25 maio, 2008

A substituição

No ano de 1962 — na altura jovem — escrevi um artigo sobre a obra vicária de Cristo consumada no Gólgota, a que dei o título de Substituição. Passados 34 anos continuo a pensar da mesma forma acerca dessa verdade bíblica, a despeito das modas teológicas entretanto surgidas, apesar "do vento de doutrina" (1) que sopra furiosamente procurando solapar os fundamentos da fé. Assim, farei uma síntese do texto em causa para sair neste local da revista.
Estamos na época da Páscoa. Nesta quadra do ano a Cristandade celebra a paixão, morte e ressurreição de Cristo. E nós, cristãos evangélicos, não podemos olvidar a crucifixão e ressurgimento do Salvador. Particularmente na semana pascal lembramos o Senhor Jesus exangue, agonizante, cravado no infamante lenho do Calvário. Recordamos a Sua morte propiciatória e substitucional em prol da humanidade perdida, eternamente condenada.
Escreveu S. Paulo: "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (2). O apóstolo refere-se à Substituição. Essas palavras inspiradas falam-nos duma Justiça divina ofendida pelo pecado, mas cabalmente satisfeita por via do sacrifício expiatório de Cristo; falam-nos duma Lei, a Lei de Deus, violada pelo homem, cuja pena é suportada por Jesus, Seu Filho unigénito.
O texto bíblico em apreço fala dum Preço infinito pago pelo Salvador, de modo a resgatar milhões de escravos espirituais das garras de Satanás, do poder do pecado, dos tentáculos da morte e da condenação eterna. Fala dum Amor infinito e incomensurável patenteado no morro do Gólgota. Esse trecho das Escrituras fala duma Reconciliação, entre o Criador e a criatura, efectuada pelo único Mediador, Jesus Cristo, ao sofrer u'a morte aviltante (3).
Cristo oferece-se a fim de expiar os pecados da humanidade. E fá-lo de maneira admirável, morrendo pelos próprios inimigos. Como nosso representante legal, suportou o peso das iniquidades do homem de todas as épocas e lugares do Planeta ("). Deus Pai, o supremo Legislador e Juiz, aceita o sacrifício perfeito do Seu amado Filho. Em face disso, ao voltarmo-nos para o Criador, arrependidos dos nossos pecados e com fé em Jesus, somos perdoados, justificados, redimidos, santificados, adoptados como filhos de Deus.
É digno de nota o facto de Jesus não haver substituído os anjos, ou morrido em prol do homem justo (aos olhos de Deus ninguém o é), mas pelos pecadores. Está escrito: "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (5). Que amor, que graça, que misericórdia!
Como podemos retribuir semelhante amor que não conhece altura ou profundidade, latitude ou longitude? Todo o ouro do mundo, todas as riquezas do cosmos não chegariam para tal. Em face disso, terá o leitor coragem para fazer descaso da graça de Deus? Terá ousadia para ignorar o amor divino? Cometerá a insensatez de desprezar a salvação eterna.
Autor do Artigo .
Fernando Martins

Sem comentários: