01 julho, 2008

Despejar os bolsos de pedras

...Tu és o Rei dos Judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo ou disseram-to outros de mim? " (João 18:32,33).

O preconceito fere, contamina, destrói e, como vimos pela Palavra de Deus, pode matar

E dramático para os cristãos alimentarem ,sustentarem e viverem na linha do preconceito vá ela em que direcção for.

O texto acima reproduz uma pergunta de Pilatos a Jesus, e a resposta que lhe deu o Senhor. Pilatos, mais do que provavelmente, nunca tinha estado frente a frente com Cristo. Para ele, Jesus era apenas mais um Judeu que os sacerdotes lhe entregavam para ser julgado. E isso acontecia sempre que, na opinião dos responsáveis do Templo, a penalidade a aplicar aos "criminosos" excedia os limites da autoridade sacerdotal, como era o caso com o Senhor Jesus, na opinião dos sacerdotes, um "blasfemo" digno de morte, sendo que tal pena só podia ser aplicada pelos Romanos. No conceito dos responsáveis Judeus, que encaminharam Cristo até Pilatos, a sua consciência ficava "limpinha". Descartavam-se do Mestre antes de celebrarem a Páscoa, que ocorria nessa altura, e a cuja celebração não pretendiam comparecer "contaminados", e "desresponsabilizavam-se" da autoria material da morte do Senhor que recairia assim sobre César.

Apetece-me citar o texto A Prisão Judaica, noutro contexto, é certo, de João Tomaz Parreira, publicado em Maio nesta mesma revista, e que a determinado passo diz: "Politicamente verificamos que muitos Judeus, na Palestina, querem o território bíblico, mas rejeitam o Deus que lhes deu ancestralmente a sua terra. Escavam nas raízes, julgam-se para todas as coisas o único testemunho da humanidade e o exclusivo instrumento da divindade, mas colocam Jeová fora dos seus planos". Foram assim sempre, ao longo da sua história, os Judeus. Alimentando o preconceito de que "um escolhido" tem sempre a razão e a verdade do seu lado independentemente da forma como julga e avalia, e como vive. Citando de Novo J. T Parreira, no mesmo texto, e que

por sua vez cita outros pensadores, aplicando agora aos cristãos nossa contemporâneos que possam viver pouco, à imagem do judaísmo cristianismo impregnado de preconceito faço minhas as suas palavras: "o que vale i é tanto um credo cristão, mas muito mais i actos concretos dos cristãos". Razão teria João Batista (porque conhecia bem a intimidade do coração e do pensamento dos judeus quando atirou aos Saduceus e Fariseus J frase "raça de víboras (...) produzi frutos dignos de arrependimento e não presumais de vós mesmos, dizendo: temos( por pai a Abraão...". Por essa e outras razões, que tinham a ver com uma fé libera' e à margem da "linha do preconceito", foi João Batista martirizado.

O preconceito fere, contamina, destrói e, como vimos pela Palavra de Deus, pode matar!

"Preconceito: Ideia, conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério. Obrigação de obediência inflexível a certas normas de procedimento convencional ou tradicionalmente estabelecidas. Estado de superstição de cegueira moral. Abuso, erro, prejuízo, que muitas vezes obriga a certos actos ou impede que eles se pratiquem". E o que diz o Grande Dicionário da Língua Portuguesa - edição Círculo de Leitores.

Quando olhamos para o julgamento a que Jesus foi sujeito, é o que vemos. Um julgamento eivado de preconceitos; ideias formadas sem fundamento sério e obedecendo a procedimentos convencionais e tradicionalmente estabelecidos. Mas mais: vemos também um grande desconhecimento bíblico daqueles que diziam julgar pela Bíblia, exceptuando, como é óbvio, Pilatos, que não tendo nenhum conhecimento de matérias babadas ou das realidades colocadas nos profundas da nação que governava em nome de César, foi por isso confrontado por Jesus: "é isso que tu pensas mesmo, ou ouvis-te dizer por outros que eu era o Rei dos Judeus?". C/aro que Jesus sabia que Pilatos não podia imaginar o que traduziria, na realidade judaica, e no contexto bíblico e espiritual, essa frase: "Rei dos Judeus". Claro que o Filho de Deus também sabia muito bem o que é que o preconceito estava a fazer em todo o processo do seu julgamento. Claro que Deus sabe que aqueles que são Filhos do Rei têm que apagar, da sua vida, os preconceitos, para viverem perto da Glória de Deus.

Em todo o seu ministério, não foi preciso nada de muito especial para que Jesus fosse levado ao sacrifício da cruz. Bastou-lhe cumprir a vontade do Pai. E a vontade de Deus, como vimos, choca muitas vezes com a vontade dos homens, mesmo daqueles que se afirmam próximos da área divina, mas que na prática navegam nas águas turvas do rio do preconceito.

E dramático para os cristãos alimentarem, sustentarem e viverem na linha do preconceito, vá ela em que direcção for. O pecado do preconceito condena-nos, levando-nos a dizer e fazer coisas de que só nos daremos conta, quando vivermos, não na margem, mas dentro da Glória de Deus, e isso para alguns crentes, pode demorar anos de perda de vida espiritual efectiva.

Pilatos perguntou também a Jesus: "Logo tu és Rei? Jesus respondeu: tu dizes que eu sou Rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: que é a verdade?". Entendemos, pela sua resposta, que o governador achava que tudo era relativizáveis, inclusive a "Verdade". Que tudo podia ser relativizado conforme a abordagem que fosse feita a qualquer tema ou questão. Este é sem dúvida o pior preconceito. O preconceito em relação à Verdade. Jesus disse: "Eu sou a verdade", e esta afirmação/realidade tem um peso esmagador na vida de qualquer que se afirma cristão, e especialmente cristão evangélico. E por este prisma, pela óptica da verdade que a nossa vida deve ser conduzida. Avaliar, julgar, sentir, olhar, estar, falar, rir, pensar, partilhar, ir, ficar, etc., só pelo olhar do Mestre se tornam verdade, porque Ele é a Verdade. Não uma verdade. Não qualquer verdade. Não a minha verdade. Não a tua verdade. Não a verdade das maiorias ou minorias, não a verdade como a queremos ou desejamos, não a de ontem ou a de hoje, mas a verdade de toda a eternidade, "de geração em geração".

O preconceito mata a verdade na medida em que assenta em tradições, obediências

inflexíveis e cegas, convenções que impedem que olhemos apenas através de Jesus. E através de Jesus, podemos descansar, pois só a verdade subsistirá. Cairão todas as mentiras que a nossa "arqueologia mental" sustenta, porque o Salvador as destrói com o seu sangue poderoso. Um homem ou mulher que nasce de novo, que aceita Jesus como seu Salvador, não pode ser preconceituoso em relação a nada que se lhe apresente pela frente. Jesus nunca utilizou o preconceito para julgar pessoas ou situações. Ele via pelo crivo da verdade e da misericórdia de Deus que assentavam na Glória do Pai. E a verdade é que todos nós somos falhos, mesmo quando julgamos não ser. "...Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro a atirar a pedra sobre ela (...) quando ouviram isso, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficaram só Jesus e a mulher, que estava no meio. (...) e Jesus, não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? (...) Ninguém Senhor. (...). Nem eu também te condeno; vai e não peques mais." Como vimos, nesta passagem de João 8:7-10, os judeus, mais uma vez os judeus, levaram a Cristo uma mulher adúltera. De acordo com a sua linha de preconceito, baseada em velhas tradições e convenções judaicas, tinham que a apedrejar até à morte. Jesus olha de outra forma. Uma forma que não está contaminada por qualquer raiz de conceito prévio sem fundamento de verdade, esta sim, única forma de julgar. Nos bolsos e mãos, levavam os judeus as pedras que iriam atirar sobre a mulher que se deitara com um dos da sua nação. Aquilo que o Senhor Jesus lhes disse é que as pedras do preconceito não libertam; matam, assassinam a verdade, e a verdade ali, naquele momento, é que nenhum dos que se preparavam para matar poderia atirar uma única pedra, porque as suas próprias vidas eram construídas sobre a mentira do preconceito. "Não peques mais", foi o que Jesus disse à mulher. A Verdade liberta-nos. A mentira oprime-nos e condena-nos. O Senhor não relativizou a verdade, não pactuou com o pecado. Perdoou a mulher pecadora, deitando-lhe, ao mesmo tempo, a mensagem da necessidade da pureza de vida. Decerto que ela não esqueceu aquilo que o pelo relativização moral em conjunto com arrogância religiosa institucionalizar trazer de nefasto para si própria e | seus semelhantes.

Somos rápidos a constatar argumentos e lentos a retirar traves. Só Jesus mudar isso em nós, mas é preciso nossa linha do preconceito não o impe

Irmão em Cristo Jesus, porventura t os bolsos cheios de pedras de pré coma esse é um problema dos cristãos de não apenas o teu ou o meu. Admito muitos cristãos de hoje possam te mentalidade, o coração e conceito de judeus dos sacerdotes judaicos que levaram Jesus até Pilatos, ou mesmo a ligeireza espírito daqueles que rodearam a mulher adúltera prontos para a massacrarem. E a Verdade que liberta, que espaço têm para ela e cor é que a estão a aplicar no seu dia-a-dia e n relacionamentos com os seus irmãos e Cristo e com aqueles que o não são?

Quando estamos debaixo da Glória d Deus, isso muda a nossa visão das coisas i leva-nos a olhar para as pessoas da mesmo; maneira que Jesus olhava, sem c preconceito da injustiça humana e da cauterização religiosa.

Como cristãos, ou vemos como Jesus vê ou então não somos mais do que seguidores de um credo despido daquilo que é mais elementar: o Espírito Santo de Deus, o mesmo Espírito Santo que levou um grupo de gente, sem nenhum relevo social ou importância religiosa, a afirmar uma fé que transformou o mundo pela aplicação da Verdade e não daquilo que possamos achar que é a verdade. Como filhos de Deus, a nossa margem de erro é limitada, a nossa regra de conduta tem que ser aferida pela medida divina e não pela humana, embora esta última nos possa parecer mais fácil, e satisfaça até o nosso desejo de protagonismo e afirmação de preponderância sobre o nosso próximo. O nosso olhar sobre as pessoas e situações tem que reflectir e mostrar, em primeiro lugar, que agimos de acordo e segundo a nossa cidadania espiritual. Como filhos de Deus, os nossos bolsos não podem transportar pedras. O nosso coração deve mostrar a bondade, misericórdia e verdade que Jesus aplicou em todas as situações, sem julgamentos prévios infundados ou eivados de mentira derivados da linha preconceito onde nos situação habitualmente, mas não descartando, disso, nunca, o convite e recomendai que todos os homens devem arrependimento e ficar debaixo da influência e pode Graça e Glória de Deus.

Citando o pastor José Neves, aquando sua visita, por altura do culto anual na m igreja e citando também ele próprio cu pastor, entretanto já jubilado, José "sem a Graça somos uma desgraça".

Que Deus conceda a cada com evangélico, não apenas da minha igreja denominação, a Graça de sentir que pode deve "despejar os bolsos de pedras" tenacidade e audácia, nem ser fácil/quase sempre difícil, de lutar verdade que não existe apenas em ) mas a VERDADE consubstanciada próprio Jesus. A igreja de Smirna fê-lo | as consequências que são conhecimento histórica e biblicamente. O desafio de está aí para cada um de nós o aceitai rejeitar. Em qualquer dos casa:: responsabilidade, como sempre, é nossa particular. "Deus não se impõe, q propõe

Autor do texto bíblico

Jacinto Lourenço

1 comentário:

Anónimo disse...

Interessante que João Tomaz Parreira ousa o nome de Deus:

"Politicamente verificamos que muitos Judeus, na Palestina, querem o território bíblico, mas rejeitam o Deus que lhes deu ancestralmente a sua terra. Escavam nas raízes, julgam-se para todas as coisas o único testemunho da humanidade e o exclusivo instrumento da divindade, mas colocam Jeová fora dos seus planos"