muitos momentos com muitos homens. Ele une certos homens a certas verdades de forma especial. Não significa que ele tem especialistas naquelas verdades. Não. O Evangelho é um todo. Então, aqueles que conhecem o Senhor e conhecem o Evangelho, tem uma visão do todo do Evangelho, mas, de forma especial, Deus une certos homens a certas verdades, por exemplo, se você ler a literatura de Jessie Pen-Lewis, você vê que Deus uniu essa pessoa à verdade da cruz. A mensagem mais proeminente da vida dessa pessoa é a mensagem da cruz. Deus uniu Watchman Nee, à verdade da igreja local. A pregação mais proeminente de Watchman Nee era a respeito da vida da igreja, a igreja local, a igreja como sendo corpo de Cristo, uma expressão local. Então Deus, de uma forma, singular, ele une alguns homens no todo do seu Evangelho a algumas verdades específicas, e Lutero foi um homem unido à Justificação pela Fé. Então irmãos, quando ele estava nessa fase, depois dos seus vinte e um anos, nesses jejuns, nesse rigor ascético, quanto mais ele procurava ser aceitável diante de Deus, mais condenado ele se sentia, porque ele percebia que o pecado permeava a sua natureza humana. Não eram apenas questões de pensamentos, não era muito menos questões de atos exteriores. Era uma questão de um permear a sua natureza. Deus trabalhou a natureza de Lutero pela graça para que ele pudesse compreender de forma sensível a verdade da pecaminosidade humana. Não sei se os irmãos sabem, antes daquelas famosas noventa e cinco teses que ele pregou contra as indulgências, e gerou todo aquele conflito, e pregou na porta daquele castelo, antes das noventa e cinco, ele escreveu noventa e sete teses primeiro. E aquelas noventa e sete teses anteriores as noventa e cinco, elas tem a ver com a pecaminosidade humana. Noventa e sete teses sobre a pecaminosidade humana, onde ele mostra que o homem não tem, em hipótese nenhuma, um livre arbítrio, que o livre arbítrio se tornou um escravo do pecado e em todas as escolhas morais que o homem faz, ele é então movido pelo seu orgulho e em toda virtude moral – usando as suas palavras - há ou orgulho, ou tristeza. O orgulho, porque achamos que podemos praticar algo interessante a Deus ou tristeza porque vemos que não podemos praticá-las. Então ele diz que em toda virtude moral, há orgulho ou tristeza. E nessas iniciais noventa e sete teses ele vai fundo nas questões da pecaminosidade humana. Irmãos. É muito interessante como Deus faz as coisas. Essas suas primeiras noventa e sete teses, falando sobre o pecado humano diante de um sistema todo montado na justificação pelas obras, como era o sistema no qual ele praticava a sua religião, essas noventa e sete teses sobre a pecaminosidade humana, não provocaram tanto furor. Elas foram debatidas mais no meio dos escolásticos, mas essas noventa e cinco teses posteriores contra as indulgências, que era então o perdão vendido - o perdão vendido com autorização do papa – ele publicou noventa e cinco teses contra essas indulgências e quando esse assunto foi tocado aquilo revolucionou o sistema católico romano na época. Nessa época a visão de Lutero já estava mais amadurecida.

Gostaria de passar um pouquinho sobre o que Deus fez na vida dele, para que nós possamos ter um panorama claro dessa justificação pela fé ainda um pouquinho mais.

Irmãos, quando ele entrou nesse monastério, ele começou entrar naquelas crises de consciência, ficando praticamente louco, atormentado. Ele procurou um superior seu da sua ordem que era agostiniana, e esse superior achou mesmo que ele estava em perigo e enlouquecer, com essas crises de consciência. E talvez ele tenha achado que o melhor para Lutero era se envolver com a parte acadêmica e pastoral da teologia. Então esse superior disse: estude a Bíblia. Estude as escrituras, e convidou Lutero para dar aulas na universidade de Witemberg e mais uma vez, Deus estava, através desse seu superior, dando um passo na vida de Lutero e no preparo desse vaso para o Senhor, porque irmãos, por incrível que pareça, os monges não eram devotados à palavra. Os monges eram devotados à vida de reclusão, à vida de contemplação e de oração. E quando então aquele seu superior ordenou a Lutero que ele estudasse as escrituras e se voltasse para o trabalho pastoral, quem sabe na mente desses superiores ele queria tirar Lutero de um egocentrismo, de ficar voltado para si mesmo, como se ele dissesse: “você só está pensando em você, no seu pecado, na sua culpa, na sua consciência. Você deve ver o problema dos outros, se ocupar com os outros. Quem sabe você vai melhorar?” Talvez essa fosse a sua intenção. Lutero foi estudar a Bíblia, dar aulas na universidade, e atuar pastoralmente. Mas irmãos, quando ele começou a fazer isso, mais profundamente ele entrou na compreensão do pecado e maior choque ele entrava na sua visão, na visão de si mesmo, com a visão de Deus da seguinte forma: o primeiro livro que Lutero começou a estudar com um professor na universidade foram Salmos. Não foi Romanos, nem Gálatas, que se tornaram depois as suas epístolas preferidas, mas sim o Livro dos Salmos. É claro que ele já conhecia os Salmos como monge, porque a grande maioria dos monges conheciam os Salmos de cor. E nas suas celas eles recitavam aqueles salmos como forma de oração. Mas apenas como recitar. Quando na universidade, Lutero foi estudar os Salmos e como um bom monge agostiniano, ele estudou os salmos naquela visão cristológica. Ele via Cristo em todos os Salmos, e quando ele chegou no Salmo 22 - você conhece o Salmo 22? – abra a sua Bíblia. Quando Lutero chegou no Salmo 22, algo impressionante aconteceu. O Salmo 22 começa assim: 1 ¶ Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? E Lutero então, tinha aquela visão cristológica dos Salmos, e quando ele leu todo esse Salmo, como que foi recitado pelo Senhor ali na cruz, ele ficou muito impressionado irmãos. Foi um primeiro lampejo da graça na vida de Lutero. Até então apenas tormento, tormento e tormento. Quanto mais disciplinado, quanto mais austero, quanto mais zeloso, quanto mais devotado ele era, mais tormento ele sentia e conforme as suas próprias palavras, “mais ódio eu tinha da justiça de Deus”. Palavras de Lutero. Mais ódio eu tinha da justiça de Deus, porque eu via um Deus justíssimo, um Deus santíssimo, que de alguma forma queria ter relacionamento com o homem, mas que não proporcionou as condições para ter esse relacionamento com ele. Um Deus justíssimo, perfeito, santíssimo, que queria se relacionar com o homem, mas que não providenciou para o homem as condições para que pudesse relacionar com ele, porque Lutero procurou todas essas condições. Quais eram as condições? Ser zeloso? Lutero foi o mais zeloso. Quais eram as condições? Fazer penitências? Lutero era o mais penitente. Mortificar a carne? Era o maior asceta. Se trancar isolado do mundo para contemplar a Deus? Lutero era um exemplo disso. Quais eram as condições para se relacionar com Deus? Quais eram as condições para Ter paz de consciência? Quais eram as condições para poder se relacionar com Deus em nível de aceitação, que a sua consciência não testificava com ele que ele tinha, embora tudo ele tivesse feito? E quando ele foi naquela peregrinação a Roma que os irmãos que conhece a história sabem, ele faz aquela peregrinação e sua situação não melhora. Piora, porque quando ele vai a Roma, contatar aqueles clérigos mais superiores, ele vê uma vida auto indulgente, uma vida licenciosa, libertina. Ele volta de Roma completamente decepcionado, e com mais problemas do que antes de ir. Os irmãos imaginem a vida desse homem. Então ele é recomendado por esse seu superior para ir dar aulas, se ocupar com os outros, estudar a Bíblia. Ele começa pelos Salmos como eu já disse, e chega no Salmo 22. Irmãos, quando ele chega no Salmo 22 ele tem o primeiro lampejo da graça. O Senhor como que fala ao seu coração de uma forma muito clara através do Salmo 22 e ele pôde compreender que Deus de alguma forma, ainda que para ele inexplicável - ele não tinha chegado a Romanos, ele ainda não tinha visto a luz com clareza, mas o lampejo da luz começou a raiar, naquele coração tão condenado, tão trevoso, tão acusado pela sua própria consciência - quando ele chega no Salmo 22: 1 ¶ Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? – ele sabe que esse Salmo se refere a Cristo, ele sabe que isso foi falado pelo Senhor que é Deus na cruz do Calvário, e Lutero tem então aquele primeiro lampejo da luz na sua consciência: Deus se assentou ao lado do réu. Esse foi o primeiro lampejo da graça na vida de Lutero. Não foi ainda a verdade da Justificação pela Fé que os irmãos sabem que ele veio a ver com mais clareza mais tarde, mas esta primeira verdade, relacionada aos estudos dos Salmos, não Romanos ainda. Deus meu, Deus me porque me desamparastes? A primeira expressão usada pelo Senhor para dar aquele primeiro lampejo da graça no coração de Lutero. Como eu disse aos irmãos, antes ele olhava para Deus e tinha - ele diz na sua biografia - que ele não podia nem ouvir a expressão justiça de Deus, porque essa expressão justiça de Deus, significava aquela justiça ativa, pelo qual Deus olha para todos os homens e somente vê pecadores e pune a todos e julga a todos e com justiça, porque Ele é justo e nós somos pecadores. Então ele não podia nem ouvir aquela expressão: Justiça de Deus. Essa expressão aterrorizava Lutero. Ele então tinha ódio de Deus por Deus ser esse Deus tão justo que queria ter um relacionamento com o homem, pelo menos era assim que estava escrito na Bíblia, mas não proveu para o homem as condições para esse relacionamento, dentro do que ele praticava e entendia através dos seus meios, o ascetismo, a disciplina, a devoção e tudo o mais que ele fazia. Então irmãos, quando ele lê esses textos nos Salmos, e tem essa primeira visão da graça: Deus de alguma maneira que ele ainda não compreendia, Deus, em Cristo, se assentou ao lado dos réus. Isso começou a trazer para ele um conforto. Agora não era apenas a justiça de Deus, aquele Deus lá, Deus justo, condenando o pecador culpado, mas através do Salmo 22, um Salmo maravilhoso, o Salmo da cruz, se você não conhece, leia esse Salmo todo para você ver e através desse Salmo 22, Lutero viu que Deus no seu Filho Jesus, se assentou do lado dos culpados, do réu.

Até que então irmãos, ele progredindo nos seus estudos ele vai a Romanos e quando ele vai a Romanos, aí sim, Deus usa o texto que li no início da reunião, para trazer a luz de uma forma muito definitiva e clara para Lutero, muito clara. Todo o desenvolvimento posterior da teologia de Lutero é baseado no que ele viu aí, em Romanos. A luz raiou de uma vez por todas e a partir daí nós vemos apenas prolongamentos dessa luz. Só prolongamentos. Mas a luz raiou de uma forma absoluta quando ele chegou aí a Romanos, cap. 1. Ele leu esse texto. Romanos 1:16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; Poder de Deus. Não do homem. De Deus para a salvação, de todo aquele que crê e não faz obras. Primeiro do judeu e também do grego. Agora essa expressão do verso 17, foi a que ele disse que mais ficou então gravada na sua mente. 17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. Essa frase: a justiça de Deus se revela. Aquele que tinha então, ódio dessa expressão justiça de Deus, agora começou a ver por outro ângulo. Ele viu que justiça de Deus, conforme revelada no Evangelho, não era aquela justiça de Deus que então dos céus punia pecadores mas era uma justiça de Deus, que se revela no Evangelho de forma justificadora para todo aquele que crê. Isso então mudou completamente o panorama de Lutero. Agora não há justiça de Deus que pune pecadores, mas a justiça de Deus que no Evangelho justifica pecadores, pela fé. Exclusivamente pela fé. Os irmãos já pensaram na reviravolta no coração de Lutero? Os irmãos já pensaram no grito de libertação do coração, da consciência de Lutero? A justiça de Deus que ele odiava, irmãos, antes dele chegar a essa experiência, um detalhe importante aqui, com relação à sua visão da justiça de Deus, antes de chegar a essa experiência com Romanos, após o estudo do livro de Salmos., Lutero foi também recomendado por seu superior de clérigo agostiniano, a ter contato com os chamados místicos, já que a teologia mística, na idade média, chegou ao clímax na época de Lutero, no século 14 e 15. Ela chegou ao clímax. Tantos já haviam ministrados nessa área. João da Cruz, Teresa de Ávila, Bernardo de Clervort, e muitos mais dessa época da teologia mística. Nessa época então, esse superior recomendou Lutero que ele fosse ter com os místicos, para quem sabe ele encontrasse mais conforto para o seu coração, na vida mística, mas irmão, embora Lutero pudesse aprender bastante com aqueles místicos, o que reflete depois nos seus escritos, o homem que compreendia bem essa vida de união com Deus, sem dúvida ganhou isso, desses irmãos, desses chamados místicos, mas ele não encontrou nenhum conforto no que esses místicos pregavam, porque o misticismo daquela época era como você estar no ar, sem nenhuma base debaixo de si mesmo. Os místicos diziam que você não precisa se importar muito com a justificação. Você não precisa se preocupar muito com esse assunto de Deus te aceitar. Deve se entregar completamente a Deus, se entregar ao amor de Deus, era a palavra que os místicos mais usavam. Como uma gota no oceano, você deve se perder em Deus, se perder no amor de Deus. Madame Guyon usa muito essas frases. Então Lutero viu que não havia consistência nisso, não havia algo realmente sólido nessa teologia mística que pudesse trazer paz para a sua consciência e então, quando agora mais para frente ele tem contato com o livro de Romanos e vê a justiça de Deus dessa forma, irmãos o cenário muda totalmente. Agora ele consegue experimentar aquele prazer no que a Bíblia chama de “a justiça de Deus”, porque agora repetindo, dada a importância disso, ele vê justiça de Deus, não como justiça de Deus punindo pecadores, mas a justiça de Deus justificando pecadores, em Cristo pela fé. O Senhor Jesus disse em João 3 assim: João 3:17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Irmãos Ele vem para julgar o mundo e Ele vai julgar todo aquele que não crê, porque aquele que crê no Filho tem a vida e aquele que não crê no Filho, não tem a vida. Ele fará isso, mas quando Ele se revelou de forma então redentora, ali na cruz do calvário, Ele não veio punir pecadores. Ele veio Justificar pecadores, baseado no que Ele fez na cruz. Então o quadro na vida de Lutero se reverteu totalmente. Sua consciência encontrou paz, começou a ter prazer em Deus, no Deus que justifica pecadores, somente pela fé em Cristo Jesus. Irmãos, que verdade tremenda.

Com relação à sua experiência, qual a sua história? Como eu citei para os irmãos, essa verdade sempre foi essencial na vida da igreja. Sempre. Lembra que eu citei para os irmãos, século 18, muito mais tarde, aquele movimento chamado “Grande Despertamento Evangélico” na Europa e depois nos Estados Unidos, quando dois homens de Deus se encontraram naquela época: George Whitfields e Daniel Holland. Quando esses dois irmãos se encontraram, Whitfields perguntou para esse grande pregador, milhares de almas já haviam se convertido pelo ministério dele, e quando esses dois se encontram a primeira pergunta que o irmão Whitfields faz a esse outro irmão é: Irmão Daniel. Você sabe que os seus pecados foram perdoados? Ele não diz: você conhece a base bíblica, você crê na escritura, porque isso seria um absurdo, porque ele é um pregador, mas ele perguntou: você sabe que os seus pecados foram perdoados? O que é que esse irmão quis dizer? Ele quis dizer: Irmão você vive nesse gozo? Você vive nessa alegria? Você sabe? Ou você tem uma consciência intranquila? Você desfruta todo o gozo dessa verdade? Você sabe que os seus pecados estão perdoados? Então irmãos, essa verdade da justificação pela fé, é a base e o fundamento de toda a nossa relação com Deus. E é a base e o fundamento de toda a nossa vida como igreja. Como disse Lutero: Permaneceremos de pé, ou cairemos baseados nessa verdade. No que é que você baseia a sua justificação? Sua justificação é firme, sólida? Você sabe que você foi aceito por Deus em Cristo? Você sabe que a justiça de Deus, na cruz do Calvário foi satisfeita completamente pela morte do Filho? Você sabe que Deus está satisfeito e ele não requer nada de você? Como eu disse também em uma das reuniões anteriores, quando Paulo pregava isso, algumas pessoas achavam que ele estava ficando louco, porque isso na idéia deles dava margem para todo tipo de pecado. Se tudo isso foi feito em Cristo e nada é requerido de nós, então eu posso viver do jeito que eu quiser, porque não vai fazer diferença. Uma compreensão deturpada da graça, porque Paulo via que essa mesma graça que justificou essa mesma graça nos matou para o pecado e agora todos que compreendem bem a graça não amam o pecado. Os que amam o pecado devem tomar cuidados, porque talvez não tenham sido nem justificados, porque aqueles que crêem e conhecem a graça não tem prazer no pecado. Podem pecar, podem se extraviar, podem cair, mas não tem prazer no pecado. Sabem de quem são. Então irmão, que verdade sólida, que verdade fundamental? Justificação somente pela fé. Nada é requerido de você. Então em quais e quais pontos você tem feito força para ser aceitável a Deus? Esqueça irmão. Volte-se para a cruz, para o Filho, para a justiça de Deus que se revela no Evangelho. Qualquer ato, qualquer obra, qualquer pensamento, qualquer insinuação, qualquer sugestão de nossa parte, para fazermos qualquer coisa, que melhore a nossa aceitação diante de Deus é uma ofensa à cruz de Cristo, porque na cruz o nosso Senhor disse assim: João 19:30 ............. Está consumado! E quando Lutero viu isso, todo o quadro foi revertido. Agora os irmãos imaginem alguém trabalhado por Deus, forjado por Deus, com essa história, essa história de agonia, de perturbação, de depressão, essa história tremenda de sensibilidade de consciência, de lutas, os irmãos imaginem essa pessoa conhecendo a verdade da justificação pela fé? Não podia ser de outro modo. Deus levantou então Lutero, previamente preparado, como aquele leão da reforma. Os clérigos tremiam quando Lutero abria a boca. Ele não tinha medo de ninguém. Quando perguntaram para ele: Lutero. Você não tem medo na sua vida? Você não tem medo do papa? Ele dizia assim: “eu não temo o papa. Eu temo um papa maior no meu coração que é o próprio Deus. Mas eu não temo o papa”. Deus forjou a vida desse homem, ligando a vida desse homem, especialmente à verdade da Justificação pela Fé. Tão importante é essa verdade. E os irmãos devem se lembrar então que até a idade média, até o século 15, nenhuma clareza maior havia sobre esse assunto. Claro que houve irmãos de um movimento chamado pré-reforma, que começaram a ver alguma coisa, mas com a clareza de Lutero, ninguém. Deus então levanta esse homem para que mudasse totalmente o curso de toda a visão teológica daquele tempo, tão importante é esse assunto. Não é um assunto acadêmico.

Primeiro olhe para a sua própria experiência. Se você procura de alguma maneira acrescentar algo a esse sólido fundamento, você está ofendendo a graça de Deus, a cruz de Cristo e a obra que Ele realizou. Você deve compreender a plenitude da sua salvação - se é que você crê na obra Expiatória do Senhor Jesus na Cruz do Calvário e que ali você foi aceito. Tudo o que vai acontecer na sua vida cristã, daí para frente, é resultado da sua compreensão da graça. Se ela for pequena, quem sabe você vai viver uma santificação pequena. A santificação sempre vai ser resultado da justificação, da compreensão da justificação. Se a compreensão da justificação é clara, a santificação é evidente. Se nós vemos bem a justiça de Deus, nós vivemos uma vida santa. Se nós sentimos a agonia das nossas consciências, e o que Deus proveu ali na cruz do Calvário, a profundidade do nosso pecado, a malignidade do nosso pecado, a perversão do nosso pecado, então nós não podemos ter prazer no pecado. É claro. Mas se nós não vemos bem isso, com clareza, então de alguma maneira nós vamos brincar com o pecado: chegar perto dele, nos afastar dele, chegar perto de novo, nos afastar de novo, jogando com o pecado. Mas se nós compreendemos bem a justiça de Deus, a graça de Deus, o que Ele fez na cruz - Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? - que demonstra o maior significado do pecado, o que o pecado é - o Filho foi desamparado por causa do pecado - se compreendemos isso, nós não vivemos no pecado, como Paulo diz em Romanos 6(Romanos 6:2 De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?) Então, toda a santificação será fruto da justificação. O que é que o sistema católico romano fazia? Fazia assim: você deve viver uma vida se santificando, se santificando, e eles vão providenciando os meios: as relíquias dos santos, o culto dos mortos, a intercessão de não sei mais quem, compra de indulgências, muitos meios, para você obter graça, mais graça, até que no final, você, talvez, possa ser justificado. Talvez. Mas o Evangelho, ele faz assim: primeiro, você é justificado. Não depende de nada do que você é, nada do que você fez, porque você é um incompetente. Você foi justificado pela graça de Deus, em Cristo. E agora todo o resultado da sua justificação vai evidenciar isso: você vai expressar isso através do amor, através do serviço, através da paz, através da alegria, através do seu domínio próprio, fruto da justificação que se chama santificação. Então o sistema católico romano inverteu, e isso colocou o Evangelho de lado, que não é Evangelho, porque só há um Evangelho: somos justificados pela graça por meio da fé em Cristo Jesus. Isso ou nada. Isso ou morte eterna. Então irmãos, esse é um sólido e profundo fundamento baseado no qual a igreja está de pé, ou cai. Isso no que concerne à experiência. Agora você precisa julgar. Queria dizer isso para encerrar, tudo o que tem sido falado pela igreja hoje, mas não com um ar crítico apenas, mas com um ar de ajuda, de auxílio, porque há tantos irmãos nossos, em tantos lugares, que não tem essa compreensão clara, e por isso as suas consciências são acusadas. Estão distraídas, quem sabe? Estão, quem sabe, providenciando meios para encontrar essa paz com Deus. Tantas pessoas que ainda nem tem o Senhor, estão fora da aliança de Deus, como Paulo diz: Efésios 2:12 naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Estão se debatendo com a questão do pecado dentro de si mesmo. Como é que você vai ajudar essas pessoas? Você vai falar com elas: “Vamos para a igreja para você ouvir a palavra?” Irmãos, isso não é uma maneira correta de pregar o Evangelho. Você pode chamar quantas pessoas você quiser para vir aqui ouvir a palavra - isso é muito bom - uma excelente obra que você faz, mas você é um justificado pela fé, e se você não for capaz de pregar isso para outro, é algo então deficiente, aquém do que Deus deseja. Você foi justificado pela fé. Então pregue isso para outros. Lembra que eu citei para os irmãos uma pergunta que uma certa pessoa me fez de uma forma que eu não ouvi, até hoje, ninguém fazer? E contar a sua história, mais ou menos, como a do Lutero; a sua perturbação em tentar fazer o bem, fazer o bem para os outros, servir aqui, servir ali o melhor que pode, tudo o que pode e se sentir que não era o suficiente. Lembra que eu contei aos irmãos? Quanto mais ele fazia, menos ele sentia que era suficiente, suficiente para ser aceitável, suficiente para saber que Deus está olhando de forma aceitável. Quanto mais faz, menos se tem suficiência. Então essa pessoa me perguntou: o que é que faço para ser salvo? Que pergunta irmão? Que penas que as pessoas hoje não tem perguntado mais isso, não é? Hoje elas perguntam: o que é que eu faço para ter mais poder? O que é que eu faço para acabar com isso ou com aquilo na minha vida? O que é que eu faço para essa situação ou a outra melhorar? Mas essa pessoa perguntou: o que é que eu faço para ser salvo? Então irmãos, nós que fomos justificados pela fé, como diz a palavra, nós somos embaixadores de Deus por meio de Cristo. É isso que você deve pregar. É isso que você deve anunciar, mas se você não estiver claro, se você não estiver orando sobre isso para que Deus coloque esse alicerce no mais profundo do seu ser, para que Ele possa despir você de toda obra, para que você saiba que você não contribuiu com nada para a justificação, só com o pecado - sem pecado não ia precisar de justificação – nossa única contribuição foi o pecado. Entramos com o pecado e Deus entrou com a graça. Ele nos justificou pela graça através da fé. Não é justificado pela fé, porque senão você vai achar que a fé é que justifica. A frase é melhor enunciada, da seguinte forma: somos justificados somente pela graça através da fé, porque a fé não é nada sem a graça. Fé no quê? Nós somos justificados somente pela graça de Deus em Cristo. Graça. Ele fez tudo. Graça, por meio da fé. Nós cremos na graça que nos justifica, em Cristo. Então irmãos, que tremendo alicerce?

Na próxima reunião, nós vamos entrar no livro de Romanos, procurar descobrir, tirar areia de cima desse alicerce e olhá-lo bem. Então os irmãos vão meditando a respeito disso. Nós só podemos compreender a beleza desse alicerce de Justificação pela Fé, quando nós vemos esse outro lado aqui: o pecado na minha consciência. O que o pecado significa? É assim que o livro de Romanos começa. Ele não começa com a justificação pela fé. Ele começa com pecado. Romanos 3:23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus. Não há vantagem para o judeu, nenhuma, por ser povo da aliança de Deus. É pecador como qualquer outro. Todos pecaram, são maus, desconheceram o caminho da paz. Romanos 3:13 A garganta deles é sepulcro aberto; e Romanos 3:17 desconheceram o caminho da paz. Todos pecaram, mas Romanos 1:17 ........a justiça de Deus se revela no evangelho. Deus propôs em Cristo, justificação. Então irmãos, quanto mais profundamente nós vejamos o pecado, mais profundamente nós veremos a justificação. E quanto mais isso acontecer, mais nós viveremos de forma mais agradável a Deus, por conseqüência. Não para ser justificados, mas porque já fomos justificados. Viveremos nossa vida tributando glórias ao Salvador, adorando o Salvador. Lembra lá no livro do Apocalipse quando o Senhor Jesus arrebatar a sua igreja para as aquelas bodas? Nenhum tipo de Cântico vai ser ouvido lá, senão o que exalta essa salvação tremenda pela graça através da fé. Apocalipse 5:9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és................ porque foste morto. ... com o teu sangue. Não é com as minhas obras. É com o teu sangue, compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação. Então irmãos, esse é o cântico da redenção, o cântico da graça, o cântico da salvação. Se nós não estivermos fundamentados nisso, nada em nossa vida poderá ser agradável a Deus. Tudo o que nós fizermos terá um peso desfavorável em nossa consciência, porque nós estaremos tentando acrescentar algo, a algo que não precisa de acréscimo nenhum que é a Cruz de Cristo, a eficácia da redenção.

Irmão. Medite sobre isso, ore sobre isso. Se você já fez a sua profissão de fé em Cristo, já se batizou, não muda nada. Ora sobre isso, mas Senhor eu creio nisso, eu sei que já sou Teu, mas aprofunda isso em mim. Aprofunda essa verdade em mim. Não há mérito. Não há mérito. Não há contribuição minha. Nada. Só o pecado. Meu, só o pecado. Tua a graça. Que o Senhor aprofunde isso irmão, na sua vida. Amém.

Pai. Muito obrigado pelo o que o Senhor fez, em Cristo, na cruz. Ó Pai, como agradecemos porque o Senhor realmente se assentou ao lado do réu, ao nosso lado. Muito obrigado porque na cruz, Tu ó Filho, fostes desamparado. Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que Nele, fôssemos feitos justiça de Deus. Muito obrigado Senhor, porque podemos desfrutar paz, porque a justiça de Deus foi cumprida em Cristo Jesus. Ó Senhor. Dá-nos, por revelação, uma compreensão, um entendimento mais profundo Senhor, da Tua graça consumada na cruz do Calvário. Que a nossa vida reflita isso em paz, em alegria, em amor, em serviço, adoração, louvor. Nós te pedimos Pai. Nós queremos ser adoradores do Cordeiro, que foi morto e que vive, pelos séculos dos séculos. Muito obrigado por tão grande salvação. Senhor usa a Tua palavra nesses dias para que nós vejamos com mais clareza esse grande alicerce, esse grande fundamento, e que nós possamos proclamá-Lo com vigor nesse mundo perdido, proclamá-Lo com clareza, que o Senhor amou o mundo e agiu de forma justa na cruz, punindo o pecado na vida do Teu filho, e nos salvando para contigo, colocando num relacionamento adequado para Contigo. Ajuda-nos a ser porta-vozes dessa verdade viva, encarnada em nossas vidas. Nós te pedimos Pai, em nome de Jesus. Amém.

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